Bella abriu os olhos e observou o recinto,
tudo estava calmo, só podia ouvir o ligeiro ranger do navio. Permaneceu deitada
sem mover–se durante alguns instantes tentando recordar o que tinha acontecido,
tinha tentado chegar até o beliche, mas tinha se cansado, remexeu–se com uma
expressão de dor no rosto, sentia–se coberta de machucados, como se cada
centímetro de seu corpo tivesse sido espancado. Estava muito fraca, virou a
cabeça sobre o travesseiro e viu Edward, estava dormindo em uma rede que pendia
entre duas vigas.
Uma rede? No camarote? E tinha um aspecto
horrível: O rosto gasto, os olhos rodeados por uns círculos escuros e o cabelo,
desalinhado. Era muito estranho vê–lo assim, preocupava–se sempre com seu
aspecto.
Sua expressão se agravou ao ver o
camarote, estava completamente desordenado. As cadeiras estavam abarrotadas de
roupa e as botas de Edward estavam jogadas, de qualquer maneira, no chão; havia
uma chaleira com água perto do beliche e, sobre a estufa, uma fileira de trapos
estendidos. Perguntou–se que tipo de desastre tinha devastado o lugar e por que
George não o tinha arrumado.
Com um esforço doloroso, conseguiu apoiar–se
sobre um dos cotovelos, movimento que não passou inadvertido a seu marido, que
abriu os olhos repentinamente. Saltou da rede e correu para ela, mas ao ver que
a prudência tinha retornado a sua esposa, diminuiu o passo. Sorriu e se sentou
na borda do beliche. Tocou–lhe a fronte com uma mão.
– A febre cedeu – afirmou aliviado.
–O que aconteceu? – perguntou Bella
docemente. – Estou muito cansada e me dói tudo. Levei um tombo?
Edward lhe afastou o cabelo do rosto.
– Esteve doente, querida, há vários dias –
explicou. – Este é o sexto.
–Seis dias! – exclamou ela, surpreendida e
muito confusa. Tinham passado seis dias e parecia que tinham transcorrido
horas. De repente, abriu os olhos aterrada e apertou o edredom à altura do
ventre.
– O bebê! Perdi o bebê, não é? – gritou,
com os olhos cheios de lágrimas. – Oh, Edward, me diga a verdade. Oh, Edward!
Ele sorriu com ternura e segurou sua mão.
– Não – murmurou. – O menino continua
conosco. Move–se muitas vezes.
Bella começou a rir enquanto as lágrimas
rolavam por suas faces desejou abraça–lo, mas se conteve, secou–as e sorriu. Já
relaxada, esticou–se no beliche, sentindo–se aliviada, mas exausta.
– Jamais a perdoaria se perdesse meu filho
depois de tudo o que passamos – brincou. – Tenho grandes planos para ele.
Bella procurou o rosto do marido sem poder
acreditar no que acabava de ouvir.
– Tem planos para ele? – perguntou. –
Estará orgulhoso dele... do meu filho?
– Do nosso filho, querida – a corrigiu com
ternura. – Acreditava que não iria estar... do meu próprio filho? Deveria
sentir vergonha por pensar o contrário. Já disse uma vez que adoro crianças...
e se forem meus, duplamente.
Bella continuou olhando–o fixamente com os
olhos muito abertos. Finalmente, e pela primeira vez, atreveu–se a perguntar
sobre algo que a preocupava há muito tempo.
– Edward, sou a primeira... – Fez uma pausa
e prosseguiu, vacilante. – É este seu primeiro... Quero dizer, já teve algum
filho com outra mulher?
Edward se sentou e a olhou arqueando uma
sobrancelha, o que fez com que ela se ruborizasse. Rapidamente, Bella baixou o
olhar e pronunciou uma desculpa quase inaudível.
– Sinto muito, Edward, não era minha
intenção intrometer–me. Por favor, me perdoe.
