– Aonde estava Bella? –
Riley me olhava com curiosidade e corei violentamente.
– Eu...
Todos esperavam minha resposta e eu só
conseguia os olhares com cara de tacho.
Ferrada era pouco para o que eu estava.
Pense Bella... pense. Caramba... por
que não vinha nada à minha mente? Ah.. está certo. Porque eu só conseguia me
lembrar de uma resposta, ainda que fosse impossível fornecê–la sem causar danos
a todos: eu passei a tarde transando com seu pai, Rilley. Céus...
estou perdida.
Olhei para os rostos de um por um
sentindo o rubor me subir à face. Minha mãe, assim como o Riley estavam com
olhares desconfiados. Meu pai profundamente irritado. E a mãe do Riley...
bem... essa eu apenas olhei rapidamente. Tempo suficiente para confirmar que era
linda e um sentimento incômodo tomar conta de mim. Não gostei de imaginá–la na
cama com o Senhor Cullen.
– Então Isabella? Vai ficar aí parada?
– Ah... me desculpem. Senhora Cullen...
eu não sabia que viria e...
– Apenas Irina querida. E como assim? O
Riley não avisou que viríamos?
– Sim. Apenas não disse que a senhora
viria e eu...
Riley me interrompeu com raiva.
– Onde estava Bella?
Eu também o encarei furiosa. Como se
atrevia a falar assim comigo? Preparou esse teatro pra mim e ainda vinha agir como
se fosse meu dono? Ah que vontade de falar a verdade pra ele. Mas eu não era
tão ordinária assim e pra ser sincera... o Riley não tinha culpa de ter uma
namorada safada. Safada... essa palavra me fazia lembrar DELE. Ah...pai...o que
faço?
– Minha... moto deu problema....
Comecei a inventar a desculpa mais
estapafúrdia que consegui pensar nesse momento.
– Não funcionava nada então liguei pro
mecânico que foi até o estacionamento da escola.
– E por que não ligou avisando Bells?
– Ah pai... eu não imaginei que fosse
demorar tanto. E depois acabei me distraindo.
Ele bufou e balançou a cabeça.
– Quantas vezes já falei para não usar
essa porcaria de moto? Além de ser perigoso é de segunda mão e...
– Charlie...
Felizmente minha mãe interrompeu o
sermão.
– Essas coisas acontecem até com
veículos novos. Vamos deixar que Bella tome um banho para que eu possa servir o
jantar.
– Ah tudo bem. Pode subir Bells.
– Senhora... quer dizer Irina...
desculpe–me mais uma vez. Não irei me demorar no banho.
– Oh... essas coisas acontecem. Não se
preocupe querida. E se o Riley tivesse avisado com certeza você teria dado um
jeito de voltar antes.
– Com certeza. Mesmo assim desculpe–me.
Com licença...eu volto logo.
Subi as escadas correndo e entrei no
meu quarto, cheirando minha roupa. O cheiro dele estava todo em mim. Merda.
Entrei sob a ducha pensando no motivo de Riley ter trazido sua mãe. As coisas
não estavam me cheirando bem. Com certeza ele não contou nada a ela sobre nossa
transa a três. Ele sempre me disse que sua mãe ainda insistia em ficar com o
pai, mesmo depois de divorciados. Ela sempre dava um jeito de se intrometer nos
relacionamentos dele. Então... se ela soubesse de algo, com certeza não me
olharia de forma tão amigável. Ou então era excelente atriz.
Sai do banho, vesti um jeans e camiseta
e sequei rapidamente os cabelos com a toalha. Felizmente o cheiro dele não
estava mais grudado em minha pele. Assim que desci minha mãe se levantou
anunciando que iria servir o jantar. Sentei–me, completamente sem graça no sofá
oposto ao que estavam Riley e sua mãe.
– Como tem passado Bella? Faz tempo que
a gente não se vê.
– Ah é verdade. Andava meio atarefada
com as matérias e o Riley vem se dedicando muito aos treinos também. Quase não
sobra tempo.
– Sei bem como é. Mas podem me visitar
nos finais de semana. É bom ter jovens por perto, não acha Charlie?
– Sim... principalmente para ficarmos
de olhos atentos e não permitirmos que façam nenhuma besteira.
– Pai!
Esbravejei com o rosto em chamas. Essa
situação estava desconfortável demais e eu não sei até que ponto eu aguentaria.
