Autora: AnnaThrzCullen
Gênero: Romance, drama
Classificação: +16 anos
Categoria: Beward
Avisos: Adaptação, Linguagem Imprópria, Nudez e Sexo
Capítulo III
— Meu primo e aquele porco que o domina pouco se importaram com esse lugar.
Tentando acompanhar os passos largos do marido, Isabella não respondeu. Sentia a mesma fúria de Edward e, ao lado dele, percorria o castelo. Toda a beleza que podia ter existido na propriedade estava agora, encoberta pela imundície e pela negligência. O belo e rico castelo de que tanto ouvira falar não era adequado ao porco que percorria livremente seus aposentos.
Ela lutava contra a raiva. O sentimento era inútil. O dano estava feito. A energia que desperdiçava odiando o causador do estrago seria mais bem empregada se trabalhasse duro para repará-lo.
— Não consigo acreditar que James deixou a situação chegar a esse ponto — Edward comentou.
— Não — Isabella estava tão ofegante que mal conseguia falar. — Ele parecia apreciar a limpeza.
Ouvindo sua respiração arfante, Edward parou para pegá-la nos braços. Isabella era tão leve! Os seios fartos se moviam com o esforço para respirar. Era difícil desviar os olhos do rosto corado. Mesmo assim, a raiva ainda o dominava. Ele voltou a andar. Precisava se mover para lidar com a fúria. Sair do castelo não serviu para aliviar a ira. Do lado de fora, a situação era tão ruim quanto no interior.
— Há tanto trabalho por fazer — ele comentou.
— Limpeza, basicamente — Isabella respondeu. — Sim, de cada canto. Cada pedra. — Temos braços suficientes para o trabalho?
Ele beijou-a no rosto.
— Se não houver, traremos mais gente do vilarejo.
Depois de se certificar de que o chão sob uma árvore estava limpo, Edward sentou-se. Isabella não tentou deixar a proteção do abraço. Em vez disso, ela apenas se acomodou com mais conforto. Edward já havia notado que ela costumava demonstrar abertamente seu afeto. Essa atitude da esposa despertava nele um sentimento agradável, um sentimento que podia ser perigoso. Essa sensação poderia acabar enfraquecendo a decisão de se manter distante, protegendo assim seu coração já tão castigado. Mas era impossível não retribuir o sorriso caloroso. Não era forte o bastante para resistir a esse tipo de truque de sedução.
— Está lidando muito bem com tudo isso, minha pequena.
— Bem, devo confessar que não estou muito satisfeita com a idéia de todo esse trabalho esperando por mim. Porém, todas as tarefas podem ser cumpridas com facilidade, desde que tenhamos braços suficientes. E haverá recompensas por esse esforço. Sob a negligência e a sujeira existe um lugar valioso e belo.
Nos dias seguintes Isabella enfrentou grandes dificuldades para provar as palavras que dissera. O trabalho era árduo para homens e mulheres igualmente. Ela contratou mais alguns trabalhadores, mas foi cautelosa, lembrando que não devia distribuir seu dinheiro livremente. Desde a praga que devastara a população, sabia que não podia mais contar com o trabalho livre e não remunerado dos servos. O pai havia aprendido rapidamente a dominar a arte da contratação e da negociação de pagamento, e ela agora se sentia feliz por ter se dado ao trabalho de aprender com ele. Edward deixou tudo em suas mãos, pois nunca antes tivera de se ocupar de tais questões.
A primeira decisão de Isabella foi limpar tudo. Estava certa de que, concluída essa etapa, poderia ver mais claramente o que precisava ser substituído ou consertado. Por uma semana inteira, ela se dedicou ao trabalho com o mesmo afinco de todos os outros. Quando decidiu que o lugar estava suficientemente limpo, sentia-se exausta.
No final daquela semana, ao olhar em volta, ela percebeu que estava cansada demais para apreciar o resultado do esforço. Depois de dispensar os trabalhadores que havia contratado, ela jantou e caiu na cama sucumbindo à exaustão. Quando Edward se deitou, Isabella mudou de posição sem abrir os olhos, incapaz de acordar do sono pesado. Pela primeira vez desde que o conhecera, estava cansada demais até para desejar ao marido uma boa noite de sono.
Sorrindo, Edward aninhou-a nos braços e sufocou o desejo. Sabia que a esposa estava muito cansada. Ela murmurou seu nome, mas nem se moveu entre seus braços. Dessa vez ele teria de conter o ímpeto. Nada poderia despertar o interesse de Isabella naquele momento. De repente ele torceu o nariz.
— O que é esse cheiro?
— Receio que seja eu — Isabella respondeu sonolenta.
— Sim, isso eu já havia percebido. O que é?
— Algum produto que utilizei na limpeza da casa.
— E horrível! Que produto é esse?
— Melhor não saber. — Ela se removeu do abraço. — Sei que devia ter tomado banho, mas não consegui. Estou muito cansada. Vou dormir do outro lado da cama.
— Não vai ajudar muito. — Edward se levantou.
Ela tentou chamá-lo de volta, mas, sem forças, adormeceu novamente. Sabia que na manhã seguinte se sentiria mal por tê-lo afastado da cama, mas nesse momento estava exausta demais para se importar. Quando já mergulhava novamente num sono profundo, Edward arrancou as cobertas de cima dela.
— O que está fazendo? — Ela tentou se cobrir, mas ele a tomou nos braços. — Quero dormir!
— Vai tomar um banho.
— Estou cansada... Vou acabar dormindo e me afogando.
— Não se preocupe. Eu mesmo vou cuidar de tudo. — Ele a pôs em pé ao lado da tina que enchera pouco antes.
De repente, Isabella despertou o suficiente para compreender o que estava acontecendo.
— O cheiro é tão ruim assim?
— Receio que sim, meu amor. — Ele riu, começando a despi-la.
Isabella estava cansada demais para ficar embaraçada. Ainda não se sentia confortável exibindo a própria nudez, mas o cansaço era maior do que a modéstia. Fraca, ela se entregou aos cuidados do marido.
Edward descobriu que banhá-la era, ao mesmo tempo, frustrante e delicioso. Podia tocá-la e contemplá-la com, liberdade, mas, por causa dessa mesma exaustão que era a causa de toda a liberdade, não poderia saciar a fome que o contato físico despertava. Às vezes ficava muito perturbado com a facilidade com que ela despertava sua paixão. Mesmo gloriosa como era, essa ânsia era uma perigosa fraqueza.