Edward pôs–se a rir
repentinamente e levantou o queixo da esposa olhando–a nos olhos.
– Sendo um homem de trinta e cinco anos,
não posso afirmar que jamais tenha me deitado com outra mulher não acha? –
Sorriu. – Mas posso assegurar que nenhuma outra mulher teve um filho meu. Não
estou mantendo o filho bastardo de outra mulher. Isto a agrada, querida?
Bella sorriu, feliz. Por alguma estranha
razão, o que ele acabava de dizer a tranquilizou enormemente.
– Sim – respondeu.
Sentindo–se melhor, tentou sentar–se.
Edward deslizou rapidamente as mãos por detrás de suas costas e a ajudou,
enquanto lhe rodeava com seus braços, depois arrumou as almofadas para que
estivesse mais confortável.
– Tem fome? – perguntou suavemente, sem
soltá–la. O edredom escorregou deixando–a nua até a cintura, com o cabelo
caindo grosseiramente sobre os ombros e seios. Não desejava soltá–la. – Deveria
tentar comer algo. Perdeu peso.
Bella o olhou nos olhos.
– Você também – sussurrou
Edward riu e a ajudou a recostar–se sobre
as almofadas enquanto ela cobria os seios com a colcha.
– Pedirei ao George que nos prepare algo
para comer – disse. – Ficará alegre ao saber que já se sente melhor. Dedica–lhe
muito carinho e temo que com sua enfermidade envelheceu dez anos – Fez uma
pausa e, com os olhos brilhantes, acrescentou: – A propósito amor, não voltará
a dormir junto a essa janela.
Bella riu, envergonhada.
– Nunca passei uma noite mais horrível na
minha vida – admitiu.
– Você é muito teimosa, minha senhora –
observou ele divertido –, mas no futuro terá muito poucas ocasiões de demonstrá–lo
– ficou novamente sério. – A partir de agora imporei meu julgamento e farei que
se cumpra.
Bella sabia que não estava brincando,
Edward se levantou e, quando estava a ponto de partir, uma ideia cruzou a mente
de Bella, detendo–o.
– Edward? – inquiriu a jovem.
Ele se voltou e esperou que continuasse.
Confusa, ela começou a retorcer o edredom entre suas mãos, temerosa de abordar
o tema e do modo em que ele pudesse reagir, mas consciente de que devia faze–lo.
Uma vez mais, falou em voz baixa.
– Edward, eu... – armou–se de coragem e o
olhou fixamente. – Vai contar a sua família que foi obrigado a casar–se comigo?
Edward a olhou perplexo durante vários
segundos e, sem uma palavra nem um gesto, deu meia volta e partiu. Bella voltou
a cabeça para a parede, muito envergonhada por haver formulado essa pergunta,
não tinha respondido e a resposta tinha ficado clara, perguntou–se se seria
capaz de suportar a vergonha que estava a ponto de sofrer.
Quando Edward retornou, Isabella tinha se
recomposto e tinha jurado que jamais voltaria a falar sobre o assunto, ele
pegou uma de suas camisolas do baú e a levou ao beliche.
– Se me permitir, ajudarei você a vestir
isto – sugeriu.
Ela deixou que ele lhe pusesse a camisola
e a amarrasse, enquanto estudava seu rosto. Ainda tinha um aspecto cansado e
doentio. O cabelo, antes bem penteado, agora estava desalinhado e as olheiras
estavam escuras e profundas, não tinha se cuidado. Bella ansiava acariciá–lo e
apagar os rastros de fadiga de seu semblante.
– George não cuidou de você – murmurou. –
Tenho que falar com ele sobre isto.
Edward desviou o olhar, muito incomodado
por seu aspecto desarrumado, afastou–se do beliche e lhe deu as costas. Mas
voltou a olha–la quando ela se mexeu dolorida no leito, procurando uma postura
mais cômoda.
