quarta-feira, julho 15, 2015

FANFIC O RECOMEÇO - CAPÍTULO 05


Capítulo 5 – Fugindo do Capitão Arrogante


Edward provou o doce sabor de seus lábios e da embriaguez de sua presença sem que chegasse a sua mente algum pensamento lógico. Rodeou-a com seus braços, estreitando-a fortemente, desfrutando da inesperada calidez de sua resposta. Seu corpo gritava que continuasse. A pequena dama era muito tentadora. Seus lábios eram muito quentes, seu corpo maravilhoso, afastar-se dela estava convertendo-se em uma tarefa muito difícil. Demônios! Finalmente fez um esforço e conseguiu separar-se.

 – Se me beijar assim vai ser muito difícil partir – murmurou com voz rouca.

Bella ruborizou. O beijo também tinha sido uma surpresa para ela, pois não tinha sido tão desagradável depois de tudo.

– E agora receio que minha partida deverá atrasar-se um pouco - acrescentou -, pois estas calças são muito justas.

Os inocentes olhos de Bella posaram em suas calças. Imediatamente lamentou tê-lo feito. Voltou-se, ruborizada, e emitiu um gemido, mortificada.

Edward se pôs a rir. Suspirou ao vestir-se e balbuciou com melancolia:

– Se dispusesse de tempo, senhorita... se me permite, fica ainda mais linda quando fica corada...

A jovem começou a empilhar pratos sujos sobre a mesa, furiosa, odiando o homem que estava atrás dela. Decidiu que era mais que detestável.

Edward estava dando o último toque ao colarinho quando Bella se virou para ele. Não podia negar que estava muito arrumado, apesar de todo o ódio que sentia por ele. Suas roupas imaculadas e muito bem escolhidas estavam à altura dos ditames da moda, e sentavam à perfeição, ajustando-se esplendidamente a sua estatura e a físico corpulento. As calças eram tão bem confeccionadas que se aderiam a pele, dissimulando muito pouco a virilidade proeminente.

É tão atraente que seguramente as mulheres brigam por ele, pensou com amargura.
            
           Edward se aproximou tranquilamente dela e beijou-a.

– Voltarei logo, querida - disse com um sorriso. Bella desejava gritar, mas mordeu a língua. Viu-o partir seguro de si, e logo que ouviu o som da porta ao fechar-se, agarrou os pratos que tinha empilhado momentos antes sobre a mesa e os jogou no chão com fúria.

Bella sabia que se Edward retornasse antes que ela tivesse fugido, suas oportunidades de faze-lo diminuiriam enormemente. Tentou pensar na melhor maneira de subornar George e se perguntou se poderia consegui-lo com dinheiro. Mas o que podia usar em vez desse bem tão escasso para ela? O vestido bege era a única coisa de valor que possuía, e refletiu se seria o suficiente para convencer o criado. Então pensou no homem que tinha usado seu corpo e a ideia se desvaneceu. O criado seria muito leal a esse descarado presunçoso ou teria muito medo dele para arriscar a vida por um suborno. Não, aquilo não funcionaria. Tinha que pensar em algo melhor.

Começou a procurar algo que servisse para persuadir o homem para que entregasse as chaves do camarote. Abriu todas as gavetas da escrivaninha, procurando com desespero entre os papéis e os livros. A única coisa que encontrou foi uma bolsa com moedas. Esgotada, sentou-se na cadeira atrás da mesa, e observou com o olhar cada canto, cada esconderijo do camarote.

Tem que haver uma arma, decidiu mordendo os lábios contrariada, pois o tempo não estava a seu favor. Olhou o armário, levantou-se da cadeira de um salto e atravessou o espaço para abrir as portas. Procurou com desespero entre a roupa pendurada, mas uma vez mais, não encontrou nada. Extraiu o conteúdo do armário chorando desconsolada, até que descobriu no chão do diminuto compartimento uma caixa envolta em um pano.

Serão suas joias, pensou irritada enquanto a agarrava.

