Capítulo 3 – Indagações
Edward Cullen, desconcertado, olhou as manchas de
sangue nos lençóis de seu beliche. Contemplou o corpo da moça e logo afastou o
olhar. Não podia deixar de admirar os quadris bem arredondados e as coxas
graciosas que um momento antes havia possuído. Estava a ponto de lhe acariciar as
costas com ternura quando sua mente parou confusa ao pensar no curso dos
acontecimentos: A calma inicial da jovem, a reservada aceitação da situação ao
entrar no camarote, sua ligeira e brincalhona resistência, a ajuda esporádica e
inexperiente que lhe tinha proporcionado na cama e, agora, esse pranto
interminável e o sangue nos lençóis. Acaso era tão pobre que estava obrigada a
desempenhar esse ofício? Suas roupas e maneiras não o confirmavam, mas suas
mãos, embora finas e brancas, não eram suaves como as de uma dama de boa
família. Sacudiu a cabeça, encolheu os ombros e serviu-se de uma taça de
conhaque.
Permaneceu pensativo olhando através da vigia pela
qual havia visto grande parte do mundo. Era um estrangeiro na terra que tinha
sido o lar de seus pais, eles a tinham abandonado pouco antes do casamento
quando seu pai, um aristocrata amante da aventura, tinha posto seus olhos na
América.
Fazia dez anos que haviam falecido; a mãe de
malária e o pai ao cair de um cavalo selvagem, que tanto amava e quebrar o
pescoço. Deixaram dois filhos e uma considerável fortuna. O mais velho, que era
ele, herdara a plantação, e o caçula, Emmett, uma parte do dinheiro e um
próspero armazém em Charleston, cidade que amava e considerava seu lar.
Diante da insistência de seu pai, engajou-se como
grumete às ordens de um velho capitão. Tinha aprendido a natureza do mar, o
funcionamento dos navios e do mundo. Mas antes de embarcar tinha aprendido os
trabalhos próprios de uma plantação, do cultivo da terra até a venda de seus
produtos, e tinha praticado aquele árduo trabalho durante toda sua infância.
Seu principal interesse agora, aos trinta e cinco anos, era estabelecer-se
naquela terra e desfrutar das tarefas cotidianas.
Antes de deixar Charleston tinha prometido que essa
seria sua última viagem. Com a França, tão instável politicamente, não era
rentável continuar. Assim levaria a sério as responsabilidades da plantação e a
tarefa de formar uma família. Assim estaria satisfeito, ou pelo menos acreditava
nisso.
Era estranho como o carinho por uma terra podia
induzir um homem a fazer coisas que detestava. Ia se casar com Tânia Denali a
quem não amava nem considerava uma dama, só porque desejava que lhe devolvesse
as terras que uma vez tinham pertencido à família Cullen. O rei Jorge tinha
concedido a seu pai um terreno para que estabelecesse sua plantação. Mas este
se viu obrigado a vender uma parte à família Denali para poder fazê-lo.
Fazia vários anos que Tânia era órfã e depois disso
se descuidou de sua herança e precisou vender tudo, à exceção de alguns
escravos que a ajudavam a manter seu alto padrão de vida, agora pura fachada.
Os comerciantes de Charleston já tinham lhe negado crédito e ela estava
bastante satisfeita por ter “capturado” um dos solteiros mais ricos e desejados
da cidade, mesmo sendo por suas terras, que várias vezes ele havia tentado
adquirir e ela se negava a vender.
Tânia havia empregado todos os artifícios
possíveis, fazendo-se passar por uma jovem casta e pura quando ele já ouvira vários
comentários a esse respeito. Mas fora bem divertida a encenação e seu
desempenho na cama havia sido bom, não o deixando de todo aborrecido.
Franziu o cenho. Era verdadeiramente estranho que
vindo de uma família tão ciumenta e possessiva, e parecendo-se tanto a seu pai
que possuía ambas as qualidades, não sentisse ciúmes dos homens que tinham
compartilhado o leito com sua prometida. Era realmente tão frio e incapaz de
amar ou de ser possessivo com a mulher que ia ser sua esposa? Se pelo menos
tivesse ficado ciumento ao vê-la olhar outro homem teria esperanças em chegar a
ama-la.
Entretanto, conhecia-a desde que tinha nascido,
fazia já trinta e dois anos, e duvidava que depois das bodas seus sentimentos
mudassem.
