Quando Seth Webster viu pela primeira vez a casa que
tinham arrumado para ele e sua família, pensou que se tratava da mansão dos
Cullen e comentou que era muito bonita, Edward, Emmett e Bella o olharam
surpreendidos e o primeiro se apressou a corrigi–lo. O homem ficou boquiaberto
e demorou vários minutos em recuperar–se. Logo se voltou para sua esposa.
–
Ouviu, Leah? – perguntou, incrédulo. – Ouviu isso? Essa vai ser nossa casa.
Pela primeira vez desde que se conheciam, a mulher falou com os olhos arrasados
de lágrimas, esquecendo seu acanhamento.
–
É muito bom para ser verdade – afirmou. Olhou para Bella para assegurar–se de
que o que havia dito seu marido era certo. – Vamos viver aqui? – perguntou,
ainda insegura.
Bella assentiu para confirmar e dedicou a seu marido um sorriso afetuoso pela
bondade que tinha demonstrado com essa gente.
–
Venha comigo – murmurou Bella brandamente, agarrando–a pelo braço. – Mostrarei
a você a casa por dentro.
Enquanto as duas mulheres entravam seguidas pelo senhor Webster, Emm deu uma
ligeira cotovelada no irmão, que ficara encantado contemplando a sua esposa.
–
Uma boa obra a mais, Edward, e será seu cavalheiro andante – brincou.
À
medida que o mês de março avançava, os dias eram cada vez mais quentes e
ensolarados. Edward percebeu que por em funcionamento a madeireira requeria a
maior parte de seu tempo, quase não via a esposa nem estava em casa, ele e
Webster fizeram numerosas viagens da madeireira aos campos de corte, rio acima.
Os
dias quentes e poeirentos e as noites frias e úmidas se converteram em uma
rotina aborrecida sem Edward ou Emmett em casa, Bella tentou vencer a monotonia
e encontrou breves momentos de distração. Uma chuvarada primaveril interrompeu
a seca do mês e preparou o terreno para uma noite de chuva torrencial, os dias
posteriores trouxeram consigo uma agradável metamorfose da terra, Bella se
surpreendeu diante da mudança repentina provocada pelas chuvas.
Em
meio deste esplendor, Bella sentiu que se aproximava o momento. Era muito
estranho que se aventurasse a sair apesar da beleza da terra, sentia–se fraca e
lenta, mas sempre que desejava mover–se havia uma mão para agarrá–la. Quando
Edward estava na madeireira ou nos campos de corte rio acima, era Emm, ou
Hatti, ou Mary; sempre havia alguém perto.
Uma pequena celebração foi organizada para dar as boas vindas ao bebê, uns
vinte amigos da família se aproximaram para apresentar seus respeitos, era sexta–feira
de tarde quando chegaram vários meninos se encarregavam de vigiar para que os
assados não queimassem. Os barris de cerveja tinham sido esfriados nas águas
geladas do arroio.
O reverendo
Fairchild, sua esposa e seus sete filhos foram os primeiros a chegar, pouco
depois o fez a enorme carruagem negra de Abegail Clark, a festa foi animando
com o transcorrer do dia. O reverendo Fairchild se dedicou a vigiar os homens
que bebiam muito e a procurar entre os arbustos os casais de jovens que se
deitaram para trocar algo mais que frases poéticas. Edward ordenou que tirassem
vários barris de cerveja e os depositassem debaixo das árvores. Emm fez o mesmo
com um tonel de uísque antigo. Os ânimos se alegraram, vários barris de cerveja
que tinham sido trazidos pelos convidados foram abertos para compará–los com os
dos Cullen, as crianças brincavam de correr pela magnífica grama ao mesmo tempo
em que esvaziavam jarra atrás de jarra de limonada, as mulheres, reunidas em
grupos, costuravam trajes enquanto os homens admiravam os cavalos e às
senhoras, incapazes de decidir que barril continha à bebida mais doce.
Foi Sybil Scott a que
atraiu a atenção em um momento da tarde, usava um atrevido vestido de decote
baixo bastante caro, e um vendedor barrigudo de meia idade a perseguia sem
cessar com intenções muito claras para todo mundo menos para ela. A jovem
evitava suas garras com uma risada estridente, aflita diante da atenção incomum
de um homem e a ausência da mão restritiva de sua mãe.
