Autora: AnnaThrzCullen
Gênero: Romance, drama
Classificação: +16 anos
Categoria: Beward
Avisos: Adaptação, Linguagem Imprópria, Nudez e Sexo
Capitulo II
Apesar da generosa dose de vinho, Edward continuava tenso. Na companhia dos três irmãos de Isabella, ele esperava pela noiva e notava que os três rapazes também exibiam traços surpreendentemente belos. Alegres e vigorosos faziam o possível para mantê-lo relaxado, mas o esforço era inútil, para seu desânimo. Nem mesmo o ambiente de camaradagem podia dispersar os sussurros em torno dele ou cegá-lo para os olhares lançados em sua direção. Piedade. Era esse o sentimento dos convidados pela noiva. Todos ali sentiam que a beleza da noiva seria desperdiçada ao lado de um homem como ele, e era impossível não concordar com aquelas pessoas.
— Sinto que temos o dever de preveni-lo sobre o caráter de nossa irmã. — Mike Swan piscou para Edward e riu.
Edward conseguiu sorrir para o rapaz.
— Pretende relacionar os defeitos dela?
Jasper, o irmão mais velho, assumiu um ar de falso ultraje.
— Nossa irmã não tem defeitos. Apenas um ou dois arranhões em sua perfeição.
— Disse bem — murmurou Edward.
Benjamin acrescentou:
— Ela não foi mimada, mas tem sido coberta de muitos cuidados, como Rosalie, que a acompanhará. Ambas foram protegidas como duas donzelas devem ser.
— Isso é evidente nas maneiras de ambas. Sossegue seus temores, Swan. Pretendo ser um bom marido para Isabella.
— Em alguns momentos vai sentir que sua paciência está por um fio.
— Jasper tem razão — confirmou Mike. — Nossa irmã sempre teve liberdade para expressar opiniões.
Jasper assentiu e acrescentou:
— E é comum que seu senso de humor pareça estranho.
Juntando-se ao quarteto, o pai de Isabella disse:
— E ela insiste em ser ouvida. Não nos interprete mal. Não estamos querendo convencê-lo de que vai se casar com uma megera intolerável. Não é isso. O fato é que ela nunca acata ordens num silêncio submisso, porque sempre insiste em obter explicações. Sim, e quer ter também uma chance de expressar sua opinião sobre o assunto. E ela é muito obstinada nesse sentido.
— Sim — confirmou Mike —, ela é conhecida por se agarrar às coisas até ser ouvida.
Momentaneamente distraído de suas preocupações, Edward sorriu.
— Ela se agarra às coisas?
O pai de Isabella suspirou.
— Mesas, cadeiras, até pessoas. Agarra-se como musgo. É impossível demovê-la.
Edward riu.
— O que o destino reservou para mim?
Lorde Jasper sorriu.
— Ela não será uma esposa tediosa. A muito que dizer em favor disso.
Antes que Edward pudesse responder, Emmett se aproximou e perguntou:
— Alguém viu Alec ou aquele tio dele?
— Sim — respondeu lorde Charlie. — Partiram antes do nascer do sol.
Edward franziu a testa ao receber essa informação. Havia presumido que a falta de retribuição imediata deixaria clara sua intenção de dar à dupla o benefício da dúvida. Não havia razão para a fuga desesperada. Em sua opinião, o ato servia para confirmar a culpa dos dois, mas ele baniu da mente todo e qualquer pensamento sobre ambos.
A chegada de Isabella interrompeu a reflexão e o deixou sem ar. Sua beleza era acentuada pela evidente falta de vaidade e pela simplicidade que iluminava seus traços perfeitos. Ela se aproximava devagar, parando aqui e ali para cumprimentar os convidados que queriam desejar felicidade e sorte. Seu sorriso era tímido, mas não havia nele sinal de relutância. Isso só serviu para reduzir um pouco a tensão que o afligia.
Isabella caminhava para o futuro marido com passos seguros. Estava um pouco nervosa, mas alegre, também, e não havia sentido nada parecido com James ou Alec. Só com Edward Cullen. James e Alec não haviam dado a seus sonhos uma dose de sensualidade. Só Edward Cullen. Esses sonhos haviam despertado nela certa curiosidade. Ao pousar sua mão sobre a de Edward, ela descobriu que esperava ansiosa pela noite de núpcias, apesar do receio gerado pela inexperiência.
A cerimônia foi mais rápida do que ela havia previsto. Suspeitava de que o nervosismo a roubava da noção do tempo real. Toda a sua atenção estava concentrada no sacerdote, nas palavras que ele dizia, na voz rica e profunda de Edward repetindo seus votos. Ela se ajoelhou ao lado dele inundada pelo conhecimento de que, quaisquer que fossem os problemas no futuro, seu lugar era bem ali, ao lado do marido. Quando a cerimônia a separou de Edward, ela se descobriu aborrecida por isso.
A celebração prosseguia animada quando Emmett conseguiu um momento a sós com Edward.
— Uma noiva encantadora, Edward.
— Não há criatura viva capaz de discordar disso.
— Mas você ficaria mais feliz se ela fosse desprovida de encantos.
— Sim, embora muitos me considerem maluco por isso. Você, inclusive. Olhe ali. Estamos casados há poucas horas, e ela já está cercada de admiradores.
— Sim, mas note os olhos dela, meu amigo. Aquele olhar doce sempre recai sobre você, ignorando os homens que a cercam. Não seja injusto. Não a condene sem provas ou julgamento.
Edward suspirou profundamente.
— Eu sei que seria melhor se ela não fosse tão bela. Por outro lado, essa será uma vitória conquistada com muito esforço. Muitos buscam alimentar meus temores. Muitos dizem que meu casamento é um passo grande demais para minha posição, que agora possuo algo mais valioso do que eu mesmo. Lembram-me de que sempre haverá alguém tentando roubar-me o troféu.
— Não ouça o que dizem.
— Não é tão fácil.
— Se sua apreensão tem fundamento e a jovem só procura um rosto bonito, então ela não é digna de sua preocupação e de seu sofrimento.
— Eu sei. — Edward olhou para a esposa esperando poder absorver essas palavras de sabedoria.
O rosto que Isabella buscava constantemente na multidão era julgado por muitos de excessiva beleza, fato que muitos se viam obrigados a elogiar e comentar com ela. Isabella sorria e era sempre polida com os rapazes que a assediavam, mas seguia Edward com o olhar. Por mais que tentasse fazê-lo entender que desejava ser resgatada de seus admiradores, ele não captava a mensagem. Finalmente, ela procurou pelo pai disposta a pedir sua ajuda. No mesmo instante, ele a salvou do grupo ávido.
Infelizmente, ele não a levou para Edward, mas para um grupo de jovens mulheres do qual fazia parte Rosalie, o que a agradou muito. Mas logo ela compreendeu que essa seria sua única satisfação. A prima era a única que sabia conter a língua. As outras manifestavam a inveja e diziam sentir piedade, por ela ter de aceitar a péssima escolha feita em seu nome, um marido com cicatrizes e sem riqueza, e apesar do esforço para manter a calma e ignorá-las, Isabella ia ficando cada vez mais zangada.
Uma jovem chamada Jéssica suspirou profundamente.
— Ah, você é tão corajosa! Como suporta bem o infortúnio.
— Não sofri nenhum infortúnio — Isabella falava por entre os dentes, mas nenhuma delas parecia perceber sua ira.
Sua prima Isabel falou num tom excessivamente doce e falso:
— Não precisa esconder o que sente. Ele é horrível. Tão horrivelmente vermelho!
Isabella se ressentiu com as palavras usadas para descrever seu marido.
— Ele é um homem bom e forte. Sua coragem foi provada muitas vezes.
— Oh, ninguém duvida disso — disse uma loira chamada Irina. — Ah, mas depois do doce James? Deve ser terrível ver-se obrigada a casar com um homem tão carente de elegância. E não se esqueça Isabella, que um homem casado com a espada raramente tem vida longa.