Ele a tocava sem pressa. Suspirando, decidiu que Isabella despertaria essa mesma fraqueza em qualquer homem. Por mais difícil que fosse aceitá-la, tinha de reconhecer que a reação era inevitável e natural. Cada manhã que acordava e a descobria em seus braços, a surpresa se renovava. Pensar nisso pouco colaborava para aliviar o ardor em seu corpo. Já começava a pensar que nunca seria capaz de contê-lo por completo.
Enquanto a enxugava e vestia com uma camisola limpa, Edward não conseguiu evitar um sorriso. Ela parecia embriagada. Com gentileza, ele a pôs na cama. Depois de apagar as velas, deitou-se ao lado dela e a tomou nos braços.
— Ah, muito melhor — murmurou.
— Era tão ruim assim?
— Sim. Agora está cheirosa.
— Obrigada, Edward. E... — Apesar do cansaço, podia sentir no corpo do marido as vibrações do desejo. — Eu sinto muito. Estou exausta.
Ele sorriu.
— Amanhã estará descansada.
— Sim, estarei. E daí?
— E daí que posso esperar.
Ela adormeceu enquanto Edward ainda ria. Sentindo o perfume doce da esposa, ele decidiu que não a deixaria se esgotar novamente. E não tomava a decisão impelida apenas pelas necessidades do corpo. Pensava também nos riscos à saúde de Isabella. Gostava de ordem e limpeza, mas esse era um preço alto demais a pagar. Pensando bem, a frustração que experimentava nesse momento também era um preço alto demais. Fechando os olhos, ele tentou dormir e ignorar as necessidades não atendidas.
Isabella espreguiçou-se e, sem pressa, ficou observando o marido que se lavava. Ela decidiu que era muito agradável acordar com beijos ardentes e carícias provocantes.
A euforia provocada pelo ato de amor não podia ser ofuscada nem mesmo pela ideia de todo o trabalho que a esperava.
— Isabella, não quero mais que trabalhe desse jeito.
— Não?
— Não. Entendo a necessidade de limpar esse lugar. Mas agora já está tudo limpo. O trabalho que ainda está por fazer pode ser feito sem pressa. Sua saúde é mais importante que a organização da casa. Na verdade, se adoecer, só perderá mais tempo.
— Sim, você está certo. Pensei nisso quando caí na cama ontem à noite. Foi à imundície. Não consegui suportar.
Ele se aproximou para beijá-la.
— Eu sei. Mas já está tudo limpo. Só precisa supervisionar o trabalho de manutenção. Cuide de você. E isso é uma ordem — ele concluiu antes de partir.
Isabella não protestou. Essa era uma ordem a que poderia obedecer com facilidade. Havia muitas coisas sem as quais poderia sobreviver, mas limpeza não era uma delas. Não suportara a sujeira que tinha encontrado na casa. Agora tudo estava limpo. Podia trabalhar menos. Tinha muito tempo para fazer da casa o lugar adorável que ela poderia ser. Daria um passo de cada vez. Em pouco tempo ela começou a se perguntar se mesmo um passo de cada vez não seria demais.
Olhando para o jardim, Isabella resmungou:
— E difícil distinguir as ervas do mato.
— Sim — Rosalie concordou. — É evidente que os tolos nunca se incomodaram com medicamentos.
— Nem com aromas agradáveis.
— Isso eu já havia notado.
Isabella arregaçou as mangas e se ajoelhou na terra.
— Bem, nós não vivemos sem essas coisas. Vamos ver o que é útil no meio dessa confusão. As ervas podem estar enfraquecidas pela falta de cuidado. Porém, creio que ainda há tempo para recuperá-las.
— Sim. E fazê-las desabrochar. — Rosalie imitou a prima. — Creio que posso ver algumas plantas úteis.
Um silêncio confortável caiu sobre as duas. Isabella gostava de trabalhar no jardim. A tarefa a acalmava. O trabalho era duro, mas gratificante.
— Isabella? Você está feliz?
— Sim, estou. Por quê? Teme que eu seja infeliz?
— Não. Mas você pouco fala sobre o assunto.
— Não há muito a dizer. Creio que falamos mais nos momentos difíceis.
— Sim, às vezes. Quer dizer que ama Edward, então?
— Ah, essa pergunta...
— Sim. Exatamente essa pergunta. Você o ama?
— Não sei ao certo, Rosalie. Não é tão fácil saber. Não como eu imaginava que fosse. Só tenho certeza de que gosto muito dele. Mas gostar e desejar equivale a amar? Creio que é possível gostar muito de alguém sem amar essa pessoa. Entende o que digo?
Rosalie balançou a cabeça.
— Ele a ama?
— Quem sabe? Nunca falamos sobre isso. Talvez seja esse silêncio que me mantém na incerteza.
— Oh. Ele gosta de você. Eu sei.
— Gosta de mim... sim. Mas esse gostar leva ao amor, ou é simplesmente o sentimento de um homem por alguém com quem ele divide a cama e tem filhos? Entende o que quero dizer? Há muitas respostas para essas questões. Muitas questões. Pode ser amor. Pode ser um sentimento forte e duradouro. Se pudéssemos conversar sobre isso, talvez a confusão se esclarecesse. Mas nunca tocamos no assunto.
— Precisa dar tempo a ele.
— Talvez, mas não sei se Edward é o tipo de homem com quem eu possa conversar sobre essas coisas. Alguns homens se negam a ter esse tipo de conversa.
— É verdade. Mas há outros que falam de amor com facilidade e mentem.
— Prefiro o silêncio às mentiras.
— É mesmo muito melhor. É possível que algo contribua para manter a confusão, algo que, quando esclarecido, poderá revelar as respostas para muitas dúvidas.
— Bem, há uma coisa. — Ela encolheu os ombros. — Não sei se esse esclarecimento pode resolver tudo. Edward não confia em mim.
— Não. Está imaginando coisas.
— Receio que não. Sou tudo que ele aprendeu a evitar. Há uma evidente desconfiança nele. Posso senti-la, embora não tenha certeza de sua profundidade. Pior, não sei quanto dessa insegurança poderei remover. Trata-se de um obstáculo para tudo que podemos sentir um pelo outro.
— Certamente é. Isabella, acho que tudo que pode fazer é exatamente o que está fazendo. Se alguma mulher merece confiança, essa mulher é você. Logo ele vai perceber que essa insegurança é tola e desnecessária. O tempo resolverá tudo. Afinal, mesmo casados, vocês ainda são praticamente estranhos. Ambos têm muito a aprender sobre o outro. Esse aprendizado leva tempo, mas traz conhecimento e confiança.
