Capítulo 8 - Casamento
Os raios do sol se filtravam através das janelas,
atravessando as gotas brilhantes e diminutas de chuva, e acariciando o rosto de
Bella para anunciar a chegada do novo dia. Não sentia as desagradáveis náuseas
de toda manhã e podia desfrutar dos aromas outonais que inundavam o quarto.
Abriu os olhos e se sentou sobressaltada na cama.
A capa do capitão Cullen estava sobre o encosto de
uma cadeira próxima ao leito...
– Esse estúpido arrogante! – resmungou Bella entre
dentes. - Acredita que pode me colocar em uma casa e me converter em sua
amante? Estou disposta a dar à luz na rua antes que aceitar sua ridícula
proposta! Provavelmente deve estar imaginando, - especulou Bella mal-humorada,
- quanto tempo levará para me conduzir a sua casa e levar-me para seu quarto.
Acha que estou agradecida por sua generosidade e, em consequência, que me
submeterei a ele. E se fizer isso, não serei mais que uma rameira! Não! Jamais
me entregarei a ele dessa maneira!
Subitamente se perguntou desesperada qual seria seu
destino se obrigassem o capitão a casar-se com ela. Teria que submeter-se a ele
e obedece-lo. E certamente não seria tão amável com ela quando a ira o
consumisse.
– Espero que não me faça muito mal - rogou a jovem,
sentindo que um calafrio percorria seu corpo.
Minutos depois bateram na porta. Em lugar de
cobrir-se de novo com a odiosa capa, fez isso com o lençol. Abriu a porta e se
encontrou com uma mulher de cabelo cinza, seguida de duas moças não maiores que
ela com uma grande quantidade de pacotes.
– Já tomou o café da manhã, querida? - perguntou a
mais velha.
– Não – respondeu Bella
– Bom, não se preocupe com nada, querida - comentou
a mulher. - Mandarei uma das garotas buscar o café da manhã. Não vamos permitir
que desfaleça de fome enquanto se celebram as bodas, não é verdade? E temos
muito que fazer até lá. Uma mulherzinha tão miúda como você vai precisar de
toda sua energia.
– Quando vai ser o casamento? - conseguiu perguntar
Bella.
A mulher não mostrou surpresa alguma diante de estranha
pergunta que a futura noiva acabava de formular.
Esta tarde, querida - respondeu. Bella se sentou em
uma cadeira, a ponto de desmaiar, e deixou escapar um suspiro.
– Deveriam ter comunicado isso, querida - se
zangou-, mas com tanta pressa vejo que ninguém o fez. Sua senhoria diz que o
noivo está impaciente para casar-se e não permitirá demora alguma. Encantadora
como é a noiva, querida, entendo perfeitamente as razões de sua impaciência.
Bella não estava escutando. Seu pensamento estava
já na noite seguinte, quando estaria deitada junto ao capitão Cullen e
sentiria, uma vez mais, a respiração e as mãos fortes e implacáveis dele.
Ardia-lhe o rosto só de pensar nisso. Perguntava-se se seria capaz de apaziguar
seu corpo tremente e de não enfurece-lo mais com suas reações.
Seus últimos momentos de liberdade se desvaneciam a
uma velocidade aterradora. Como em uma alucinação, viu a si mesma alimentada,
banhada, perfumada e polida. Tudo isso contra sua vontade. Nem um momento da
manhã foi dela. Enquanto as mulheres tratavam dela, empurravam-na e vestiam-na,
esteve a ponto de gritar que a deixassem em paz.
Quando finalmente ficou preparada, permitiram-lhe,
pela primeira vez, olhar-se no espelho. Não era a mesma Bella que tinha visto
em outras ocasiões. Nunca tivera um aspecto igual. Por um instante aterrador
contemplou a beleza que outros tinham visto nela e que tinham achado
extraordinária. Seu cabelo, escovado até brilhar com um brilho sedoso, estava
recolhido num complexo trançado ao redor da cabeça, em um penteado semelhante
ao de uma deusa grega. Um diadema de pontas douradas coroava sua cabeça. Seus
felinos olhos chocolates contemplaram a imagem, assustados. As maçãs do rosto,
frágeis e altas, tinham sido beliscadas para afastar a palidez de seu semblante.
Bella, sobressaltada, abriu sua boca suave e rosada.