– Uf! –queixou–se. – Esta cama me faz mal.
– Ergueu os olhos para os dele. – Posso me sentar, por favor?
Edward pegou um dos edredons do beliche e
o dispôs sobre uma cadeira junto à lareira. Levou–lhe as sapatilhas e as
colocou, pegou–a nos braços, desta vez sem que Bella resistisse. A jovem o
rodeou com os braços e lamentou que a distância até a cadeira fosse tão curta,
estava lhe colocando o edredom ao redor do corpo quando George bateu na porta.
O criado entrou com uma bandeja de comida.
– Olá, senhora – saudou com um amplo
sorriso –, nos deixou malucos e digo muito a sério. Achávamos que ia .... , e o
pobre capitão esteve ao seu lado todo tempo, dia e noite. Não deixou que
ninguém mais a tocasse.
Edward olhou zangado para seu criado.
– Tem uma língua muito comprida, George – resmungou.
– Sim, meu capitão – respondeu George com
um sorriso, e depositou as bandejas diante deles.
Bella não tinha muita fome, mas a sopa era
tentadora e começou a toma–la lentamente, pouco a pouco o apetite foi
crescendo, até que acabou comendo com grande prazer. Deteve–se e encontrou os
olhos de ambos os homens observando–a, afastou a colher e, sentindo necessidade
de dizer algo, olhou ao criado e, apontando o desordenado camarote, disse:
– Pelo que posso ver, George, não se
ocupou muito do seu capitão ultimamente.
Edward suspirou e afastou–se. George
esfregou as mãos.
– Sim, senhora. Estava de muito mau humor.
Não me deixou nem cruzar a porta. – E assentindo para enfatizar este
comentário, acrescentou –: Só ele se ocupou de atende–la e cuida–la, senhora.
Edward resmungou em voz baixa e se
aproximou de George como se quisesse bater nele, este se retirou rapidamente
mudando de assunto.
– Me alegro de comprovar que já está bem,
senhora. Trarei algo mais consistente mais tarde – comentou.
Bella continuou tomando a sopa sem deixar
de olhar, divertida, o rosto sério do marido.
Nesta noite, enquanto Edward se despia
para deitar–se, Bella se deitou de um lado do beliche e arrumou os lençóis, na
espera. Ele olhou de soslaio o espaço feito especialmente para ele e desviou o
olhar.
– Será melhor que não volte a dormir no
beliche – apontou. Olhou–a, viu sua fronte enrugada e limpou a garganta. –
Agora o tempo é mais quente e já não é necessário que compartilhemos o calor, e
eu... tenho medo de que... durante à noite... possa me virar e fazer mal ao
bebê. Estará mais cômoda sem mim.
Estirou–se grosseiramente na rede e se
acomodou para desfrutar do tão necessitado descanso. Bella bateu no
travesseiro, olhou–o de esguelha, virou–se e se cobriu até o pescoço.
Os dias se converteram em meses. O tempo
começou a melhorar enquanto navegavam para o sul, acelerando a volta para casa.
Sob o sol sempre quente, a cor natural de Bella retornou a face e os sinais da
enfermidade desapareceram por completo.
Brotou mais formosa que uma flor e, ao
contempla–la, as pessoas podiam dar–se conta do bem que lhe assentava a
maternidade. Sempre que subia à ponte, e sempre o fazia sob o amparo de Edward,
os olhos dos homens pousavam nela e, com a capa e o cabelo ao vento, era
realmente digna de admirar, pensavam nela como a mais delicada das mulheres e
nunca disseram uma só palavra ou fizeram uma só coisa que desse a entender o
contrário. Seu refinamento atraiu muitas mãos desejosas de assisti–la em suas
saídas para o convés.
Sua melhora pareceu assentar
esplendidamente a Edward, todo sinal de cansaço desapareceu de seus olhos, já
não o via gasto e suas olheiras desapareceram. A exposição ao sol e ao vento
fez que sua pele se tornasse bronzeada, Bella, que se sentia cada vez mais
mulher, começou a observa–lo com maior frequência.