— Talvez. Proferir votos diante de um sacerdote não significa confiança e amor imediatos. Sou muito afortunada. Nunca minha confiança foi desmerecida. Ele não pode dizer o mesmo. Posso confiar com mais facilidade. — Ela sorriu para Rosalie. — E você, o que decidiu sobre meu marido?
— Não decidi nada. Não completamente. É verdade que ele pode me causar grande incerteza às vezes.
— Sim, quando extravasa sua fúria — Isabella riu. — Não há nada a temer nisso, prima.
— Parece muito segura disso.
— E estou. Confie em mim. Não há nada para temer na ira de Edward, exceto a possibilidade de ficar surda com seus gritos. Ele brande os punhos, prima. E pode destruir coisas, como fez com a porta do estábulo na semana passada. Mas raramente tocam um ser vivo. Ele conhece bem a própria força e seu temperamento. Sim, ele grita, ameaça... mas nunca vi meu marido ferir alguém.
— O criado do estábulo teria gostado de saber disso. Deve ter temido pela própria vida.
— Imagino que sim. Sua negligência quase aleijou o melhor cavalo de Edward. Muitos outros o teriam punido na hora. Mas o homem continua vivo. E talvez mantenha sua posição de mestre do estábulo, se não cometer outro erro grave.
— É claro. Vou tentar me lembrar disso na próxima vez em que os gritos de Edward fizerem tremer as paredes.
— Isto é orégano? — Isabella franziu a testa para a planta diante dela.
Rosalie estudou as folhas com cuidado.
— Bem, acho que as três do meio são.
Isabella começou a remover o mato que as cercava.
— Creio que seria mais fácil arrancar o orégano e deixar o mato.
Rosalie riu, mas logo ficou séria outra vez.
— Esperava algumas respostas, algum conhecimento. Talvez algumas revelações.
— Revelações? Sobre o quê?
— Amor — Rosalie murmurou corando.
— Oh, não. Emmett...
— Sim, Emmett. Eu acho. É difícil ter certeza, não só dos meus sentimentos, mas dos dele. Emmett é um mestre na arte do flerte. Receio ver mais em seus sorrisos e em suas belas palavras do que realmente há. Esperava que pudesse me ajudar a esclarecer essa confusão, entender melhor tudo isso.
— E agora sabe que estou tão confusa quanto você — respondeu Isabella. — Lamento, prima. Tenho pouco a dizer. Nunca vi Emmett tentar seduzir as criadas da casa. Ele também não costuma acompanhar os outros homens ao vilarejo.
— Eu sei disso. Mas receio estar vendo apenas o que quero ver. Se diz que também notou o que eu vi, então, talvez, seja verdade. E se é verdade, talvez ele seja sincero.
— Quer saber o que eu faria?
— Sim. Talvez me ajude.
— Eu confiaria até ter motivo. E agiria de acordo com sua aparente sinceridade. O excesso de insegurança pode causar a perda de tudo que mais desejamos. Sim, é verdade que o sofrimento é uma possível consequência do erro na escolha do objeto de nossa confiança, mas a recompensa que se pode obter justifica o risco. Edward é meu marido, e por isso tenho de suportar a desconfiança dele. Emmett não é obrigado a tolerar sua hesitação. Ele é livre para ir aonde quiser, para procurar alguém que não desconfie de sua sinceridade.
Rosalie assentiu devagar.
— Sim, você tem razão. Espero poder seguir seu conselho e ser corajosa o bastante para assumir o risco.
As duas voltaram a trabalhar no jardim em silêncio. O calor do sol vespertino aquecia as costas de Isabella, por isso ela teve consciência imediata de sua remoção. Alguém a observava.
— Temos nuvens? — Rosalie perguntou intrigada, erguendo os olhos para o céu claro.
Isabella olhou por cima do ombro e murmurou:
— Só uma. Uma grande nuvem vermelha. — Ela sorriu para o marido. — Algum problema, Edward?
— Pensei que ia trabalhar menos.
Era difícil manter a expressão severa. Isabella estava imunda. Não lembrava em nada a dama que era. E sua aparência inocente o encantava.
— Essa é a única tarefa do dia.
— Mas não é fácil, pelo que vejo.
— Não, mas, como pode ver, tenho ajuda.
— E isso é tudo?
— Sim, isso é a comida que terá de estar pronta no final do dia. Os homens têm de comer. Não é muito, Edward. Realmente. E eu gosto disso.
— Evite apenas o cansaço que a derrubou ontem à noite.
— Eu prometo. Oh, e Edward? Pode pedir para alguém trazer um carregamento de esterco?
— Esterco? Para quê?
— Para adubar o jardim. As plantas foram muito negligenciadas. Precisam de nutrição.
— Nutrição? Com esterco? Vou mandar alguém cuidar disso por você — ele decidiu antes de se retirar.
Isabella o viu se afastar. Ele era mesmo muito atraente. Uma beleza que enriquecia seu rosto e que podia ser facilmente encontrada em seu corpo atlético.
Rosalie riu e corou.
— O que é agora, Rosalie?
— Oh, nada... E só o jeito como você olha para ele, Isabella. Parece sentir... fome! Sim, fome.
— É exatamente o que sinto. Meu corpo desperta quando olho para ele.
— De fato?
— De fato. Ah, prima, sei que meu marido desperta algo nas mulheres é belo, tem olhos encantadores. Sua forma física beira a perfeição. Há em seu corpo um poder, uma graça que me fazem pensar num garanhão. Vi essa força desde o início. É claro, agora que sei o que acontece no leito nupcial... Edward é um bom amante, prima. Não tenho com que comparar o que vivemos, mas... Não, não posso acreditar que outro me daria mais prazer. A noite ou de manhã.
Rosalie olhou chocada para Isabella, segurando entre os dedos a erva daninha que acabara de arrancar.
— De manhã? — Isabella riu.
— Sim. Uma donzela recebe poucas informações. Esperava apenas suportar meu dever, talvez não sentir muita dor, ou, caso a sorte me sorrisse, conhecer algum, prazer por agradá-lo. Mas obtive muito mais do que isso. Mais do que posso descrever com palavras.
— É bom, então? — Rosalie perguntou tímida.