Aproximou-se de Isabella e permaneceu a seu lado
durante um momento. O pranto tinha dado passo ao sono por esgotamento.
Inclinou-se para cobrir seu belo corpo com ternura.
A última coisa que havia esperado era
ter entrado pela porta de seu camarote era uma mulher virgem. Era seu costume
evita-las; sabia que sempre traziam problemas. Por isso toda sua vida se
dedicou às bem instruídas criaturas de vida alegre e despreocupada,
frequentando bordéis caros.
Aquela noite, a primeira em terra depois de uma
longa viagem sulcando o oceano, tinha dado permissão a seus homens para que
fossem se divertir e ficou a bordo com George, seu criado, e com Dickie. O
desejo despertou e tinha ordenado ao primeiro que saísse em busca de uma moça
limpa e divertida com a qual passaria a noite. Não, não tinha esperado uma
virgem, e menos uma tão bela.
Era muito estranho tê-la encontrado ali. As
jovens inocentes como aquela só pensavam em casar-se, em tentar apanhar um
homem com suas paqueras e encantos. De que outra forma teria podido permanecer
solteiro se não tivesse conhecido tais ardis e os tivesse evitado? Mas agora
que seu celibato estava a ponto de acabar, que estava a ponto de desposar uma
mulher bem conhecida por outros homens, agora que havia possuído para seu gozo
aquela rosa jovem e fresca, as suas razões ainda eram um mistério. Sacudiu a
cabeça lentamente, retirou o roupão, apagou as velas e se estirou junto dela.
Antes de dormir deleitou-se com seu perfume suave e com o calor de seu corpo.
Os primeiros raios do amanhecer rasgavam o céu
quando Bella despertou e percebeu onde se encontrava. Tentou mover-se, mas não
o conseguiu porque tinha o cabelo preso debaixo de um braço de Edward. O outro
braço dele descansava sobre seus seios; as pernas estavam entrelaçadas. Tentou
libertar-se dele com supremo cuidado, mas o único que conseguiu foi
desperta-lo.
Virou-se assustada, antes do marinheiro
abrir os olhos, e fingiu que dormia.
Edward a olhou e estudou em silêncio seu rosto,
desfrutando de sua delicada beleza. Contemplou a pele branca e perfeita, as
longas pestanas, mas as frágeis pálpebras lhe impediram de gozar dos limpos e
profundos olhos chocolates. Recordava-os muito bem. Ligeiramente rasgados e
perfilados por sobrancelhas finas. A boca de delicadas curvas era rosada e
apetitosa e suave. O nariz era reto e fino. Tânia morreria de inveja se a
visse, o que era realmente improvável.
Sorriu ante o pensamento. Sua prometida
era bastante orgulhosa de seu aspecto e não acreditava que gostaria de ficar em
segundo lugar atrás desta graciosa ninfa. Apesar de haver uma grande quantidade
de mulheres belas em Charleston, muita gente tinha proclamado Tânia como a mais
formosa da cidade. Ele não tinha pensado nisso, mas supunha que era verdade. O
cabelo dourado e os ardentes olhos castanhos de Tânia atraíam os olhares com
facilidade e seu corpo bem contornado era agradável de possuir. Entretanto,
estava convencido de que essa mocinha que estava junto a ele, com sua beleza
doce e delicada, seria a ganhadora.
Aproximou-se dela para lhe beijar a
orelha e mordiscar seu lóbulo. No ato e antes que pudesse pensar, Bella abriu
os olhos.
– Bom dia, amor - sussurrou Edward,
colocando-se sobre ela para depositar um beijo em seus lábios.
Bella permaneceu completamente imóvel,
pois temia que qualquer movimento pudesse estimular a paixão daquele homem, mas
ele não precisava de nenhum estímulo. O fogo da paixão ardia em seu corpo cada
vez com maior intensidade. Edward beijou-lhe a boca, os olhos, o pescoço.
Logo mordiscou os ombros fazendo com
que um calafrio percorresse as costas de Bella, quando pressionou seu rosto
barbudo contra os seios rosados da jovem, ela o olhou horrorizada.
– Não! – Ofegou. – Não faça isso!
O homem levantou o olhar fogoso e sorriu.
– Será melhor que se acostume a minhas
carícias, ma petite - aconselhou-a.