Estavam perto das Bermuda e a ponto de
infiltrar–se em uma das ilhas, quando os surpreendeu uma tormenta. Edward subiu
à ponte e se encontrou com George segurando um barril em um dos cantos do
passadiço e forjando uma vela de forma que fizesse de funil para que a água da
chuva o enchesse.
– George, ficou louco? – inquiriu Edward,
gritando por cima do fragor da água. – Que demônios faz com isso aqui em cima?
O criado respondeu levantando o olhar ao
céu.
– Sua esposa, capitão. Pensei que gostaria
de ter um banho decente, a água fresca da chuva será um alívio depois de tanto
sal, capitão.
Edward contemplou o barril com olho
crítico, George abaixou o olhar, esperando que seu capitão não ordenasse que o
tirasse da ponte. Edward arqueou uma sobrancelha e esboçou um meio sorriso que
lhe suavizou as feições.
– Às vezes, George, surpreende–me –
afirmou e partiu apressado da ponte.
George suspirou aliviado e, assobiando,
voltou ao que fazia.
Bella afundou na água quente, desfrutando
enormemente da deliciosa calidez que envolvia seu corpo, seu marido se sentou
na escrivaninha, pensando na rapidez com a qual sua esposa se despiu ao ver a
fumegante banheira. George tinha preparado tudo discretamente enquanto ela
estava no convés respirando o ar fresco da tarde, ao vê–la, Bella tinha gritado
de alegria e tinha dado um beijo em George, que tinha partido do camarote
contente e ruborizado.
Deixou escapar um suspiro e se apoiou
contra o bordo da tina. Mergulhou os braços na água e voltou a levanta–los,
deixando que caísse sobre seus ombros. Edward blasfemou entre dentes ao
comprovar que se equivocara ao somar uma coluna de cifras pela oitava vez, sua
esposa estava completamente absorta e não percebeu as maldições que o marido
estava proferindo, ele deixou a pena e fechou os livros de contabilidade,
tentando acalmar sua excitação.
Levantou–se da escrivaninha e começou a
caminhar pelo camarote, olhando o mar pelas escotilhas, agora iluminadas pela
lua, num esforço por dirigir a atenção para algo menos frustrante. Não
conseguiu, e voltou a encontrar–se contemplando sua mulher, cujos seios
pareciam brincar com a água. Passou–lhe brandamente um dedo ao redor da orelha
e fez uma suave massagem na nuca com os nódulos. Ela o olhou, sorriu e apoiou a
face em sua mão. Edward apertou as mandíbulas e se retirou para um lugar do
camarote onde se sentisse a salvo. Acostumada a suas constantes mudanças de
humor, Bella o ignorou e continuou com seu banho, indiferente.
– Edward – pediu com doçura –, pode me
passar esse balde de água que há na lareira?
O homem se voltou aliviado por ter uma
tarefa em que ocupar a mente. Verteu a água aos pés da terrina e ficou
sujeitando o balde torpemente, vendo como sua mulher desfrutava daquele banho.
Bella se afundou na água e Edward se voltou bruscamente, balbuciando que
tinha de sair para procurar mais água e se apressou a fugir daquela câmara de
tortura.
Bella jazia relaxada
na banheira, quase ronronando de puro contentamento. Espremia a esponja,
fazendo com que a água caísse por seus joelhos e a atirava no rosto, salpicando–o.
A água era como um hiato em sua pele, terrivelmente cansada dos banhos de água
salgada.
Um ruído procedente de cima chamou sua
atenção e, durante um momento, ficou escutando os passos que iam de um lado a
outro da ponte. Reconheceu neles seu marido e, cada vez que o farol da ponte
iluminava e projetava a sombra através da clarabóia, Bella se perguntava se a
causa de seu estado de ânimo seria a impaciência por deixar o navio e chegar em
casa.
