segunda-feira, novembro 23, 2015

FANFIC O RECOMEÇO - CAPÍTULO 08





Capítulo 8 - Casamento

Os raios do sol se filtravam através das janelas, atravessando as gotas brilhantes e diminutas de chuva, e acariciando o rosto de Bella para anunciar a chegada do novo dia. Não sentia as desagradáveis náuseas de toda manhã e podia desfrutar dos aromas outonais que inundavam o quarto. Abriu os olhos e se sentou sobressaltada na cama.

A capa do capitão Cullen estava sobre o encosto de uma cadeira próxima ao leito...

– Esse estúpido arrogante! – resmungou Bella entre dentes. - Acredita que pode me colocar em uma casa e me converter em sua amante? Estou disposta a dar à luz na rua antes que aceitar sua ridícula proposta! Provavelmente deve estar imaginando, - especulou Bella mal-humorada, - quanto tempo levará para me conduzir a sua casa e levar-me para seu quarto. Acha que estou agradecida por sua generosidade e, em consequência, que me submeterei a ele. E se fizer isso, não serei mais que uma rameira! Não! Jamais me entregarei a ele dessa maneira!

Subitamente se perguntou desesperada qual seria seu destino se obrigassem o capitão a casar-se com ela. Teria que submeter-se a ele e obedece-lo. E certamente não seria tão amável com ela quando a ira o consumisse.

– Espero que não me faça muito mal - rogou a jovem, sentindo que um calafrio percorria seu corpo.

Minutos depois bateram na porta. Em lugar de cobrir-se de novo com a odiosa capa, fez isso com o lençol. Abriu a porta e se encontrou com uma mulher de cabelo cinza, seguida de duas moças não maiores que ela com uma grande quantidade de pacotes.

– Já tomou o café da manhã, querida? - perguntou a mais velha.

– Não – respondeu Bella

– Bom, não se preocupe com nada, querida - comentou a mulher. - Mandarei uma das garotas buscar o café da manhã. Não vamos permitir que desfaleça de fome enquanto se celebram as bodas, não é verdade? E temos muito que fazer até lá. Uma mulherzinha tão miúda como você vai precisar de toda sua energia.

– Quando vai ser o casamento? - conseguiu perguntar Bella.

A mulher não mostrou surpresa alguma diante de estranha pergunta que a futura noiva acabava de formular.

Esta tarde, querida - respondeu. Bella se sentou em uma cadeira, a ponto de desmaiar, e deixou escapar um suspiro.

– Deveriam ter comunicado isso, querida - se zangou-, mas com tanta pressa vejo que ninguém o fez. Sua senhoria diz que o noivo está impaciente para casar-se e não permitirá demora alguma. Encantadora como é a noiva, querida, entendo perfeitamente as razões de sua impaciência.

Bella não estava escutando. Seu pensamento estava já na noite seguinte, quando estaria deitada junto ao capitão Cullen e sentiria, uma vez mais, a respiração e as mãos fortes e implacáveis dele. Ardia-lhe o rosto só de pensar nisso. Perguntava-se se seria capaz de apaziguar seu corpo tremente e de não enfurece-lo mais com suas reações.

Seus últimos momentos de liberdade se desvaneciam a uma velocidade aterradora. Como em uma alucinação, viu a si mesma alimentada, banhada, perfumada e polida. Tudo isso contra sua vontade. Nem um momento da manhã foi dela. Enquanto as mulheres tratavam dela, empurravam-na e vestiam-na, esteve a ponto de gritar que a deixassem em paz.

Quando finalmente ficou preparada, permitiram-lhe, pela primeira vez, olhar-se no espelho. Não era a mesma Bella que tinha visto em outras ocasiões. Nunca tivera um aspecto igual. Por um instante aterrador contemplou a beleza que outros tinham visto nela e que tinham achado extraordinária. Seu cabelo, escovado até brilhar com um brilho sedoso, estava recolhido num complexo trançado ao redor da cabeça, em um penteado semelhante ao de uma deusa grega. Um diadema de pontas douradas coroava sua cabeça. Seus felinos olhos chocolates contemplaram a imagem, assustados. As maçãs do rosto, frágeis e altas, tinham sido beliscadas para afastar a palidez de seu semblante. Bella, sobressaltada, abriu sua boca suave e rosada.