Percebi que sou uma tremenda cara de pau mesmo. Com meu quase ex namorado do
lado, minha “sogra”... e pensando o tempo todo no que fiz durante a tarde. A
verdade é que trai duplamente: chifrei mãe e filho. Deus... que bela pilantra
eu me saí.
Felizmente durante o jantar meus pais e
Irina se limitaram a falar da infância dos filhos. Riley me olhava fixamente
enquanto eu ouvia sua mãe dizer o quanto seu pai ficou feliz com seu nascimento
e o quanto ele era apaixonado pelo filho. Nessa hora tive dúvidas se realmente
Riley não tinha dito nada a ela. O senhor Cullen também hein? Belo safado. Ama
o filho e come a namorada dele? Ah... tá... falou a santinha do pau oco. Se
esbaldou com ele e queria mais e agora dava uma de ofendida. Nem eu mesma
conhecia esse meu lado... Eu iria dizer meu lado safado, mas era impossível
pensar nessa palavra sem sentir meu corpo estremecer.
Bastou pensar nisso para minha mente
voar, lembrando–me dos momentos quentes e perfeitos ao lado daquele homem. Nem
mesmo sabia qual era o assunto à mesa, apenas dava alguns sorrisinhos sem
graça, engolindo a comida com dificuldade. Obviamente minha mãe percebeu.
Geralmente eu me esbaldava na sobremesa e falava bastante enquanto comíamos.
– Bella, querida, você está bem? Está
tão quieta.
– Estou sim, mãe. Só um pouco de dor de
cabeça.
– Bom... vamos para a sala que irei
servir um café.
– Boa ideia Renné. Meu filho tem um
comunicado a fazer.
Ergui a cabeça no mesmo instante, os
olhos arregalados olhando para Riley. O que aquele peste estava tramando?
Atrevidamente ele sorriu e colocou a mão em cima da minha sobre a mesa.
– Comunicado?
Meu pai já fez aquela cara de quem
queria matar um. Provavelmente estava pensando que eu estou grávida.
– Oh...sim. Nada demais Charlie, fique
tranquilo.
Meu pai ficou me encarando e eu apenas
baixei a cabeça, engolindo em seco. Eu tremia visivelmente quando nos sentamos
no sofá da sala enquanto esperávamos minha mãe com o café.
Levei minha mão à boca, roendo minhas
unhas, o coração descompassado com medo do que viria. Sinceramente eu não sabia
o que esperar. O que ele diria? Seria: Senhor Swan... descobri que sua
filha é uma vadia que fodeu durante horas com meu pai? Putz... seria a
minha morte na certa. Encarei Riley, tentando buscar em seus olhos a resposta
que eu tanto precisava. Entretanto ele se limitou a passar os braços em volta
dos meus ombros e segurou minha outra mão.
Rezei mentalmente para que minha mãe
demorasse com o café, dando–me tempo para pensar numa saída estratégica. Um
desmaio... uma cólica...sei lá. Eu não conseguia racionalizar direito então o
melhor seria fugir. Mas para meu desespero minha mãe voltou rápido, servindo o
café.
Irina mal tinha sorvido o primeiro gole
e recolocou a xícara sobre a mesa, encarando meus pais.
– Bom... sei que devem estar curiosos
sobre o “comunicado”. Na verdade não é bem um comunicado. Riley conversou
bastante comigo e ambos concordamos que ele deveria fazer a coisa certa, do
jeito que deve ser. Mas acho que ele mesmo deve tomar as palavras agora.
Fazer a coisa certa? Que merda toda era
essa? No fundo eu pressentia que era algo relacionado ao nosso namoro. Por isso
mesmo resolvi me antecipar.
– Riley eu acho que...
– Bells, deixe o rapaz falar.
Meu pai me interrompeu arqueando as
sobrancelhas e encarando Riley. Ele pigarreou antes de me olhar e depois olhar
para os meus pais.
– Senhor Swan... senhora Swan... como
sabem Bella e eu estamos namorando há pouco mais de um mês. Sinto–me profundamente
envergonhado uma vez que não agi da maneira correta. Eu deveria ter vindo aqui
antes e pedido a permissão para nosso namoro. Deveria ter feito como o meu PAI
fez com minha MÃE.
O peste frisou bem as palavras.
– Mas você já esteve aqui antes rapaz, e
não o fez. Por que agora? O que mudou?
– Na verdade eu não vim pedi essa
permissão. Como o senhor mesmo disse já estive aqui antes e não o fiz, apenas
me apresentei como namorado dela. Entretanto as coisas tomaram rumos
diferentes, quer dizer... nosso namoro é bem sério e acho que está na hora de
firmarmos esse compromisso.