Bella arregalou os olhos ao ver a moça até há pouco tempo retraída, agora rindo
e paquerando com seu pretendente, oferecendo a seus toques uma resistência
simbólica. A seu lado, a senhora Clark mostrava seu aborrecimento soprando
sonoramente e cravando a sombrinha no chão.
–
Miranda Scott amaldiçoará o dia em que deu liberdade a sua filha – sentenciou a
anciã. – Essa pobre menina acabará com o coração partido. Só a interessam
roupas luxuosas e seus encantos, mas sem promessas, e a menina esteve muito
tempo protegida para saber lutar com um homem e especialmente com esse. Pobre
menina precisa de uma mão que a guie.
–
Deu–me a impressão de que era uma jovem muito reservada – murmurou Bella,
sobressaltada pela mudança produzida.
–
Sybil, querida, não é jovem – comentou a senhora Fairchild. – E certamente
parece que perdeu seu acanhamento.
A
senhora Clark sacudiu a cabeça com tristeza.
–
É evidente que como não conseguiu caçar um Cullen, Miranda a abandonou.
A
anciã lançou um olhar à Bella, esta, apesar de seu estado, estava muito bela e
transmitia esse mistério que possuem todas as grávidas, usava um vestido azul
céu de organdi com babados bordados no pescoço e nos punhos, e levava o cabelo
preso, formando suaves caracóis, com fitas azuis. Até em um estado tão avançado
de gestação, era a inveja de muitas. A grande dama prosseguiu, olhando agora
diretamente para Bella.
–
A estas alturas já deve saber que Sybil se fixou em seu marido, embora não
entendo pobre menina, onde viu que tinha uma possibilidade. Era estranho que
ele olhasse duas vezes mesmo para às jovens mais formosas da igreja, e depois,
claro, havia Tânia, que devemos admitir que é uma mulher linda. Até então Sybil
tinha alguma esperança, mas o dia que viu você acredita que entendeu que seus
sonhos tinham chegado ao fim. Foi uma lástima o modo pelo qual Miranda lhe fez
acreditar que Edward se interessaria por ela. Ele não sabia nem que a moça
existia. – Assinalando em direção à Sybil, afirmou categoricamente: – O que
está acontecendo agora é culpa da Miranda, mas ela fica sentada em sua casa
amaldiçoando Edward sem pensar na filha – concluiu em tom de raiva, e cravou a
sombrinha no chão para enfatizar as palavras.
Ed
e Emm se aproximavam pelo caminho quando, de repente, Sybil, ao tentar evitar o
torpe pretendente, saiu correndo de debaixo de umas árvores se chocando com
eles, Edward se afastou, saudou–a e continuou seu caminho sem prestar atenção.
Ao reconhece–lo, a pobre menina abriu os olhos e empalideceu, ficou
contemplando suas costas fixamente, muito desalentadas; sua presença acabava de
lhe arrebatar o regozijo do dia. Observou que o homem sentava–se junto da
esposa.
Sybil continuava ofuscada quando outra carruagem chegou e se deteve frente ao grupo,
ao ver descer Tânia, extravagantemente vestida, deixando seu admirador perplexo
ante a apressada marcha, Bella depositou a agulha no regaço e esperou que se
aproximasse. Tânia sorria alegremente aproximando–se resoluta e saudando em voz
alta, seu novo admirador desceu da carruagem e a seguiu, mas ela o ignorou
concedendo toda sua atenção a seu antigo noivo. A mulher franziu o sobrecenho
ao ver como este se levantava e se colocava atrás da cadeira da esposa, foi
então quando Tânia reparou nela.
– Céu
santo, criatura – exclamou, sorrindo com desdém e olhando para sua barriga. –
Isto provavelmente vai arruinar sua figura o resto de sua vida.
–
O que você sabe sobre isso, Tan? – inquiriu Emm com sarcasmo.
Tânia fez o ignorou e deu uma volta sobre si mesma para mostrar seu traje e
também sua figura voluptuosa.