O banho terminou e a banheira foi
esvaziada. Bella estava sentada em frente da lareira com a camisola, o edredom,
que momentos antes a envolvia, agora tinha caído, ainda estava escovando o
cabelo quando seu marido entrou no camarote. Sorriu–lhe calidamente ao entrar.
Ao vê–la daquele modo, Edward se deteve na
porta, indeciso. O delicado traje de noite era como uma fina bruma que lhe
cobria o corpo dissimulando–o. Seus arredondados seios apareciam generosos por
cima do decote da camisola. Zangou–se consigo mesmo por não ser capaz de deixar
de contempla–la.
Começou a caminhar pelo camarote, achando
o pequeno lugar ainda mais asfixiante. Parou em frente do baú de Bella e viu o
roupão estendido sobre ele. Examinou–o durante uns segundos e o acariciou como
se Bella estivesse envolta em suas dobras. De repente, deu–se conta do que
estava fazendo e se deteve, agarrou o objeto e se dirigiu para ela colocando–o
sobre os ombros. Bella o olhou sorrindo e agradeceu–lhe, mas não fez movimento
algum para vesti–lo. Edward esperou, zangado pela tardança da esposa, até que
finalmente se inclinou e o colocou ele mesmo.
– Bella, pelo amor de Deus – se queixou. –
Não sou um lactante a quem seu traje leve não afeta. Sou um homem e não suporto
a ver tão exposta.
Obediente, deslizou no roupão e abotoou–o,
ajustando–o ao pescoço. Enquanto o fazia, nenhuma expressão apareceu em seu
rosto, mas por dentro riu satisfeita pelo desassossego que invadia seu marido.
Edward, cada vez mais nervoso à medida que
se aproximavam das Bermudas, estudou uma e outra vez as cartas de navegação.
Ele e MacTavish compararam suas notas e calcularam o dia aproximado em que
iriam atracar no porto, mas nenhum dos dois disse uma palavra por medo de
equivocar–se. Era a primeira semana de dezembro e os homens discutiam a
possibilidade de chegar a terra antes do Natal, os dois navios que tinham
partido antes deles deviam atracar no cais por volta de Ano Novo. Se o
Fleetwood chegasse a Charleston antes deles, seria o primeiro navio a voltar da
Inglaterra em vários meses, e seu carregamento proporcionaria enormes
benefícios. A tripulação sabia que as Bermudas estavam a uns doze dias de seu
destino final, de maneira que as ilhas suporiam o fim da viagem. Era quase o
meio–dia de oito de dezembro, quando a voz do vigia soou do alto do mastro
maior.
– Terra à vista! Proa a bombordo!
Não se podia ver nada do convés. Edward
fez uma anotação em seu diário de bordo, mas manteve o rumo até que pôde
divisar claramente as ilhas. Então, deu a tão ansiada ordem de rumar para casa.
O Fleetwood já em rota, cabeceava e
parecia precipitar–se enquanto os homens saltavam os equipamentos do navio e
desdobravam até o último centímetro da lona para aproveitar as suaves brisas do
sul.
Depois de mais de mês e meio no mar,
entraram na baía de Charleston uma semana antes do Natal. Ao avistar terra,
lançaram os sinais para informar que o Fleetwood se dispunha a entrar no porto.
Bella se abrigou com a capa e subiu ao convés para dar a primeira olhada ao
novo mundo, a primeira coisa que divisou do continente foi uma neblina azul e
teve que entrecerrar os olhos para poder distinguir a costa. Ao aproximar–se um
pouco mais, puderam divisar o litoral, mas se deram conta de que se desviaram
alguns quilômetros para o norte da baía de Charleston.