— Sim, e talvez por isso tenhamos tão poucas informações. Com Edward tudo é tão bom, que começo a pensar que devo sentir amor por ele. Como pode ser diferente? Por outro lado, lembro-me de que ele também aprecia nossa união física. Isso significa que ele me ama? — Ela balançou a cabeça. — Acho que não. A paixão de um homem nem sempre vem do coração. E talvez a da mulher também não. E isso nos remete de volta ao início, à confusão.
Rosalie assentiu.
— Para você é mais fácil. A paixão não perturba seus sentimentos nem confunde seus pensamentos. — Isabella sorriu para a prima.
— É isso. Como eu imaginava. Porém, embora a corteje, seduza e cubra de atenção, como fazem os amantes, Emmett não é seu amante. Edward era um estranho para mim. E de repente nos vimos casados. Sei que é assim que as coisas costumam acontecer, mas começo a questionar se isso não é errado. Não conheço esse homem que me abraça à noite. E há muitos deveres a que temos de nos dedicar durante o dia. Quando teremos tempo para nos conhecermos? Conversamos um pouco à noite, quando estamos abraçados no escuro. Mas a paixão que arde entre nós torna essas conversas breves e pouco elucidativas. Às vezes receio que a paixão se apague. Então, serei forçada a viver com um estranho. Conheceremos o corpo um do outro, talvez tenhamos um filho, mas não nos conheceremos de verdade.
— Oh, não, Isabella. — Rosalie tentou confortá-la tocando-a no braço. — Não. Não consigo imaginar tal ocorrência. Vai descobrir que sabe muito sobre Edward. Talvez não conheça a profundidade dos sentimentos dele, os temores, esperanças e tudo que há em seu passado, mas sabe alguma coisa, e esse conhecimento só vai crescer com a convivência, porque vocês conversam muito. Eu notei.
Isabella assentiu.
— Sim, você está certa. Falamos muito, realmente. E essas conversas trarão o conhecimento que quero ter sobre Edward. Preciso procurar conhecê-lo, pensar mais em tudo que conversamos e em tudo que vejo, e o tempo é meu aliado nessa busca. O resto virá com maior facilidade. Terei ao menos uma boa ideia do que ainda preciso saber.
A conversa foi interrompida pela chegada de um homem com o esterco que Isabella havia solicitado. Ela prometeu a si mesma que não esqueceria o que ela e Rosalie haviam discutido. A conversa havia sido importante. Pensaria também no que já tinha aprendido sobre Edward e no que ainda precisava saber.
Contudo, ela já se preparava para ir dormir quando encontrou tempo para cumprir essa promessa. Deitou-se e ainda teria alguns minutos de solidão até Edward ir se juntar a ela. Pretendia fazer bom uso desse tempo. Deitada, ela cruzou os braços sob a nuca. Examinaria primeiro o óbvio, aquilo que tinha certeza.
Edward era forte, um guerreiro habilidoso e vencedor. Esse era um ponto positivo. Significava que ela e os filhos estariam sempre protegidos.
A honra também fazia parte de seu caráter. Ele era honrado e justo. O dinheiro não havia sido o único motivo por trás de suas lutas. E ele era gentil. Vira essa gentileza na maneira como ele lidava com outras pessoas, em como a tratava. Deus dera a Edward um corpo forte e grande, mas ele nunca abusara desse evidente poder físico.
A chegada repentina do marido interrompeu sua reflexão. Mas ela não se ressentiu, porque sentia que estava progredindo, construindo uma compreensão dos próprios sentimentos. Retomaria a contemplação em outra oportunidade, porque agora queria apenas estar com Edward.
Ele se despiu e começou a se lavar.
— Parece que cumpriu sua promessa de ir mais devagar com o trabalho — ele comentou.
— Sim, eu cumpri.
— É bom ouvir isso.
— Fui muito obediente.
— E é muito ardilosa, também. — Ele sorriu.
— E você? Trabalhou muito?
Mais um dom favorável: senso de humor. Ele também gostava de provocá-la com brincadeiras e piadas debochadas. Isabella apreciava tais características.
— Trabalhei muito — ele respondeu. — Na verdade, trabalhei o bastante para planejar nosso próximo movimento. Logo poderemos viajar para as terras que você herdou com nosso casamento.
— Ouvi dizer que essa área na fronteira pode ser perigosa e problemática.
— Sim, ouvi a mesma coisa. — Ele apagou todas as velas, exceto a que ardia ao lado da cama.
— Acha que isso é verdade?
Edward deitou-se e a tomou nos braços.
— Nem sempre essas histórias são verdadeiras. Não sei ao certo o que nos espera, e não saberei até chegarmos lá. Preciso ir conhecer o lugar. Talvez você deva ficar aqui enquanto eu faço o reconhecimento.
— Prefiro ir com você.
— Vai discutir com seu marido, então?
— Bem... não exatamente.
— Não exatamente? Que nome daria a essa atitude, então?
— Conversar sobre o assunto?
— Poupe sua retórica, pequena — ele disse, rindo. — Também gostaria de ter sua companhia. Prefiro assegurar sua segurança pessoalmente, garantir seu conforto e saber sempre que está bem.
— Meu pai nunca mencionou todos esses problemas em Royal Deeside. Talvez eles não existam.
—Hum... Talvez.
Isabella sabia que a atenção do marido não estava mais na conversa. A maneira como ele acariciava suas costas era prova disso. Ela sorriu e o abraçou. Os corpos nus se encontraram.
— Cansou de conversar, Edward? — ela murmurou enquanto o beijava na orelha.
— Sim. É bom saber que você percebeu.
— Uma boa esposa deve saber a hora de se calar.
— Falaremos mais tarde. Agora, meu interesse está voltado para outras questões.
— Eu já notei. Pode me dizer que questões são essas?
Edward se deitou sobre ela.
— Prefiro mostrar, minha pequena.
A gargalhada debochada foi sufocada por um beijo. Como sempre, Isabella se deixou dominar pela paixão.
Edward a beijou com uma fome, como se estivesse a dias sem comer, precisava dela, precisava de sua pele macia, do seu cheiro, sua boca.
Edward passou a beijar seu pescoço, enquanto sua mão entrava em baixo da camisola de Isabella, ele queria senti-la.
Quando ele tocou sua intimidade soltou uma imperação. – Você esta tão quente, tão molhada, tão deliciosa. Quero senti-la..
Edward continuou suas caricias deixando Isabella, pegando fogo.