–Vocês
gostam de meu novo vestido? – inquiriu. – Encontrei o modista mais talentoso do
mundo, de um corte de tecido e um pouco de linha faz maravilhas como esta. –
Enrugou o nariz com aversão. – Mas é um homenzinho muito estranho. Faria os
rir. – Olhou Bella com mordacidade. – Mas talvez seja um de seus compatriotas,
querida. – Dito isto se afastou para um grupo de jovens que havia perto deles,
enquanto isso, seu pretendente saudou Edward.
–
Ouvi que você se casou Ed – comentou Paul Bishop com um forte acento sulino.
Edward deslizou as mãos sobre os ombros de Bella ao apresentá–la ao Paul.
–
Paul e Emm foram à escola juntos – explicou a sua mulher.
–
É um prazer conhecê–lo, senhor Bishop – murmurou Bella com um sorriso.
O
homem olhou primeiro seu ventre e sorriu, depois ergueu os olhos e a contemplou
surpreso diante da visão.
–
Esta é sua esposa? – inquiriu incrédulo. – Bom, Tânia disse...
Calou–se ao se dar conta do que tinha estado a ponto de escapar. Tinha parecido
muito estranho quando Tânia se pôs a destrambelhar contra uma mendiga que tinha
feito bruxaria para arrebatar Edward, tinha sido difícil acreditar que Edward
se mostrara tão ansioso para que o roubassem ou que fosse o tipo de homem capaz
de deitar–se com uma moça pouco apetecível e muito menos casar–se com ela.
Deveria ter sabido que esse homem escolheria à mulher mais formosa para
esquentar seu leito.
–
Acredito que zombaram de mim – se desculpou. – Tem uma esposa encantadora, Ed.
Tânia retornou a tempo de escutar o último comentário e o olhou com raiva
agarrando–lhe o braço, depois virou–se para Edward com um sorriso.
–
Querido, suas festas são sempre as melhores – comentou com coqueteria. – Mesmo
quando éramos só nós dois, nunca foram aborrecidas.
Edward se inclinou para verificar o estado da esposa ignorando os comentários
de Tânia, mas Abegail não se calou.
–
Parece que adora festas, Tânia – replicou. – Quanto aos homens... não é usual
que limite seu afeto a um só.
Emm pôs–se a rir com vontade, piscando um olho à anciã; Tânia lançou um olhar
furioso, logo se voltou para Bella a tempo para ver como acariciava
amorosamente o rosto amorosamente de Edward e murmurava uma resposta a seu
atento marido. O ciúme a consumiu baixou o olhar e viu o lenço que a jovem
estava bordando com o monogramo de Edward, entreabriu os olhos e em tom
malicioso perguntou:
–
O que tem aí, querida? Está perdendo o tempo com a costura? Pensei que teria
coisas mais importantes para fazer estando casada com Edward. – Lançou um olhar
a este. – Mas claro, suponho que há muito poucos prazeres que possa desfrutar
estando a gravidez tão avançada. Quanto a mim...
–
Costurar é uma arte nobre, Tânia – a interrompeu a senhora Fairchild, muito
atenta ao seu bordado. – Faria bem em aprender, mantêm as mãos ocupadas e
afasta a mente de atividades menos atraentes.
Tânia compreendeu que não conseguiria arruinar o dia de Bella rodeada de tantos
intrometidos que a protegiam, assim se afastou vencida neste momento, mas não
derrotada, teria mais oportunidades de fazer em migalhas a jovem, e era muito
paciente. Sorriu a seu novo apaixonado e esfregou–lhe a mão contra seus seios
para provocá–lo, não era tão atraente quanto Edward nem a metade rico, mas
serviria até que conseguisse colocar a esse garanhão arrogante e talentoso em
sua cama.
Como qualquer outro solteiro disposto, Paul empurrou a Tânia atrás de um
matagal e a abraçou apaixonadamente. Agora tocava a ele provocá–la com seu
corpo, e a beijou com os lábios separados e deslizando sua mão por debaixo do
sutiã para acariciar a carne abundante e cálida.
–
Aqui não – murmurou Tânia, afastando–se. – Conheço um lugar nos estábulos.
Hatti saiu pela porta principal com uma bandeja com limonada para as senhoras.
A senhora Clark a saudou calorosamente enquanto a servia.
–
Está preparada para deixar este antro de perversão e vir viver comigo, Hatti? –
inquiriu. – Os velhos têm que estar juntos, sabe?