– Não existe uma moça mais bela - afirmou a senhora
Todd.
Bella voltou a contemplar sua indumentária. Com
todo seu amor, lady Hale, Alice, tinha enviado como presente de bodas seu
próprio vestido de noiva. Era um traje elegante, muito parecido ao hábito de um
monge, já que tinha até capuz. De cor azul céu, estava confeccionado em um rico
cetim e tinha um corte simples e delicioso. As mangas lhe chegavam até os
pulsos e, como na saia, eram ligeiramente largas. Tanto o capuz como as mangas
estavam adornadas com elaborados bordados dourados e inumeráveis pérolas. Ao
redor dos quadris havia uma faixa de grande beleza e considerável fortuna. Era
feita de pele dourada e luxuosamente bordada com pérolas e rubis. Uma longa
cauda esperava para ser colocada mediante umas argolas de ouro; o grosso cetim
estava bordado suntuosamente e tinha pérolas nacaradas e douradas.
– Pelo menos uma vez na vida - rezou em silêncio -,
Oh Deus, por favor, deixe que eu seja valente.
A porta se abriu bruscamente e Victória entrou com
determinação.
– Bom, já vejo que a vestiram com ornamentos -
falou com desprezo. - E suponho que acha que está bonita, não? Mas não tem
melhor aspecto do que quando usava meus vestidos velhos.
A senhora Todd se endireitou como se o insulto
fosse dirigido a ela.
– Cuidado com o que diz senhora! - exclamou.
– Feche o bico! - replicou Victória asperamente.
– Por favor, tia Victória – suplicou Bella - A
senhora Todd trabalhou muito.
– Sim, imagino que terá tido de fazê-lo, tratando-se
de você – replicou Victória.
– Senhora - interveio a senhora Todd friamente. - A
jovem não merece suas críticas. É de longe a moça mais bonita a que tive o
prazer de atender ou ver.
– É a filha de Satã - respondeu Victória com
maldade. - Sua beleza é obra do demônio, e por isso nenhum homem que a tenha
contemplado poderá encontrar a paz. É a forma que o demônio tem de fazer que os
homens gostem muito de uma bruxa. Em minha opinião, é espantosa. O homem com o
qual vai casar é perfeito para ela. Os dois são obras do diabo!
– Isso são tolices! - gritou a senhora Todd. - A
garota é um anjo.
– Um anjo? - inquiriu Victória com ironia. -
Suponho que não lhe contaram por que se casa tão apressadamente, não é verdade?
Da entrada, onde tinha permanecido escutando, tio Laurent falou alto e claro.
– É porque o capitão Cullen não pode esperar mais,
não é verdade, Vic? - disse.
A mulher obesa ficou mal-humorada, pronta para
replicar, mas algo, possivelmente seu medo daquele capitão ianque, fez que não
proferisse os insultos que estavam a ponto de sair de sua boca. Voltou-se para
a sobrinha e fez um gesto de belisca-la. Bella retrocedeu rapidamente, pensando
que quanto menos sofresse nesse momento, melhor preparada estaria.
– Asseguro-lhe que vou ficar muito contente quando
a tiver perdido de vista – disse Victória - Sua presença não foi nenhum prazer
para mim.
Bella estremeceu diante do cruel comentário.
Voltou-se para a janela com os olhos cheios de lágrimas. Uma hora mais tarde,
tensa e séria, Bella desceu as escadas da carruagem alugada com a ajuda de tio
Laurent. A enorme catedral se elevava imponente e Bella subia por suas escadas
no braço do tio. Estava completamente ausente de tudo que acontecia a seu redor.
Atuava mecanicamente. Colocava um pé diante do outro como se estivesse sendo
rebocada. A senhora Todd, que tinha ido ajuda-la nos últimos retoques,
caminhava a seu lado, muito preocupada com a cauda do vestido, que sustentava
entre os braços. A mulher desmaiaria se algum mal ocorresse ao traje,
preocupava-se e cacarejava como uma galinha entre seus pintinhos, mas Bella
estava pouco consciente de sua presença.
Passou pelo arco da catedral e entrando na
sacristia, deteve-se seguindo seu tio. A música do órgão acelerava seu coração
e atroava em seus ouvidos. A senhora Todd revoava a seu redor, endireitando-lhe
o capuz, colocando-lhe a cauda sobre os ombros com as cadeias de ouro e
estendendo-a atrás dela tão longa era.