Eu arfei e arregalei os olhos. Ele não
poderia estar querendo dizer o que eu estava pensando. Compromisso mais sério?
Tipo... noivado... casamento? Era essa merda que ele estava insinuando?
– Compromisso? Defina essa palavra
rapaz.
Percebi quando Riley levou a mão ao
bolso do casaco e entendi que eu precisava agir. Principalmente por que uma voz
rouca e sexy martelou em minha mente: Bem, o Riley é jovem, com certeza
ele arranja outra safada pra foder, pois agora você é do papai aqui.
– NÃO! Riley... espere... precisamos
conversar.
– Como é que é?
Meu pai me olhou bravo como sempre.
– Pai, por favor, creio que há um mal
entendido. Eu preciso falar com o Riley um instante a sós.
– Bells...o que você anda....
Felizmente dessa vez minha mãe saiu do
seu mundo de superestrela do pop e me socorreu.
– Charlie, calma querido. Acho que
nossa Bella foi pega de surpresa.
– Pega de surpresa? Ele nem disse nada
ainda.
Minha mãe rolou os olhos. Irina
permanecia calada, interrogando Riley com os olhos.
–Pai, por favor...
Ele bufou e se recostou no sofá.
Levantei–me e esperei por Riley.
– Vamos até a varanda Riley.
Afastei–me antes que ele tivesse tempo
de tentar mais alguma artimanha.
Assim que chegamos à varanda eu me
virei para Riley que me seguia e com os punhos fechados esmurrei seu peito.
– Seu estúpido, cretino... o que
pretendia com isso?
– Pare com isso. Como assim? Eu é que
pergunto... o que está acontecendo?
– Não se faça de engraçadinho. Você
iria me dar um anel ou aliança não é?
– Sim. Quero que fiquemos noivos.
– Você bebeu? Ficou maluco? Olha
Riley... pra ser sincera com você, eu... eu... quero pedir um tempo.
– Tempo? Tempo? Aquela historinha besta
que costumamos inventar quando queremos terminar um relacionamento, mas somos
covardes para admitir?
– Está me chamando de covarde? Quem foi
covarde? Que eu saiba foi você.
Tentei reverter a situação, acusando–o.
– Ah... agora já entendi tudo. Está
assim por causa do meu pai? Porque deu pra ele feito uma vadia?
Ergui a mão para esbofetear seu rosto,
mas ele segurou minha mão.
– Fui vadia. E você foi o que além de
corno? Um safado, um mal caráter que me deixou naquela situação e ainda se
juntou a nós dois.
Ele arfou, o rosto vermelho e os olhos
rasos d'água.
– Bella... desculpe–me. Eu não queria
ter dito isso. Entenda–me...eu fiquei... louco de ciúmes. Admito que a
principio a situação foi excitante, mas depois.... porra... eu não queria
aquilo. Você é minha namorada e só quero que faça sexo comigo.
– Eu sei Riley. Eu também... não sei o
que me levou a fazer aquilo, mas agora está feito. E eu estou desconfortável
com essa situação. O melhor que temos a fazer é realmente darmos um tempo.
– Está desconfortável? Ou você está
fazendo isso por causa dele?
Engoli em seco e baixei os olhos. Não sabia se seria capaz de mentir, se
conseguiria ser convincente ao dizer que não queria o senhor Cullen. Bastava
pensar em seu nome para meu corpo estremecer, então com certeza minhas palavras
sairiam carregadas de tesão.
– Ah... sejamos razoáveis Bella. Acha
mesmo que meu pai irá querer alguma coisa séria com você? Aquilo foi uma foda
que não irá se repetir. Provavelmente uma das gostosas que ele está acostumado
a pegar deu o cano nele naquele dia. Ele estava cheio de tesão... você deu
bola. Mas foi só.
As palavras dele me feriam...
principalmente porque poderiam ser verdade, exceto a parte do “uma foda que não
irá se repetir”.
– Sabe... meu pai tem todas as mulheres
que ele quer. Todas aos seus pés. Sempre mulheres glamorosas, lindas...
– Está me chamando de feia?
Eu perguntei erguendo a cabeça.
– Claro que não. Mas ele prefere
mulheres maduras, Bella. Mulheres que lhe proporcionem horas de sexo gostoso e
sem compromisso. Entendeu? Sem compromisso. Por isso ele jamais fica com a
mesma mulher mais de uma vez. Muito raramente fica umas duas vezes justamente
para não gerar intimidade. É isso o que quer? Viver sua vida sozinha? Uma
solteirona? Porque você não terá nada com ele, além disso. Aposto meus dedos
que a essa hora tem uma gostosa em sua cama.