–
Não, senhora – repôs Hatti entre risadas. – Dentro de pouco tempo vou ter um
novo Cullen e o amo terá que me dar um pontapé se quiser que saia deste lugar e
deixe à senhorita Bella, nenhuma junta de mulas do Senhorzinho Ed poderiam me
afastar daqui.
A
criada arrancou risadas de todos os presentes. Voltou–se para Bella, preocupada
com seu bem–estar.
–
Como está se sentindo, senhorita? Não permaneça muito tempo aqui, sentada que
se cansará. Esse bebê vai chegar logo; não precisa apressá–lo. Senhorzinho Ed,
não a deixe trabalhar muito, promete?
–
Prometo, Hatti – respondeu Edward, risonho.
Quando o jantar foi servido, todos se dirigiram à imensa mesa, se servindo dos
pratos que mais apreciavam.
–
Estou tão gorda que não vejo nem os pés, e mesmo assim, olhe como enchi isso. –
Elevou um pão de milho rindo e ofereceu um bocado a Edward – Terá que me ajudar
Edward, isso é tudo o que tem que fazer.
Ele se pôs a rir e a beijou meigamente nos lábios.
–
Faria qualquer coisa para agradá–la, amor, qualquer coisa – sussurrou.
Ao
retornar as cadeiras, Bella observou Edward apoiar o prato sobre os joelhos e
cortar um saboroso pedaço de carne com expressão de satisfação, ela hesitou,
sem saber onde pôr a comida diante da falta de colo. Seu marido levantou os
olhos e soltou uma sonora gargalhada ao surpreendê–la observando a barriga,
indecisa. Levantou–se pegando o prato e foi em busca de uma mesa pequena.
–
Acredito que poderá se arrumar com isto – comentou ao colocar a mesa diante
deles.
Enquanto estavam sentados, Edward conseguiu ver George no fim do alpendre,
esculpindo um ramo com violência, intranquilizou–lhe ver o mau gênio do velho e
lhe fez um gesto para que se aproximasse.
–
O que está acontecendo com você? – perguntou quando o criado chegou ao seu
lado.
George lançou um olhar à Bella e demorou um pouco em responder.
–Vi
ratos no estábulo, capitão.
–
Ratos? – inquiriu arqueando uma sobrancelha.
O
criado arrastou os pés e olhou de soslaio a jovem.
–
Sim, capitão, ratos.
Edward refletiu sobre o assunto durante um momento e depois assentiu entendendo
o que criado estava dizendo.
–
Está bem, George. Pega um prato e acalma seus pensamentos com um pedaço de
vitela, e esquece o que viu ou ouviu.
–
Sim, capitão – respondeu George.
Quando ele partiu,
Bella olhou o marido preocupada.
–
George encontrou ratos nas cavalariças?
Edward se pôs a rir.
– Poderíamos chamá–lo
assim, amor.
A festa continuou até
bem tarde, Edward levou Bella para dar um passeio entre seus convidados e
depois a sentou no meio das senhoras. Um grupo de homens foram procurá–lo e o
levaram para devolvê–lo só horas mais tarde, Bella permaneceu sentada em
silêncio, escutando o bate–papo das senhoras de meia idade sobre suas
enfermidades e preocupações. A senhora Clark se retirou algum tempo depois para
um dos dormitórios do andar superior, estava ansiosa pela chegada da sobrinha,
dali a umas semanas e a senhora Fairchild foi para casa com o marido e seus
filhos. Edward tomou a mão de Bella para ajudá–la a levantar–se da cadeira.
– Senhoras, rogo que
desculpem minha esposa – comentou. – Teve um dia muito duro e precisa
descansar. Espero que não se importem.
Todas se apressaram a assegurar que não se importavam e trocaram sorrisos ao
observar a atenção com que Edward levava pelo braço a sua jovem esposa enquanto
subiam pelas escadas, uma vez no interior da casa, Bella deixou escapar um
suspiro de alívio.
–
Obrigado por me resgatar – murmurou. – Receio que devem ter pensado que sou
bastante aborrecida, não sabia o que dizer para impressioná–las, e, além disso,
a cadeira era muito desconfortável.
–
Sinto muito, querida – desculpou–se Edward. – Se soubesse teria vindo antes.