– Belisque as faces, Isabella - advertiu-a
severamente tia Victória de um lugar próximo -, e tire essa expressão de horror
da cara ou serei eu quem a beliscará.
A senhora Todd lançou a aquela mulher malvada um olhar cheio de fúria.
– É a rainha do dia, querida - lhe sussurrou, dando
os últimos retoques à coroa e ao capuz - É agora, querida - anunciou a senhora
Todd com calma.
– Ele está aqui? - perguntou em voz baixa Bella,
esperando que o capitão se negasse finalmente a ir.
– Quem, querida? - inquiriu a senhora.
– Está falando do ianque - esclareceu tia Victória
entre dentes.
– Sim, céus - respondeu a senhora Todd amavelmente.
- Está de pé junto ao altar, esperando-a . E é um homem realmente atraente,
pelo que posso ver daqui.
Em seguida Bella encontrou o braço estendido de
lorde Hale, ao qual se agarrou mecanicamente. Caminhou pelo corredor junto a
ele, com pernas trêmulas. Podia ouvir os batimentos do coração e sentia a
Bíblia nas mãos. O peso da cauda puxava-a, quase derrubando-a, mas Bella
continuou caminhando enquanto o órgão abafava qualquer outro som, incluindo o
de seu próprio coração.
Aproximou-se e a luz da vela iluminou seu rosto.
Durante um instante muito breve, as feições frias e marcadas do homem a fizeram
deter-se. Sentiu um desejo forte de fugir. Seu lábio inferior começou a tremer.
Bella o mordeu, tentando tranquilizar-se. Nesse instante lorde Hale se separou
dela, deixando-a a sós. Os olhos verdes que tinha diante dela a olhavam
fixamente despojando-a do vestido de noiva com crueldade e insensibilidade,
fazendo-a estremecer violentamente. O ianque estendeu a mão forte e bronzeada e
a ofereceu. A contra gosto, Bella ergueu sua mão, fria como o gelo, e a posou
sobre a dele, maior e quente. Edward a guiou o resto do caminho até os degraus
do altar.
Se fosse valente, pensou Bella, giraria sobre seus
pés nesse instante, antes de pronunciar os votos, e fugiria da aberração que
estavam a ponto de cometer. Todo dia centenas de mulheres davam a luz meninos
bastardos. Por que não era igual a elas em valentia? Certo que pedir comida e
viver na miséria seria menos perverso que jogar-se por vontade própria nas
chamas do inferno.
De repente o ouviu dizer diante de pergunta do
sacerdote, com voz firme e forte:
– Eu, Edward Antony Cullen, tomo a você, Isabella
Marie Swan, como minha legítima esposa...
Por sorte, Bella pôde pronunciar palavras
semelhantes sem vacilar, em um tom suave. Um momento depois, Edward deslizou em
seu dedo um anel de ouro e, uma vez mais, ambos baixaram a cabeça diante do
sacerdote.
Finalmente, Bella conseguiu levantar-se apesar da
debilidade de suas pernas e viu seu novo marido fazer o mesmo, olhando-a com
desconsideração, zelando-lhe a alma.
– Acredito que é costume que o noivo beije a noiva
- comentou.
Ela respondeu com voz tensa:
– Sim.
Bella receou desfalecer. Seu coração pulsava
aceleradamente. Os longos e bronzeados dedos do capitão deslizaram por seu
rosto para segura-lo firmemente e não deixar que fugisse. Com a outra mão nas
costas, debaixo da cauda livre e ondulante do vestido, atraiu-a para si com um
abraço brutal e possessivo. Bella abriu os olhos e empalideceu. Sentiu o olhar
dos convidados sobre eles, mas Edward pareceu não se importar absolutamente com
isso. Seu braço era como uma barra de ferro que a aprisionava com força. Edward
inclinou a cabeça e a beijou apaixonadamente. Seus lábios ardentes estavam
úmidos, reclamando-a, insultando-a e arrebatando-lhe a dignidade. Bella ergueu
uma mão para tentar separar-se dele, sem consegui-lo.
