quinta-feira, dezembro 01, 2016

FANFIC O RECOMEÇO - CAPÍTULO 18


Capítulo 18 – Fortes emoções
  
Bella caminhou pelo aposento assegurando–se de que não ficasse nem rastro de sua presença, tinha passado muitas noites neste esplêndido dormitório e tinha chegado a sentir–se parte dele. Contemplou a cama enorme que parecia convidá–la, e sentiu uma pontada ao saber que devia retornar a sua pequena cama na sala de estar contígua, suspirou pensativa e voltou a outro quarto.
A porta do quarto das crianças estava aberta; pegou uma vela e foi inspecioná–lo uma vez mais, acariciou um cavalinho de brinquedo que tinha sido de Edward quando era pequeno e se dirigiu para o berço, onde alisou a manta que o cobria.
É estranho, pois todos dão por certo que o bebê será menino, pensou alisando o bordado do dossel. É obvio, foi isso o que manifestou meu marido, e quem poderia lhe negar o direito a desejar que fosse menino?
     Esboçou um sorriso ao pensar no muito que ela tinha desejado que fosse menina. Pobre filha se está crescendo em meu interior sua cor de donzela vai ser o azul.
Voltou–se e se encaminhou para o salão e, uma vez mais, até o dormitório principal, onde crepitava o fogo da lareira. Relaxou em uma cadeira cheia ao abrigo de seu calor e contemplou as chamas, abstraída em suas meditações. Exalou um suspiro pensando na iminente volta de Edward, a carta que tinha recebido fazia agora várias semanas tinha sido direta, pois só mencionava o dia aproximado de sua volta a casa.
Com que humor virá? Perguntou–se. Será mais amável ou, pelo contrário, mostrará seu gênio? Terá encontrado uma moça que tenha o aliviado? Tinha dado a ela, à sua esposa, outra cama e outro quarto...
Antes não queria nem vê–la, pensou com tristeza, e agora estou deformada por causa da gravidez, e tão feia que devo parecer mais um pato que uma mulher. Não o culparei por seu distanciamento quando descobrir minha figura retorcida.
Jogou a cabeça para trás com os olhos fechados.
OH, Edward, se tivesse sido mais carinhosa quando tive a oportunidade, pensou, agora compartilharia o leito com você e logo sentiria seu calor de novo junto a mim, me asseguraria que ninguém mais compartilhasse seu leito.
Voltou a contemplar o fogo e sentiu que a ira se apoderava dela.
Que sensual prostituta terá escolhido para passar o tempo? Terá enrolado a uma rameira doce e tola para que o esquente no norte?
De repente se tranquilizou.
Nunca teria conhecido esta terra, esta casa, estas almas amáveis e gentis se o destino não tivesse decidido que minha virgindade devia ser o preço! Não podia fazer outra coisa que conformar–se e, uma vez tendo nascido o menino e recuperado sua figura, exerceria suas artimanhas femininas para ganhar a seu marido.
Cruzou os braços pensando em suas lembranças, o momento na estalagem quando tinha sido tão amável, quase amoroso, e no navio, cuidando–a com tanto esmero. E inclusive com a Tânia tinha desviado os golpes mais cruéis e interpretado o marido apaixonado.
É possível que em algum lugar, sob seu cenho em seu interior, albergue um sentimento amoroso para comigo? – perguntou–se. Se fosse uma esposa amável e devotada, poderia chegar a me amar? Oh, meu amado, eu certamente amo–o, poderia chegar a ser meu marido de verdade e me amar acima de todas as demais? Tomaria a mim em seus braços e me acariciaria como o faria um amante? Oh Senhor, tremo só de pensar na possibilidade de me converter em tudo o que ele possa desejar.
O fogo ardia fracamente, Bella se levantou e, iluminada por seu suave resplendor, permaneceu uma vez mais junto ao sugestivo leito.
– E você– murmurou –, logo voltará a sentir meu peso sobre ti, juro–o. Já não estará tão sozinho, pois prometo que o tentarei até conseguir meus propósitos, que são os mesmos que os seus: Ser compartilhada, ser amada, ser cortejada gentilmente como se ainda fosse uma donzela. Oh, cederá, e o tempo me ajudará. Deixarei que a paciência cure as feridas compartilhadas até que desapareçam e ele procure meu calor, meu amor para sempre.
Suspirou e voltou à sala de estar. Agora pensava naquele lugar como a sala de estar, algo temporal até que ocupasse seu lugar legítimo, deslizou na cama procurando seu descanso.