Bella afastou a vista daqueles olhos de
expressão zombadora e lutou para virar-se, suplicando:
– Não. Por favor, não. Outra vez não.
Não me volte a fazer mal. Deixa que eu me vá.
– Desta vez não vou fazer lhe mal,
carinho – sussurrou ele no seu ouvido, dando-lhe suaves beijos.
O corpo do capitão a sujeitava com
força. Bella começou a opor resistência, mas sempre havia uma mão ou um
cotovelo para frear sua iniciativa. Edward soltou uma gargalhada como se aquilo
o divertisse.
– Parece que nesta manhã tem muito mais
energia, milady - zombou.
Com uma mão agarrou os braços da moça e
os colocou por cima da cabeça com relativa facilidade, enquanto com a outra lhe
acariciava os seios. Bella se retorcia e lutava contra a força poderosa de
Edward, mas este a obrigou a separar as pernas com seu joelho e a fez sentir de
novo sua virilidade.
Desta vez não houve lágrimas, mas sim
ódio e medo. Logo que ele terminou, a jovem se afastou e permaneceu encolhida
na borda do beliche. Seus olhos muito abertos estavam cheios de dor e refletiam
o medo de um animal ferido. Edward a observou confuso e se sentou a seu lado.
Acariciou-a para consolá-la, mas ela se afastou dando-lhe a entender que o
temia. Ele enrugou a testa e deslizou os dedos por seu cabelo, penteando-o e
despenteando-o com suavidade.
– Despertaste minha curiosidade,
Isabella - murmurou docemente.
– Poderia ter ganho uma fortuna pelo
que acabou de perder comigo há algumas horas e entretanto, perambulava pelas
ruas como uma prostituta vulgar. Sei que veio aqui voluntariamente, sem tentar
sequer estabelecer um preço, sem avisar que ainda permanecia intacta, que era
virgem. O vestido que usa é caro, vale muito mais do que algumas mulheres da
rua ganham em um ano, e é, asseguro-lhe isso, completamente diferente, tanto
que não posso imaginar por que razão vendeu dessa forma sua virgindade,
arriscando-se a ser violada e a perdê-la sem obter nada em troca.
Bella ficou olhando, muda, incapaz de
entender o que acabava de ouvir.
– Parece de boa família - continuou
ele.
– E não o tipo de mulher que vagabundeia pelas ruas
exercendo esta profissão. Sua beleza é incomum, muito poucas mulheres a
possuem, veste roupa cara, e mesmo assim – acrescentou agarrando uma mão.
– Suas mãos levam a marca do trabalho. –
Com um dedo percorreu brandamente a palma de sua mão e a beijou. Ainda a
olhando – prosseguiu com ternura.
– Quando chegou ontem à noite estava
tranquila, mas há um momento se defendeu de mim com todas suas forças sem
deixar que fosse atento contigo.
Enquanto ele falava, a mente de Bella voou longe
daquele lugar. De modo que não se tratava de um representante da lei? Perguntou-se.
Deus meu que preço tinha tido que pagar por seu medo? Teria sido melhor
permanecer ali e enfrentar os homens do governo em lugar de ficar aqui
desflorada e envergonhada, ou mesmo seria melhor ter ficado onde estava em vez
de ter ido à cidade.
– Mas não deve temer nada, Bella -
continuou Edward.
– Me encarregarei de que não lhe falte
nada e viva com comodidade. Cheguei ontem das Carolinas e permanecerei durante
bastante tempo em terra. Ficará comigo enquanto estiver aqui. Irei providenciar
para que te estabeleças em sua própria casa antes que eu...
De repente, uma risada histérica
interrompeu suas palavras. Bella, impressionada pela situação, ria a
gargalhadas. Gradualmente a risada se foi convertendo em pranto e as lágrimas
começaram a sulcar seu rosto. Deixou cair à cabeça e o cabelo ocultou seus
seios. Continuou soluçando, desesperada diante de sua desgraça, com os braços
cruzados sobre o regaço. Finalmente jogou a cabeça para trás e olhou Edward com
olhos avermelhados.
– Não estava vendendo meu corpo nas
ruas – explicou-lhe.
– Só estava perdida e não conseguia
encontrar o caminho.
Ele ficou olhando, atônito, durante um
longo momento.