A jovem ouviu lorde Hale tossir de um lugar próximo
e seu tio murmurar algo ininteligível. Finalmente, o sacerdote tocou o braço de
Edward e disse incomodado:
– Terá tempo para isso mais tarde, meu filho. Estão
esperando para os felicitar.
Edward afrouxou o abraço e Bella conseguiu
respirar. A boca queimava depois do contato com os lábios ardentes, as marcas
de seus dedos apareciam, vermelhas, em sua branca pele. Virou-se sobre suas
pernas débeis e sorriu fracamente enquanto lorde e lady Hale se aproximavam
dela. O doce ancião a beijou paternalmente na testa.
– Espero não me haver equivocado Bells - comentou
lançando um olhar ao capitão, que permanecia em pé e inflexível junto a ela. -
Minha intenção era que cuidassem de ti, mas...
– Por favor - murmurou a moça, colocando seus dedos
frágeis sobre a boca do ancião. Se ouvisse todos seus temores na boca de lorde
Hale, fugiria daquele lugar gritando e rasgando as vestimentas em um
arrebatamento de loucura.
Lady Hale observou com acanhamento ao capitão. Este
olhava friamente à frente, com as mãos nas costas. Parecia estar sobre a
coberta de seu navio, escrutinando o horizonte. A senhora abraçou Bella com
lágrimas nos olhos. Ambas as mulheres, miúdas e magras, apoiaram-se uma sobre a
outra tentando acalmar a angústia.
De repente,
e como se lhe acabasse de ocorrer, lorde Hale fez uma proposta:
– Passarão a noite em Hampshire Hall. Estarão mais
cômodos que no camarote do navio.
Não acrescentou que desse modo poderia chegar
facilmente a qualquer dos quartos da mansão, se Bella pedisse auxílio enquanto
estava junto a seu novo marido.
Edward dirigiu um frio olhar ao ancião.
– E, é obvio, suponho que insiste nisso TAMBÉM -
resmungou.
Lorde Hale o olhou fixamente.
– Sim, insisto - disse com calma.
Edward, cujo rosto tremia de raiva, guardou
silêncio, e o ancião sugeriu que já era hora de partir para o banquete em
Hampshire Hall. Ed agarrou à noiva com força e deixou que os outros os
precedessem ao sair da igreja.
De repente, e para sua consternação, a cauda do
vestido a impediu de prosseguir a marcha pelo corredor. Olhou para trás,
desesperada, e libertou-se com força dela.
– Por favor - sussurrou com voz trêmula, levantando
uma mão para dar uma explicação a Ed de sua aparente reticência a continuar.
Ele a olhou, voltou-se e descobriu que o objeto
tinha se enredado em um dos bancos da igreja. Sorriu com sarcasmo e foi
solta-la. Bella o observou angustiada, apertando a Bíblia em suas mãos. Suas
palmas estavam úmidas e os dedos se moviam nervosos. Deu uma olhada ao anel de
ouro que a distinguia como propriedade do capitão. Era grande e deslizava com
facilidade. Ao compreender o significado do objeto, sentiu que o pânico se
apoderava dela.
Edward desenganchou a cauda do banco, colocou a
extremidade sobre o braço sem nenhum cuidado e retornou de novo junto a ela.
– Não há por que angustiar-se, meu amor - disse em
tom de brincadeira. - O vestido está intacto.
– Obrigada - murmurou ela docemente, erguendo
vacilante os olhos para encontrar os dele. - Se fosse um homem, asseguro-o que
não se riria desse modo - resmungou de repente com todo seu ódio.
Ed arqueou uma sobrancelha e replicou sem piedade:
– Se fosse um homem, querida, não estaria aqui.
Bella corou intensamente. Encolerizada e humilhada,
tentou libertar-se, mas a única coisa que conseguiu foi que ele a segurasse com
mais força.
– Não poderá voltar a fugir de mim, minha beleza -
disse com calma, desfrutando da angústia que tinha provocado na jovem. - Agora
é minha para sempre. Se casar comigo era o que queria é isso o que terá até o
resto de seus dias... a menos que por alguma casualidade, fique viúva. Mas não
tema, meu amor, não tenho intenção de te abandonar muito cedo.
– Nem seu lorde Hale poderá te salvar de mim agora,
embora saiba que tentará: mas o que é uma só noite diante de todas que temos
pela frente?