A
moça apoiou a cabeça no braço do marido e esboçou um sorriso.
–
Acho que deverei subir em seus braços, estou tão cansada que acho que não vou
poder fazer isso sozinha.
Edward parou e a pegou nos braços.
–
Ponha–me no chão, Edward, era uma brincadeira – suplicou Bella – Peso tanto que
vai se machucar.
Ele soltou uma gargalhada.
–
Duvido querida. Continua tão leve quanto uma menina.
–
Bom, bom, bom. O que temos aqui? – inquiriu uma mulher atrás deles, sem dúvida
a voz suave e melosa da Tânia.
Edward se virou lentamente com a esposa nos braços e se encontrou com a
expressão zombadora da ex–noiva.
–
Faz isto toda noite, Edward? – perguntou está com mofa. – Suas costas vão se
arrebentar, querido. Sabe que deveria cuidar–se mais. O que faria se
arrebentasse as costas? Asseguro–te que já não poderia ser útil.
–
Levantei mulheres mais pesadas na minha vida, Tânia, incluindo você – replicou
inexpressivo. – Eu diria que minha mulher ainda tem que engordar um pouco para
igualar seu peso.
A
expressão de brincadeira foi substituída por uma de ódio, mas Edward se voltou
e continuou falando sem olhar para trás.
–
Por certo, Tânia, deveria ir se pentear – observou. – Tem palha no cabelo.
Bella esboçou um sorriso triunfal ao olhar à mulher por cima do ombro do marido
enquanto estreitava os braços ao redor de seu pescoço.
Como Tânia continuava observando–os, Edward levou Bella a seu dormitório em
lugar de dirigir–se diretamente à sala de estar, uma vez nos aposentos da
esposa, ele se ajeitou em uma cadeira enquanto ela se despia atrás de um
biombo. Estava tão deformada que preferia ocultar sua nudez, esperaria
recuperar a figura para poder tentá–lo com sua cintura fina e então o deixaria
que a contemplasse encantadora... e que ninguém se atravessasse.
Quando a suave brisa agitou as cortinas junto a sua cama na manhã seguinte,
Bella despertou ainda lhe doíam às costas e se sentia estranhamente cansada
apesar de ter dormido oito horas ou mais, ao levantar–se notou que o peso do
bebê fazia muita pressão na parte de baixo da barriga.
O
dia transcorreu devagar, de tarde, despediu–se dos últimos convidados do dia
anterior, à exceção da senhora Clark que ainda permaneceria com eles alguns
dias. Chegou a noite e com ela o jantar, a família e sua convidada desfrutaram
de uma deliciosa sopa de pescado, obra de tia Ruth e, quando os últimos pratos
foram retirados, o grupo se acomodou no salão. Bella estava tão incomodada ali
quanto nas cadeiras da sala de jantar e decidiu retirar–se com a escolta de
Edward, na sala de estar, despediu–se de Mary e se despiu sozinha.
Estava estirada na escuridão quando ouviu Edward mover–se por seu quarto, uma
vez tendo se deitado, voltou a reinar o silêncio, Bella finalmente dormiu,
embora não por muito tempo, pois as contrações em seu ventre se fizeram
realmente dolorosas acordando–a por completo. Colocou a mão sobre a barriga e
compreendeu que tinha chegado a hora.
Uma dor intensa a invadiu fazendo com que todos os músculos do seu corpo se
contraíssem pela tensão, conseguiu levantar–se da cama com a intenção de avisar
a Mary para que fosse em busca de Hatti. Ao acender a vela de sua mesinha de
cabeceira, descobriu que sua camisola estava manchada e dirigiu–se devagar para
a cômoda para agarrar outra, a meio caminho arregalou os olhos surpreendida e
exalou um gemido, tinha rompida a bolsa de água e estava empapada.
Quando Edward abriu a
porta alarmado pelos ruídos, encontrou–a impotente e confusa, entrou vestindo
apenas o roupão.
–
Bells, está passando bem? – perguntou. – Acreditei ter ouvido... – deteve–se de
repente ao ver a camisola manchada e se aproximou dela depressa. – Meu Deus, é
o bebê! – exclamou.