Vários dias depois tinham levado Leopold numa carruagem à casa de amigos na cidade para esperar a volta de Edward, era um dia ensolarado, fazia tempo que o sol não brilhava tanto, e Bella tinha aproveitado para ir à cozinha e conversar com tia Ruth. Desejava aprender um pouco mais a respeito dos estranhos guisados ianques e os pratos favoritos de Edward, sentou–se em um tamborete com o chá que tinha preparado a mulher, e escutou atentamente as explicações que lhe dava sobre os métodos de preparação da comida.
Depois ouviu o Hatti agitada indo de um lado a outro.
– O Senhorzinho Ed .. o Senhorzinho Ed se aproxima a grande velocidade pelo caminho de detrás! – exclamou ofegante. – É ele, ele. – Riu tolamente –. Vem tão depressa que o cavalo arrebentará.
Bella arregalou os olhos e deslizou do tamborete, tocou horrorizada com seu cabelo, depois o vestido.  
– Oh, devo estar horrível! – exclamou. – Tenho que... – voltou–se sem acabar a frase e fugiu para casa. Enquanto subia pelas escadas chamou a Mary.
A garota chegou correndo e abriu a porta da sala de estar, bruscamente. Bella lhe ordenou que tirasse um vestido limpo do armário e lavou o rosto com um pano úmido. Depois beliscou as faces para recuperar a cor e tirou o vestido que usava, energicamente. Mary se apressou a lhe abotoar o traje de musselina amarela diante da pressa de sua senhora.
– Depressa Mary! Depressa! – exclamou. – O amo se aproxima! Estará aqui logo!
Arrumou o cabelo e desceu correndo pelas escadas até o alpendre para esperar seu marido enquanto este se aproximava mais devagar montado sobre o Leopold. Os flancos avultados do cavalo e seu casaco coberto de suor contradiziam o passo pausado do animal, pois Edward tinha posto ao poderoso corcel no limite em seu afã por recuperar a sua amada, já no alpendre, Edward se apeou com uma lentidão deliberada. Entregou as rédeas a um moço com instruções de levar o cavalo e se secou tomando especial cuidado com os atoleiros voltou–se para sua esposa com um sorriso e subiu pelas escadas percorrendo seu corpo com o olhar, ao chegar ao alpendre a abraçou e depositou um beijo quase paternal em seus lábios, Bella lhe respondeu com um sorriso doce e se apoiou nele ao entrar na casa.
– Fez uma boa viagem? – perguntou suavemente enquanto Edward dava o chapéu para Joseph. – Aqui o tempo estava tão mal que estava preocupada com você.
– Não havia necessidade de que se inquietasse querida – a tranquilizou passando um braço por sua cintura. – Passamos o pior em Nova Iorque, e não tivemos nenhum problema ao retornar. Como foram as coisas por aqui? Está acabado o quarto das crianças?
A jovem assentiu rapidamente.
– Você gostaria de vê–lo? – perguntou, com um brilho de ilusão nos olhos.
– É claro, querida – respondeu.
A jovem sorriu alegremente, dando o braço a seu marido e deixando que a ajudasse a subir pelas escadas.
Edward contemplou seu ventre e perguntou:
– Está passando bem?
– Oh, sim – se apressou a assegurar. – Estou mais saudável que nunca. Hatti diz que nunca viu uma grávida tão em forma, e a verdade é que me encontro maravilhosamente. – Ao chegar ao patamar olhou o ventre com expressão de tristeza e soltou um risinho de desculpa. – Embora minha imagem seja bastante grotesca e não me sinto muito leve.
Edward pôs–se a rir levantando–lhe o queixo para olha–lá nos olhos.
– Não esperava me encontrar com uma virgem estando grávida do meu filho, querida. Mas estou convencido de que até com essa carga, inclusive as jovens mais esbeltas morrem de inveja ao contemplar sua beleza deslumbrante.
A moça esboçou um sorriso suave e pressionou sua face sobre o peito de Edward, mais que satisfeita com sua resposta; no quarto das crianças, o homem caminhou de um lado a outro do quarto enquanto Bella, com as mãos nas costas, aguardava ansiosa sua reação.
Edward afastou o tecido do mosquiteiro e se inclinou para inspecionar o berço, depois balançou brandamente com a bota outro berço esboçando um sorriso, e examinou as paredes azuis claras e as cortinas brancas. Rodeou com cuidado os tapetes de tonalidades vivas que cobriam o brilhante chão de madeira de carvalho e abriu as gavetas de uma cômoda com curiosidade, encontrando–os repletos de roupa de bebê perfeitamente dobrada, várias das quais tinha visto tecer sua esposa antes de sua partida.
Bella se dirigiu para o cavalinho de madeira com o selim pintado de cor vermelha, e o empurrou com um dedo para que se balançasse.
– Encontramos isto no sótão – comentou chamando a atenção de Edward – Hatti me disse que tinha sido seu assim ordenei ao Ethan que o descesse. Quando nosso filho for suficientemente velho para subir sobre ele, poderei lhe dizer que um dia seu pai o montou.