Isabella ergueu a taça com a evidente intenção de esvaziá-la sobre a cabeça de Irina, mas alguém segurou seu pulso. A intervenção de seu irmão Mike não a agradou, e ela o encarou furiosa. O sorriso de Mike só alimentou sua ira, mas Isabella não protestou, porque seu irmão já a levava para longe do grupo, o que era um alívio.
Edward observava a esposa e percebia sua contrariedade. Ele a seguiu quando Mike a afastou do grupo. Rosalie também corria atrás deles. Isabella se virou para fitá-lo quando sentiu a presença próxima, e Edward se assustou com a fúria estampada nos olhos da esposa. Estava curioso quanto à causa de tão intensa emoção.
Mike balançou a cabeça e riu, arruinando o esforço para se mostrar austero.
— Querida irmã, não é boa ideia lavar nossos convidados com vinho.
— Era isso ou arrancar os olhos dela. — Isabella recuperou a taça que o irmão lhe havia roubado.
— Que vocabulário! — Mike revirou os olhos numa expressão exagerada de falso desânimo.
Rosalie tocou o braço da prima oferecendo conforto.
— Elas estão com inveja, só isso. Queriam que o noivo e a festa fossem delas.
— Ah — Edward murmurou, levando a mão da esposa aos lábios —, elas foram venenosas com você, não é?
Um pouco mais calma Isabella olhou para o homem, que agora chamava de marido. A mão enorme envolvia completamente a dela, mas o toque era gentil, e essa gentileza se refletia nos olhos emoldurados por cílios longos e escuros.
— Sim, mas eu já devia saber que tais tolices devem ser ignoradas. Receio ter um temperamento ligeiramente volátil. — Ela olhou para Mike com ar debochado ao ouvir sua gargalhada. — Ignore esse tolo — disse a Edward antes de beber mais um gole de vinho.
Os dois irmãos começaram a trocar provocações, e logo Emmett se juntou ao grupo. Edward decidiu que tinha muitas preocupações, mas a família da esposa não era uma delas. Havia entre eles uma proximidade que se estendia para os novos membros, e esse era um importante benefício. Uma família problemática podia se tornar uma praga na vida de um homem. Depois de passar alguns momentos na companhia dos Swan, sabia que podia confiar neles. Gostaria de poder ter essa mesma confiança em Isabella.
Logo o baile começou, e em pouco tempo Edward percebeu que a esposa adorava dançar. Infelizmente, ele mesmo dançava tão raramente que não confiava na própria habilidade. Mesmo assim, dançou com Isabella algumas vezes, odiando entregá-la a tantos cavalheiros que a olhavam com ar de cobiça. Para impedir que esses pretendentes ansiosos se aproximassem dela, ele recorreu a seus homens. Todos se dispuseram a dançar com ela. Confiava neles. Só por isso foi capaz de permitir à esposa o prazer de dançar e ainda desfrutar da alegria de observá-la.
Porém, foi com alívio que ele viu chegar o momento da consumação do casamento, um ritual testemunhado por um pequeno e seleto grupo. A permanência das pessoas nos aposentos do casal seria breve, e os comentários picantes eram recebidos com bom humor. Assim que a porta se fechou atrás dos convidados, Edward se virou de lado para fitar a esposa.
Embora tivesse sido exposta ao grupo apenas por um breve momento, Isabella estava visivelmente constrangida. Ela se cobria com o lençol e tentava não corar. Quando Edward ofereceu uma taça de vinho, ela a aceitou com um olhar tímido na direção do marido.
— Está com medo, Isabella?
— Não. Sim. Não sei ao certo. Não estou acostumada a ser observada — ela sussurrou. — E não gostei muito.
Em silêncio, ele admitiu que também não havia apreciado muito a experiência. Escolhera Emmett, Jacob, Quil e Garrett como suas testemunhas, e eles haviam olhado para Isabella com admiração reverente e com grande respeito. Mesmo assim, foi um alívio quando ela recebeu permissão para buscar refúgio sob as cobertas um instante depois de despir o robe. Edward ressentia-se contra o sentimento de posse, mas era inútil negá-lo.
— Eles agora são como sua família — disse, tentando acalmá-la. — Os homens que escolhi são muito próximos de mim, quase como meus parentes, mais do que Alec, aquele tolo. Estão comigo desde o início, lutando ao meu lado por muitos anos. Não posso contar quantas vezes salvamos a vida uns dos outros. Além do mais, isso só é feito uma vez, minha querida, e já acabou.
Ela assentiu um pouco mais relaxada, depois o encarou e recordou as palavras de Irina.
— Vai continuar sobrevivendo de sua espada?
— Não. Agora sou um homem de posses. Não será mais necessário. Tenho a cama e a comida que antes precisava assegurar pela lâmina da minha espada. Porém, um homem precisa lutar de tempos em tempos, seja pelo rei ou por razões próprias. Considerando o lugar onde vivemos, duvido que minha espada enferruje por falta de uso. Além disso, a propriedade que agora me traz pelo casamento é muito próxima da problemática Glasgow. Pedi a meus homens para ficarem e integrarem minha guarda. Isso vai nos manter seguros e protegidos.
O sorriso aliviado de Isabella quase o fez jurar nunca mais erguer a espada. Ele deslizou a mão sobre o ombro nu da esposa e sentiu a pele quente e macia como a mais fina seda. Seus cílios eram longos, espessos e sedosos. Quando ela baixava as pálpebras, esses cílios projetavam sombras sobre suas faces coradas, e ele se inclinou para beijar o nariz delicado.
Edward pensou nas mulheres de quem havia se deitado recentemente e foi invadido por uma breve onda de culpa. Ele baniu o sentimento. Naquele tempo não era comprometido nem antecipava tal evento. E havia sido melhor assim. Sentia o sangue ferver nas veias mesmo tendo se deitado recentemente com meretrizes. Queria introduzir a esposa nos mistérios do leito conjugal com delicadeza e sem pressa, e, se houvesse passado muito tempo sem o conforto de um corpo feminino, isso acabaria sendo ainda mais difícil do que seria nas atuais circunstâncias.
Tirando a taça vazia da mão dela, ele a pôs sobre a mesa de cabeceira.
— Tentarei não machucá-la, Isabella.
— Sei que certa dor é inevitável. Minha criada, Edna, foi muito precisa em seu relato.
— Sua criada? — Ele riu. — Sua mãe nunca conversou com você?
— Sim. — Havia na voz dela um tremor que revelava nervosismo. — Mas com tanta hesitação e todos aqueles rubores, só consegui entender o trecho sobre dever e modéstia. Aprendi muito pouco com minha mãe. Estava justamente dizendo isso a Rosalie, quando Edna, que arrumava meu quarto naquele momento, começou a rir. Eu percebi que ela sabia mais sobre o assunto e a fiz falar.
— Uma criada — ele murmurou. — Sim, vai precisar de uma criada. Acha que Edna aceitaria nos acompanhar e ir viver em nossa casa?
— Não imagino por que não. Ela não tem família ou amante que possam retê-la aqui. E sua ideia é brilhante! — deu um gritinho quando o marido começou a puxar as cobertas.
Edward preferia o ambiente iluminado, mas sabia que, por enquanto, era melhor respeitar a modéstia da esposa. Ele se levantou para apagar todas as velas, deixando apenas as duas ao lado da cama. Quando retornou, foi impossível não sorrir da expressão atônita no rosto de Isabella.
Ele deu de ombros. Estavam casados. Ela teria de se habituar a ele.
Apesar do rubor intenso, Isabella o observava. Sabia que sua opinião era parcial, mas considerava o marido simplesmente adorável. Os cabelos vermelhos e as cicatrizes de inúmeras batalhas não a repeliam. Seus olhos registraram os ombros largos, a cintura esguia, o quadril estreito e as pernas longas e musculosas. O corpo possuía uma graça quase animal, e a ereção só acentuava essa característica selvagem. Era impossível não pensar se sua figura tão pequenina poderia acomodá-lo. Apesar do esforço para não demonstrar medo, ela o olhou com receio quando o marido se deitou a seu lado. Relutante, Isabella deixou-se descobrir.