– Não existe uma moça mais bela - afirmou a senhora Todd.

Bella voltou a contemplar sua indumentária. Com todo seu amor, lady Hale, Alice, tinha enviado como presente de bodas seu próprio vestido de noiva. Era um traje elegante, muito parecido ao hábito de um monge, já que tinha até capuz. De cor azul céu, estava confeccionado em um rico cetim e tinha um corte simples e delicioso. As mangas lhe chegavam até os pulsos e, como na saia, eram ligeiramente largas. Tanto o capuz como as mangas estavam adornadas com elaborados bordados dourados e inumeráveis pérolas. Ao redor dos quadris havia uma faixa de grande beleza e considerável fortuna. Era feita de pele dourada e luxuosamente bordada com pérolas e rubis. Uma longa cauda esperava para ser colocada mediante umas argolas de ouro; o grosso cetim estava bordado suntuosamente e tinha pérolas nacaradas e douradas.

– Pelo menos uma vez na vida - rezou em silêncio -, Oh Deus, por favor, deixe que eu seja valente.

A porta se abriu bruscamente e Victória entrou com determinação.

– Bom, já vejo que a vestiram com ornamentos - falou com desprezo. - E suponho que acha que está bonita, não? Mas não tem melhor aspecto do que quando usava meus vestidos velhos.

A senhora Todd se endireitou como se o insulto fosse dirigido a ela.

– Cuidado com o que diz senhora! - exclamou.

– Feche o bico! - replicou Victória asperamente.

– Por favor, tia Victória – suplicou Bella - A senhora Todd trabalhou muito.

– Sim, imagino que terá tido de fazê-lo, tratando-se de você – replicou Victória.
– Senhora - interveio a senhora Todd friamente. - A jovem não merece suas críticas. É de longe a moça mais bonita a que tive o prazer de atender ou ver.

– É a filha de Satã - respondeu Victória com maldade. - Sua beleza é obra do demônio, e por isso nenhum homem que a tenha contemplado poderá encontrar a paz. É a forma que o demônio tem de fazer que os homens gostem muito de uma bruxa. Em minha opinião, é espantosa. O homem com o qual vai casar é perfeito para ela. Os dois são obras do diabo!

– Isso são tolices! - gritou a senhora Todd. - A garota é um anjo.

– Um anjo? - inquiriu Victória com ironia. - Suponho que não lhe contaram por que se casa tão apressadamente, não é verdade?

    Da entrada, onde tinha permanecido escutando, tio Laurent falou alto e claro.

– É porque o capitão Cullen não pode esperar mais, não é verdade, Vic? - disse.

A mulher obesa ficou mal-humorada, pronta para replicar, mas algo, possivelmente seu medo daquele capitão ianque, fez que não proferisse os insultos que estavam a ponto de sair de sua boca. Voltou-se para a sobrinha e fez um gesto de belisca-la. Bella retrocedeu rapidamente, pensando que quanto menos sofresse nesse momento, melhor preparada estaria.

– Asseguro-lhe que vou ficar muito contente quando a tiver perdido de vista – disse Victória - Sua presença não foi nenhum prazer para mim.

Bella estremeceu diante do cruel comentário. Voltou-se para a janela com os olhos cheios de lágrimas. Uma hora mais tarde, tensa e séria, Bella desceu as escadas da carruagem alugada com a ajuda de tio Laurent. A enorme catedral se elevava imponente e Bella subia por suas escadas no braço do tio. Estava completamente ausente de tudo que acontecia a seu redor. Atuava mecanicamente. Colocava um pé diante do outro como se estivesse sendo rebocada. A senhora Todd, que tinha ido ajuda-la nos últimos retoques, caminhava a seu lado, muito preocupada com a cauda do vestido, que sustentava entre os braços. A mulher desmaiaria se algum mal ocorresse ao traje, preocupava-se e cacarejava como uma galinha entre seus pintinhos, mas Bella estava pouco consciente de sua presença.