Isabella não sabia o que eram essas sensações, mas não queria parar, queria senti-lo dentro dela. Queria abrigá-lo.
Edward terminou de despi-la e introduziu seu pênis em sua intimidade. – Ahhh Isabella – Envolva suas pernas na minha cintura – Isso!! Que delicia.
Isabella esta perdida, em seu próprio paraíso. Sentia-se embriagada e enquanto Edward se movia, passava a chamá-lo com mais urgência, e seus gemidos passaram a se tornar mais audíveis e quando chegou ao ápice, mergulhou em queda livre.
***
- Só mais tarde, saciada e feliz nos braços do marido, ela se perguntou por que ainda tentava entender o que sentia. Qualquer que fosse o significado de seus sentimentos sabia que eram positivos e que não precisava se preocupar com eles.
Ela olhou para o homem deitado a seu lado. Gostaria de saber o que estava na sua mente e no coração. Edward não dava pistas ou indicações. Sabia que nunca teria total certeza de seu julgamento se o baseasse apenas nas ações.
Ainda levava gravada na mente a imagem do rosto de Edward no momento em que ele fora informado de que se casariam. Essa era, em grande parte, a razão da apreensão que a atormentava, das dúvidas que em alguns momentos dominavam-lhe a mente. Teria sido melhor se não tivesse visto aquela expressão. Algo no casamento com ela aborrecera Edward, apesar da paixão que ele demonstrava, apesar de como a tratava. De algum jeito, teria de resolver o problema. Só esperava que a descoberta não fosse dolorosa demais e que o problema não fosse de muito difícil solução.
***
— Royal Deeside fica depois da próxima colina.
Isabella suspirou aliviada ao ouvir o anúncio de Edward. Estava mais do que pronta para concluir a jornada. Se fecharem a carruagem o calor era insuportável, e para mantê-la aberta tinham de enfrentar a poeira. Eles optaram pela poeira, e agora ela tinha a sensação de estar carregando nas roupas toda a terra da estrada. Olhando na direção indicada, ela mal conseguia ver a colina mencionada por Edward. Olhou para o marido, que cavalgava do lado de fora do veículo.
— A colina está muito longe? — perguntou.
— Um dia de cavalgada. Acamparemos logo ali na frente. Há uma pequena clareira e água para os cavalos.
Ela o viu se afastar da carruagem e lamentou não ter nada para arremessar contra suas costas largas. O anúncio havia sugerido que o fim da viagem não estava próximo. Mais um dia? Esperava ter água suficiente para um banho, pelo menos.
Quando eles pararam, a noite já caía sobre a paisagem. Isabella falou o mínimo possível até a tenda estar montada e pronta.
Então, com a ajuda de Thomas, ela conseguiu tomar um banho. Livre da poeira e do suor, sentia-se muito melhor. Não foi surpresa para ela quando, assim que se retirou da tina, Rosalie correu a tomar seu lugar. Vestida, com os cabelos presos por uma fita, ela saiu para ir procurar pelo marido. Ele estava sentado perto de uma fogueira em companhia de Emmett, Merlion, Torr e Revê.
Edward a observou intrigado quando ela se sentou a seu lado. Notara como o humor da esposa havia desaparecido a cada quilômetro de terra percorrido. Qualquer pessoa teria se ressentido, sabia disso. Mas o silêncio de Isabella podia ser consequência de outros aborrecimentos. Talvez ela já tivesse se cansado de sua presença. A novidade do casamento já se esgotara. Talvez não encontrasse mais nada que cativasse seu interesse, agora que havia saciado a curiosidade inicial. Tentando se livrar da apreensão que considerava uma perigosa fraqueza, ele disse a si mesmo que tinha mais com que se ocupar. Não podia perder tempo com o humor instável de uma mulher.
— Nunca pensei que houvesse tanta poeira na Escócia — Isabella comentou. — E acho que cada grão dela acabou grudado em mim.
— A região é seca — respondeu Edward. — Até os homens menos inclinados aos hábitos de limpeza sentiram necessidade de tomar um banho.
— É verdade — confirmou Emmett. — Todos passaram pelo rio.
— Sim, somos muito fortes! Não precisamos aquecer a água do nosso banho — Edward acrescentou rindo.
— Bem, alguns diriam que é loucura pular na água fria quando há um jeito de aquecê-la antes, mas eu nunca diria tal coisa de meu marido — ela respondeu, tomando um gole do vinho que era partilhado por todos. E riu.
— Não é claro que não. — Edward também riu e tocou os cabelos úmidos da esposa. — Não seria apropriado.
— Não. Nem mesmo depois de ter ouvido os gritos dos homens fortes e corajosos no riacho gelado.
— Amanhã, à essa mesma hora, estaremos em Royal Deeside — Edward prometeu.
— Os que nos antecedem conseguiram ver o lugar?
— Só um deles conseguiu. E disse que a construção é sólida e parece ser boa. Construída para servir de defesa e abrigo.
— É bom saber disso, mas não era esse tipo de conhecimento que eu buscava.
— Eu sei que não, mas foi só o que ele disse. Não deve ter se aproximado para ver mais do que isso.
— Oh? Ele não informou ninguém sobre nossa chegada?
— Não. Mandei outro homem para cuidar disso. Ele vai ficar lá para cuidar dos preparativos.
— Lamento não ter questionado meu pai sobre esse lugar.
— Não pode ser pior do que Masen Cullen.
— Por favor, espero que não!
A conversa seguia animada, mas Edward se perdeu em pensamentos. Desde a primeira noite de viagem, fizera pouco mais do que dormir ao lado de Isabella. Cansada, ela já havia adormecido quando conseguia ir se juntar a ela na cama. O banho a refrescara. A notícia de que a viagem chegava ao fim também servia para reanimá-la. Precisava levá-la para a tenda antes que a perdesse novamente para a exaustão.
Ele já se levantava e segurava o braço de Isabella, disposto a tirá-la dali, quando um grito de alarme soou entre as árvores mais próximas da clareira. Edward conduzia a esposa para um abrigo seguro, quando um dos vigias deixados por ele na floresta surgiu no acampamento. O homem cambaleava. Ensanguentado e fraco, o homem mal conseguiu emitir novo alerta antes de o ataque começar.