Edward sorriu aproximando–se do cavalo.
A jovem não pôde conter a risada antes de voltar–se e indicar uma linda cadeira de balanço.
– Emm me deu de presente. Não é bonita?
Edward assentiu e brincou:
– É bem a cara dele. Sempre gostou que o balançassem antes de dormir.
Bella começou a apontar outro objeto, mas de repente se deteve horrorizada.
– Pelo amor de Deus, Edward! – exclamou. – Não comeu! Deve estar faminto, e eu aqui o entretendo com meu bate–papo. – Chamou Mary imediatamente e deu instruções de que trouxessem uma bandeja de comida e esquentassem água para seu banho.
Edward estava em seu dormitório, já tinha tirado a jaqueta e a gravata e, enquanto estava tirando as botas, Bella se juntou a ele.
– Já não sou capitão de um navio, coração – comentou olhando a de soslaio enquanto ela pegava seu casaco e o guardava. – Vendi o Fleetwood por uma quantia substancial, assim agora me poderá ver pela casa todos os dias.
A jovem sorriu, aprovando com entusiasmo a situação.
Um dos criados se apresentou com a comida e Bella se sentou diante de Edward para observa–lo enquanto comia, estava agradavelmente satisfeita no momento de intimidade que estavam compartilhando e o renovado amor que sentia por ele.
Subiram a água quente e retiraram a bandeja, Bella comprovou a temperatura antes de se despedir dos criados, logo se entreteve tirando roupa limpa enquanto seu marido se despia.
Edward se meteu com cuidado na água quente e relaxou nela durante alguns minutos, quando finalmente se sentou na banheira para ensaboar–se, Bella se aproximou e agarrou a esponja, enfiou–a na água e a segurou no alto esperando o consentimento de seu marido. Edward a contemplou durante uns instantes antes de inclinar–se lhe mostrando as costas.
– Esfregue forte – animou–a. – Sinto como se uma capa espessa de imundície me cobrisse todo o corpo.
A moça se inclinou alegremente para realizar a tarefa, ensaboando com as mãos seus ombros musculosos e suas costas, desenhou um E com a espuma e ao pôr sobre esta um B riu tolamente, Edward a espiou por cima do ombro com uma sobrancelha arqueada e um meio sorriso.
– O que está fazendo, senhorita? – inquiriu. Bella se pôs a rir escorrendo a esponja sobre seu rosto.
– Estou lhe marcando, senhor.
Ele sacudiu a cabeça energicamente, salpicando a sua esposa, que se afastou a uma distância prudente rindo divertida e atirou–lhe a esponja. Ao ver que Edward ficava em pé e saía da banheira para lançar–se sobre ela ainda ensaboado, Bella ficou boquiaberta.
– Oh, Edward, o que está fazendo? – gritou de júbilo. – Volte para a banheira.
A jovem se voltou para fugir, mas ele a agarrou nos braços e a balançou sobre a banheira, ambos riam desfrutando do jogo até que, em um dos balanços, fez como se fosse deixá–la cair na água, então Bella chiou agarrando–se a seu pescoço com força.
– Edward, nem pense nisso! Jamais o perdoarei – exclamou.
– Mas, amor, parecia tão interessada no meu banho que pensei que você gostaria de um – brincou.
– Desce–me – ordenou. – Por favor – insistiu em tom mais doce.
– Ah, no fim saiu a verdade. É que parece que tem uma predileção especial por esfregar as costas dos homens, não é assim? – inquiriu com um brilho especial nos olhos.
Depositou–a brandamente no chão e sorriu ao ver como se voltava para examinar seu vestido molhado.
– Oh Edward, você é impossível! – queixou–se. – Olhe como me deixou!
Edward se pôs a rir e a estreitou de novo entre seus úmidos braços, ambos compartilharam a alegria do momento, os braços dele a estreitaram por cima de seu volumoso ventre, pressionando seu suave busto. Ele posou uma mão sobre o ventre de sua esposa.
– Não nego isso, amor, mas tem que continuar a estar tão irritada por minha maldade? – brincou. – Isso faz já oito meses.
– Refiro–me ao vestido! – corrigiu–o ela, indignada. – Me molhou e agora terei que me trocar. Agora seja bom e me desabotoe o vestido, eu não gostaria de ter que pedir a Mary que me ajudasse outra vez.
– Outra vez?
– Esqueça – se apressou a responder Bella – Desabotoa–o, por favor.
Edward obedeceu e retornou à banheira antes que ela se voltasse, segurando o vestido.
– Obrigada – agradeceu com um sorriso. Inclinou–se e depositou um beijo em sua face, depois rodeou a banheira e partiu.