Passou pelo arco da catedral e entrando na sacristia, deteve-se seguindo seu tio. A música do órgão acelerava seu coração e atroava em seus ouvidos. A senhora Todd revoava a seu redor, endireitando-lhe o capuz, colocando-lhe a cauda sobre os ombros com as cadeias de ouro e estendendo-a atrás dela tão longa era.

– Belisque as faces, Isabella - advertiu-a severamente tia Victória de um lugar próximo -, e tire essa expressão de horror da cara ou serei eu quem a beliscará.

    A senhora Todd lançou a aquela mulher malvada um olhar cheio de fúria.

– É a rainha do dia, querida - lhe sussurrou, dando os últimos retoques à coroa e ao capuz - É agora, querida - anunciou a senhora Todd com calma.

– Ele está aqui? - perguntou em voz baixa Bella, esperando que o capitão se negasse finalmente a ir.

– Quem, querida? - inquiriu a senhora.

– Está falando do ianque - esclareceu tia Victória entre dentes.

– Sim, céus - respondeu a senhora Todd amavelmente. - Está de pé junto ao altar, esperando-a . E é um homem realmente atraente, pelo que posso ver daqui.

Em seguida Bella encontrou o braço estendido de lorde Hale, ao qual se agarrou mecanicamente. Caminhou pelo corredor junto a ele, com pernas trêmulas. Podia ouvir os batimentos do coração e sentia a Bíblia nas mãos. O peso da cauda puxava-a, quase derrubando-a, mas Bella continuou caminhando enquanto o órgão abafava qualquer outro som, incluindo o de seu próprio coração.

Aproximou-se e a luz da vela iluminou seu rosto. Durante um instante muito breve, as feições frias e marcadas do homem a fizeram deter-se. Sentiu um desejo forte de fugir. Seu lábio inferior começou a tremer. Bella o mordeu, tentando tranquilizar-se. Nesse instante lorde Hale se separou dela, deixando-a a sós. Os olhos verdes que tinha diante dela a olhavam fixamente despojando-a do vestido de noiva com crueldade e insensibilidade, fazendo-a estremecer violentamente. O ianque estendeu a mão forte e bronzeada e a ofereceu. A contra gosto, Bella ergueu sua mão, fria como o gelo, e a posou sobre a dele, maior e quente. Edward a guiou o resto do caminho até os degraus do altar.

Se fosse valente, pensou Bella, giraria sobre seus pés nesse instante, antes de pronunciar os votos, e fugiria da aberração que estavam a ponto de cometer. Todo dia centenas de mulheres davam a luz meninos bastardos. Por que não era igual a elas em valentia? Certo que pedir comida e viver na miséria seria menos perverso que jogar-se por vontade própria nas chamas do inferno.

De repente o ouviu dizer diante de pergunta do sacerdote, com voz firme e forte:

– Eu, Edward Antony Cullen, tomo a você, Isabella Marie Swan, como minha legítima esposa...

Por sorte, Bella pôde pronunciar palavras semelhantes sem vacilar, em um tom suave. Um momento depois, Edward deslizou em seu dedo um anel de ouro e, uma vez mais, ambos baixaram a cabeça diante do sacerdote.

Finalmente, Bella conseguiu levantar-se apesar da debilidade de suas pernas e viu seu novo marido fazer o mesmo, olhando-a com desconsideração, zelando-lhe a alma.

– Acredito que é costume que o noivo beije a noiva - comentou.

    Ela respondeu com voz tensa:

– Sim.

Bella receou desfalecer. Seu coração pulsava aceleradamente. Os longos e bronzeados dedos do capitão deslizaram por seu rosto para segura-lo firmemente e não deixar que fugisse. Com a outra mão nas costas, debaixo da cauda livre e ondulante do vestido, atraiu-a para si com um abraço brutal e possessivo. Bella abriu os olhos e empalideceu. Sentiu o olhar dos convidados sobre eles, mas Edward pareceu não se importar absolutamente com isso. Seu braço era como uma barra de ferro que a aprisionava com força. Edward inclinou a cabeça e a beijou apaixonadamente. Seus lábios ardentes estavam úmidos, reclamando-a, insultando-a e arrebatando-lhe a dignidade. Bella ergueu uma mão para tentar separar-se dele, sem consegui-lo.