– Mas veio com meus homens – replicou.
Isabella sacudiu a cabeça com
desespero. Não sabia nada, pensou. Não sabia nada dela. Era um simples
marinheiro de outro país. Afogou-se em seu próprio pranto, jurando que esse
homem jamais conheceria seu pecado.
– Pensei que os tinham enviado para me
buscar. Separei-me de meu primo e me perdi. Acreditei que seus homens vinham da
parte dele.
– Apoiou sua cabeça contra a parede. As lágrimas
escorregavam por suas faces e caíam sobre seu busto nu, que tremia como
resposta ao pranto silencioso.
– Quem são seus pais? – interrogou-a.
– Uma dama tão bela e cuidada como você
deve ter muitos amigos na corte ou proceder de uma família influente.
Bella começou a dar golpes na cabeça
contra a parede e respondeu, cansada:
– Meus pais morreram faz muitos anos e
nunca estive na corte.
– Deve ter dinheiro – assinalou
mostrando o vestido.
– Este objeto é muito caro.
Ela o olhou e pôs-se a rir.
– Não tenho nem um penny – assegurou.
– Meu primo me deu esse vestido.
Trabalho para me sustentar.
Edward observou as contas cintilantes
do vestido e inquiriu;
– Não estará seu primo preocupado com
você e tentando encontrá-la?
Bella permaneceu em silêncio. Olhou o
corpo nu de Edward.
– Não – murmurou.
– Duvido disso. Meu primo não é dos que
se preocupam muito.
Ele sorriu aliviado e deixou o vestido
no respaldo da cadeira. Dirigiu-se ao lavatório e começou a assear-se. Alguns
minutos mais tarde, voltou-se e viu Isabella levantar-se do beliche. Observou
seu corpo e se recreou com as curvas sedutoras, ela notou seu olhar e levou as
mãos ao púbis para ocultar sua feminilidade. Ele soltou uma gargalhada e
continuou barbeando-se diante do espelho enquanto Bella se apressava a tirar do
fardo sua blusa velha.
– Então Isabella, não existe nenhuma
razão pela qual não possa permanecer comigo e ser minha amante – concluiu.
– Encontrarei uma casa para você na
cidade para que viva comodamente e onde eu possa ir relaxar. Proporcionarei uma
boa soma de dinheiro para que não tenha que procurar a outros homens, pois isso
não me agradaria absolutamente. Haverá momentos no futuro em que desejarei
gozar de companhia feminina. Eu gostaria de pensar que esse assunto já esteja
solucionado.
O ódio que Bella sentia por aquele homem
esteve a ponto de domina-la. Em sua vida nunca havia sentido nada semelhante
por alguém. Talvez conseguisse escapar agora que ele estava de costas. Vestida
com a blusa, mordeu o lábio inferior para que deixasse de tremer e agarrou o
vestido da cadeira. Apertou-o contra o corpo e, com o coração na boca, deu um
passo para a porta, e logo outro.
– Isabella! – exclamou Edward
repentinamente, sobressaltando-a e desvanecendo qualquer esperança de escapar.
A jovem se virou assustada e se
encontrou com os ferozes olhos verdes do capitão que a fulminava com o olhar
enquanto afiava tranquilamente a navalha de barbear. Ficou imóvel.
– Acha que vou deixar que fuja de mim?
É muito especial para que encontre uma substituta e não tenho nenhuma intenção
de deixar que se escape.
A calma espantosa de sua voz era muito
mais aterradora que os gritos violentos de tia Victória. Permaneceu tremendo
frente a ele notando que o calor a abandonava.
– Agora, volta a se colocar ali – disse
apontando para o beliche. Bella prontamente obedeceu, pois estava acostumada a
acatar toda classe de ordens e, além disso, temia as consequências se não o
fizesse. Sentou-se no beliche, ainda com o vestido contra seu peito, e ficou
olhando fixamente Edward, esperando que a açoitasse. Ele deixou a navalha sobre
a mesa, aproximou-se do beliche e, limpando a face com uma toalha, observou-a.
Atirou a toalha sobre uma cadeira e arrebatou-lhe o vestido. Logo apontou a
blusa e ordenou:
– Tire isso. – Bella engoliu a saliva
com dificuldade, estava perdendo a inocência com muita rapidez.
– Por favor – rogou.