O lugar onde Bella tinha depositado seus lábios lhe ardia, Edward se esticou na banheira sem conseguir relaxar nem desfrutar da água. De repente um movimento captou sua atenção, ele se virou ligeiramente e viu a jovem tirando o vestido refletido no espelho do armário. Subitamente sentiu o impulso de pedir que compartilhasse o quarto com ele, que compartilhasse o leito com ele essa noite e lhe permitisse abraçá–la, não apaixonadamente, mas sim com amor e delicadeza, tal como o faria um marido com sua mulher a ponto de dar a luz. Mas a prudência o fez desistir de fazê–lo. Mostrou–se doce e atenta, embora sem dar amostras de desejar compartilhar sua cama, parecia tão feliz e contente com aquele acerto! Mais tarde, pensou. Quando não tivesse nenhuma desculpa, quando não pudesse utilizar a maternidade como pretexto, então se aproximaria dela e esse leito suportaria o peso de ambos os corpos.
Fechou os olhos pensando em sua volta a casa, não gostava de separar–se dela, mas regressar... era totalmente diferente. Relaxou e apoiou a cabeça na borda da banheira, a água quente estava começando a acalmar a dor de seu corpo fatigado quando ouviu uma batida na porta, está se entreabriu e apareceu o rosto sorridente de Emmett.
– Está decente, querido irmão? – perguntou, embora já tivesse entrado.
– Muito mais que você – resmungou Edward, irado pela interrupção. – Agora feche a porta, se for possível, fique de fora.
Imperturbável, Emmett entrou e empurrou a porta com o pé para que se fechasse de uma vez só.
– Certamente, querido Edward, vim até você simplesmente para lhe trazer uns passatempos, e – acrescentou em voz alta e para o outro quarto – para resgatar a minha cunhada de seu extraordinário mau gênio.
Ouviu–se um risinho na sala de estar contígua e Emmett, celebrando sua própria graça, depositou uma garrafa de conhaque e uma caixa de charutos em uma prateleira junto à banheira.
Edward fez um gesto de agradecimento, tomou um gole de conhaque e pegou um charuto.
– Acho que deixarei que fique por aqui. Parece que ainda há alguma esperança por você, depois de tudo.
Bella entrou no quarto para preparar a roupa limpa de seu marido, e não prestou excessiva atenção à conversa dos dois homens até que Edward começou a relatar a história da família Webster. Então se aproximou da banheira e se colocou detrás dele para escutar o relato, Edward tomou inconscientemente a mão e a acariciou com a bochecha enquanto falava com Emmett o movimento não passou inadvertido e este se surpreendeu ante o intercâmbio de cuidados entre seu irmão e sua cunhada.
Ao finalizar, Bella se deu conta do pouco que conhecia seu marido, estava comovida pela triste situação dos Webster e inclusive estranhamente orgulhosa de sua compaixão por eles. Seus olhos estavam úmidos quando levantou o rosto e se encontrou com o olhar fixo de Emm, este lhe sorriu e voltou a escutar Edward.
– Bom, de todos os modos chegarão semana que vem – concluiu.
Emm agarrou um dos charutos que havia trazido e enquanto o acendia comentou:
–Teremos que lhes arranjar uma casa.
– Há muitas perto da madeireira – respondeu Edward – Podem ficar na casa que o senhor Bartlett utilizava como escritório.
Emmett soltou um suspiro.
– Acreditava que sua intenção era que ficassem, darão uma olhada nessa casa e irá rumo ao norte, de volta. Bartlett era um maldito rato de esgoto, falando com toda franqueza, e esse lugar é pior que uma pocilga, usava a suas escravas nessas camas e essas pobres almas se cobriam de insetos. Não é adequado nem para um porco e você quer colocar aos Webster lá revolveria seu estômago se visse a porcaria que há.
– Vi–a – disse Edward com um sorriso. – Por isso amanhã iremos limpá–la.
– Tinha que ter fechado a boca – resmungou Emm.
Edward se pôs a rir.
– Se algum dia chegar nesse momento terei que ir procurar o reverendo – zombou.
Fazendo caso omisso da brincadeira, Bella exigiu com voz firme:
– Eu também irei. Não confio em nenhum dos dois para arrumar uma casa. – Olhou–os e ao ver que hesitavam se apressou a acrescentar em um tom mais suave: – Tentarei não me pôr no caminho de ninguém e não ser um problema.
Os olhos dos homens pousaram no volumoso ventre da jovem e a dúvida em seus olhares contradisse seu consentimento.
O grupo se deteve frente à casa deteriorada e coberta de vegetação. Desceram da carruagem e ficaram olhando–a com apreensão.
Hatti soprou.
– Uff! Não é estranho que esse homem a vendesse. Em minha vida nunca vi uma casa tão desmantelada. Com certeza os porcos andavam soltos por aqui.