Percebendo o receio da esposa, Edward desejou poder aplacá-lo, mas sabia que seria difícil de controlar sua necessidade. O sentimento se confirmou quando ele pôde ver o corpo nu de Isabella à luz pálida das velas. Um rubor da timidez tingia a pele acetinada, e ela agitava as mãos numa tentativa de cobrir-se. Gentilmente, ele a segurou pelos pulsos e apreciou a beleza escultural com total liberdade.
Os mamilos rosados se enrijeceram sob seu olhar. A cintura era delgada o bastante para ser contornada por uma de suas mãos, ou era essa a impressão que ele tinha. As pernas eram bem torneadas. Um ninho ruivo ocultava a feminilidade. Edward a encarou.
— Ah, Isabella, minha esposa, você é realmente linda — ele murmurou antes de beijá-la.
Ela o abraçou e correspondeu ao beijo sem nenhuma hesitação. Edward cobriu o corpo delicado com o dele e sentiu o tremor que a sacudiu.
Devagar, ele começou a acariciá-la. Isabella sentia-se inebriada pelos beijos ardentes. Um som rouco escapou de sua garganta quando ele tocou um seio, e apertou o mamilo entre os dedos e friccionando-o, enrijecendo-o. Era como se houvesse fogo correndo em suas veias. Seus lábios deixaram os dela para beijar-lhe o pescoço, acariciando-o com a ponta da língua.
— Serei gentil com você — ele prometeu. — Confie em mim, minha querida.
— Eu confio — ela murmurou com voz rouca. Edward não viu sarcasmo em seus olhos, mas a resposta o deixou confuso.
— Então, por que treme de medo, minha pequena?
— Não é medo. — Era difícil falar enquanto ele acariciava seu seio, porque o toque das mãos fortes roubava-lhe a capacidade de raciocinar. — Não sei determinar o que me perturba.
— O que sente, minha querida? — Ele acariciou-a no ventre e sentiu um novo tremor.
— Sinto-me arder. É como se meu sangue fervesse. Isso me assusta um pouco.
Chocado por saber que suas carícias a inflamavam tanto, ele teve dificuldades para responder. A voz soou como um sussurro rouco.
— Não há nada a temer nisso.
— Não quero desapontá-lo. Ah, Edward... — Ela acariciou os abundantes cabelos ruivos e o beijou com ardor.
— Não vai me desapontar, querida. Como poderia? — ele indagou com voz rouca antes de beijar um dos seios.
Isabella se contorcia sob a língua quente e úmida. O temor foi superado pela paixão. Com certa timidez inicial, ela moveu as mãos pelas costas largas e pelos braços musculosos, e tocar a pele quente e firme alimentou seu desejo.
A maneira como ele a tocava nas coxas produzia uma estranha sensação de peso em suas pernas. Os dedos ávidos tocaram pelos entre elas. Isabella se afastou fugindo ao contato. Com os olhos tomados pelo choque, ela o encarou.
Edward segurou-a pelo quadril para mantê-la quieta. Decidindo que a dor seria mais suportável se fosse rápida, ele a penetrou de uma só vez. O grito abafado o encheu de pesar, mas, encontrando a barreira da inocência, ele a superou com firmeza. Depois ficou imóvel, abraçando-a e tentando reacender o desejo da esposa.
— Calma, meu amor. — Ele a beijou, tranquilizando-a. — Abra-se para mim, querida, me entregue seus segredos.
Isabella descobriu que não tinha escolha. Ele a beijava entre os lábios e os seios, cobrindo cada centímetro de pele. O fogo voltou a arder com força redobrada. As carícias que antes ela oferecia hesitante e tímida agora se tornavam frenéticas.
As sensações eram tão envolventes que ela mal percebeu a mudança de posição. Quando sentiu a prova concreta do desejo do marido dentro de seu corpo, ela gemeu e começou uma dança ritual mais antiga que o mundo, esfregando sua pele na dele numa urgência instintiva. Só quando ele também começou a se mover a paixão arrefeceu. Tensão e antecipação a tomaram de assalto. O que estava acontecendo?
Por que sentia aquela crescente tensão na região do ventre?
Isabella o fitava assustada. Os olhos dele brilhavam intensamente. Algo dilatara suas pupilas e ele tinha o rosto corado. A dor breve e aguda havia desaparecido. Ela percebia novamente o encaixe perfeito entre os corpos, quase como se fossem um só. O estranho calor que ele era capaz de provocar voltava a inundar suas veias, alimentado pelos beijos suaves, mas úmidos e quentes.
— Tive medo de não poder acomodá-lo — ela revelou com voz trêmula, surpresa com a própria ousadia.
Edward riu, traçando com a língua o desenho da orelha delicada.
— Estou muito bem acomodado. Quase como se penetrasse o paraíso. Agora, envolva meu corpo com suas pernas, querida.
— Assim? — Ela enlaçou a cintura do marido com as pernas.
— Sim. — Edward se movia devagar, ouvindo os gemidos de prazer e surpresa. — Ainda sente dor?
— Não. — O prazer à fez fechar os olhos. Ele a observava encantado.
— Temia me sentir repelida pelo ato... Ou aborrecê-lo expressando excessiva apreciação...
Ele balançou a cabeça numa resposta negativa.
— Sei que outros homens discordam de mim, mas uma esposa que corresponda ao meu desejo me agrada muito mais.
— Você... gostou?
Ele afagou o rosto delicado.
— Nunca gostei tanto antes. — Edward beijou-a. — Gostei tanto, que acho que vou repetir a experiência.
Isabella suspirou satisfeita.
— Imediatamente?
A inocência da esposa o encantava, e ele decidiu preservá-la. Isabella teria toda a vida para compreender que o ato sexual ia muito além do que ela havia experimentado até então.
— Por quê? Está dolorida, pequena?
— Não. Não realmente.
— Isso era tudo que eu precisava saber.
Mais uma vez, ele reacendeu a paixão que ainda não chegara em seu ápice. Agora que havia superado o temor, ela se sentia livre pra apreciar ainda mais o prazer proporcionado pela experiência. Os sentimentos que Edward despertava eram deliciosos.
Ele a amava com menos controle, extravasando a paixão sem reservas. Os sinais que antes questionara agora sabia serem indicações do desejo da esposa por ele. O conhecimento era quase tão excitante quanto à própria mulher.
***
A luz da manhã penetrava no quarto quando Edward acordou e olhou para a delicada criatura que dormia com a cabeça apoiada em seu peito. Logo o desjejum nupcial seria levado ao quarto, e então o lençol manchado seria exibido a um seleto grupo de testemunhas para comprovar a inocência de sua esposa e a consumação do casamento. Ele se levantou, pensando que seria melhor evitar que Isabella fosse novamente estudada em sua intimidade. Um sorriso distendeu seus lábios quando, ainda dormindo, ela murmurou seu nome. Ele correu para ir buscar robes para os dois. Já vestido, Edward descobriu que acordar a esposa não era tarefa fácil.
— Já é manhã? — ela perguntou sonolenta, sentando-se na cama e deixando-se vestir com o robe.
— Sim, e logo as pessoas estarão chegando. Não é necessário exibir seus encantos pela segunda vez.
— Quanta consideração...
Coberta, Isabella bocejou e deixou a cabeça cair sobre o peito do marido.
Ele riu e a deitou novamente.
— Ah, bem, sei que não deixei você dormir muito.
— Hum... Muito pouco. — Ela se aninhou nos braços fortes, sentindo-se aquecida e contente.
— Podemos dormir agora.
Bocejando, ela fechou os olhos, indicando que aceitava a sugestão. Embora nunca tivesse sido uma pessoa preguiçosa, acordar cedo não era uma das tarefas favoritas de Isabella. Porém, nunca antes havia sido tão difícil. Nunca antes tivera um sono tão entrecortado. Noites de núpcias e sono eram duas coisas incompatíveis. O prazer de se aninhar no peito de Edward a fazia odiar ainda mais a ideia de deixar o paraíso da cama quente.