Essas palavras a perturbaram profundamente. Estava
aterrada e se sentia tão fraca que teve que apoiar sua cabeça nos braços de
Edward.
– É tão bela... - murmurou ele com voz rouca. - Não
vou me cansar de você tão rapidamente.
Lorde Hale, nervoso e tenso diante de demora dos
noivos, não pôde esperar mais e entrou. Ali encontrou Bella recostada nos
braços do noivo, com os olhos fechados e muito pálida.
– Vamos? – apressou o ancião, irritado. - A
carruagem está esperando - voltou-se e partiu. Edward abraçou Bella
intensamente.
– Quer que a leve, meu amor? - inquiriu suavemente,
com um sorriso sarcástico. Bella abriu os olhos.
– Não! - gritou, separando-se dele com um arranco
repentino de orgulho e energia. Edward gargalhou fazendo com que Bella se
endireitasse ainda mais. Deu-lhe as costas e se dispôs a afastar-se dele. Mas a
cauda do vestido ainda estava em posse de seu novo marido e quando o comprimento
se esgotou, não pôde continuar avançando. Lançou um olhar atrevido ao marido e
comprovou que não tinha intenção de solta-la. Ed esboçou um sorriso irônico e
ela teve que retornar de novo junto a ele.
– Não poderá fugir de mim, querida – comentou. -
Sou possessivo por natureza.
– Então me tome aqui mesmo - cuspiu ela com ódio-,
mas, se apresse porque os convidados estão esperando.
As feições de Edward ficaram tensas e seu olhar se
tornou mais frio.
– Não - respondeu, agarrando-a pelo braço. -
Tomarei você, para meu prazer, lentamente e em meus momentos de ócio. Agora
vamos, pois como você bem disse, esperam-nos.
Ao sair da igreja aguardava-os uma chuva de trigo.
Lady Hale não podia permitir que a cerimônia de Bella finalizasse sem esse
costume.
Enquanto a carruagem percorria as ruas
pavimentadas, Bella fez uma tímida tentativa de conversar com lorde e lady
Hale, tão tensos quanto ela. O tom que finalmente conseguiu emitir ao falar foi
quase inaudível por causa do nervosismo.
Finalmente, a carruagem se deteve frente a
Hampshire Hall. Primeiro desceu Edward, que agilmente abraçou Bella e a desceu
da carruagem. Uma vez em terra, a jovem alisou o vestido e jogou a extensa
cauda sobre o braço com um arrogante movimento de cabeça. Ao entrar no
salão, o banquete de bodas já estava disposto sobre a mesa. Lorde e lady Hale
tomaram seus respectivos lugares nos extremos da mesa e indicaram a Bella e a
Edward que se sentassem de um lado, e a tio Laurent e tia Victória do outro.
Ergueram suas taças para brindar pelo jovem casal.
– Por um feliz e próspero matrimônio, e esqueçamos
tudo o que aconteceu aqui anteriormente - propôs lorde Hale. Logo acrescentou
-: E para que o bebê seja um varão saudável.
Bella corou enquanto levava a taça aos lábios. Não
bebeu. Não desejava um varão. Sabia que daria a Edward mais confiança. Olhou-o,
e viu que bebia a taça de um gole. Isso fez que sentisse ainda mais repulsão
por ele.
Bella pensou que o jantar tinha transcorrido muito
depressa, apesar de que, quando abandonaram a mesa já eram mais de onze da
noite. Os homens se dispuseram a tomar conhaque no salão, enquanto lady Hale
empurrava a tia Victória a seus aposentos e acompanhava Bella ao quarto
preparado para ela e para o ianque. Duas criadas jovens e risonhas estavam
esperando a jovem noiva. Uma camisola de gaze azul transparente jazia sobre a
cama. Ao vê-la, Bella empalideceu, mas lady Hale a conduziu a um banco em
frente a um enorme espelho e indicou para que sentasse.
– Irei em busca de um par de taças de vinho -
murmurou lhe beijando na testa. - Talvez a ajude.
Quando uma das criadas a despojou do vestido de
noiva e desenrolou seu cabelo, Bella compreendeu que mais nada a protegeria de
seu medo. Teria de estar inconsciente, do contrário o pânico se apoderaria
dela.
Ouviu passos fora do quarto, mas suspirou aliviada
ao perceber que eram de uma mulher.