Emmett riu enquanto tirava a jaqueta e a deixava na carruagem.
Edward deixou o casaco junto ao do irmão e murmurou com um sorriso compungido:
– Bom, vamos trabalhar. Não há necessidade de perder mais tempo.
Deixou dois meninos varrendo o pátio e entrou na casa para ver o que era necessário. Hatti e Bella o seguiram fazendo seus próprios cálculos, diante do que encontraram, Bella enrugou o nariz de asco, pois havia comida podre espalhada por todo o chão e sobre os móveis, uma grossa capa de sujeira cobria o chão e o fedor impregnava todo o lugar.
– Acredito que estava certa, Hatti – observou Edward – Os porcos aninharam–se aqui.
Os criados trouxeram para o exterior todos os objetos móveis para proceder a uma limpeza exaustiva, Emmett se dirigiu aos outros aposentos em busca de móveis que pudessem ser utilizados, Hatti deu instruções às mulheres que imediatamente se puseram a limpar a casa de cima abaixo. Ethan e Luke, marido e neto da anciã respectivamente, encarregaram–se do chão e de pintar a casa, Edward deixou às mulheres trabalhando e partiu com George para verificar as instalações exteriores, que encontraram em muito mal estado. Ninguém ficou com as mãos abanando.
No meio de tanta atividade, esqueceram–se de Bella, que se encontrou sozinha, sem nenhuma tarefa atribuída a si. Atou um lenço à cabeça, arregaçou as mangas e se dispôs a limpar a chaminé do salão com uma escova de cabo comprido, estava sentada nela, absorta em seu trabalho, quando de repente uma voz procedente de trás a sobressaltou.
– Senhorita Bella! – exclamou Hatti. – Deus santo, menina! Isso fará mal ao bebê! – Ficou ao lado de sua ama e agarrando–a pelo braço a ajudou a levantar–se. – Sabe–se que você não deve trabalhar, senhorita, você só veio para aconselhar. Se o Senhorzinho Ed a descobrir terá um ataque, deixe que essas garotas façam o trabalho; elas não estão grávidas. Você, simplesmente, sente–se e relaxe!
Bella deu uma olhada na habitação vazia e pôs–se a rir.
– E onde se supõe que devo me sentar, Hatti? Tiraram todas as cadeiras.
– Bom, encontraremos uma e ficará confortável – respondeu a criada.
Ao cabo de alguns instantes já estava sentada em uma cadeira de balanço em frente das janelas sujas, com um livro nas mãos. Hatti saiu logo deixando–a sozinha uma vez mais, Bella tentou ler na luz fraca que se infiltrava pelas cortinas imundas e, ao não poder concentrar–se umedeceu a ponta de um dedo e o passou pelo cristal deixando uma marca. Deixou o livro e se levantou decidida a limpar as janelas, arrancou as cortinas sujas, e equipada com trapos, subiu a uma cadeira que trouxe do exterior e começou a esfregar os cristais. Estava absorvida nesta tarefa, quando Edward a surpreendeu, sem perder tempo com palavras, precipitou–se para ela e tomou–a em seus braços, sobressaltando–a tanto que a jovem gritou alarmada.
– Mas o que acha que está fazendo? – perguntou, zangado.
– Oh, Edward, que susto que me deu! – exclamou Bella.
Ele a deixou no chão.
– Se voltar a ver você em cima de uma cadeira terá motivos para se assustar. Não veio para trabalhar – repreendeu. – Trouxemos você aqui para que nos fizesse companhia.
Bella sacudiu a cabeça, exasperada.
– Mas Edward, eu...
– Não se fala mais nisso, Isabella – interrompeu–a. – Sente–se e cuide do meu filho.
Bella deixou escapar um suspiro e se sentou de novo na cadeira de balanço, resignada.
– Companhia! Todos trabalhando e eu aqui, sentada sem fazer nada.
Edward afastou uma mecha de seu rosto e a beijou na fronte.
– É muito mais importante que toda esta maldita casa.
Bella voltou a pegar o livro e começou a balançar–se.
– Trata–me como se eu fosse uma velha.
Edward se pôs a rir.
– Isso nunca, meu amor. Só quando eu for um homem muito velho.
Deixou–a lendo, mas a jovem não demorou muito em levantar–se de novo e perambular pela casa. Subiu as escadas e passou por um aposento que as garotas estavam esfregando, e por outro que dois homens empapelavam as paredes, depois desceu e se dirigiu à cozinha.
Estremeceu ao ver a sujeira e a imundície que havia, pois o lugar ainda não tinha sido lavado, encontrou uma vassoura e começou a varrer a porcaria. Tossiu várias vezes e se asfixiou com o pó que tinha levantado, de vez em quando dava uma olhada para a porta, alerta ao menor ruído, mas sua vigilância foi em vão; a criada chegou sem anunciar–se.