A jovem ouviu lorde Hale tossir de um lugar próximo e seu tio murmurar algo ininteligível. Finalmente, o sacerdote tocou o braço de Edward e disse incomodado:

– Terá tempo para isso mais tarde, meu filho. Estão esperando para os felicitar.

Edward afrouxou o abraço e Bella conseguiu respirar. A boca queimava depois do contato com os lábios ardentes, as marcas de seus dedos apareciam, vermelhas, em sua branca pele. Virou-se sobre suas pernas débeis e sorriu fracamente enquanto lorde e lady Hale se aproximavam dela. O doce ancião a beijou paternalmente na testa.

– Espero não me haver equivocado Bells - comentou lançando um olhar ao capitão, que permanecia em pé e inflexível junto a ela. - Minha intenção era que cuidassem de ti, mas...

– Por favor - murmurou a moça, colocando seus dedos frágeis sobre a boca do ancião. Se ouvisse todos seus temores na boca de lorde Hale, fugiria daquele lugar gritando e rasgando as vestimentas em um arrebatamento de loucura.

Lady Hale observou com acanhamento ao capitão. Este olhava friamente à frente, com as mãos nas costas. Parecia estar sobre a coberta de seu navio, escrutinando o horizonte. A senhora abraçou Bella com lágrimas nos olhos. Ambas as mulheres, miúdas e magras, apoiaram-se uma sobre a outra tentando acalmar a angústia.

 De repente, e como se lhe acabasse de ocorrer, lorde Hale fez uma proposta:

– Passarão a noite em Hampshire Hall. Estarão mais cômodos que no camarote do navio.

Não acrescentou que desse modo poderia chegar facilmente a qualquer dos quartos da mansão, se Bella pedisse auxílio enquanto estava junto a seu novo marido.

Edward dirigiu um frio olhar ao ancião.

– E, é obvio, suponho que insiste nisso TAMBÉM - resmungou.

Lorde Hale o olhou fixamente.

– Sim, insisto - disse com calma.

Edward, cujo rosto tremia de raiva, guardou silêncio, e o ancião sugeriu que já era hora de partir para o banquete em Hampshire Hall. Ed agarrou à noiva com força e deixou que os outros os precedessem ao sair da igreja.

De repente, e para sua consternação, a cauda do vestido a impediu de prosseguir a marcha pelo corredor. Olhou para trás, desesperada, e libertou-se com força dela.

– Por favor - sussurrou com voz trêmula, levantando uma mão para dar uma explicação a Ed de sua aparente reticência a continuar.

Ele a olhou, voltou-se e descobriu que o objeto tinha se enredado em um dos bancos da igreja. Sorriu com sarcasmo e foi solta-la. Bella o observou angustiada, apertando a Bíblia em suas mãos. Suas palmas estavam úmidas e os dedos se moviam nervosos. Deu uma olhada ao anel de ouro que a distinguia como propriedade do capitão. Era grande e deslizava com facilidade. Ao compreender o significado do objeto, sentiu que o pânico se apoderava dela.

Edward desenganchou a cauda do banco, colocou a extremidade sobre o braço sem nenhum cuidado e retornou de novo junto a ela.

– Não há por que angustiar-se, meu amor - disse em tom de brincadeira. - O vestido está intacto.

– Obrigada - murmurou ela docemente, erguendo vacilante os olhos para encontrar os dele. - Se fosse um homem, asseguro-o que não se riria desse modo - resmungou de repente com todo seu ódio.

Ed arqueou uma sobrancelha e replicou sem piedade:

– Se fosse um homem, querida, não estaria aqui.

Bella corou intensamente. Encolerizada e humilhada, tentou libertar-se, mas a única coisa que conseguiu foi que ele a segurasse com mais força.

– Não poderá voltar a fugir de mim, minha beleza - disse com calma, desfrutando da angústia que tinha provocado na jovem. - Agora é minha para sempre. Se casar comigo era o que queria é isso o que terá até o resto de seus dias... a menos que por alguma casualidade, fique viúva. Mas não tema, meu amor, não tenho intenção de te abandonar muito cedo.

– Nem seu lorde Hale poderá te salvar de mim agora, embora saiba que tentará: mas o que é uma só noite diante de todas que temos pela frente?