Lady Hale abriu a porta e entrou com uma bandeja
levando uma garrafa com vinho e duas taças. Depositou-a sobre a mesa que havia
junto da cama, e serviu uma a Bella enquanto inspecionava o trabalho que as
criadas tinham feito com ela. Assentiu em sinal de aprovação.
– Agora está muito mais bela, querida, do que com o
vestido de noiva, embora pareça impossível – comentou. - Senti-me muito
orgulhosa de você. Gostaria de dispor de mais tempo para organizar uma festa
melhor. Seria para você brilhar. Como lamento que sua mãe tenha morrido tão
cedo, sem sequer a conhecer. Teria ficado muito orgulhosa de você.
– Orgulhosa de mim? - perguntou Bella com tristeza
olhando o ventre. - Trouxe a desgraça a todos - acrescentou com lágrimas nos
olhos.
Lady Hale sorriu com doçura.
– Tolices, querida - tranquilizou-a. - Às vezes uma
jovem não pode evitar que aconteçam determinadas coisas. É simplesmente uma
vítima das circunstâncias.
– Ou dos ianques - murmurou Bella. A senhora pôs-se
a rir.
– Sim, ou dos ianques – repetiu -, mas pelo menos é
jovem, bonito e limpo. Quando meu marido me contou de seu embaraço e me disse
que o culpado era um marinheiro ianque, preocupei-me tanto que estive a ponto
de adoecer. Pensei que se tratava de um velho lascivo. Também sua tia me
confiou que esperava um homem assim. Certamente levou um enorme desgosto quando
viu que não era, tendo em conta o quanto a fizeram sofrer durante todo este
tempo. Mas ele é tão bonito. Evidentemente, seus filhos serão sadios e
formosos, e imagino que terão muitos.
– Sim - sussurrou Bella. Engoliu a saliva com
dificuldade e acrescentou elevando a voz: - Sim, suponho que teremos muitos.
Pensou na facilidade com que Edward tinha plantado
sua semente nela. Não tinha a menor dúvida que daria a luz a muitas crianças.
Lady Hale se preparou para partir. Bella a olhou em
atitude implorante.
– Deve ir já? - perguntou com voz trêmula. A mulher
assentiu lentamente.
– Sim, querida - respondeu. - Não podemos conte-lo
mais tempo. Estaremos perto se por acaso precisar de nós.
Ficou sozinha e horrorizada mais uma vez. Depois de
ter experimentado as brincadeiras amargas de seu marido, estava decidida a não
se acovardar diante dele. Se me encontrar disposta não me fará mal.
A espera teve um fim repentino. Os fortes passos de
seu marido no corredor a sobressaltaram. Viu que se abria a porta e seu rosto
ardeu ao topar com os olhos verdes. Uma chama se acendeu no interior de Edward
ao contemplar o delicioso corpo de sua mulher.
Bella se endireitou, muito incomodada, o coração
pulsando fortemente. A colcha estava recolhida aos pés da cama, fora de seu
alcance.
Desejou chegar até ela e cobrir-se. O traje que
usava, o suave véu azul, era mais revelador que a própria nudez. Estava preso à
cintura por fitas, mas da cintura para cima e da cintura para baixo tinha uma
abertura sem nenhum outro tipo de adorno que a segurasse.
Como resultado, os lados dos seios estavam
nus, expostos ao olhar, assim como as pernas longas e esbeltas. A coisa mais
difícil que Bella tinha tido que fazer em toda sua vida foi permanecer ali
sentada, tranquilamente, frente a esse homem, e deixar que a contemplasse com
expressão de desejo.
– É muito bela, meu amor - afirmou ele com voz
rouca aproximando-se da cama. Seus olhos eram como chamas que a abrasavam.
Chegou até ela e a atraiu para si. - É até mais formosa do que lembrava.
Ainda ajoelhada, permitiu, embora reticente, que
Edward a abraçasse. Sentiu como suas mãos deslizavam sem nenhum cuidado por
debaixo da gaze, sobre seus quadris, e como inclinava a cabeça lentamente para
ela. Esperou seu beijo, mas antes de recebe-lo, o homem a despojou do traje e
riu com agressividade.