– Senhorita Bella! – exclamou Hatti. A moça deu um pulo deixando cair a vassoura ao chão. Depois, com os braços nas costas, olhou Hatti, envergonhada. A criada bloqueou a entrada com as mãos na cintura e a boca apertada.
– Não é bom para você respirar tanto pó! Se não ficar quieta vai ter o bebê neste lugar imundo! – arreganhou os dentes. – Vou procurar o Senhorzinho Ed agora mesmo, ele fará com que se sente. – Voltou–se e saiu da cozinha.
Bella ficou resmungando algo a respeito de que esses sustos de morte eram mais prejudiciais para a saúde de uma pessoa que todo o pó do mundo. Baixou a cabeça e com o pé arranhou um pouco de sujeira, de repente chegaram os dois e ficaram olhando em silencio com o cenho franzido.
– Senhora – disse Edward –, você é a mulher mais obstinada que já conheci. Está claro que teremos que lhe arrumar uma tarefa leve para mantê–la ocupada.
Ficou sem saber o que lhe encomendar até que Emmett o chamou do pátio traseiro, os três saíram e viram vários meninos deixando no chão uns tonéis enormes. Emm tirou as tampas para mostrar que estavam repletos de uma estranha variedade de pratos, vasilhas, bules e outros utensílios.
– Imagino que a senhora Bartlett enviou tudo isto para os escravos – supôs Emmett – Estavam armazenados lá em cima, no moinho, assim estou certo de que o senhor Bartlett nem sequer deixou que esses pobres diabos dessem uma olhada.
– Era casado o senhor Bartlett? – perguntou Bella, recordando as palavras de Emm no dia anterior.
Edward assentiu.
– Com uma mulher muito agradável, pelo que ouvi. Mas parece que não deve saber o que faz seu marido, todo mundo em Charleston sabe que classe de homem é.
– Lixo branco, isso é o que é! – grunhiu Hatti. Retornou à casa murmurando para si: – Deviam ter pendurado esse homem há muito tempo.
Edward examinou os objetos que continham os tonéis e deu uma olhada a sua esposa acreditando que por fim tinha encontrado a tarefa perfeita para ela.
– Bom, ratinho inquieto, possivelmente isso te deixará ocupada, separe o que esteja em melhor para os Webster, não ia bom devolvê–los à senhora Bartlett e deixar que se desse conta de como é seu marido.
Bella lhe sorriu com alegria fazendo que o coração de Edward se enternecesse, ao observar como a esposa bisbilhotava nos tonéis, não pôde concentrar–se no que lhe estava dizendo seu irmão.
Decidiu voltar–se de costas a ela e prestar toda a atenção a Emm que, ao olhar por cima de seu irmão e ver sua cunhada, deixou a frase pela metade e sorriu, Edward se voltou e viu Bella com a cabeça dentro de um dos tonéis, tentando tirar um enorme bule do fundo.
– Maldição! – gritou.
Bella soltou o bule e se ergueu, afastando o cabelo dos olhos. Tinha o lenço torcido e o queixo manchado de graxa, Emm se pôs a rir, comovido pela cena, enquanto Edward sacudia a cabeça exasperad0.
– Emm, faça com que seus homens desembalem todas estas coisas e as levem ao alpendre – ordenou. Agarrou um prato de um dos tonéis e o segurou alto para que a jovem pudesse ver–se refletida. – E você, senhora Cara Suja, não levantará nada que seja mais pesado que isto. Entendeu?
Bella assentiu energicamente ao mesmo tempo em que tentava limpar a face com o avental.
Edward soltou um suspiro.
– Assim está piorando as coisas. – Agarrou uma ponta do avental e limpou a graxa do queixo com suavidade. – Agora seja boazinha – rogou suavemente, – ou terei que mandá–la para casa para que não se meta em mais confusões.
– Sim, senhor – murmurou docilmente ante o olhar terno de seu marido.
Agora que Bella estava ocupada em algo, todos estariam um pouco mais sossegados, Edward e George passaram o resto da manhã esvaziando, limpando e reparando o poço, Emm continuou sua exploração pelas cabanas e encontrou uma seleção de móveis bastante aceitáveis, com que acabou por abarrotar o pátio dianteiro.
Exatamente antes do almoço, Hatti declarou que o andar superior estava limpo e apto para ser habitado, a fachada resplandecia com sua nova camada de pintura branca, fizeram um descanso e improvisaram um lanche com o conteúdo dos cestos que traziam na carruagem; quando acabaram, relaxaram, estendidos no chão sob o sol ou na sombra, segundo as preferências de cada um.