Essas palavras a perturbaram profundamente. Estava aterrada e se sentia tão fraca que teve que apoiar sua cabeça nos braços de Edward.

– É tão bela... - murmurou ele com voz rouca. - Não vou me cansar de você tão rapidamente.

Lorde Hale, nervoso e tenso diante de demora dos noivos, não pôde esperar mais e entrou. Ali encontrou Bella recostada nos braços do noivo, com os olhos fechados e muito pálida.

– Vamos? – apressou o ancião, irritado. - A carruagem está esperando - voltou-se e partiu. Edward abraçou Bella intensamente.

– Quer que a leve, meu amor? - inquiriu suavemente, com um sorriso sarcástico. Bella abriu os olhos.

– Não! - gritou, separando-se dele com um arranco repentino de orgulho e energia. Edward gargalhou fazendo com que Bella se endireitasse ainda mais. Deu-lhe as costas e se dispôs a afastar-se dele. Mas a cauda do vestido ainda estava em posse de seu novo marido e quando o comprimento se esgotou, não pôde continuar avançando. Lançou um olhar atrevido ao marido e comprovou que não tinha intenção de solta-la. Ed esboçou um sorriso irônico e ela teve que retornar de novo junto a ele.

– Não poderá fugir de mim, querida – comentou. - Sou possessivo por natureza.

– Então me tome aqui mesmo - cuspiu ela com ódio-, mas, se apresse porque os convidados estão esperando.

As feições de Edward ficaram tensas e seu olhar se tornou mais frio.

– Não - respondeu, agarrando-a pelo braço. - Tomarei você, para meu prazer, lentamente e em meus momentos de ócio. Agora vamos, pois como você bem disse, esperam-nos.

Ao sair da igreja aguardava-os uma chuva de trigo. Lady Hale não podia permitir que a cerimônia de Bella finalizasse sem esse costume.

Enquanto a carruagem percorria as ruas pavimentadas, Bella fez uma tímida tentativa de conversar com lorde e lady Hale, tão tensos quanto ela. O tom que finalmente conseguiu emitir ao falar foi quase inaudível por causa do nervosismo.

Finalmente, a carruagem se deteve frente a Hampshire Hall. Primeiro desceu Edward, que agilmente abraçou Bella e a desceu da carruagem. Uma vez em terra, a jovem alisou o vestido e jogou a extensa cauda sobre o braço com um arrogante movimento de cabeça.  Ao entrar no salão, o banquete de bodas já estava disposto sobre a mesa. Lorde e lady Hale tomaram seus respectivos lugares nos extremos da mesa e indicaram a Bella e a Edward que se sentassem de um lado, e a tio Laurent e tia Victória do outro. Ergueram suas taças para brindar pelo jovem casal.

– Por um feliz e próspero matrimônio, e esqueçamos tudo o que aconteceu aqui anteriormente - propôs lorde Hale. Logo acrescentou -: E para que o bebê seja um varão saudável.

Bella corou enquanto levava a taça aos lábios. Não bebeu. Não desejava um varão. Sabia que daria a Edward mais confiança. Olhou-o, e viu que bebia a taça de um gole. Isso fez que sentisse ainda mais repulsão por ele.

Bella pensou que o jantar tinha transcorrido muito depressa, apesar de que, quando abandonaram a mesa já eram mais de onze da noite. Os homens se dispuseram a tomar conhaque no salão, enquanto lady Hale empurrava a tia Victória a seus aposentos e acompanhava Bella ao quarto preparado para ela e para o ianque. Duas criadas jovens e risonhas estavam esperando a jovem noiva. Uma camisola de gaze azul transparente jazia sobre a cama. Ao vê-la, Bella empalideceu, mas lady Hale a conduziu a um banco em frente a um enorme espelho e indicou para que sentasse.

– Irei em busca de um par de taças de vinho - murmurou lhe beijando na testa. - Talvez a ajude.

Quando uma das criadas a despojou do vestido de noiva e desenrolou seu cabelo, Bella compreendeu que mais nada a protegeria de seu medo. Teria de estar inconsciente, do contrário o pânico se apoderaria dela.