–
Edward, estou molhada – comentou a jovem, desconcertada. – Passou tão depressa,
não sabia que estava vindo. – Olhou–o fixamente durante alguns segundos como se
a única coisa que a preocupasse fosse que se tinha molhado e começou a
desabotoar a roupa. – Por favor, pegue outra. Não posso voltar à cama molhada.
O
homem foi até a cômoda e abriu as gavetas revolvendo tudo como um louco.
Finalmente conseguiu encontrar as camisolas dobradas na última gaveta e se
aproximou dela para lhe dar uma rosa.
–
Mas Edward, é rosa – protestou. – Vou ter um menino, e os meninos não usam
roupa rosa, vá procurar uma azul, por favor.
Ele ficou olhando, atônito, por um instante.
–
Pelo amor de Deus, tanto me faz que seja menina ou menino – exclamou por fim. –
Vista isto e deixe que a leve para a cama.
–
Não – insistiu ela com teimosia. – Vou ter um menino e não porei isso.
–
Vai chegar nu a este mundo, assim tanto faz – disse Edward – Vai pôr isso ou
não?
Bella o olhou e sacudiu a cabeça, com os lábios apertados.
Edward levantou os braços em sinal de exasperação, deixando que a camisola
caísse ao chão, depois se dirigiu de novo à cômoda revolvendo tudo num frenesi.
Por fim encontrou uma de cor azul e se precipitou para ela.
Bella, em atitude de
expectativa, arrebatou–a, mas ele, totalmente confuso ficou olhando
boquiaberto.
–
Pode se virar, por favor? – pediu ela, reparando em seu desconcerto.
–
Como? – perguntou ele estupidamente.
– Pode se virar, por favor? – repetiu a jovem.
–
Mas se já a vi sem roupa... – deteve–se e se voltou dando–se conta de que não
valia a pena discutir, pois estava obcecada em fazer as coisas a sua maneira, e
a única coisa que conseguiria seria atrasar tudo.
Bella, ao não encontrar outro lugar onde pô–la, jogou a camisola azul sobre um
ombro de Edward.
–
Ande logo – insistiu ele. – Vai dar à luz aqui no meio do quarto se não se
apressar e nosso filho será o primeiro ao nascer em pé.
Bella deixou cair a camisola molhada ao chão e agarrou a limpa.
–
Duvido muito, meu amor – respondeu entre risadas.
–
Bella, por Deus! – suplicou. – Deixa já de tagarelar e ponha a camisola!
–
Mas Edward, não estava tagarelando – corrigiu. – Só estava respondendo –
colocou a camisola corretamente e começou a amarrar o cinto. – Quando quiser já
pode se virar.
Edward se voltou e se inclinou para levantá–la do chão.
–
Mas Edward – protestou – tenho que secar o chão.
–
Para o inferno o chão! – exclamou agarrando–a nos braços. Permaneceu alguns
segundos com ela assim indeciso, olhando a cama de Bella e depois em direção ao
seu quarto, até que decidiu levá–la para este.
–
Para onde me leva? – perguntou. – Hatti não me encontrará nunca. Terá que me
buscar por toda a casa.
Edward a depositou brandamente no meio da enorme cama.
–
Aqui. Isso responde a sua pergunta? É onde eu gostaria que meu filho... ou
filha nascesse.
–
Não vou ter uma menina. Vou ter... – Uma nova contração a fez retorcer–se de
dor.
–
Vou acordar Hatti – disse Edward, e saiu do quarto apressadamente.
Mas a velha criada, que de sua cabana tinha visto luz no quarto de Bella,
suspeitava que tivesse chegado o momento e já estava no vestíbulo quando seu
amo saiu do dormitório.
–
Vai ter o bebê! – gritou Ed ao vê–la. – Se apresse.
Hatti sacudiu a cabeça enquanto subia pelas escadas em direção ao dormitório.
–
Levará um tempo até que o menino nasça Senhorzinho Ed – comentou a mulher. – É
o primeiro e leva algum tempo, ainda faltam horas.
–
Bom, mas tem muitas dores agora. Faça algo por ela – apressou Edward.
–
Senhorzinho Ed, sinto muito, mas não há nada que eu possa fazer para acalmar a
dor – respondeu. Inclinou–se sobre Bella com a fronte negra enrugada pela
preocupação e afastou–lhe o cabelo do rosto. – Não lute senhorita, respire
quando as sentir, depois relaxe quando tiverem passado, necessitará de força
mais tarde.