Ele estava quase adormecendo quando o grupo da noite anterior retornou ao quarto seguido por uma criada carregando uma bandeja. Quando não conseguiu acordar a esposa, Edward teve de suportar muitos comentários maliciosos. A cerimônia do desjejum foi realizada com eles ainda na cama. Consternado, Edward viu a esposa se agitar no sono, murmurar seu nome e esfregar o corpo no dele com evidente intenção sensual. As mulheres saíram do quarto correndo, corando e rindo. Os homens eram mais recalcitrantes.
Quando todos se retiraram, ele tentou comer ainda segurando a esposa adormecida, mas seus movimentos e o aroma da comida produziram o efeito esperado. Isabella começou a despertar. Ela se sentou devagar, piscando algumas vezes e esfregando os olhos. Era simplesmente adorável.
— É melhor comer — ele disse, colocando a bandeja sobre seus joelhos —, antes que eu acabe com tudo.
Sorrindo sonolenta, ela se serviu. Sua timidez era evidente. Terminada a refeição, Edward removeu a bandeja e Isabella se encolheu sob as cobertas.
Deitado de lado, ele tocou o rosto levemente corado.
— Está muito quieta. Não vai dar um beijo em seu marido?
Ela o beijou acanhada. Edward se deu por satisfeito, mas só por um momento. Depois aprofundou o beijo. Quando ergueu a cabeça, ele arfava. Era satisfatório perceber que ela exibia a mesma reação.
— É dia — Isabella murmurou, segurando o robe e odiando o próprio constrangimento.
Sorrindo, ele a despiu.
— Sim, pequena, e conheço um jeito perfeito para celebrar o nascer do sol.
Ela não o repeliu, apesar da timidez, do cansaço e do corpo dolorido.
— Não prefere a penumbra?
Apoiado sobre um cotovelo, ele apreciava seu corpo com desejo e evidente apetite.
— Não, porque ela ocultaria de meus olhos toda a sua beleza.
Os dedos acariciavam um seio. Queria possuí-la à luz do dia para certificar-se de que a paixão da esposa não havia sido um sonho. Queria ver sua reação claramente, livre da ilusão criada pela luz das velas.
Depois do inferno para o qual Tanya o arrastara, havia jurado nunca mais se envolver com uma mulher de origem elevada e beleza mais do que mediana. Agora se via casado com uma. Pior, sentia no peito um calor traiçoeiro, uma resposta terna a cada sorriso ou olhar. Quando beijou aquele seio macio, ele sentiu o fogo invadi-lo e reconheceu o temor de fazer papel de tolo mais uma vez.
Isabella tremia de prazer. Ele a beijava e acariciava, e ela também o tocava sem reservas ou hesitação. Com abandono crescente, movia-se sob o corpo do marido e o tocava nas coxas, deslizando os dedos pela parte interna delas.
Edward não conteve um gemido rouco quando os dedos delicados encontraram sua pulsante e ereta masculinidade. Seu corpo tremia com a força do prazer. Surpresa, ela interrompeu a carícia, mas ele agarrou-lhe a mão e a levou de volta ao membro túrgido.
— Sim, doce Isabella, toque-me. — O desejo fazia sua voz soar tensa, tornando as carícias mais ferozes. — Sim, meu amor, sim. Toque-me. Envolva-me com seus dedos.
Apesar do esforço para conter-se, sua paixão tornava-se selvagem. O toque de Isabella o induzia a esquecer da cautela. Para seu deleite, ela também ardia.
Isabella sentia prazer com a crescente ferocidade do marido, embora suas carícias fossem quase um assalto. A posse era quase dolorosa, mas ela sentia intenso prazer. Quando chegou ao clímax, ela soube que tinha a companhia do marido.
Edward precisou de algum tempo para recuperar o equilíbrio. Então, ele olhou admirado para a mulher em seus braços, viu as marcas vermelhas na pele alva e foi tomado pelo remorso. Porém, as mãos que acariciavam seu peito não revelavam raiva ou temor, somente uma letargia saciada.
Isabella afagava o peito e movia as pernas sobre as dele, deliciando-se com a sensação. A união entre os corpos era algo que ela apreciava.
— Isso é maravilhoso, não é?
— Maravilhoso? — Não sabia a que ela se referia com "isso".
— Somos tão diferentes, mas nos encaixamos com perfeição.
— Sim, é verdade. Machuquei você?
— Não. — Ela o fitou com um sorriso sugestivo. — Começo a pensar que talvez não tenham sido seus inimigos que o apelidaram de Fera Vermelho. Talvez tenham sido as mulheres cuja cama você visitou.
— Feiticeira. — Ela o beijou com ternura. — Você me incendeia doce Isabella. Receio perder o controle.
— Eu poderia entender.
— Sim, agora pode.
— Sim, eu posso. Não me comporto como uma dama em certos momentos.
— Bem, uma dama nem sempre satisfaz um homem na cama. — Ele a aninhou contra o peito. — Certa ousadia é apreciável em uma esposa — provocou rindo.
Isabella riu sonolenta.
— Homem pervertido. Logo teremos de sair da cama.
— Descanse um pouco, querida.
— Parece um pecado continuar deitada até tão tarde.
—Ninguém sentirá nossa falta. Também preciso traçar os planos para os próximos dias, planejar a viagem...
— Mais uma razão para nos levantarmos.
— Descanse minha linda. Isso tudo pode esperar.
— Como você decidir.
— Essa é uma atitude apropriada para uma esposa.
Rindo, ela se ajeitou nos braços do marido. Não desejava estar em outro lugar. Fazer amor com Edward só intensificara a sensação de ter encontrado seu lugar no mundo. Só uma coisa a perturbava. Apesar do ardor da paixão, sentia em Edward uma reticência, como se ele quisesse se manter distante. Ele precisaria de tempo. Faria tudo que pudesse para demonstrar que a união entre eles era perfeita. Quando adormeceu, ela sonhou com os filhos que teriam e com o futuro de paz que os aguardava. Estava certa de que logo ele partilharia desses sonhos.
Edward olhava para a esposa e era tomado por uma intensa admiração. Apesar do fogo que o consumira, pudera observá-la e certificar-se de que a paixão não havia sido ilusão ou truque da luz. Ela realmente ardia sob seu toque. A constatação era inebriante, mas também era uma fonte de consternação. Agora que a apresentara às delícias da paixão, ela não esbofetearia tão rapidamente um galante oportunista. Sua moralidade anterior podia ter sido fruto da ignorância. Agora ela veria homens e mulheres com olhos de adulta, não mais com a ingenuidade de uma criança. Temia ter selado o próprio destino, o de marido traído e infeliz.
***
Isabella sentia uma mistura de agitação e tristeza. Uma semana depois do casamento, ela e Edward estavam prontos para partir. Começavam juntos uma nova vida. Infelizmente, também deixava para trás tudo que amava e conhecia. Sabia que a família estaria sempre ali, mas tudo mudaria definitivamente. Era necessário. Agora seu mundo era o mundo de Edward.
Quando o pai a abraçou para despedir-se, ela viu o brilho das lágrimas nos olhos dele. Vira esse mesmo brilho nos olhos dos irmãos, e a mãe chorava copiosamente. Temendo sucumbir às lágrimas, Isabella subiu na carruagem para se unir a Rosalie e Edna. As lágrimas distorceram a imagem do castelo desaparecendo ao longe. Era impossível contê-las.
O destino agora era Masen Cullen. Estava ansiosa para conhecer o lugar. Assim que tudo fosse posto em ordem ali, eles seguiriam para a pequena propriedade que ela herdara com o casamento. Era difícil não se agitar com a viagem. Viajara muito pouco na vida, e nunca para tão longe. Também era difícil não sentir certo receio. Olhando para os vinte homens que os acompanhavam na jornada, ela disse a si mesma que o medo era tolo. Edward e Emmett eram lutadores endurecidos, bem como os outros doze homens a serviço de seu marido, muitos deles consagrados cavaleiros no campo de batalha. Seu pai cedera seis homens para o pequeno batalhão, todos os guerreiros fortes e corajosos. Nenhum deles escondera a alegria por poder cavalgar ao lado da renomada Fera Vermelho. Ela sabia que não precisava ter medo.