– Está mais flexível agora, meu amor – sussurrou. -
Realmente a faz tão diferente o matrimônio? Era isto o que devia obter por
vender seu corpo? E cheguei a pensar que por fim tinha encontrado a uma mulher
pura de coração, decidida a entregar-se unicamente por amor e incapaz de vender
seu corpo a um homem.
– Bastardo! - gritou furiosa, tentando livrar-se
dele. - E o que é que eu tenho de dizer a esse respeito? Vai me violentar como
fez da outra vez. Tanto faz se brigar ou não.
– Fique quieta - advertiu ele, atraindo-a
bruscamente e imobilizando-a. - Quer que os outros a ouçam e ponham a porta
abaixo? Lorde Hale está esperando a ocasião para fazê-lo.
– E a você o que importa? - provocou-o
maldosamente. - É mais forte que ele. Que importa se tiver de jogá-lo daqui
antes de terminar seus assuntos comigo?
Um dos músculos da face de Edward se tencionou.
Bella conhecia muito bem o tique nervoso e sabia que significava perigo. O
homem olhou-a fixamente com seus intensos e frios olhos verdes.
– Não exerceria meus direitos esta noite nem que
fosse a última mulher sobre a face da terra - disse com desprezo.
Bella deixou de lutar imediatamente. Ergueu os
olhos muito surpreendida e se perguntou se tinha ouvido corretamente. Edward
entreabriu as pálpebras e esboçou um de seus sorrisos zombeteiros, mostrando os
dentes brancos e reluzentes que contrastavam com sua tez morena e sua barba.
– Ouviu bem, querida - repetiu ele. - Não tenho
intenção de fazer amor com você nesta casa, esta noite. Quando quiser desfrutar
de você, meu amor, será da minha maneira, em minha própria casa, ou em meu
próprio navio, e não onde outro homem esteja esperando ansiosamente para irromper
e nos separar, pronto para me por atrás das grades.
– Atrás das grades? - repetiu inocentemente,
relaxando contra ele.
– Não me diga que não sabe de nada - disse Edward -
Claro que estava inteirada de seu plano. Não posso acreditar que não estivesse
envolvida nele.
– Não sei do que está falando - respondeu ela com
prudência.
Edward soltou uma gargalhada cheia de amargura.
– Sempre tão inocente não é, meu amor? - Desceu o
olhar para seus seios, acariciando com os dedos um dos quais as laterais da
gaze delicada e fina não conseguia cobrir. Depois roçou-lhe o mamilo com o
polegar e continuou brandamente: - Sempre inocente. Sempre bela. Sempre fria.
Bella permitiu que ele a acariciasse. Estava sendo
muito terno e decidiu não irrita-lo, desde que não chegasse mais longe. Afinal
se tratava de seu marido. A jovem prosseguiu com seu interrogatório. Queria
saber do plano a que ele se referia.
– Como o obrigaram a se casar comigo? - perguntou
docemente.
Edward beijou-lhe o cabelo,
depois o pescoço. Bella estremeceu involuntariamente ao sentir a intensidade de
seu desejo. Depois lhe acariciou o busto, parecia não querer deter-se. A moça
se afastou nervosa, temendo que não cumprisse com a sua palavra. Alcançou a
colcha, puxou-a e se cobriu.
– Vai me contar ou não? - insistiu olhando-o
fixamente.
– Por que deveria fazê-lo? Já ouviu tudo. Mas se
realmente é tão importante para você, terei de contar-lhe. Seu querido
magistrado ia me declarar culpado de contrabando e venda de armas aos
franceses, embora saiba que sou completamente inocente. Teria me enviado a
prisão, requisitado o navio, e Deus sabe o que teria ocorrido a minha plantação.
Devo admitir que seu amiguinho é muito ardiloso. – Tirou o casaco, lançou-o
sobre uma cadeira e começou a desabotoar a capa. - Sabia que estou... ou melhor
dizendo estava comprometido e ia me casar ao retornar para casa? O que se supõe
que devo dizer agora a ela, a minha prometida? Que a vi e não pude resistir? -
deteve-se por um instante para tirar a camisa, dirigindo-lhe um olhar cheio de
raiva. - Eu não gosto que me obriguem, querida. Vai contra meus princípios. Se
tivesse vindo a mim quando se inteirou de que estava grávida, teria te ajudado.