Bella foi respirando segundo as indicações de Hatti e a dor cedeu ao cabo de um
momento, foi então que a moça sorriu para seu marido, que foi se sentar a seu
lado, na beira da cama e segurou–lhe a mão. Bella pôde ver que a expressão no
rosto do marido era séria e até lhe pareceu preocupado.
–
Contaram–me que todas as mães têm de passar por isto – comentou em voz baixa
para consolá–lo. – Faz parte do fato de ser mulher.
Hatti despertou os criados para que avivassem os fogos e pusessem água a
ferver. Trouxeram toalhas e lençóis limpos e, com a ajuda de Edward, colocaram
vários debaixo da parturiente, a camisola azul foi substituída por um lençol
branco que estenderam sobre a jovem para cobrir sua nudez. O tempo transcorreu
devagar para alguns e muito rápido para outros. Quando não a atendia a ama,
Hatti se balançava em uma cadeira junto à cama, e Edward se angustiava mais com
cada nova contração.
–
Hatti, quanto tempo acha que pode durar? – interrogou–a ele ansioso, ao mesmo
tempo em que enxugava a testa.
–
Isso ninguém sabe, Senhorzinho Ed – respondeu a anciã –, mas o que está claro é
que a senhorita Bella o está levando muito melhor que você, por que não vai
tomar um gole disso que você bebe? Não lhe fará mal e pode ser que lhe ajude.
Com efeito, Edward
necessitava desesperadamente beber uma dose de conhaque, mas declinou o
oferecimento de Hatti, pois desejava estar ao lado da esposa para ajudá–la no
que pudesse. Bella se agarrou à mão do marido com força, sem querer que se
afastasse dela, como ia abandoná–la com tudo o que estava sofrendo para dar a
luz a seu filho?
Uma vez mais chegou a dor, e de novo desapareceu. Edward, cada vez mais pálido,
passou–lhe um pano frio e úmido pela testa, Hatti se aproximou da cama e o
afastou.
–
Senhorzinho Ed, será melhor que saia para que o Senhorzinho Emm lhe prepare
algo forte – aconselhou–o. – Não tem bom aspecto. – Acompanhou–o até a porta,
abriu–a e o empurrou com suavidade. – Vá se embebedar, Senhorzinho Ed, embebede–se
e não volte até que eu o avise, não quero que desmaie quando tiver que assistir
à senhorita.
A
porta se fechou em seu nariz e Edward, perdido e indisposto, lançou um olhar a
seu redor, por fim, decidiu descer pelas escadas para seu escritório, onde Emm
e George estavam esperando, Emm lhe deu uma olhada e lhe pôs um copo na mão.
–
Tome, parece que precisa disto – comentou.
Edward tomou a bebida sem fazer caso dos dois homens que o observavam, Emm fez
um sinal a George e este se apressou a pegar o copo de seu capitão e enchê–lo
com conhaque e uma boa quantidade de água, Ed não notou a diferença enquanto
caminhava de cima para baixo pelo aposento.
Emm e George se encarregaram de que o copo de Edward estivesse sempre bem
aguado, Emm observou como seu irmão acendia os charutos, um atrás do outro, e
apagava–os depois de duas baforadas, movia–se pelo escritório, aturdido,
indiferente ao que acontecia a seu redor, ignorando–os. Saía para o vestíbulo
várias vezes para olhar para o segundo andar, depois retornava e se servia de
outra dose, cada vez que ouvia os passos de uma das criadas subindo ou descendo
apressadamente pelas escadas, ficava na expectativa. Emm soube que estava em
outro mundo quando bebeu um terço de um copo de uísque sem notar a diferença.
–
Edward, ou está muito velho para este tipo de coisas, ou se importa com essa
menina muito mais do que quer admitir – comentou Emm – Já o vi perseguir um
javali ferido sem medo, sabendo perfeitamente o que estava fazendo, agora está
tão aturdido que bebe meu uísque e não o agüenta.
Edward o empurrou com o copo.
–
Bom, então, por que demônios serviu isso se sabia que eu não gostava? –
inquiriu.