O pouco que conseguira descobrir havia confirmado tudo que Edna tinha dito sobre Edward e seus homens. Muitos eram filhos ilegítimos de nobres, como eram também os pajens e escudeiros que os serviam. De fato, muitos pajens eram meios-irmãos dos homens a quem serviam.
Um deles despertou seu interesse. Ele tinha cabelos ruivos como o fogo, e Isabella decidiu que falaria com o marido sobre o menino assim que tivesse uma oportunidade. O ciúme quase a dominara quando vira o garoto pela primeira vez, mas ela tratou de se conter. Ele devia ter oito ou nove anos. Isabella era uma criança quando de seu nascimento. Mesmo assim, descobriria a verdade. Só não sabia como reagiria se suas suspeitas se confirmassem.
Emmett a viu observando o menino novamente.
— É melhor contar a ela — ele sugeriu em voz baixa a Edward.
Edward olhou para a esposa e suspirou.
— Sim. Sabia que Isabella não seria reticente, por isso fiz a escolha mais covarde. Decidi esperar que ela perguntasse sobre Thomas. A história é sórdida. Não tenho muita vontade de repeti-la. Especialmente para ela.
— Ela é uma das poucas pessoas que têm o direito de saber. Porém, entendo sua relutância. A inocência de Isabella é admirável. Até Rosalie e a criada exibem essa mesma doçura. É como se vivessem em um mundo distante do nosso.
— Lorde Charlie fez de sua casa um mundo único. Quem pode culpá-lo? Há muita escuridão no mundo. Seu povo segue o que ele determina. É uma gente boa e simples que acredita que regras foram feitas para serem cumpridas. Ele trata seu povo com bondade e compreensão, o eles pagam por esse tratamento com uma lealdade inabalável. É um exemplo claro de como a vida pode ser... mas raramente é. Infelizmente.
— Eu confesso que teria apreciado um ambiente menos correto. Senti falta das criadas que conheci em outras propriedades. Até os filhos dele têm de ir à cidade para se deitarem com uma mulher. — Edward e Emmett riram. — Mas entendo o lado positivo disso tudo.
— Como assim?
— Não há nenhuma possibilidade de uma criada se colocar acima da esposa, de pensar que é melhor do que ela. A senhora do lugar não precisa lidar com situações delicadas dessa natureza.
— Sim. — Edward franziu a testa. — Talvez eu tenha de limpar minha propriedade.
— As mulheres cuidarão disso. Não tema.
Quando pararam para dormir, o entusiasmo de Isabella pela viagem havia diminuído muito. Era tudo tão tedioso e sujo! Assim que a tenda de Edward foi armada, ela pediu água e o menino chamado Thomas atendeu à solicitação, obrigando-a a lembrar de algo que se esforçava para esquecer. Ela viu o garoto de cabelos de fogo se afastar, depois entrou na tenda.
Rosalie balançou a cabeça.
— Por que hesita em interrogá-lo sobre o menino?
— Porque essa é uma questão difícil.
— Nunca a vi tão hesitante antes.
— Ah, Rosalie talvez eu tenha medo do que vou ouvir.
— Melhor saber a verdade, milady — Edna disse enquanto ajudava sua senhora com a água.
— Por que diz isso? Todos afirmam que uma esposa é mais feliz quando se mantém ignorante.
— Bobagem. E se a mulher ainda for viva? E se for uma fina dama? Pode encontrá-la em algum momento. E se souber toda a história por terceiros, por alguém que possa envenenar o relato e seu coração? Não, é melhor saber tudo, milady, porque assim evitará surpresas no futuro. E... — Edna respirou fundo. — É melhor saber se esse é um amor do passado ou uma rival a ser combatida.
Era justamente isso que Isabella mais temia.
— Tudo que diz é verdade, Edna. Só preciso encontrar coragem para interrogá-lo.
— Venha — Rosalie tocou seu braço num gesto de compreensão e solidariedade —, vamos até a área que cerca o acampamento. Vi algumas flores espalhadas pelo bosque. Traremos algumas para amenizar o cheiro dos cavalos e dos homens suados. Colher flores vai acalmá-la.
Antes que Isabella pudesse protestar, Edna as conduziu até a saída da tenda. Os homens davam pouca atenção a elas, e as duas atravessaram o acampamento sem que ninguém as detivesse. Sem pressa, caminharam pelo bosque tomando o cuidado de não se afastarem muito da área, mantendo-se perto o bastante para ouvirem os homens trabalhando no acampamento. Isabella logo se sentiu mais calma cercada pelo silêncio. Ela sorriu agradecida para Rosalie, que colhia flores.
Quando se preparavam para voltar ao acampamento, Isabella viu um campo particularmente colorido e perfumado. Ela se abaixou para colher as flores, atrasando-se vários passos atrás de Rosalie. Ao se levantar, viu-se diante de um homem armado.
Por um instante, o choque a paralisou. Olhou em volta, viu que outros homens surgiam de trás das árvores frondosas, puxando seus cavalos. Era um ataque. Ela se abaixou quando o homem na sua frente tentou agarrá-la, esquivando-se com sucesso.
— Corra, Rosalie — Isabella gritou, tentando chegar ao acampamento.
Rosalie hesitou apenas um segundo, olhando para trás para ver o que acontecia, mas obedeceu à ordem da prima e também correu para o acampamento.
— Alerte-os, Rosalie — Isabella gritou enquanto corria, sentindo que o homem se aproximava.
— As armas! Ataque! As armas! — Rosalie berrava. Os homens no bosque montaram em seus cavalos, privados do elemento-surpresa que tanto os teria beneficiado.
Edward ouviu os gritos de Rosalie e ficou tenso. As palavras não eram claras, mas o significado era óbvio. Embora os homens já se armassem, Edward vociferava suas ordens. Aflita, Edna se aproximou dele.
— Elas foram sozinhas para a floresta?
— Sim, meu senhor. — Ela recuou ao ver a fúria nos olhos do novo senhor. — Foram colher flores.
Edward correu na direção das árvores no mesmo instante em que Rosalie surgia do meio delas.
— Onde está Isabella?
— Bem atrás de mim — ela respondeu sem interromper a fuga alucinada. Na entrada do bosque, Edward lutou contra o pânico que ameaçava dominá-lo.
— Isabella!
— Aqui, Edward — ela respondeu surgindo por entre as árvores.
Olhar para o rosto do marido renovou suas forças, e ela passou por ele com a velocidade do vento, seguindo para a tenda sem argumentar ou fazer perguntas, limitando-se a acatar a ordem dada por um sinal silencioso. A fúria de Edward era quase tangível. Ela ouviu o grito de seu perseguidor, mas não parou para olhar para trás. Sabia que a cena era sangrenta. Na tenda, Edna e Rosalie já esperavam por ela. Juntas, assistiram à batalha com um misto de horror e fascinação.
Isabella não sentia medo. Não muito. Não podia imaginar que seu marido, tão grande, forte e habilidoso, seria derrotado. Não dessa vez. Ela tentou acalmar as companheiras, argumentando que estavam protegidas pelo grupo de pajens e escudeiros reunidos diante da tenda. Entendia a preocupação de todos e admirava a coragem dos meninos, que se colocavam diante da tenda com a nítida intenção de proteger a nova senhora. Porém, não acreditava que esse inimigo em particular pudesse passar por Edward e seus homens.
Passos atrás dela atraiu-lhe a atenção, e ela se virou apavorada. Um homem conseguira contornar o acampamento e invadi-lo pela parte de trás, e agora caminhava em sua direção. Isabella empurrou Rosalie e Edna para fora da tenda, para longe do perigo imediato. Assustadas, as duas mulheres tropeçaram nos garotos. Antes que alguém pudesse vir em socorro, Isabella foi agarrada pelo invasor.