Bella estava sentada junto a Edward sobre um almofadão que tinham colocado debaixo de um enorme pinheiro, e Emm, apoiado numa arca velha, observava–os com expressão divertida.
– Estava começando a me perguntar se tinham aversão a compartilhar um desses almofadões – brincou. – Embora não posso imaginar como Bella estaria agora neste estado se não o tivessem feito, claro que com uma só noite teria sido suficiente, não?
Bella trocou um olhar com seu marido em silêncio, este encolheu os ombros respondendo à pergunta que formulavam os olhos de sua esposa, depois ficou contemplando seu irmão com o sobrecenho franzido. Mas Emm esboçou um sorriso e fechou os olhos.
A tarde transcorreu tão ocupada como a manhã, conseguiram arrumar o andar de baixo da casa, apesar de terem acreditado que era uma tarefa quase impossível de realizar. O aroma de sabão de pinheiro invadia os aposentos e tudo brilhava, impecável.
Bella se sentiu aliviada quando a tarefa do dia chegou a seu fim, estava esgotada, suja e pegajosa por causa do suor. Não parecia a senhora de uma grande mansão, mechas de cabelo negro apareciam pelo lenço caindo pelas costas e, entre seus seios, podiam ver–se gotinhas de umidade pois desabotoou o sutiã para que a brisa refrescasse sua pele.
Desde que tinham entrado os móveis, nenhum homem tinha posto um pé na casa, pois todas as tarefas pendentes precisavam de uma mão feminina. Colocaram lençóis sobre os colchões de penas e esfregaram os pratos e guardaram nos armários. Bella estava tão absorta em frente da chaminé discutindo com Hatti as coisas que ainda ficavam por fazer para que a casa fosse mais acolhedora para os Websters, e fazendo uma lista de objetos úteis que podiam trazer de Harthaven, que não se deu conta da presença de um homem.
Estava de costas para a entrada, escutando atentamente cada palavra que Hatti pronunciava, com o vestido manchado e o avental embrulhado por debaixo do busto, tinha o mesmo aspecto que o resto dos criados, um estranho que se aproximou por detrás poderia ter pensado que era uma empregada, pequena e esbelta.
Isso foi precisamente o que pensou o senhor Bartlett quando a viu junto à Hatti, entrou na estadia com grandes passadas para chamar a atenção das duas mulheres, mas só quando sentiu uma brutal palmada nos quadris e a voz do homem no seu ouvido, Bella percebeu sua presença.
– Que linda mocinha temos aqui – exclamou. – Velha, vá dizer a seu amo que o senhor Bartlett está aqui, mas não se apresse. Vou degustar este delicioso bocado enquanto está ausente.
Bella, indignada, voltou–se bruscamente enquanto Hatti o olhava boquiaberta, horrorizada. Bartlett não se mostrou muito surpreso ao descobrir a cor da pele e dos olhos da moça, pensou que se tratava de uma escrava e não imaginou nem por um instante que estava insultando a uma Cullen, passou a língua pelos lábios, regozijando–se com a visão do decote de Bella e, ao agarrá–la pelo braço, esboçou um sorriso lascivo.
– Bem, doce menina, parece que me adiantaram. Seu amo possivelmente? – inquiriu. – Tem bom gosto, tenho que reconhecê–lo. – Fez– um gesto à Hatti para que se fosse. – Fora, velha. – Olhou–a com os olhos entreabertos. – E não bata com a língua se não quer que lhe arranque isso de sua negra cabeça.
Hatti e Bella gritaram ao uníssono.
– Como se atreve! Como se atreve! – exclamou a moça, indignada, tentando soltar–se dele. Hatti brandiu a vassoura, gritando.
– Deixe–a! Saia daqui, lixo branco. O Senhorzinho Ed fará picadinho de você.
Bartlett avançou um passo para dar uma resposta à criada, mas se viu surpreendido pelo ataque de Bella que lhe cruzou a cara com um bofetão.
– Deixe–a! – ordenou a jovem.
O homem levou a mão à face voltando–se para ela, desconcertado.
– Pequena bruxa! – exclamou.
Bella lhe lançou um olhar cheio de fúria, apontou para a porta.
– Saia agora mesmo daqui – ordenou entre dentes. – E não volte jamais.
O homem a puxou para si.
– Acho que se excede ao me falar desse modo, querida.
Bella começou a golpea–lo no peito exigindo que a soltasse, mas ele não fazia mais que rir, aprisionando–a brutalmente com o braço e sufocando seus golpes com um abraço suarento.
– Sei que deseja proteger à velha – disse entre risadas –, mas o está fazendo mal. A única coisa que tem que fazer é ser carinhosa comigo, o que tem seu amo que eu não tenho?