Ouviu passos fora do quarto, mas suspirou aliviada ao perceber que eram de uma mulher.

Lady Hale abriu a porta e entrou com uma bandeja levando uma garrafa com vinho e duas taças. Depositou-a sobre a mesa que havia junto da cama, e serviu uma a Bella enquanto inspecionava o trabalho que as criadas tinham feito com ela. Assentiu em sinal de aprovação.

– Agora está muito mais bela, querida, do que com o vestido de noiva, embora pareça impossível – comentou. - Senti-me muito orgulhosa de você. Gostaria de dispor de mais tempo para organizar uma festa melhor. Seria para você brilhar. Como lamento que sua mãe tenha morrido tão cedo, sem sequer a conhecer. Teria ficado muito orgulhosa de você.

– Orgulhosa de mim? - perguntou Bella com tristeza olhando o ventre. - Trouxe a desgraça a todos - acrescentou com lágrimas nos olhos.

Lady Hale sorriu com doçura.

– Tolices, querida - tranquilizou-a. - Às vezes uma jovem não pode evitar que aconteçam determinadas coisas. É simplesmente uma vítima das circunstâncias.

– Ou dos ianques - murmurou Bella. A senhora pôs-se a rir.

– Sim, ou dos ianques – repetiu -, mas pelo menos é jovem, bonito e limpo. Quando meu marido me contou de seu embaraço e me disse que o culpado era um marinheiro ianque, preocupei-me tanto que estive a ponto de adoecer. Pensei que se tratava de um velho lascivo. Também sua tia me confiou que esperava um homem assim. Certamente levou um enorme desgosto quando viu que não era, tendo em conta o quanto a fizeram sofrer durante todo este tempo. Mas ele é tão bonito. Evidentemente, seus filhos serão sadios e formosos, e imagino que terão muitos.

– Sim - sussurrou Bella. Engoliu a saliva com dificuldade e acrescentou elevando a voz: - Sim, suponho que teremos muitos.

Pensou na facilidade com que Edward tinha plantado sua semente nela. Não tinha a menor dúvida que daria a luz a muitas crianças.

Lady Hale se preparou para partir. Bella a olhou em atitude implorante.

– Deve ir já? - perguntou com voz trêmula. A mulher assentiu lentamente.

– Sim, querida - respondeu. - Não podemos conte-lo mais tempo. Estaremos perto se por acaso precisar de nós.

Ficou sozinha e horrorizada mais uma vez. Depois de ter experimentado as brincadeiras amargas de seu marido, estava decidida a não se acovardar diante dele. Se me encontrar disposta não me fará mal.

A espera teve um fim repentino. Os fortes passos de seu marido no corredor a sobressaltaram. Viu que se abria a porta e seu rosto ardeu ao topar com os olhos verdes. Uma chama se acendeu no interior de Edward ao contemplar o delicioso corpo de sua mulher.

Bella se endireitou, muito incomodada, o coração pulsando fortemente. A colcha estava recolhida aos pés da cama, fora de seu alcance.

Desejou chegar até ela e cobrir-se. O traje que usava, o suave véu azul, era mais revelador que a própria nudez. Estava preso à cintura por fitas, mas da cintura para cima e da cintura para baixo tinha uma abertura sem nenhum outro tipo de adorno que a segurasse.

 Como resultado, os lados dos seios estavam nus, expostos ao olhar, assim como as pernas longas e esbeltas. A coisa mais difícil que Bella tinha tido que fazer em toda sua vida foi permanecer ali sentada, tranquilamente, frente a esse homem, e deixar que a contemplasse com expressão de desejo.

– É muito bela, meu amor - afirmou ele com voz rouca aproximando-se da cama. Seus olhos eram como chamas que a abrasavam. Chegou até ela e a atraiu para si. - É até mais formosa do que lembrava.

Ainda ajoelhada, permitiu, embora reticente, que Edward a abraçasse. Sentiu como suas mãos deslizavam sem nenhum cuidado por debaixo da gaze, sobre seus quadris, e como inclinava a cabeça lentamente para ela. Esperou seu beijo, mas antes de recebe-lo, o homem a despojou do traje e riu com agressividade.