Apesar da luta desesperada, ele a levou para fora da tenda, colocando-a na frente do próprio corpo. Mesmo Aterrorizada, ela ficou emocionada com a ação dos pajens. Rápidos, eles cercaram as mulheres e, empunhando espadas, não fizeram nenhum movimento por medo de que ela sofresse as consequências.
Isabella já havia compreendido que não seria morta, mas aprisionada. Seria refém. O medo deu lugar à fúria, e ela lutou com vigor renovado. Os movimentos não serviram para libertá-la, mas obrigaram o atacante a recuar desequilibrado. Ele ainda praguejava quando Isabella sentiu uma forte dor na cabeça. Depois mergulhou na escuridão.
Removendo a espada de outro corpo, Edward parou para olhar para a tenda. Um grito agudo ecoara no refúgio das mulheres, um grito que o encheu de apreensão. Ainda estava olhando na mesma direção quando um homem segurando Isabella a atingiu na cabeça com o cabo da espada. Um uivo furioso brotou de seu peito quando ela caiu inconsciente. Sem pensar na própria retaguarda, Edward correu para Isabella. A batalha chegava ao fim. Emmett corria atrás dele com a intenção de protegê-lo, tendo se certificado de que nenhum dos atacantes em fuga tirava proveito do momento de desatenção de Edward. O homem que havia capturado Isabella empalideceu ao vê-lo correndo em sua direção. Rosalie, Edna e os pajens também estavam muito pálidos. Qualquer pessoa normal ficaria apavorada com o avanço furioso. Mas, aliviado, Emmett viu Edward conter o impulso assassino.
Ele recuperou a sanidade a tempo de deter-se antes de atacar o homem que segurava Isabella. O desconhecido a mantinha diante do corpo, e foi justamente a visão da esposa desfalecida e indefesa que o fez parar. Edward encarou o rival, a espada pronta para o ataque, o instinto clamando para que ele enterrasse a lâmina naquele que ousara ameaçar sua esposa.
— Cuidado — Thomas murmurou, reconhecendo a fúria que distorcia os traços do pai. — Ele fez da senhora um escudo.
— Sim, eu sei. O covarde se esconde atrás de uma saia. Venha me enfrentar como um homem, verme rastejante.
— Desejo me render. — O homem olhou para Emmett. — Desejo me render.
Emmett segurou o braço de Edward para impedir movimentos impetuosos e ordenou:
— Jogue a espada para longe.
Depois de uma breve hesitação, ainda mantendo Isabella como refém, o homem atirou a espada aos pés de Edward, que tremia sob a força do impulso de matar, mas deixou Emmett recolher a arma e se aproximar do atacante. Sem dizer nada, Edward embainhou a espada e tirou a esposa dos braços do trêmulo desconhecido. Ele a levou para sua tenda. Ainda a estava deitando sobre a cama, quando Rosalie e Edna entraram correndo.
Olhando para Isabella, Edna anunciou:
— Vamos cuidar dos ferimentos, milorde. Foi só um golpe na cabeça.
— Tem certeza?
— Sim, milorde. Vê? Ela já começa a despertar. Podemos cuidar dela.
Edward olhou para Isabella por um momento, lutando contra o pânico diante de sua imobilidade e palidez. Edna estava certa. Isabella já se mexia e tinha a testa franzida como se os pensamentos despertassem. Virando-se repentinamente, ele saiu da tenda e quase derrubou Emmett, que o esperava na porta.
— Quantos perdemos? — ele perguntou, caminhando para o único prisioneiro.
— Dois estão mortos. Três sofreram ferimentos, mas nada muito grave. Foi tolice das mulheres se afastarem daquela maneira, mas seus gritos nos salvaram. — Eles pararam diante dos prisioneiros, e Emmett murmurou: — Não vai descobrir nada se matar esse homem.
— Não vou matá-lo. — Edward olhou para o homem assustado. — Seu nome?
— Dimitri Lancaster, milorde.
— Quem o mandou aqui, Dimitri Lancaster? — Ao perceber a hesitação antes da resposta, Edward praguejou. — Vou arrancar a pele de seus ossos. Tira por tira...
— Fomos contratados por seu primo, milorde.
— Alec Cullen?
— Sim, embora tenhamos recebido as ordens do tio dele.
Agarrando o homem pela frente da camisa, Edward ordenou:
— Você vai procurar meu querido primo Alec e aquele cachorro vadio que o comanda. Vai aconselhá-los a desaparecer antes que eu os encontre. Não quero matar meus parentes, mas, por Deus, não hesitarei em tirar a vida daqueles dois vermes, caso os veja ou sinta o cheiro deles. — Ele jogou o homem para o lado. — Cortem três dedos da mão que ele usa para empunhar a espada — Ordenou aos homens que guardavam o prisioneiro —, depois o mandem embora.
Edward caminhou para os barris de água, cerrando a mente para as súplicas do atacante e para seus gritos de pavor e dor quando a ordem foi cumprida.
— A senhora? — Thomas se apressou em providenciar um balde de água para o pai.
— Edna garantiu que ela só sofreu um golpe na cabeça. — Emmett sorriu agradecido quando Thomas providenciou água para ele também.
— Por isso sua punição foi tão branda? — ele perguntou.
— Não. — Edward suspirou enquanto o menino o ajudava a despir a metade superior do corpo. — O homem só cumpria ordens. Ficou claro que ele controlou a própria força quando agrediu Isabella. Ele só queria contê-la. Compreendi tudo isso quando superei a cegueira da fúria.
Com a ajuda de Thomas, Emmett também desnudou o tronco.
— Acha que foi sensato prevenir Alec ou seu tio? — Edward deu de ombros e começou a se lavar.
— Quem sabe? Acredito que esse ataque foi impensado e precipitado. Alec queria Isabella. Vi a expressão dele quando fui nomeado noivo. Além do mais, ele é meu único parente além de Thomas. Não quero matá-lo. O tio dele está por trás disso. Ele quer Alec como herdeiro dos bens e deve estar disposto a tudo para isso. Temos de nos manter vigilantes. Não quero que a história de minha morte seja verdadeira na próxima vez em que for contada.
— Especialmente quando há tantas razões para viver — Emmett murmurou, olhando para a tenda de Edward.
— Sim. — Ele olhou na mesma direção enquanto se enxugava.
— Foi ela quem viu o homem entrando na tenda — relatou Thomas. — E empurrou as outras duas damas para fora, garantindo sua segurança.
— E foi capturada — resmungou Edward.
— Quando gritar com ela, procure não exagerar.
— O que está dizendo?
— Bem, a cabeça dela vai doer por um tempo.
Depois de olhar para o filho por um momento, Edward sorriu.
— Um cavalheiro não grita com uma dama.
Thomas retribuiu o sorriso do pai antes de dizer com entusiasmo infantil:
— Viu como correram?
— Sim, os miseráveis foram rápidos na fuga — concordou Emmett.
— Não me refiro aos homens, sir Emmett. Falo das damas. — Ele sorriu quando os dois adultos riram. — Nunca pensei que mulheres pudessem correr tanto. Aposto que elas são mais rápidas que alguns do nosso grupo.
— Sim, elas são velozes. E isso me dá uma ideia. Talvez — Edward continuou rindo —, possamos colocá-las para disputar corridas e ganhar algum dinheiro para nós. — A expressão chocada do filho o fez gargalhar. — E só uma piada, menino. Agora vá providenciar uma refeição para nós. Comerei enquanto cuido de Isabella. Acabei de ver Edna indo buscar comida. Isabella deve ter despertado.
Enquanto Thomas corria a obedecer, Edward foi cuidar de uma tarefa pessoal. Precisava providenciar uma mortalha para os dois mortos. Assim que passassem por uma igreja, cuidaria do enterro em solo sagrado. Lamentava as duas mortes, mas estava aliviado por nenhum deles ser próximo ou ter passado muito tempo em sua companhia. Depois de trocar algumas palavras com os feridos, assegurando-se de que nenhum deles corria riscos, ele se sentou com Emmett para comer.