Engoli meu orgulho, minha raiva e meu
ciúme. Infelizmente quanto às mulheres Riley estava certo. Mas eu sei que o
senhor Cullen ainda iria me “usar”. E mesmo que não fosse... eu jamais conseguiria
ir pra cama com Riley novamente depois de ter passado pelas mãos experientes do
seu pai.
– Você está enganado Riley. Eu não
estou pensando em seu pai. O que aconteceu só me fez perceber que... eu não
gostava o bastante de você. Ou então ainda estou envergonhada demais. Então,
por favor... Dê–me esse tempo.
Ele engoliu em seco e tocou uma mecha
dos meus cabelos.
– Então... não é por ele?
Bandida... além de desejar ardentemente
o seu pai... eu ainda mentia descaradamente.
– Não. Não é por ele.
– Bella, pense bem... por favor... eu
prometo que não irei tentar nada...hum...sexual com você.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e
por instantes meu coração ficou apertado. Eu estava fazendo a coisa certa? Mas
e as palavras do senhor Cullen? Aquilo foi quase uma intimação para que eu
terminasse com ele. Era isso que dava não segurar o fogo entre as pernas...
estava completamente dividida. Riley era legal comigo, sempre foi. E
sinceramente eu gostava dele. Mas o seu pai...ah meu Deus...o Senhor
Cullen...virou completamente minha cabeça. Eu precisava senti–lo novamente, eu
precisava tocá–lo, eu precisava..ah...eu precisava de qualquer coisa com ele.
Por isso... continuei firme.
– Não dá Riley. Sinto muito.
Outras lágrimas se juntaram as
primeiras molhando seu rosto bonito. E quando estendi a mão na tentativa de
secá–las, a porta de entrada foi aberta e meu pai saiu carrancudo.
– Vão passar a noite ai fora?
Quando viu Riley tentando afugentar as
lagrimas, seu olhar fechou–se sobre mim.
– O que andou aprontando?
– Eu? Nada... nós só...
– Pra dentro... os dois.
Riley entrou na frente já chamando pela
mãe. Eu entrei logo atrás com meu pai.
– O que houve? Ah meu Deus... brigaram?
– Não mãe. Só estávamos conversando.
Acho que fui precipitado.
– Alguém poderia me dizer o que está
acontecendo?
– Eu queria oficializar meu namoro
senhor Swan. Mas Bella tinha outros planos. Na verdade ela queria terminar
comigo.
– O QUE?
– Pai...
Apressei–me em responder.
– Eu já estava pensando em conversar
com o Riley sobre isso e...
– Por acaso já está gostando de outro?
– Não é isso. Só que quero me dedicar
mais aos estudos. O senhor pode não perceber, mas isso as vezes atrapalha meu
rendimento.
A expressão dele suavizou um pouco.
Mentira das grossas...
– Isabella... nem sei o que dizer
querida. Acho que Riley deveria ter conversado com você antes para que a
situação não chegasse a esse ponto. Pensei que estivesse tudo bem entre vocês.
– E estava Irina. Eu gosto dele, mas
acho que estamos novos ainda, precisamos pensar em nosso futuro. Sabe... iremos
pra faculdade e eu preciso realmente me concentrar nisso. É só... um tempo.
– Fico feliz em saber que meu filho
encontrou uma garota tão cabeça feita. Você está certa em tudo o que disse
Bella. Como já falei, eu pensei que vocês tivessem conversado sobre um
compromisso ainda mais sério.
Dessa vez ela olhou feio para o Riley.
Ela não estava fingindo, mas não gostei de ouvir suas palavras.
– Vocês deveriam mesmo ter conversado
Riley. Foi assim que seu pai e eu fizemos. Quando estávamos cientes de que nos
amávamos... chamamos nossa família e comunicamos isso. É assim que deve ser.
– Bem... tanto Renné quanto eu, estamos
surpresos também. Mas realmente estão jovens ainda, tem muito tempo pela
frente. Podem continuar o namoro sem ter que realmente ficar noivos ou coisa do
tipo. Mas se preferem dar um tempo também... isso é com vocês.
– Er... será melhor assim senhor Swan.
Realmente eu... me precipitei.