Hatti o golpeou com a vassoura ao mesmo tempo em que Bella cravava em sua perna um de seus saltos bicudos, Bartlett soltou um grito e perdeu o equilíbrio, desabando no vestíbulo. Ao ver diante dele a enorme anciã, com os olhos injetados de sangue, brandindo a vassoura, e a gata selvagem esgrimindo um pedaço de sabão como se fosse uma adaga, fugiu apavorado.
Ao descer o primeiro degrau do alpendre, o enorme pedaço de sabão lhe golpeou na nuca e foi parar no pátio de costas no chão. Levantou–se ofegando, enfurecido por ter sido o objeto de abuso de duas faxineiras, e ainda por cima mulheres, a pequena enfrentou–o do alpendre com ira nos olhos.
– Agora parta, e depressa – ordenou com uma careta de desprezo. – Ou meu “amo” fará que se arrependa de não havê–lo feito.
– Pequena prostituta! – exclamou Bartlett. – Eu lhe ensinarei o que é bom.
Avançou um passo, ameaçador, e a criada enfrentou roçando o seu rosto, manchando o de água suja, Hatti se colocou diante da moça e se dirigiu ao homem, encolerizada, a um ritmo intencionalmente pausado.
– Agora, senhor Bartlett. Se alguma vez voltar a pôr a mão em cima desta Cullen, baterei na sua cabeça com esta vassoura com tanta força que para a tirar terão que lhe tosquiar como a uma ovelha.
A réplica de Bartlett se viu interrompida pelo ruído surdo de passos que se aproximavam depressa atrás dele, voltou–se e descobriu ao amo de Harthaven aproximando–se com uma expressão de raiva no rosto vermelho. Nesse breve lapso, Bartlett compreendeu o que era estar cara a cara com a morte.
Tinha insultado à esposa de um Cullen, e não só de um Cullen, mas também de Edward Cullen, conhecido por seu mau gênio.
Bartlett ficou paralisado, incapaz de articular uma palavra, e empalideceu, o medo gotejava por cada poro de sua pele. O pouco que Edward ouviu foi suficiente para desatar sua fúria, só era capaz de ver o homem que jazia diante dele, envolto em uma espécie de neblina avermelhada que limitava sua visão. Desejava ouvir como os ossos daquele homem rangeriam entre suas mãos e, ao aproximar–se, descarregou sobre ele seu punho sedento de sangue. Seus nódulos estrelaram em seu rosto e sua sobrancelha direita, abrindo–lhe uma brecha e fazendo–o girar sobre si mesmo.
Edward se afastou para voltar a lhe golpear, mas Bartlett pôs pés na poeira, com uma agilidade surpreendente para sua idade e seu físico, o mais velho dos Cullen não estava disposto a deixar escapar ao homem e, quando estava a ponto de alcançá–lo, Emm se interpôs em seu caminho. Ao ver a ânsia de sangue no olhar de seu irmão, segurou–o, e ambos caíram no chão, tentou segurá–lo de novo, mas Edward escapou e ficou em pé, Emm levantou a cabeça, e viu o irmão correr em direção à carruagem que se afastava a toda velocidade. Bartlett se endireitou no assento agitando um punho no ar antes de empreender sua fuga.
Edward se acalmou contemplando o caminho agora deserto, sacudiu–se, arrumou o cabelo com as mãos e ajudou Emm a levantar–se. Olhou para a casa e sua raiva se tornou preocupação por Bella, ao chegar ao primeiro degrau, deteve–se frente a sua esposa com a testa franzida, Bella abraçou–o enquanto beijava–o, chorando, o pescoço e o peito, limpou o rosto de seu marido com o avental, depois secou as lágrimas. Edward compreendeu que a esposa se achava a ponto de um ataque de nervos e a conduziu com ternura até uma cadeira para tentar acalmá–la.
Um instante depois, Edward interrogou Hatti e, ao ouvir a história completa, Emm esteve a ponto de ter que usar a força para contê–lo. Edward se levantou e jurou que mataria Bartlett, ao ouvi–lo, o coração de Bella deu um pulo.
– Por favor – rogou ao mesmo tempo em que puxava a mão de seu marido. Depois levou a mão deste a sua barriga para que sentisse o bebê movendo–se energicamente. Olhou–o nos olhos com um sorriso doce enquanto lhe acariciava o rosto. – Já tive suficientes emoções por hoje – acrescentou. – Vamos terminar e voltar para casa.

4 comentários:

  1. Obrigada! por posta mas um capítulo magnífico, não sei o motivo da demorar mas por favor não deixe de posta os outros capítulos essa fic é linda .aguardando pelo próximo bjs

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  2. AHHHH,Obrigada por postar mais um capítulo! Olha, pra mim você tem uma escrita perfeita, não abandone a fic,ela é linda.

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  3. POR FAVOR NÃO ABANDONA A FIC VOLTE A POSTAR

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