– Está mais flexível agora, meu amor – sussurrou. - Realmente a faz tão diferente o matrimônio? Era isto o que devia obter por vender seu corpo? E cheguei a pensar que por fim tinha encontrado a uma mulher pura de coração, decidida a entregar-se unicamente por amor e incapaz de vender seu corpo a um homem.

– Bastardo! - gritou furiosa, tentando livrar-se dele. - E o que é que eu tenho de dizer a esse respeito? Vai me violentar como fez da outra vez. Tanto faz se brigar ou não.

– Fique quieta - advertiu ele, atraindo-a bruscamente e imobilizando-a. - Quer que os outros a ouçam e ponham a porta abaixo? Lorde Hale está esperando a ocasião para fazê-lo.

– E a você o que importa? - provocou-o maldosamente. - É mais forte que ele. Que importa se tiver de jogá-lo daqui antes de terminar seus assuntos comigo?

Um dos músculos da face de Edward se tencionou. Bella conhecia muito bem o tique nervoso e sabia que significava perigo. O homem olhou-a fixamente com seus intensos e frios olhos verdes.

– Não exerceria meus direitos esta noite nem que fosse a última mulher sobre a face da terra - disse com desprezo.

Bella deixou de lutar imediatamente. Ergueu os olhos muito surpreendida e se perguntou se tinha ouvido corretamente. Edward entreabriu as pálpebras e esboçou um de seus sorrisos zombeteiros, mostrando os dentes brancos e reluzentes que contrastavam com sua tez morena e sua barba.

– Ouviu bem, querida - repetiu ele. - Não tenho intenção de fazer amor com você nesta casa, esta noite. Quando quiser desfrutar de você, meu amor, será da minha maneira, em minha própria casa, ou em meu próprio navio, e não onde outro homem esteja esperando ansiosamente para irromper e nos separar, pronto para me por atrás das grades.

– Atrás das grades? - repetiu inocentemente, relaxando contra ele.

– Não me diga que não sabe de nada - disse Edward - Claro que estava inteirada de seu plano. Não posso acreditar que não estivesse envolvida nele.

– Não sei do que está falando - respondeu ela com prudência.

Edward soltou uma gargalhada cheia de amargura.

– Sempre tão inocente não é, meu amor? - Desceu o olhar para seus seios, acariciando com os dedos um dos quais as laterais da gaze delicada e fina não conseguia cobrir. Depois roçou-lhe o mamilo com o polegar e continuou brandamente: - Sempre inocente. Sempre bela. Sempre fria.

Bella permitiu que ele a acariciasse. Estava sendo muito terno e decidiu não irrita-lo, desde que não chegasse mais longe. Afinal se tratava de seu marido. A jovem prosseguiu com seu interrogatório. Queria saber do plano a que ele se referia.

– Como o obrigaram a se casar comigo? - perguntou docemente.

                Edward beijou-lhe o cabelo, depois o pescoço. Bella estremeceu involuntariamente ao sentir a intensidade de seu desejo. Depois lhe acariciou o busto, parecia não querer deter-se. A moça se afastou nervosa, temendo que não cumprisse com a sua palavra. Alcançou a colcha, puxou-a e se cobriu.

– Vai me contar ou não? - insistiu olhando-o fixamente.

– Por que deveria fazê-lo? Já ouviu tudo. Mas se realmente é tão importante para você, terei de contar-lhe. Seu querido magistrado ia me declarar culpado de contrabando e venda de armas aos franceses, embora saiba que sou completamente inocente. Teria me enviado a prisão, requisitado o navio, e Deus sabe o que teria ocorrido a minha plantação. Devo admitir que seu amiguinho é muito ardiloso. – Tirou o casaco, lançou-o sobre uma cadeira e começou a desabotoar a capa. - Sabia que estou... ou melhor dizendo estava comprometido e ia me casar ao retornar para casa? O que se supõe que devo dizer agora a ela, a minha prometida? Que a vi e não pude resistir? - deteve-se por um instante para tirar a camisa, dirigindo-lhe um olhar cheio de raiva. - Eu não gosto que me obriguem, querida. Vai contra meus princípios. Se tivesse vindo a mim quando se inteirou de que estava grávida, teria te ajudado. Inclusive teria me casado consigo, se isso fosse o que desejava de verdade, mas me enviar a seu poderoso amigo para que me ameaçasse, não foi uma ação muito inteligente de sua parte.