Sinceramente? Foi horrível. Eu não
gostei do que fiz, não gostei de ver o Riley daquele jeito. Mas o que eu
poderia fazer? Não seria mais honesto assim? Eu iria ficar com ele, mas sempre
dando um jeito de me jogar nos braços do pai dele? Tudo bem que menti sobre o
real motivo de terminar, mas era melhor assim. Não queria traí–lo novamente,
embora de certa forma.... estivesse fazendo isso. Eu senti muito quando nos
despedimos. Minha garganta ardia, estava seca e meus olhos também ardiam de
tanto segurar meu choro. Assim que o carro de Riley se afastou eu entrei em
casa e dei boa noite aos meus pais.
– Espere ai mocinha. Ainda precisamos
conversar.
Virei–me para o meu pai que estava
parado ao lado da minha mãe com as mãos na cintura.
– Bonito... qual foi o prazer em fazer
o seu namorado de bobo na frente da sua família e da mãe dele?
– Como?
– Charlie querido... não é nada disso.
– Quieta Renné... nós sabemos muito bem
como são os jovens não é mesmo?
Ele encarou minha mãe e eu percebi que
havia uma indireta ali. Mas isso eu perguntaria pra minha mãe outra hora.
– Aposto todas as minhas fichas que
Isabella está arrastando asa para outro rapaz.
– Pai! Que ideia faz de mim?
– Vocês estavam bem, Bells. E de
repente muda assim, do nada? Tudo bem que nunca fui muito com a cara daquele
rapaz. Sempre o achei meio vista alta, filhinho de papai demais. Mas até onde
sei era respeitador. Você não tinha o direito de brincar assim Bells.
– Pelo amor de Deus, pai. Eu não
brinquei. Eu falei sério.
– Ah... balela. Diga a verdade. Eu
sinto que há algo mais aí. E digo mais... todo mundo merece respeito até que
prove o contrário. E é por desrespeitar o rapaz e a mãe dele que a partir de
hoje está de castigo.
– O QUE? Mas pai...eu fui honesta com
ele. Você não pode...
– Está desafiando minhas ordens? A
partir de hoje não sai à noite. E só vai e volta da escola acompanhada pela sua
mãe.
– Não... isso não...
– Isso sim. Um mês assim Bells. Ai
quero ver se não há mesmo outro rapaz na jogada. Agora vá dormir. Já tive
aborrecimentos demais.
Girei meu corpo e subi as escadas
batendo os pés com raiva. Ainda consegui ouvir minha mãe tentando fazê–lo mudar
de ideia. Mas eu sabia que ela não conseguiria. Tranquei a porta e joguei–me na
cama, colocando os braços sobre os olhos. Raiva do meu pai... Que mico eu iria
pagar chegando na escola acompanhada pela mamãe! Sem contar que nem tão cedo
veria meu Senhor. Aliás nem saberia como fazer isso a não ser que ele viesse
novamente até mim. Depois do que Riley me disse... eu jamais teria coragem de
procurá–lo. E se o encontrasse com outra? Céus... o que estava acontecendo
comigo? Foi apenas uns dias de sexo, nada mais. Ou não?
[...]
Meu humor estava péssimo. Cada dia
pior. Vários fatores contribuíam pra isso. O primeiro deles sem duvida era esse
castigo absurdo. Minha mãe tentou de todas as formas me ajudar, mas foi inútil.
Chegar todos os dias acompanhada por ela e ainda ter que esperá–la na saída
estava sendo demais pra mim. Outra coisa era ver o olhar magoado de Riley todos
os dias e não poder fazer nada. Hoje eu não o vi, provavelmente não veio. Além
disso havia Jéssica que me bombardeava todos os dias com perguntas tanto a
respeito da novidade em relação a minha “carona” quanto ao meu namoro com
Riley. Da última vez fui extremamente grossa com ela e falei que aquilo
definitivamente não era da conta dela. Depois disso não perguntou mais nada,
mas também não deixou de falar comigo.
E por último, claro, ELE. Quatro dias
sem sequer poder ouvir sua voz. Eu não estava apenas queimando de desejo, eu
estava sentindo o peito oprimido... de saudades. Merda... isso estava pior do
que pensei. E como ele não me procurou... eu só podia pensar no que o Riley
falou: já deveria ter outra esquentando sua cama. Pensar nisso quase me fez
chorar de tristeza. Burra mesma... achava mesmo que um homem como aquele
ficaria preso a uma garota de dezessete anos?
Bom... mas era seguir em frente. Mesmo
sem o “papai” Cullen eu não poderia voltar para o Riley. Pelo menos não agora.