Houve um silêncio prolongado antes de Emmett murmurar:
— Está muito pensativo, amigo.
— E só o efeito da batalha. A calmaria que segue a tempestade. — Podia ver a dúvida no rosto de Emmett. — Como um homem pode evitar que seu coração derreta por uma bela mulher?
— Não pode. Não se tiver de ser assim...
— O que tinha de ser era Isabella e James se casarem.
— Talvez não. Quem sabe como operam Deus e o destino?
— Não nós, pobres mortais, isso é certo.
— Eu não me deixaria importunar por isso. Viva esse momento. Apesar de toda a dor que esse sentimento pode causar, não existe nada que possa superá-lo.
— Fala como se tivesse experiência.
Edward não se lembrava de Emmett ter mencionado problemas semelhantes antes.
— Sim, é verdade. Foi há muitos anos. Não havia esperança para aquele amor, porque eu era um cavaleiro destituído e pobre, como ainda sou. Mesmo tendo sido breve, foi glorioso.
— E com isso você não aprendeu nada sobre como conter esses sentimentos?
— Não quero aprender essa lição. O que aprendi foi perceber quando ele pode trazer alegria ou tristeza. E assim incentivar as possíveis ocorrências felizes. — Ele respirou fundo, sabendo que as palavras seguintes tocariam um ponto sensível. — Eu sabia que meu amor seria infrutífero naquelas circunstâncias, e ainda assim o ofertei. A dama não fez falsas promessas, sempre disse a verdade. Quando o pouco que tínhamos chegou ao fim, a dor foi compartilhada. Ela nunca me tratou com desdém. Seu coração não era escravo, como o meu, mas ela nunca me desprezou por isso. Nunca zombou dos meus sentimentos.
— E aí está a diferença — Edward murmurou. Emmett assentiu.
— Sim, aí está a diferença. Talvez possa pensar um pouco sobre isso.
Prometendo a si mesmo que pensaria, Edward se retirou para sua tenda e dispensou Rosalie e Edna. Por um tempo pensou que Isabella estivesse dormindo, até surpreendê-la olhando para ele. Como uma criança, ela tentava se esconder fechando os olhos para evitar sua ira, uma raiva que ele já não sentia mais. Edward apagou a vela, despiu-se, deitou-se e tomou o corpo tenso em seus braços.
— Como está a cabeça? — perguntou, beijando-a na testa para ajudá-la a relaxar.
Isabella soube que ele não estava mais furioso. Sentia-se covarde por ter fingido dormir para evitar a raiva que o marido tinha todo o direito de sentir, mas não se sentira preparada para o confronto. No fundo, sabia que as palavras cortantes de Edward poderiam fazê-la sangrar.
— Dói um pouco, mas não muito. — Ela o enlaçou pela cintura.
— Foi tolice sair por aí sozinha.
— Eu não estava sozinha.
Ele riu.
— Isabella, isso é um sermão. Fique quieta e escute com atenção.
— Sim, meu marido. — Ele ignorou o toque de impertinência.
— Foi tolice deixar a segurança do acampamento. Nunca mais se afaste do grupo sem antes me dizer aonde vai e por quê. Sei que esperava me ver furioso, e eu estaria se não tivesse me mantido afastado até meu sangue esfriar. Felizmente, você não sofreu ferimentos graves, e o aviso que me deu salvou meus homens. Um ataque-surpresa como esse teria acarretado um massacre. O nosso. Em vez disso, perdi apenas dois homens. Afinal, por que deixou o acampamento?
— Queria colher flores para perfumar esse ambiente.
— Na próxima vez que quiser flores, avise-me. Mandarei um homem armado para escoltá-la. Talvez dois.
— Eles não vão gostar muito.
— Mas farão o que eu mandar mesmo assim. Entendeu?
Ela assentiu.
— O que aconteceu com o homem que me fez refém?
— Perdeu três dedos da mão que usava para segurar a espada. E foi mandado de volta ao seu mestre com um aviso.
Isabella sabia que a punição era misericordiosa, comparada ao que muitos outros haviam enfrentado.
— E quem é esse mestre?
— Meu primo Alec.
— Alec? — Ela balançou a cabeça surpresa. — Tem certeza?
— Sim. Esse foi o nome sob o qual o ataque foi perpetrado. Porém, foi o tio dele quem planejou e comandou tudo. Deve saber disso.
— Sim. E Alec aceitou as ordens, mesmo não concordando com elas. É sempre assim. Mas por quê? Por que fazer tal coisa?
— Ele quer tudo. Minhas propriedades, minha fortuna. Tudo pertenceria legalmente a Alec, mas o tio dele comandaria os bens. Além do mais, Alec queria você. Não — ele murmurou ao perceber que Isabella pretendia protestar. — Ele queria e ainda quer. E agora sei que esse não teria sido um casamento seguro para você.
— Como assim?
— Você poderia ter feito de Alec um homem. — Ela assentiu, indicando que compreendia.
— Se Alec se fortalecesse, se assumisse mais responsabilidades, então ele poderia se tornar uma ameaça para o tio. E aquele homem não toleraria uma ameaça.
— Não, ele cuidaria de remover rapidamente uma ameaça como essa.
— O que pretende fazer a respeito disso?
— Já mandei aquele homem de volta para Alec e seu tio. Agora eles saberão que o plano falhou que tenho consciência de seus esquemas. Mandei avisá-los de que seria sensato desaparecer. Será meu único aviso.
— Acha mesmo que eles farão como ordena?
— Espero que sim. Não gostaria de matar alguém do meu próprio sangue.
— É triste quando familiares brigam entre si. Acontecia muito na família de meu pai.
— É difícil acreditar. Sua família é tão unida, tão amorosa. Qualquer um vê.
— Meu pai aprendeu com os erros que testemunhou enquanto crescia Edward. Ele viu um marido virar a própria esposa contra ele. Viu como, em sua dor, ela jogou os próprios filhos contra o pai. Viu como bastardos reconhecidos e criados com conforto, mas sem amor, tornaram-se amargos e gananciosos, passando a cobiçar o que lhes fora negado. Enquanto crescia, ele viu pessoas, que deviam ter permanecido unidas por laços de amor e confiança, se afastarem umas das outras. Essas pessoas tramaram, brigaram e mataram até restarem apenas meu pai e o irmão dele. Ele e meu tio juraram que nunca deixariam esse veneno tocar-lhes o coração. — Ela balançou a cabeça. — Mas minha tia ainda tenta.
— Por causa de Rosalie?
— Sim. Minha tia tem ciúme de um erro que meu tio cometeu quando ainda era solteiro, embora eu deteste pensar em Rosalie nesses termos. Por causa desse ciúme, minha tia tenta envenenar a família contra o marido. Ela tenta, mas não consegue.
— Tem certeza disso?
— Absoluta. Logo os meninos irão para outras casas, e as meninas também. Meu tio vai mandar os filhos para a casa de meus pais. Rosalie está aqui comigo, como sempre foi planejado. As duas casas se unirão ainda mais. Se algum veneno for instilado, será expelido e anulado.
Edward a ouvia com atenção, compreendendo que aquela era uma boa hora para falar sobre Thomas. A conversa sobre Rosalie a fizera relaxar. Mesmo assim, ele não sabia como começar. Não estava preocupado com a possibilidade de Isabella não aceitar Thomas, porque isso seria resolvido. Era a história que teria de repetir que o perturbava. Era sórdida e o fazia parecer um grande idiota. Além do quê, nenhuma esposa ficaria contente ouvindo o marido falar sobre seu amor por outra, mesmo que a mulher em questão estivesse fora de sua vida ou morta. Mesmo assim, ele engoliu todos os receios e começou a contar.
— Falando em erros de solteiros... — disse hesitante.
Isabella lutou contra a tensão. Não queria que nada o impedisse de falar o que ele estava prestes a relatar. Ela esperou em silêncio, orando para não sair muito magoada desse momento de revelação.