Emm olhou George, perplexo, e este sorriu encolhendo os ombros. Depois se
sentou na escrivaninha sacudindo a cabeça e tentou relaxar, após alguns minutos
pegou uma caneta e um papel e rabiscou umas cifras, quando se voltou para Edward,
um sorriso de satisfação cruzava seu semblante.
–
Sabe, Ed? Segundo meus cálculos teve que se casar com a Tory no primeiro dia
que chegou a Londres – comentou.
George cuspiu a cerveja surpreso ante o comentário e se engasgou enquanto
Edward lançava um olhar cheio de fúria a seu irmão.
No
dormitório, Bella se retorcia em uma agonia silenciosa ao tentar expulsar à
criança em seu interior, respirou profundamente quando a dor cedeu, mas o
intervalo foi breve, pois voltou a sentir uma nova contração. Agarrou a mão da
criada com força, apertando os dentes enquanto Hatti a animava.
–
A cabeça está a ponto de sair, senhorita Bella, já não falta muito. Empurre,
isso... Grite se quiser, está calada há muito tempo, menina.
Bella gemeu presa da dor, lutou para não gritar, mas ao aparecer a cabeça do
bebê não pôde reprimir um grito que deixou Edward gelado no escritório, olhou a
seu redor sem ver e, antes que derramasse a taça, George a pegou. O grito da
jovem também tinha afetado ao criado e ao Emm, que trocaram olhares de
consternação.
Pouco depois, uma sorridente Hatti abriu a porta do escritório com o pequeno
Cullen nos braços, dirigiu–se ao pai enquanto os outros dois se aproximavam
para admirar o rosto do recém–nascido.
–
É um menino, Senhorzinho – anunciou a anciã. – É um menino forte, lindo e
sadio.
–
Meu Deus! – exclamou Edward voltando a si e encontrando–se com o rosto
avermelhado e enrugado de seu filho, agarrou a taça e a tomou de um gole.
Emm e George se aproximaram para ver o menino e esboçaram um sorriso,
orgulhosos, como se eles fossem os responsáveis por a criatura estivesse ali,
esquecendo–se por completo do pai, Emm acariciou com doçura a pequena mão.
–
Não se parece muito com o Edward – comentou.
George jogou uma rápida olhada ao pai e ao filho, mas Hatti se apressou a
contradizer ao Emm.
–
O Senhorzinho era igualzinho a ele quando nasceu, tinha o mesmo comprimento,
este menino será tão alto como seu pai, isso eu garanto. Já teve um bom começo.
Edward se levantou e olhou receoso o menino por cima do ombro de George.
Enquanto estes continuavam contemplando embevecidos à criança, precipitou–se
escada acima para seu dormitório, ao aproximar–se da cama e pegar a mão da
esposa, Bella sorriu–lhe sonolenta.
–
Viu–o? – perguntou–lhe ao sentar–se a seu lado. – Não é lindo?
Edward assentiu à primeira pergunta e se reservou a opinião da segunda.
–
Como está se sentindo? – perguntou com ternura.
–
Cansada – suspirou Bella – Mas muito feliz.
Ele a beijou na testa e sussurrou:
–
Obrigado pelo menino.
Bella sorriu e logo fechou os olhos apertando sua mão contra o peito.
–
Da próxima vez será menina – assegurou Edward em voz baixa.
Mas Bella já dormia.
Edward soltou com cuidado a mão da esposa e saiu do quarto na ponta dos pés em
direção ao salão, deixando–a aos cuidados de Mary. Deteve–se frente a uma
janela e viu que raiava a alvorada, sorriu para si, sentindo–se com energia
suficiente para enfrentar um urso apesar da noite em claro. Aproximou uma
cadeira da janela, que abriu, e se sentou apoiando os pés sobre o batente,
pouco depois, quando Hatti passou em frente dele em direção à sala, encontrou–o
profundamente adormecido. Esboçou um sorriso e pensou: Pobre amo, com
certeza teve uma noite muito dura.
Obrigado por voltar a postar
ResponderExcluirLer esta fic me faz bem pois ela é maravilhosa
Não demora PR postar mas pf
Você postou!AAAAA ESTOU TÃO FELIZ,OBRIGADO,OBRIGADO 😍💖💖💖
ResponderExcluirEstou ansiosa por duas postagens.
ResponderExcluirObrigada