Assim que soou a campainha eu joguei a
mochila sobre as costas e me afastei sem ao menos me despedir de Jéssica.
Andrei apressadamente querendo chegar ao estacionamento antes que a maioria
saísse. Assim que avistei minha mãe eu corri.
– Oi mãe.
– Oi lindinha da mamãe. Estive
pensando...vamos dar uma volta?
– Aonde?
– Ah sei lá....você escolhe. Podemos ir
ao shopping, ao cinema, qualquer coisa. Estou cansada de ver essa carinha
triste e...
Mas eu já não ouvia o que minha mãe
dizia. Minhas pernas tremiam e eu suava quando percebi que naquele volvo que
acabava de estacionar ao lado do nosso estava ninguém menos que o senhor
Cullen. Desceu do carro elegantemente vestido num terno escuro, os lindos
cabelos esvoaçando com o vento frio. Senti todo o ar me fugir quando ele se
aproximou. Minha mãe se virou ao notar meus olhos arregalados e muito
provavelmente minhas bochechas rosadas.
– Bom dia.
– Bom dia.
Minha mãe respondeu prontamente. E eu
busquei forças do inferno para responder.
– Bom dia... senhor Cullen.
– Oh meu Deus... senhor Cullen? Então é
pai do Riley?
– Sim. Creio que ainda não fomos
apresentados senhora...
– Swan.. Renné Swan, mas pode me chamar
apenas de Renné.
– Com certeza ainda é muito jovem para
ser chamada de senhora.
– Ah... quanta gentileza...
Seu olhar cravou–se no meu e novamente
senti minhas pernas fraquejarem.
– Como tem passado Isabella?
– Bem e o senhor?
Antes que ele respondesse a intrometida
da minha mãe se enfiou na conversa.
– Ela poderia estar melhor se não fosse
esse maldito castigo, mas fazer o que? O pai manda... tem que obedecer.
– Mãe...
– Castigo?
– Sim. Meu marido Charlie não gostou da
forma como ela tratou seu filho sabe? Ele ficou muito chateado por Bella ter
terminado o namoro justamente quando Riley resolveu assumir um compromisso mais
sério.
Seu olhar estreitou–se e notei como
seus olhos brilhavam, encarando–me.
– Hum... bem, é sobre isso que gostaria
de conversar com Isabella... e meu garoto. Renné... você permitiria que eu a
levasse para termos uma conversa? Eu prometo que os dois não ficarão a sós em
nenhum momento e assim que terminarmos nossa conversa eu a levarei de volta.
Rezei silenciosamente para que minha
mãe não aceitasse. O que eu iria dizer quando estivesse cara a cara com os
dois? Mas eu já devia imaginar que a desmiolada da minha mãe iria permitir,
afinal ela estava deslumbrada com o senhor Cullen.
– Ah...claro. Sei que talvez precisem
conversar mais um pouco. Mas apenas peço que me liguem quando terminaram... eu
irei buscar a Bella... é melhor assim.
– Mas mãe, meu pai pode...
– Deixe que com seu pai eu me entendo.
– Obrigado Renné... então Isabella?
Podemos ir?
– Sim.
Respondi depois de uma última tentativa
com o olhar para minha mãe. Ela sequer se deu conta disso. Sem outra opção eu
aceitei a porta aberta pra mim e entrei no carro. Notei que o senhor Cullen
ainda falou mais alguma coisa com minha mãe e depois entrou no carro dando a
partida. Merda... conversa a três não iria prestar. Outro ménage eu não iria
topar de jeito nenhum.
Eu torcia nervosamente as mãos sobre o
colo, sem coragem de encará–lo. Ou aquele homem era louco ou eu mesma tinha
enlouquecido, emburrecido, afinal não estava entendendo porra nenhuma do que
estava acontecendo.
– Estamos indo pra sua casa?
– Sim. Meu garotão está sentindo sua
falta.
– Eu não estou entendendo. O senhor
mesmo disse que ele era meu Ex namorado e agora está me levando pra ele? Ele
disse que sente minha falta?
Ele deu aquele sorriso torto que me
fazia molhar instantaneamente.
– Não disse... meu pau não fala
Isabella. Ele apenas baba e lateja só de pensar em você.
Eu arfei e arregalei os olhos,
finalmente entendendo o que ele pretendia.
– Bobinha... pensou mesmo que eu fosse
levá–la até o Riley? Você é minha Isabella, já disse.