Bella contemplou o que ia converter se no
seu novo lar. Com o que tinha lido e ouvido, formou a ideia de um esvaído
assentamento em meio de um pântano fumegante, ficou assombrada diante das águas
cristalinas que ondeavam sob a proa do navio e a areia branca que se estendia
ao longo de quilômetros de praia. Mais à frente, podia distinguir frondosos
bosques de mangues, ciprestes, álamos e carvalhos que se elevavam intermináveis
na distância; quando finalmente o navio dobrou o cabo e entrou na baía, Bella
suspirou diante da sensual beleza da cidade caiada que se estendia ante ela
como um punhado de pérolas brancas em uma praia ensolarada.
Quando o Fleetwood percorria o último
quilômetro, Bella viu a multidão amontoada no cais, sobressaltada, entendeu que
entre a multidão se encontravam o irmão de Edward, seus amigos, e... sua noiva.
Gelou–lhe o coração diante da ideia de enfrentar a todos eles e fugiu do
convés, precipitando–se para o camarote para embelezar–se segundo o que ela
acreditava que devia ser a esposa de um capitão. Vestiu–se com supremo cuidado,
colocando um vestido de lã rosa e um casaco com a cintura alta do mesmo tom e debruado
com galões de seda. Sua ansiedade cresceu na hora de arrumar o cabelo.
Finalmente preparada e sem nada mais que
fazer, sentou–se na cadeira junto à agora fria lareira, contemplando o camarote
na penumbra, com as mãos recolhidas no regalo de pele. O medo crispou seus
nervos, mas conseguiu manter a compostura graças a sua férrea vontade. Pôde
ouvir como o navio chiava contra os moles. Sobressaltou–se momentos depois
quando Edward abriu a porta e entrou no camarote, foi direito à escrivaninha,
tirou os livros de contabilidade e os atou com uma cinta.
Depois, tirou da gaveta uma garrafa de
conhaque e se serviu de um generoso gole, Bella se levantou da cadeira muito
agitada, mordendo os lábios, e se colocou junto a seu marido, ele a olhou com a
testa enrugada e se serviu de outra taça. Bebeu–a de um gole e deixou o copo
sobre a mesa.
Com a necessidade de fazer algo que
acalmasse seu estado de nervosismo ante o suplício que se avizinhava, Bella
agarrou a taça e a estendeu a seu marido. Este arqueou uma sobrancelha, em
dúvida, ante a insistência de sua mulher, encheu o copo com uma quantidade
prudente, imitando o ar tranquilo de Edward, Bella levou a taça aos lábios e a
tomou de um gole. Um segundo depois, abriu os olhos desconcertada, tentando
respirar um pouco de ar fresco para amortecer o fogo que abrasava a garganta e
o estômago. Tossiu e pensou que nunca voltaria a ser a mesma, mas no final,
pôde respirar fundo e o calor abrasador se tornou em uma sensação cálida e
reconfortante.
Elevou seus frágeis olhos para Edward, que
a olhava divertido, e assentiu com valentia preparada para enfrentar à multidão
que aguardava no cais...
Sua expressão se agravou ao ver o
camarote, estava completamente desordenado. As cadeiras estavam abarrotadas de
roupa e as botas de Edward estavam jogadas, de qualquer maneira, no chão; havia
uma chaleira com água perto do beliche e, sobre a estufa, uma fileira de trapos
estendidos. Perguntou–se que tipo de desastre tinha devastado o lugar e por que
George não o tinha arrumado.
Bem-vindos a casa! O que ira acontecer? Como reagira a família de Edward ao casamento com Bella? E a noiva? Curiosos??? Eu também. Por isso não percam o próximo capitulo
ResponderExcluirBom dia, finalmente em casa, espero que a noiva ñ esteja esperando para ela poder se preparar!!
ResponderExcluirrealmente adorei este momentos de sofrimentos de Edward ante a esposa, agpra é só esperar e ver, sinto que teremos muitas novidades
ResponderExcluirMeu Deus muito feliz estou adorando ler essa bela história continue postando por favor
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