Inclusive teria me casado consigo, se isso fosse o que desejava de verdade, mas
me enviar a seu poderoso amigo para que me ameaçasse, não foi uma ação muito
inteligente de sua parte.
Com os olhos completamente abertos e aterrada,
Bella se encolheu sob os lençóis como se estes pudessem protege-la das mãos
selvagens daquele homem. Edward percorreu o quarto, apagando as velas. Ela o
observou cautamente. Despiu-se até a cintura e parecia não ter intenção de
parar aí, entretanto, sentou-se em uma cadeira próxima à cama.
– Sabe que é muito linda, não é verdade? - comentou
examinando-a friamente. - Poderia ter conseguido qualquer homem que tivesse
escolhido e apesar disso, esse homem fui eu. Eu gostaria, se não se importar,
que me contasse a verdade. Sabia, possivelmente, que possuo uma grande fortuna?
Ela o olhou sentindo estranheza. Não entendia por
que lhe formulava essa pergunta.
– Não sei nada de sua situação financeira -
respondeu com suavidade. – Foi simplesmente o homem que... que me roubou a
virgindade. Não podia ir a outro homem, manchada como estava e com um filho em
meu ventre. Teria dado a luz a um bastardo antes de me rebaixar tanto.
– Sua honestidade é digna de elogio minha senhora -
afirmou ele em tom de brincadeira, com o que conseguiu encolerizar Bella, que
gritou:
– Por que motivo deveria seguir seu caminho tão
alegremente sem remendar o dano que fez?
Edward correu para seu lado imediatamente.
– Por favor, querida - suplicou, nervoso -,
abstenha-se de levantar a voz se não quer que venham a nos fazer companhia. Não
tenho nenhuma intenção de que o lorde Jasper Hale me envie a prisão porque
pensa que te estou maltratando, especialmente depois de te haver convertido em
minha esposa.
Sua ansiedade agradou a Bella, que em vez de deixar
o interrogatório, prosseguiu falando com a voz muito baixa.
– Diz que não gosta da força. Bom, eu também a
odeio, mas não pude evitar que me utilizasse para lhe dar prazer. Agora está
furioso porque teve que pagar por isso. E tampouco pensa no menino que levo
dentro, no que teria tido que sofrer se tivesse sido um bastardo.
– O menino seria bem atendido, assim como você.
– Como sua amante e seu bastardo? Não, obrigado.
Antes cortaria meu pescoço.
O tique nervoso voltou a aparecer na face de
Edward, que a contemplou fixamente durante um longo momento, fazendo com que
ficasse paralisada como um passarinho em frente de uma serpente. Depois
entreabriu os olhos com expressão zombadora.
– As amantes são muito melhor atendidas que as
esposas - observou. - Teria sido muito amável e generoso contigo.
– Ou seja, isso significa que agora não o vais ser
- respondeu com sarcasmo.
– Exato – concordou suave, mas cruelmente,
aterrorizando-a. Levantou da cama e a olhou. - Como já disse a você, eu não
gosto de chantagem e já escolhi o castigo que vou infligir a você. Queria
segurança e um pai para nosso filho. Terá isso, querida, mas não obterá nenhuma
coisa mais. Em minha casa não a tratarão melhor que a uma empregada. Terá o
sobrenome que queria, mas deverá me rogar e me suplicar para que lhe conceda o
menor desejo. Não terá nem um penny nem levará uma vida normal. Mas me
encarregarei de que não se inteirem de sua situação. Em outras palavras,
querida, a posição que acreditava ser tão respeitável, não será mais que sua
própria prisão. Não terá nem o prazer de compartilhar os momentos mais ternos
do matrimônio. Só será uma simples empregada para mim. Se tivesse sido minha
amante, teria tratado você como a uma rainha, mas agora só me conhecerá como
seu amo.
– Quer dizer que não teremos... relações íntimas? -
inquiriu muito surpreendida.
E agora pessoal o k acontecera? Curiosos??? Nao percam o proximo capitulo
ResponderExcluirEita ele fez o que fez e ainda se sente ofendido, eita ianque. Só espero que a vida não seja pior do que na casa dos tios.
ResponderExcluirbastardo filho da p..., espero q ele morda a língua e bem rápido!!
ResponderExcluirAnciosa pelo capitulo nove amando a fic
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