Não pude deixar de vibrar por dentro ao
ouvir isso. Esse safado, gostoso ainda me queria. E eu, claro, queria com a
mesma intensidade. Mas ainda assim havia o Riley. E se ele chegasse lá de
repente?
– Mas...mas...o Riley... ele...ele...
– Argh... esqueça o Riley. Aproveite
nossas horas. Não será o suficiente para eu liberar tudo o que tenho guardado
pra você, mas por hora... terá que bastar.
Estremeci desde o último fio de cabelo
até o dedão do pé. Esse homem ainda iria me matar, não me restavam dúvidas.
Novamente enveredamos por aquele
caminho cheio de verde por todos os lados até chegarmos à casa do pecado. Era
assim que eu a via agora. Como não poderia deixar de ser, ele deu a volta
abrindo a porta do carro pra mim. Fiquei parada, sem jeito, esperando por ele e
imaginando que novamente iria me jogar nas costas como da última vez.
Para minha surpresa ele segurou
delicadamente minha mão, olhando–me de forma estranha.
– Vamos?
Não encontrei voz para respondê–lo,
apenas segui logo atrás. Ao chegarmos à sala ele foi tirando o paletó e a
gravata, fazendo com que minhas pernas tremessem.
– Eu só vou trocar essa roupa e volto.
Pode ficar à vontade... a casa é sua.
Como assim? Trocar de roupa? Eu pensei
que ele já estava tirando a roupa para me jogar nesse sofá e possuir meu corpo.
Hum... está virando uma ninfomaníaca Bella.
– Tu... tudo bem.
Ele deu um daqueles sorrisos de
derreter geleiras e subiu. Eu, óbvio, acompanhei sua subida, admirando o
corpaço perfeito que tantas vezes me levou ao céu. Eu só queria saber o que ele
estava tramando, afinal ele sempre ia direto ao ponto. Essa de trocar de roupa
realmente me surpreendeu.
Olhei ao redor admirando a sala luxuosa
que até então não tinha tido oportunidade de reparar. Maravilhosa... de muito
bom gosto. Gente... como não notei toda essa sofisticação? Da primeira vez pode
ser porque estava muito escuro. E da segunda...também estava escuro, pois o
tesão insuportável nublava minha mente e não me permitia ver mais nada.
– Gosta do que vê?
Quase deu um pulo de susto ao ouvir a
voz atrás de mim. Virei–me e encontrei o senhor Cullen parado, os cabelos
úmidos deixando que algumas gotas de água escorressem pelo seu peito nu. Usava
apenas uma bermuda e o seu frescor denunciava um banho recente.
– É linda.
– Obrigado. Venha cá.
Como sempre estremeci quando sua mão
tocou a minha. Ele se sentou no sofá com as pernas abertas e me puxou,
colocando–me entre elas, mas sentada no sofá. Seus braços me envolveram e eu me
arrepiei ao sentir seu calor. Ele estava realmente quente, apesar de o tempo
estar frio.
– Então devo deduzir que tem a mesma
idade do Riley?
Mordi meus lábios apreensiva. Aonde ele
queria chegar?
– Sim. Tenho dezessete.
– Tem mesmo carinha de dezessete.
Apenas “cara”.
Ele frisou bem.
– Seria indelicada se perguntasse a sua
idade?
– Não. Tenho trinta e seis.
Girei um pouco o corpo e o encarei.
Diabo de homem mais lindo... era uma perdição.
– Não daria mais que vinte e oito.
Ele deu um sorriso largo.
– Assim eu fico convencido.
– Estou falando sério.
– Bem... quer dizer que estava de
castigo...
Ele mudou drasticamente de assunto e eu
senti meu rosto pegar fogo. Admitir na frente daquele homem que eu realmente
era uma garotinha que ainda ficava de castigo não era fácil.
– Sim. Meu... pai não gostou muito da
forma como agi com o Riley.
– Quer dizer então que ele queria
oficializar um compromisso?
– O senhor não sabia?
Ele me olhou de forma estranha
novamente e tocou meu rosto.
– Olha só... deixe para me chamar de
senhor quando estivermos na cama. Aqui é só Edward, entendeu?
Deus... eu tremia vergonhosamente,
tanto que ele deve ter percebido e me estreitou em seus braços.
– Sim... Edward.
– Ótimo. E não. Eu não sabia. Aliás eu
nem sabia desse castigo. Eu precisei fazer uma pequena viagem a negócios e
voltei ontem à noite. Riley estava arrumando suas coisas e disse que passaria
um tempo com a mãe.