Isabella estava aturdida. Entendia o que acontecia, mas hesitava em buscar a proteção da tenda. Queria ajudar, atuar na luta contra os atacantes, mas não conseguia pensar em nada que pudesse fazer. Edward olhou para ela. Enquanto gritava ordens para seus comandados, ele também conseguiu comandá-la. Apontando o dedo para a tenda, deixou clara a ordem silenciosa. Isabella obedeceu e correu para o abrigo.
Assim que ela passou pela abertura, a tenda foi cercada por pajens e homens armados. Dessa vez Edward não correria riscos. Não deixaria espaço para um dos atacantes se aproximar sem ser visto. Homens armados guardavam a entrada.
— O que está acontecendo? — Edna gritou agarrando-se a Isabella.
Aproximando-se da prima, Rosalie sussurrou:
— É outro ataque?
Isabella se sentia confortável na presença das duas, apesar do medo.
— Sim. Outro.
— Houve um alerta, ou os homens foram surpreendidos? — Rosalie perguntou.
— Não foi uma surpresa. Não completamente. Vi homens surgindo do bosque e vi também os homens de Edward correndo para enfrentá-los.
— Ladrões? Viemos acampar em um covil de ladrões?
— Creio que não, Edna. São muitos e estão bem armados.
— Alec e o tio novamente? — Rosalie ainda estava ao lado da prima.
— Talvez. Não ouso afirmar. Afinal, estamos em uma área de conflitos.
Elas permaneceram em silêncio, atentas aos sons da batalha do lado de fora da tenda. Isabella temia por Edward. Era estranho que nada tivesse sentido na primeira luta, quando ele defendera sua vida. Seria algum tipo de premonição? Ela baniu da mente o pensamento assustador. Se não se preocupara na primeira vez, era porque não tinha pleno conhecimento do custo de uma batalha, porque ainda não tinha sentimentos profundos pelo marido. Queria se convencer disso e orava por ele e pelo fim da batalha.
Edward lutava e praguejava com o mesmo ardor. Sabia que se fracassasse, Isabella sofreria as consequências nas mãos dos atacantes.
Foi quando os invasores começaram a se retirar e a batalha perdeu força, que Edward se viu em maior perigo. Ao retirar a espada do corpo de um homem caído, ele girou sobre os calcanhares e se viu diante de dois grandes oponentes. Eles não pareciam afetados pela luta. De sua parte, sentia-se cansado e desgastado, bem próximo da exaustão.
— Olhem em volta, cães. Sua matilha já começa a enfiar o rabo entre as pernas. Melhor se juntarem aos outros. — Ele empunhou também a adaga, aumentando seu poder letal.
— Nesse caso, vamos ter de mandar você para o inferno mais cedo do que planejávamos — gritou um dos atacantes, investindo contra Edward.
Ele se esquivou facilmente do golpe, mas evitar o segundo oponente não foi tão fácil, especialmente porque ele atacava ao mesmo tempo. Pouco habilidosos, eles uniam forças para tentar superá-lo. Emmett, que normalmente protegia sua retaguarda, estava afastado da cena. Teria de contar com a sorte para escapar ileso. Não podia se descuidar das próprias costas. Precisava manter os dois em seu campo de visão. Concentração era a palavra-chave. O sorriso que via nos lábios dos inimigos confirmava suas suspeitas; eles tinham consciência de suas inúmeras desvantagens. Por um tempo, ele os manteve afastados sem muitos problemas. Enquanto testavam sua força lendária e sua reputação de lutador invencível, eles também estudavam sua maneira de lutar. Logo decidiria qual era a melhor forma de ataque. Precisava atingi-los antes que a dupla chegasse a esse perigoso consenso. Era sua única chance de superá-los. Ele investiu contra um dos inimigos e se virou depressa, encontrando o outro despreparado e aberto para o golpe. Sua espada perfurou o corpo do adversário. A vítima caiu; ele removeu a lâmina do corpo inerte e se preparou para prosseguir na aguerrida luta. O adversário agiu depressa. Edward também foi veloz, o suficiente para impedir que o ataque fosse fatal, mas não o bastante para evitar o profundo corte em seu braço. Cambaleando, ele tentou se preparar para um novo ataque, mas a força se esvaía do braço ferido, justamente aquele que empunhava a espada. Lutou contra o sentimento de inevitabilidade. Sabia que aceitar a derrota era a maneira mais certa de promovê-la.
Um sorriso frio bailava no rosto do inimigo. Edward sabia que sua fraqueza havia sido notada. Rangendo os dentes contra a dor, ele ergueu o braço para se defender de um novo golpe. O impacto foi pura agonia. Era difícil lutar contra a escuridão da inconsciência. Numa tentativa que sabia ser inútil e quase patético, ele levantou a espada para tentar conter mais um golpe.
A espada inimiga não chegou a entrar em contato com ele, porque foi interceptada por uma terceira lâmina. Ao reconhecer Emmett e ver a fúria assassina em seus olhos, Edward cedeu à fraqueza. Praguejando em voz fraca, caiu de joelhos e viu o amigo pôr fim à vida daquele que ousara ameaçá-lo. A batalha chegava ao fim. Os atacantes se retiravam, correndo como coelhos assustados na tentativa de salvar a própria vida.
Emmett se abaixou ao lado de Edward e forçou um sorriso, mas os olhos revelavam preocupação.
— Está tão ruim assim?
— Não. O sangramento é intenso o bastante para me deixar sem forças. Vencemos?
— É o que parece. Mas ainda não sei dizer quanto essa vitória nos custou.
— Espero que não tenha sido um preço alto demais.
— Não. Pode parecer terrível à primeira vista, mas não foi nada sério.
Emmett ajudou-o a se levantar. Juntos, viram Isabella, Rosalie e Edna saírem cautelosas da tenda.
Atraída pelo silêncio que seguia o estrondo da batalha, Isabella olhava em volta. Mais uma vez, um aviso soara a tempo de salvá-los do pior, mas era fácil perceber que esse ataque custara mais ao grupo do que os anteriores. Ela não perdeu tempo pensando nisso. Sua maior preocupação era encontrar o marido. Quando finalmente o viu, sufocou um grito. Edward estava coberto de sangue e se mantinha em pé com a ajuda de Emmett. Ela correu para o marido seguido por Rosalie e Edna. Desesperada, agarrou-se à túnica ensanguentada.
— Está ferido! — Sabia que afirmava o óbvio, mas estava apavorada.
— E só um arranhão.
— Um arranhão? Está coberto de sangue!
— Não é só meu. E nós vencemos a batalha. Acabou. Acalme-se.