Abriu a caixa. Não estava interessada nas joias, se isso era o que continha, mas o recipiente em si atraiu sua atenção, Bella ficou boquiaberta e agradeceu a Deus sua sorte, ali, sobre um leito de veludo vermelho, descansavam duas pistolas de desenho francês belamente trabalhadas. Sabia muito pouco de armas de fogo, mas seu pai tinha tido uma coleção destas.    Examinou as pistolas sem conseguir entender seu funcionamento. Seu pai não lhe tinha ensinado. Sabia que devia puxar para trás o ferrolho para monta-la, mas carrega-la era para ela um completo mistério. Amaldiçoou sua ignorância em silêncio e fechou a tampa, tentando pensar em outra forma de enfrentar George. Voltou a abrir a caixa, tirou uma das pesadas pistolas e a examinou. George não saberia de que ela não tinha nem ideia de como usá-la, ela podia tentar engana-lo e assusta-lo o suficiente para que lhe desse a chave da porta.

Reuniu a coragem necessária e se dirigiu à mesa com um sorriso no rosto. Sentou-se na cadeira, tirou papel e lápis e começou a rabiscar uma nota dirigida ao capitão. Precisaria de dinheiro, mas não permitiria que a acusassem de vender seu corpo para consegui-lo. Tomaria uma libra da bolsa de dinheiro que tinha encontrado um momento antes e deixaria seu vestido bege em troca. Era um trato mais que aceitável.

Dobrou a nota e a depositou sobre o vestido. Depois escondeu cuidadosamente uma das pistolas sob mapas e papéis.

Quando George voltasse com o chá, que tinha pedido enquanto recolhia os pratos quebrados do chão, poderia usa-la com facilidade. O criado se mostrou ansioso por agrada-la, apesar da grande desordem que tinha provocado no camarote, e tinha dito que demoraria alguns minutos para trazer o chá pois devia pedir a um homem para fazê-lo.

Aquilo tinha funcionado perfeitamente, pois durante sua ausência pôde vasculhar o camarote. Pôs tudo em ordem para que o criado não suspeitasse que o tinha descoberto. Depois, sentou-se e começou a ler um livro que tinha encontrado sobre a escrivaninha. Era o mínimo que podia fazer; tinha prometido isso. Demonstraria ao capitão Birmingham que não era a classe de pessoa a que se podia reter contra sua vontade. Pôs-se a rir ao imaginar a ira que recairia sobre George, por quem ela não sentia mais que ódio. Depois de tudo, era o responsável por que tivesse caído em desgraça. A recompensa parecia mais que justa, pensou.

Hamlet não resultou ser muito tranquilizador para seus já crispados nervos. Inquieta pelo atraso de George, afastou o livro e ficou a caminhar para cima e para baixo pelo camarote. Depois de uns minutos, obrigou-se a retomar a leitura até que finalmente, George fez girar a chave na fechadura e bateu na porta. Bella deixou cair o livro e ficou de pé muito nervosa, logo retornou a seu assento e pediu que entrasse. O criado entrou com o chá e se virou para fechar a porta.

–Trouxe o chá, senhorita – anunciou. - É bom e está quente. - Sorriu e se dirigiu para ela.

Aquela era sua oportunidade. Bella ergueu a pistola.

– Não se mova George ou terei que lhe disparar - ameaçou-o. A voz lhe soou muito estranha.

George levantou a vista da bandeja e se encontrou com a imponente arma apontando para si. Não acreditava que uma pistola em mãos de uma mulher fosse algo para tomar-se como brincadeira. Eram incapazes de entender o verdadeiro perigo que era uma arma. George empalideceu.

– Deixa as chaves sobre a mesa, por favor, George, e com cuidado - ordenou a jovem. Observou-o enquanto este obedecia, apoiando suas trêmulas pernas contra a mesa para não cair. - Agora, com muito cuidado, vai para o assento da janela - acrescentou sem tirar-lhe os olhos de cima.

George cruzou o camarote lentamente. Sabia ser precavido se as circunstâncias o exigissem. Quando chegou a frente da janela, Bella exalou um longo suspiro.

– Sente-se, por favor - indicou sentindo que recuperava um pouco a confiança. Aproximou-se da mesa, agarrou as chaves e, sem tirar os olhos de cima do criado, retrocedeu até a porta. Procurou a fechadura sem voltar-se, introduziu a chave e girou-a. Imediatamente após isso, a sensação de estar na prisão desapareceu. - Por favor, entre no armário, George – ordenou. - E não tente nada porque estou muito nervosa e a pistola pode disparar.