Isso sim foi uma surpresa. Riley sempre
disse que preferia morar com o pai do que com a mãe. Entretanto não era difícil
descobrir o motivo dessa decisão.
– E... ele falou alguma coisa?
– Disse–me apenas que ele não tinha
desistido ainda. Entendi que só poderia estar se referindo a você.
– E por isso foi atrás de mim...
– Não só por isso.
Ele tocou uma mecha do meu cabelo e
esperou até que eu o encarasse.
– Eu estava com saudades de você.
Baixei meus olhos sem saber o que
dizer. Saudades de mim ou do sexo? Essa era a minha pergunta, mas não tive
coragem de formulá–la.
– O senh... você sumiu... eu pensei
que...
– Eu sei bem o que pensou. Mas como
disse precisei viajar a negócios.
– Qual o seu trabalho? Acho que o Riley
nunca disse.
– Eu tenho uma
concessionária de carros importados. Fica em Port Angeles. Pode ir visitá–la
quando quiser.
Sorri e balancei a cabeça. Eu visitando
aquele homem em seu trabalho? Seria histórico.
– Interessante.
Ele me apertou mais em seus braços e
acabei deitando a cabeça em seu peito, sentindo seus lábios repousando em meus
cabelos. Sinceramente... nunca imaginei esse tipo de situação com ele. Era
sempre tanto fogo, tanto tesão que isso me parecia meio surreal. E tudo aquilo
que me disse no carro no percurso até aqui? Cadê aquele fogo?
Ergui um pouco a cabeça e imediatamente
seus lábios tomaram os meus. Não famintos como antes, mas ternos, embora meio
possessivos. Suspirei e ele se afastou, voltando a colocar minha cabeça em seu
peito.
– Então seu pai é um homem bravo não é?
– Muito. Chefe Swan realmente não é
fácil.
– Então terei trabalho com ele... mas
eu não me importo.
– Trabalho?
Ele não me respondeu, limitou–se a me
fazer outra pergunta.
– O que você pensou que eu estivesse
fazendo? Nesses dias que não apareci?
Dizer o que? Tudo o que o Riley
comentou e me fez pensar? Poderia omitir essa parte e dizer apenas o que eu
também pensei.
– Bom... pensei que estivesse se...
divertindo... com alguém.
– Isabella...
Ele segurou meu queixo, forçando–me a
olhar em seus olhos.
– Não nego que já tive mais mulheres do
que possa imaginar. E garanto a você que todo o ciúme da minha ex esposa sempre
foi infundado.
Sorri. Não era totalmente infundado. Quem não sentiria ciúme de um homem
como ele? Eu mesma já estava me rasgando só por ouvi–lo dizer que já teve
muitas mulheres.
Seus dedos longos deslizaram pelo meu
rosto, os olhos brilhantes cravados nos meus.
– Escute bem: eu gosto de mulher, AMO
sexo... mas eu costumo ser fiel quando tenho compromisso com alguém. E estou
com você agora.
Meu coração palpitou, disparou, quase
explodiu em milhares de pedaços. Ele estava comigo agora... isso queria dizer
um compromisso? Quer dizer... ia além do nosso sexo delicioso? Riley estava
enganado a respeito de tudo o que falou sobre meu caso com o pai?
– Está comigo... e isso quer dizer...
Ele suspirou.
– Isso quer dizer o que achar melhor.
De minha parte só digo que estou com você... minha pequena.
Não resisti e me arrastei um pouco
sobre seu corpo enfiando meus dedos em seus cabelos.
– Temos um compromisso então?
Ele sorriu e eu continuei.
– Então é fiel a mim?
– Isabella... eu não tive mais ninguém
desde a nossa primeira vez.
Soltei um gemido de prazer ao ouvir
aquelas palavras. Não era como o Riley pensou... não era como eu pensei... ele
me queria além do carnal. Nossos lábios se encontraram e novamente foi um beijo
terno, carinhoso. Não havia aquele ardor, aquele furor sexual, mas posso dizer com
toda a certeza que foi intensamente apaixonado. Percebi que ele ergueu o corpo,
pegando–me no colo com extrema facilidade. Somente quando ele parou de me
beijar eu percebi que ele entrava na cozinha.
– O que você...
– Aposto como minha pequena deve estar
com fome. Tenho que cuidar direitinho ou o chefe Swan me mata.
Colocou–me sentada na cadeira e dei um
beijo em minha cabeça antes de se afastar em direção à geladeira. Impressão
minha ou as coisas realmente estavam mudando?
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