— Acalmar-me? Está aí sangrando como um porco e quer que eu tenha calma? Emmett, Merlion, levem-no para a tenda. Água. Preciso de água. E bandagens — ela concluiu, correndo na frente para preparar a tenda.
Rosalie segurou o braço de Edna, impedindo-a de seguir Isabella, e olhou para os três homens.
— Se seu ferimento não é mesmo grave, milorde, talvez Edna e eu possamos ajudar os outros feridos.
— Sim, podem ir — Edward respondeu. — Merlion, Emmett pode me levar até a tenda. Leve as mulheres até onde estão os feridos.
Enquanto os outros se afastavam, Edward murmurou para Emmett:
— O que acontece com Isabella? Ela manteve a calma na última batalha, quando quase foi raptada.
— Daquela vez o marido dela não foi ferido.
— Talvez tenham sido muitas batalhas em pouco tempo. Ela pode temer viver cercada delas.
Emmett suspirou irritado.
— É claro. Ela não pode ter ficado nervosa só porque o encontrou ensopado em sangue.
— O ferimento não é tão grave.
Isabella se sentia mais calma, mas a tranquilidade só perdurou até Emmett e Edward entrarem na tenda. Ver novamente o marido pálido e ensanguentado reacendeu seu pavor. Trêmula, ela estendeu um lençol sobre a cama antes de Edward se deitar nela. Emmett a ajudou a despi-lo, deixando-o apenas com a calça. Ela limpava o ferimento quando Merlion entrou. Era difícil conter o impulso de mandar todos saírem dali. Respirando fundo, se concentrou no ferimento e tentou não desmaiar diante da visão assustadora do corte profundo. Enquanto trabalhava, ouvia a conversa entre os três homens.
— As mulheres foram cuidar dos feridos? — Edward perguntou a Merlion, tentando ignorar a dor.
— Sim. Talvez até salvem aquele que julguei condenado à morte. O homem que deu o alarme e salvou todos nós. Espero que ele não pague com a vida pelo ato de coragem.
— Algum prisioneiro?
— Não. E não se aborreça com isso. O morto revelou tudo que precisávamos saber.
— Mas como?
— Lutei contra um deles no último ataque.
— Tem certeza disso?
— Ninguém esquece um rosto feio como aquele.
— Então — Emmett murmurou —, Alec e o tio não deram ouvidos ao nosso aviso.
— Parece que não. Aquele primeiro ataque não foi só uma reação à raiva — Edward respondeu.
— Não. — Emmett suspirou, sabendo que a batalha contra os parentes incomodaria Edward. — Isso é guerra. Alec e o tio pretendem ir até o fim nisso.
A notícia só aumentava a inquietação de Isabella. Sabia que estava perdendo a batalha contra o medo e todas as outras emoções que a afligiam. Ela cobriu o ferimento com uma bandagem e continuou ouvindo a conversa, tomando conhecimento dos planos dos homens para deter Alec e o tio. O que ouvia só aumentava sua aflição. Foi um alívio ver Emmett e Merlion partirem.
Ao terminar, foi lavar as mãos e ficou olhando para elas posicionadas sobre a bacia com água. Ver o sangue do marido acabou com o pouco controle que ainda lhe restava. Ela mergulhou as mãos na bacia e as esfregou com desespero enquanto chorava. Sabia que não poderia se conter, mas se esforçou para manter o pranto silencioso. Não queria que Edward a julgasse fraca e inútil, incapaz até de cuidar de seus ferimentos.
— Isabella — Edward chamou preocupado, estranhando o vigor com que ela esfregava as mãos.
A resposta foi o silêncio. Intrigado, ele a viu secar as mãos e guardar tudo que havia usado para fazer o curativo. Seus movimentos não tinham a graça habitual. Era evidente que ela estava chorando, ou não faria tantos ruídos abafados. O comportamento da esposa o confundia. Ela parecia muito abalada por conta de seu ferimento.
— Isabella.
Ela se virou e ficou apavorada. Edward estava quase em pé. Esquecendo a intenção de esconder o pranto, ela correu a ampará-lo.
— O que está fazendo?
Edward tocou-a no rosto e ignorou a dor na ferida.
— Esteve chorando. Não... Está chorando.
— Não estou. Deite-se. Esqueceu que está ferido?
Ele se deixou acomodar novamente na cama, mas manteve o olhar fixo no rosto marcado pelas lágrimas.
— Parece estar mais preocupada que eu com esse arranhão.
— Arranhão? Chama isso de arranhão? Um arranhão não precisa ser costurado. Também não ensopam uma túnica de sangue. E não acabam com a força de um homem a ponto de ele precisar de ajuda para chegar a sua cama.
— Só fiquei um pouco fraco. — Ele conteve um sorriso.
— E nesse momento podia ter a cabeça arrancada do pescoço. — A ideia a fez tremer de pavor.
— Isabella, apague as velas. Todas, exceto a mais próxima da cama.
— O quê?
— Apague as velas. Isso mesmo — ele a incentivou ao ver que sua ordem era acatada. — Agora, dispa-se e venha se deitar a meu lado.
Ela obedeceu ao comando sem esconder sua irritação, movendo-se com enorme cuidado ao se aproximar dele. Quando o braço saudável a envolveu, ela quase se atirou contra Edward. Agarrando-o com desespero, buscou conforto em seu calor, na força de seu corpo, nos batimentos fortes de seu coração. E prometeu a si mesma que aprenderia a se controlar no futuro.
— Já viu minhas cicatrizes e sabe que posso levar um ou outro golpe de vez em quando — ele murmurou.
— Sim. Eu sei. — Mas nunca havia pensado no sangue, dor ou no perigo que produzira cada uma daquelas cicatrizes.
— Sei que perdi muito sangue e fiquei um pouco fraco, mas o ferimento não é grave.
— Também sei disso. — E sabia que os pontos eram necessários apenas para reduzir a extensão da marca.
Ele a beijou na testa.
— Então, pode aplacar seus temores.
— Não. Minhas lágrimas e essa atitude tola de mulher fraca... sim. Mas não os meus medos. Alec e aquele verme que ele chama de tio querem pôr fim à sua vida. Como disse Emmett, isso é guerra. Eles vão tentar outra vez.
— Estou preparado. Sofremos um ataque, mas agora entendo que foi mais que isso. Foi uma tentativa de assassinato.
— Seu assassinato.