George desistiu da ideia de saltar sobre ela. Era verdade, estava muito nervosa; custava-lhe manter a pistola firme e mordia constantemente os lábios. Estava seguro de que se tentasse detê-la dispararia. Perguntou-se o que seria pior: a ira de seu capitão ou um disparo da pistola. Sabia que a fúria do homem podia chegar a limites insuspeitados se o provocavam. Estava com ele há muito tempo. Tinha-lhe muito carinho e o admirava, mas às vezes também o temia. Duvidava que seu capitão fosse mata-lo, e a pistola podia envia-lo facilmente à tumba se tentasse arrebata-la da assustada jovem. Finalmente, caminhou para o armário, entrou no reduzido espaço e fechou a porta atrás de si.

Bella se aproximou da porta do armário para assegurar-se de que estava bem fechado. Este não dispunha de fecho no interior, assim teria o tempo suficiente para escapar antes que George pudesse dar a voz de alarme. Foi até a escrivaninha e abriu a gaveta onde tinha encontrado a bolsa com o dinheiro. Agarrou uma libra e depositou a pistola descarregada sobre a mesa.

Não demorou muito em chegar à porta. Abriu-a sem pressa. Não havia ninguém na escada que conduzia à cabine, assim se dirigiu até a porta que havia ao fundo. Não tinha pensado na maneira de sair para a coberta e, ao entreabri-la, compreendeu que sua fuga era impossível. Havia muita gente a bordo e sabia que não passaria inadvertida. Vários homens muito bem vestidos iam de um lado para outro, atarefados. Bella supôs que eram comerciantes que inspecionavam a carga.

O que aconteceria se tentasse abandonar o navio? Perguntou-se. Só o capitão e um par de homens sabiam que ela estava a bordo. Aqueles homens não a conheciam. Por que não ser valente para variar? Simplesmente saia e misture-se com eles, disse para si.

Ao pensar nisso abrigou uma nova esperança. Abriu a porta, desta vez sem duvidar por um instante. Seu coração pulsava tão forte que ameaçava estalar no peito. Avançou entre a multidão com o ar próprio de uma rainha, forçando o sorriso. Com a cabeça bem erguida, respondia aos homens que a contemplavam boquiabertos. Estes lhe devolviam o sorriso e avisavam a outros para que se virassem para olha-la. De repente, o silêncio reinou na coberta do navio. Todos os homens a observavam maravilhados sem que nenhum fizesse nada para detém-la. Quando o vento levantou ligeiramente suas saias, todos admiraram seus bonitos tornozelos e seus pés delicados e pequenos. Um homem de meia idade, alto, de tez morena, cabelo branco e cavanhaque lhe ofereceu a mão. Ela a aceitou com um doce sorriso. Ao afastar-se dele para descer pela passarela, sentiu que a devorava com o olhar. Antes de chegar ao extremo da rampa, voltou-se para lhe dedicar um último sorriso. Este o devolveu cortesmente com uma reverência, chapéu no peito.

Bella sabia que estava paquerando com ele, mas sabia que o capitão saberia os detalhes e queria enfurece-lo. Tinha sido mais esperta que ele! Ao descer da rampa, eram muitos os cavalheiros que a esperavam para assisti-la. Pululavam em torno dela com a intenção de lhe estender a mão.

Bella escolheu ao mais atraente e posou sua mão sobre a dele e lhe pediu amavelmente que fosse em busca de uma carruagem; ante seu assombro, o homem obedeceu imediatamente deixando tudo no chão. Ao cabo de poucos minutos, retornou oferecendo-se para escolta-la. Ela recusou o oferecimento muito educadamente e, com relutância, o homem lhe estendeu a mão para ajudá-la a subir na carruagem que a aguardava. A moça agradeceu sua amabilidade cortesmente. Perguntou-lhe onde vivia, mas ela guardou silêncio, diante do que o homem exalou um suspiro, soltou-lhe a mão e fechou a porta. Uma vez, no caminho, Bella lhe sorriu de novo, mas ao ver que ele tinha interpretado o sorriso como um convite para que a acompanhasse, e já estava a ponto de pôr-se a correr atrás dela, sacudiu sua cabeça em sinal de negativa.

Quando a carruagem dobrou a esquina, Bella se ajeitou no assento e sorriu. Sentiu vontades de voltar a rir, em parte de histeria, mas também de alívio. Relaxou, fechou os olhos e não voltou a abri-los até chegar às garagens, nos subúrbios de Londres. Ali se apressou a reservar um assento no carro que a levaria de volta à casa de tia Victória, onde pensou que jamais retornaria e onde esqueceria aquele capitão dono de maravilhosos olhos verdes...

Um comentário:

  1. putz o capitão vai matar um até encontrar ela. E será que a Bella não ficou gravida?

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