— Preciso falar agora — Edward anunciou agitado. — É mais fácil falar sobre certas coisas no escuro.
— A sensação de estar exposto é menor.
— Sim, é isso. Isabella, Thomas é meu filho.
— Eu já suspeitava disso. — Ela afagou os cabelos do marido. — Essa coloração é rara.
— O que vai ouvir agora é uma confidência.
— Não contarei nada a ninguém — ela prometeu —, exceto, talvez, Rosalie. E Edna.
— A mãe dele era lady Tanya Sevilliers. Seu nome de nascimento era Denali.
— Não conheço nenhuma dessas famílias.
— Mas vai conhecer as duas, se formos chamados à corte. Onde a corte está, lá está lady Tanya.
— Ela é muito bonita?
— Sim, muito. Cabelos loiros, pele de marfim, olhos verdes, curvas suaves. Eu era muito jovem quando a conheci. Tinha apenas vinte e um anos. Aos dezesseis, ela já dominava as técnicas de flerte empregadas na corte, e sua virtude não passava de uma recordação. Mas eu não era apenas jovem. Era tolo, também. Acreditei na inocência daquela mulher e decidi que ela era dominada e usada pelo estilo corrupto e pecaminoso da corte. Tornei-me seu amante.
Um lampejo de dor a tomou de assalto. Isabella disse a si mesma que era apenas uma menina de oito anos nesse tempo. A dor desapareceu.
— Ela correspondia a todos os meus juramentos de amor. — Edward balançou a cabeça. — E me fez crer que havia uma chance de nos casarmos, embora eu fosse só um cavaleiro sem terra. Vendi minha espada para um conde na esperança de obter recompensas que amenizariam minha pobreza. Ela se comportou com dignidade quando chegou o momento da minha partida. Deu-me a certeza de que realmente me amava.
— E você voltou para ela?
— Sim. Seis meses depois, ainda sem terra, mas com uma bolsa cheia de dinheiro. Cheia o bastante para comprar uma pequena propriedade. Mas ela já não estava mais na corte. Levei quinze dias para encontrá-la.
— Onde ela estava?
— Em um convento, preparando-se para ter meu filho. Thomas tinha dias de vida quando encontrei Tanya. Ela ficou sentada ouvindo com muita calma enquanto eu contava sobre como havia obtido meus ganhos e falava sobre amor e casamento. Quando concluí meu relato, ela começou a rir.
Isabella ouviu a dor e a humilhação na voz dele e o abraçou com mais força. Gostaria de poder apagar de seu coração e de suas lembranças toda essa história de dor.
Era difícil, mas Edward conseguiu continuar.
— Ela disse que nunca havia imaginado que eu fosse tão tolo. Que havia mesmo acreditado em todos os juramentos que ela tinha feito. Lembrei Tanya sobre o filho que ela acabava de me dar, a vida que era a prova de seu amor por mim. Ela riu novamente. Disse que tudo que um filho demonstrava era que seus truques para impedir minha semente de germinar não eram perfeitos. Como também não eram perfeitos os métodos que ela havia empregado para arrancar a criança de seu corpo,
— Ela tentou matar o filho que estava esperando? — Isabella murmurou chocada.
— Sim, mas Thomas foi forte. Mais tarde eu descobri que seu primeiro sopro de vida também poderia ter sido o último. Ao ficar sozinha com o bebê, ela tentou sufocá-lo. Umas das freiras a surpreendeu e elas ficaram com o menino. Justificaram seus atos alegando que a prova viva de seus pecados a levara à loucura, mas eu sabia que a intenção dela era não deixar provas de sua falta de castidade. Um casamento já estava arranjado. Eu não podia acreditar, não queria acreditar. Mais uma vez, insisti para que ela se casasse comigo. Tanya me chamou de tolo por pensar que ela aceitaria desposar um cavaleiro destituído de terras, alguém que precisava vender sua espada para sobreviver, quando podia se casar com o rico e nobre Sevilliers. Um homem de muitas posses. Argumentei que ele deixaria de amá-la rapidamente quando a descobrisse violada. Ela riu. Haveria sangramento na cama, e os Sevilliers acreditariam que ela tinha se casado virgem e casta.
— E você a deixou e ficou com Thomas.
— Sim, eu fiquei com Thomas. Mas não consegui desistir de Tanya, e nisso está minha vergonha. Pouco depois de ela se casar com Sevilliers, tornei-me novamente seu amante. Ela sabia usar a cegueira de meu coração. Julguei ser seu único amante. Havia rumores sobre seu comportamento leviano, mas eu insistia em ignorá-los.
— Mas os rumores eram verdadeiros, não eram?
— Sim, totalmente verdadeiros. Certa noite, eu descobri a verdade em um jardim. Ela fornicava com um cortesão como uma meretriz qualquer. Sabe, acho que era estúpido o bastante para perdoá-la mesmo depois disso. Foi o que ela disse que finalmente me libertou daquela obsessão. O homem falava como se tivesse me vencido, deitando-se com ela, e era alguém que jamais teria me superado com uma espada. Ela riu, dizendo que eu era seu amante mais persistente e duradouro. E disse que meu estado de perplexidade a divertia. O homem manifestou surpresa por ela se deitar com alguém tão grande, tão vermelho e tão desprovido de atrativos financeiros. Ela concordou sobre eu ser guerreiro sem terras, disse que eu merecia todas as piadas e provocações, mas alegou que eu era generosamente dotado. Desde aquele dia, nunca mais me aproximei dela. — Ele suspirou. — Bem, essa é a horrível história. Agora, quero saber o que você tem a dizer sobre Thomas.
Isabella sentiu uma ponta de amargura ao perceber que ele não havia dito que deixara de amar a tal mulher, mas nada comentou. Nesse momento, Edward precisava de uma resposta com relação ao filho. Precisava ter certeza de que ela não o desprezaria nem repeliria o menino por causa do passado.
— Thomas é seu filho. Pelo pouco que vi, ele é um bom menino. Eu jamais o rejeitaria por conta das circunstâncias de seu nascimento.
— Sou grato por isso.
— Não precisa me agradecer..
— Sim, você é grande e vermelho. Mas também é forte e saudável. Tem toda a graça que o destino pode conceder a alguém. É um homem grande, mas proporcional. Nada é muito longo ou curto. Seu rosto pode levar a cicatriz, mas é imponente e inspira confiança. Sua voz e seu jeito de rir são mais do que agradáveis. Quando você sorri, não é para debochar de alguém ou para esconder uma mentira. É adorável. — Ela o tocou na face. — Seus olhos são encantadores. O verdes esmeraldas e suave traz à mente coisas gentis.
— Olhos encantadores?
— Sim. Tive essa impressão desde o início.
Ele a estreitou entre os braços. O instinto sugeria que ela dizia a verdade, que expressava com exatidão seus sentimentos. Isabella percebera e elogiara seus pontos mais favoráveis. De repente, estava desesperado para possuí-la, mas continha essa necessidade. Depois dos eventos do dia, ela precisava descansar.
— Chega mulher. Vai me fazer corar, e já sou suficientemente vermelho. — Ele sorriu ao ouvi-la rir. — Vá dormir minha pequena. Essa é a cura mais certa para uma dor de cabeça.
Ela se aninhou contra o marido e sentiu a evidência de seu desejo pressionada contra o ventre.
— Que dor de cabeça?
Rindo, ele a abraçou aceitando o convite implícito.
Amei o temperamento de Bella e também o de Edward, espero que ela encontre a Tania e lhe dê uma surra pelo o que ela fez com o filho e com Edward também.
ResponderExcluir������ Amando a fic!!! Espero que Edward mostre p Bella q não ama mais a nojenta q não se deve pronunciar o nome!!!!
ResponderExcluireii adorei a fic,mas uma coisa eu nao entendi,como assim o edward é vermelho?É porque ele pegou muito sol???É por causa da cor do cabelo???Ou ele tem alguma doença???.É serio foi a unica coisa que não entendi
ResponderExcluir