— Sim. Eles afastaram Emmett de seu posto às minhas costas, deixando-me diante de dois inimigos e sem nenhuma ajuda. Isso não pode voltar a acontecer. Na próxima vez, estaremos preparados para esse tipo de plano. Sobrevivi a batalhas com homens mais fortes e mais habilidosos.
— Eu sei. Perdoe minha fraqueza. Não voltarei a desapontá-lo. — Sentia-se embaraçada.
— Você não me desapontou. Mesmo abalada, cuidou do meu ferimento e se manteve firme no momento de necessidade. Preciso me empenhar para protegê-la desse tipo de violência no futuro.
— Não foi à violência. Não foi a batalha.
— Bem, lembro-me de que se manteve mais firme naquele primeiro ataque.
Edward sentiu uma ponta de esperança aquecendo seu peito. Se não havia sido a batalha, devia ter sido o ferimento. E se ela se abalara tanto com isso, devia sentir alguma coisa mais séria e profunda por ele.
— Sim, é verdade. É muito estranho. Não senti medo nem me preocupei com a possibilidade de você ser ferido naquela ocasião. Dessa vez não tive tanta confiança. No momento em que o ataque ocorreu, temi por sua vida. Busquei razões para essa mudança. Não quero essa capacidade de... bem, de prever o que vai acontecer. Agarrei-me a razões tolas, sem fundamento. E acho que ver concretizado um temor que eu preferia poder ignorar só alimentou minha tolice.
— Esses sentimentos não são tão raros quanto pode imaginar. Homens que se veem na iminência de uma batalha frequentemente sentem o próprio destino ou o daqueles mais próximos.
— Espero não ser amaldiçoada com esse dom. Já é terrível você ter de lutar.
— Um homem...
— Eu sei. Sei que o mundo é assim. Sei que é necessário. Na verdade, aprendi a lidar com isso há muito tempo, porque meu pai e meus irmãos sempre partiam para o campo de batalha. Mas sentir qual será seu destino todas às vezes? Não, espero não ter de sofrer essa sina.
— Talvez tenha sentido que o ataque era perpetrado por Alec, de seu desejo de me matar — ele murmurou.
— Não acredito que Alec deseja mesmo matar você. O tio dele...
— Os dois são um só.
— Sim. Talvez tenha razão. Quando o ataque ocorreu, tive de reconhecer esse pressentimento que havia tentado ignorar. Oh, Edward, não quero ficar viúva!
— Nem eu pretendo fazer de você uma viúva.
Ela riu. Era o momento perfeito para expressar o que transbordava de seu coração, mas hesitou. Era um conhecimento ainda muito novo, assustador. A certeza viera ao ver o marido fraco e ensanguentado. Queria saborear por um momento como era estar profundamente apaixonada por Edward. E também queria manter esse sentimento puro, imaculado, livre de uma possível ausência de resposta ou de uma reação insatisfatória do marido.
Ela suspirou ao sentir a mão deslizando por suas costas.
— Seu ferimento...
— Não estou aleijado. — Pelo contrário. Sentia-se vivo e saudável, um homem pleno de vida e vigor.
Isabella correspondia ao sentimento, a julgar por seus gemidos abafados.
— Devia descansar.
— A batalha aqueceu meu sangue, doce Isabella, e você o efervesceu.
— Tem certeza de que ainda sobrou sangue suficiente para ser fervilhado?
Ele a apertou contra o corpo, pressionando-a contra a evidência de seu desejo.
— Mais do que suficiente. E você? Está cansada demais para pôr à prova minha afirmação?
Ela sorriu.
— Acho que pode me convencer se procurar se empenhar.
Edward beijou-a. Ele prolongou o beijo e tornou-o mais profundo e sensual, despertando seus sentidos. Era delicioso perceber Isabella responder com ferocidade crescente. Senti-la friccionando o corpo contra o dele destruiu o pouco controle que ainda tinha sobre os próprios impulsos. Sabia que ela estava preparada para recebê-lo.
— Se entregue a seu marido, minha doce Isabella.
Corando, ela o montou e se entregou ao desejo.
— Não sei se entendo o que espera de mim.
— Quero que me conduza nessa dança. Mova-se sobre mim, querida.
Ela atendeu ao pedido. A paixão ganhava força e tornava-se selvagem. Isabella era cuidadosa, pois temia machucá-lo ainda mais. O gemido rouco de Edward indicou que a sensação predominante era de prazer, não de dor. A união entre os corpos era ainda mais perfeita que antes.
Ela se movia. As sensações roubavam-lhe o fôlego e davam mais velocidade aos movimentos. As mãos do marido em seu quadril a impeliam a prosseguir.
Edward mantinha os olhos abertos, pois queria acompanhar a dança de expressões no rosto de Isabella. Vê-la alimentava seu prazer. Sentia uma alegria que nenhuma palavra poderia descrever. Ele ergueu as mãos para segurar os seios tentadores, e o contato a fez acelerar ainda mais o ritmo. Sabia que logo chegariam ao clímax.
Ele a puxou para um beijo feroz. O jeito como ela reproduzia com a língua os movimentos do corpo o levava à loucura. O grito de prazer explodiu em sua boca e ela o seguiu na explosão sensual e incontrolável.
Vários minutos transcorreram antes de Edward reunir a força necessária para se mover ou fizer qualquer coisa além de respirar e segurá-la contra o peito. Isabella adormeceu a seu lado, aninhada em seu peito. A satisfação podia ser ouvida na respiração profunda, podia ser sentido no corpo quente e relaxado. Como sempre, observá-la o surpreendia e fascinava. Não podia deixar de pensar em como uma beleza tão delicada encontrava prazer com um homem como ele. Envergonhava-se com a admissão, mas sabia que havia uma razão para a necessidade de observá-la enquanto faziam amor. Precisava ter certeza de que tudo não passava de uma encenação, de que o prazer que ela parecia sentir em seus braços era genuíno.
— Como vai o ferimento?— Isabella perguntou sonolenta e sem abrir os olhos.
— Não sinto dor — ele mentiu. O desconforto era um preço pequeno a pagar pelo que acabara de viver.
Ela riu e balançou a cabeça. Sabia que o marido não dizia a verdade, mas escolheu não desmenti-lo. Se havia existido alguma dor, não devia ter sido muito intensa, pois não havia fraqueza no abraço forte nem agonia na voz. Ceder ao desejo certamente não causara grande dano ao marido.
Meu Deus muito apaixonada por essa fic!! Termino um capítulo já louca para ler o próximo!!!
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