Com os olhos completamente abertos e aterrada, Bella se encolheu sob os lençóis como se estes pudessem protege-la das mãos selvagens daquele homem. Edward percorreu o quarto, apagando as velas. Ela o observou cautamente. Despiu-se até a cintura e parecia não ter intenção de parar aí, entretanto, sentou-se em uma cadeira próxima à cama.

– Sabe que é muito linda, não é verdade? - comentou examinando-a friamente. - Poderia ter conseguido qualquer homem que tivesse escolhido e apesar disso, esse homem fui eu. Eu gostaria, se não se importar, que me contasse a verdade. Sabia, possivelmente, que possuo uma grande fortuna?

Ela o olhou sentindo estranheza. Não entendia por que lhe formulava essa pergunta.

– Não sei nada de sua situação financeira - respondeu com suavidade. – Foi simplesmente o homem que... que me roubou a virgindade. Não podia ir a outro homem, manchada como estava e com um filho em meu ventre. Teria dado a luz a um bastardo antes de me rebaixar tanto.

– Sua honestidade é digna de elogio minha senhora - afirmou ele em tom de brincadeira, com o que conseguiu encolerizar Bella, que gritou:

– Por que motivo deveria seguir seu caminho tão alegremente sem remendar o dano que fez?

Edward correu para seu lado imediatamente.

– Por favor, querida - suplicou, nervoso -, abstenha-se de levantar a voz se não quer que venham a nos fazer companhia. Não tenho nenhuma intenção de que o lorde Jasper Hale me envie a prisão porque pensa que te estou maltratando, especialmente depois de te haver convertido em minha esposa.

Sua ansiedade agradou a Bella, que em vez de deixar o interrogatório, prosseguiu falando com a voz muito baixa.

– Diz que não gosta da força. Bom, eu também a odeio, mas não pude evitar que me utilizasse para lhe dar prazer. Agora está furioso porque teve que pagar por isso. E tampouco pensa no menino que levo dentro, no que teria tido que sofrer se tivesse sido um bastardo.

– O menino seria bem atendido, assim como você.

– Como sua amante e seu bastardo? Não, obrigado. Antes cortaria meu pescoço.

O tique nervoso voltou a aparecer na face de Edward, que a contemplou fixamente durante um longo momento, fazendo com que ficasse paralisada como um passarinho em frente de uma serpente. Depois entreabriu os olhos com expressão zombadora.

– As amantes são muito melhor atendidas que as esposas - observou. - Teria sido muito amável e generoso contigo.

– Ou seja, isso significa que agora não o vais ser - respondeu com sarcasmo.

– Exato – concordou suave, mas cruelmente, aterrorizando-a. Levantou da cama e a olhou. - Como já disse a você, eu não gosto de chantagem e já escolhi o castigo que vou infligir a você. Queria segurança e um pai para nosso filho. Terá isso, querida, mas não obterá nenhuma coisa mais. Em minha casa não a tratarão melhor que a uma empregada. Terá o sobrenome que queria, mas deverá me rogar e me suplicar para que lhe conceda o menor desejo. Não terá nem um penny nem levará uma vida normal. Mas me encarregarei de que não se inteirem de sua situação. Em outras palavras, querida, a posição que acreditava ser tão respeitável, não será mais que sua própria prisão. Não terá nem o prazer de compartilhar os momentos mais ternos do matrimônio. Só será uma simples empregada para mim. Se tivesse sido minha amante, teria tratado você como a uma rainha, mas agora só me conhecerá como seu amo.

– Quer dizer que não teremos... relações íntimas? - inquiriu muito surpreendida.

4 comentários:

  1. E agora pessoal o k acontecera? Curiosos??? Nao percam o proximo capitulo

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  2. Eita ele fez o que fez e ainda se sente ofendido, eita ianque. Só espero que a vida não seja pior do que na casa dos tios.

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  3. bastardo filho da p..., espero q ele morda a língua e bem rápido!!

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  4. Anciosa pelo capitulo nove amando a fic

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