– Não tenho muita paciência - resmungou
ele, ameaçador.
Com mãos trêmulas ela desatou as cintas
e começou a desabotoar os diminutos botões da blusa. Tirou-a por cima da cabeça
e, ao perceber que ele a contemplava, ruborizou-se.
– Agora se deite. – ordenou Edward.
Bella
caiu no beliche, muito assustada pelo que se aproximava. Tentou tampar o corpo
nu com as mãos, humilhada e envergonhada por ser tão covarde.
– Não o faça - implorou.
– Por favor. – Voltou a suplicar-lhe.
– Não está satisfeito em haver-me
arrebatado a única coisa que eu tinha? Tem que me torturar uma e outra vez?
– Deveria aceitar seu destino. – O
sugeriu.
– E aprender a arte da profissão. A
primeira coisa que vou ensinar-lhe é que não tem por que ser necessariamente
doloroso. Desta vez vai relaxar e me vai deixar fazer sem te opor, embora seja
possível que não o desfrute ainda. Verá como o que digo é certo.
– Não! Não! – A moça pôs-se a chorar tentando
livrar-se dele.
– Fique quieta. – Exigiu.
Uma vez mais, ela obedeceu. Odiava-o
com toda a alma, mas seu medo era muito maior. Seu corpo estremeceu
violentamente.
– É assim que trata a sua mulher? –
perguntou Bella com tristeza.
Ele sorriu, inclinou-se sobre seus
lábios e respondeu:
– Não estou casado, querida.
Quando acabou de beija-la, ela
permaneceu em silêncio, tensa, esperando. Edward não a possuiu imediatamente,
mas sim, pelo contrário, começou a brincar suavemente com ela, acariciando-a,
excitando-a, beijando-lhe os seios e todo o corpo.
– Relaxe – sussurrou.
– E não resista. Logo ensinarei o que
os homens gostam. Mas agora relaxe e não faça nada.
Bella não opôs resistência. Enquanto
jazia deitada, exposta às carícias daquele arrogante capitão, viu passar sua vida
diante de seus olhos como se estivesse às portas da morte. Perguntou-se o que
tinha feito de mal para que a vida a tratasse com tanta crueldade. Preferia mil
vezes os constantes insultos de tia Victória a esse homem que a utilizava para
seu gozo. Nunca deveria ter saído demais, talvez realmente fosse uma mendiga
ingrata, como dissera sua tia.
Ele separou-lhe as pernas e voltou a
possuí-la.
– Fique tranquila, querida. – Edward
lhe sussurrou.
Bella fechou os olhos com força, muito
assustada. Não podia fazer outra coisa senão esperar que ele acabasse.
Finalmente Edward relaxou sobre ela, esgotado, e perguntou em voz baixa:
– Machuquei-a desta vez? Está bem,
minha querida?
– Não – Respondeu a moça com um fio de
voz. Ele se pôs a rir, afastando-se dela. Sentou-se no beliche e a cobriu com o
lençol.
– Não parece ser uma moça fria, ma
petite. - observou, lhe acariciando a perna.
– Apenas um pouco contrariada no
momento. Estou convencido de que logo aprenderá a desfrutar. Mas por agora
simplesmente aprende a aceita-lo.
– Nunca! - Respondeu ela, chorando.
– Odeio-o! Detesto-o! Desprezo-o! Nem
em um milhão de anos o farei! - Mudará de opinião. - Contradisse o capitão
rindo antes de levantar-se.
– Algum dia me suplicará
isso.
A raiva se apoderou dela. Estava tão seguro de si
mesmo, dela, do futuro. Tinha tudo perfeitamente planejado. E o que opinava ela
sobre o assunto? Só podia lhe suplicar clemência e, mesmo assim, sabia que não
a iria escutar. A única coisa que tinha clara é que aproveitaria qualquer
oportunidade para escapar.
Alegrou-se pensando nisso e isso a fez sentir-se
mais animada. Mais tarde ou mais cedo se apresentaria a ocasião. Só a ideia de
fugir acalmou a irritação, e se abandonou relaxada sobre os travesseiros,
ouvindo como Edward se movia pelo camarote atrás dela. Sentiu que lhe pesavam
as pálpebras e com a chegada do sono todos os pensamentos se afastaram da
mente.
nem contando um pouco de sua vida este homem se compadeceu.
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