sexta-feira, fevereiro 26, 2016

FANFIC O RECOMEÇO - CAPÍTULO 13


Capítulo 13 – Novo mundo


Bella abriu os olhos e observou o recinto, tudo estava calmo, só podia ouvir o ligeiro ranger do navio. Permaneceu deitada sem mover–se durante alguns instantes tentando recordar o que tinha acontecido, tinha tentado chegar até o beliche, mas tinha se cansado, remexeu–se com uma expressão de dor no rosto, sentia–se coberta de machucados, como se cada centímetro de seu corpo tivesse sido espancado. Estava muito fraca, virou a cabeça sobre o travesseiro e viu Edward, estava dormindo em uma rede que pendia entre duas vigas.

Uma rede? No camarote? E tinha um aspecto horrível: O rosto gasto, os olhos rodeados por uns círculos escuros e o cabelo, desalinhado. Era muito estranho vê–lo assim, preocupava–se sempre com seu aspecto.

Sua expressão se agravou ao ver o camarote, estava completamente desordenado. As cadeiras estavam abarrotadas de roupa e as botas de Edward estavam jogadas, de qualquer maneira, no chão; havia uma chaleira com água perto do beliche e, sobre a estufa, uma fileira de trapos estendidos. Perguntou–se que tipo de desastre tinha devastado o lugar e por que George não o tinha arrumado.

Com um esforço doloroso, conseguiu apoiar–se sobre um dos cotovelos, movimento que não passou inadvertido a seu marido, que abriu os olhos repentinamente. Saltou da rede e correu para ela, mas ao ver que a prudência tinha retornado a sua esposa, diminuiu o passo. Sorriu e se sentou na borda do beliche. Tocou–lhe a fronte com uma mão.

– A febre cedeu – afirmou aliviado.

–O que aconteceu? – perguntou Bella docemente. – Estou muito cansada e me dói tudo. Levei um tombo?

Edward lhe afastou o cabelo do rosto.

– Esteve doente, querida, há vários dias – explicou. – Este é o sexto.

–Seis dias! – exclamou ela, surpreendida e muito confusa. Tinham passado seis dias e parecia que tinham transcorrido horas. De repente, abriu os olhos aterrada e apertou o edredom à altura do ventre.

– O bebê! Perdi o bebê, não é? – gritou, com os olhos cheios de lágrimas. – Oh, Edward, me diga a verdade. Oh, Edward!

Ele sorriu com ternura e segurou sua mão.

– Não – murmurou. – O menino continua conosco. Move–se muitas vezes.

Bella começou a rir enquanto as lágrimas rolavam por suas faces desejou abraça–lo, mas se conteve, secou–as e sorriu. Já relaxada, esticou–se no beliche, sentindo–se aliviada, mas exausta.

– Jamais a perdoaria se perdesse meu filho depois de tudo o que passamos – brincou. – Tenho grandes planos para ele.

Bella procurou o rosto do marido sem poder acreditar no que acabava de ouvir.

– Tem planos para ele? – perguntou. – Estará orgulhoso dele... do meu filho?

– Do nosso filho, querida – a corrigiu com ternura. – Acreditava que não iria estar... do meu próprio filho? Deveria sentir vergonha por pensar o contrário. Já disse uma vez que adoro crianças... e se forem meus, duplamente.

Bella continuou olhando–o fixamente com os olhos muito abertos. Finalmente, e pela primeira vez, atreveu–se a perguntar sobre algo que a preocupava há muito tempo.

– Edward, sou a primeira... – Fez uma pausa e prosseguiu, vacilante. – É este seu primeiro... Quero dizer, já teve algum filho com outra mulher?

Edward se sentou e a olhou arqueando uma sobrancelha, o que fez com que ela se ruborizasse. Rapidamente, Bella baixou o olhar e pronunciou uma desculpa quase inaudível.

– Sinto muito, Edward, não era minha intenção intrometer–me. Por favor, me perdoe.

    Edward pôs–se a rir repentinamente e levantou o queixo da esposa olhando–a nos olhos.

– Sendo um homem de trinta e cinco anos, não posso afirmar que jamais tenha me deitado com outra mulher não acha? – Sorriu. – Mas posso assegurar que nenhuma outra mulher teve um filho meu. Não estou mantendo o filho bastardo de outra mulher. Isto a agrada, querida?

Bella sorriu, feliz. Por alguma estranha razão, o que ele acabava de dizer a tranquilizou enormemente.

– Sim – respondeu.

Sentindo–se melhor, tentou sentar–se. Edward deslizou rapidamente as mãos por detrás de suas costas e a ajudou, enquanto lhe rodeava com seus braços, depois arrumou as almofadas para que estivesse mais confortável.

– Tem fome? – perguntou suavemente, sem soltá–la. O edredom escorregou deixando–a nua até a cintura, com o cabelo caindo grosseiramente sobre os ombros e seios. Não desejava soltá–la. – Deveria tentar comer algo. Perdeu peso.

Bella o olhou nos olhos.

– Você também – sussurrou

Edward riu e a ajudou a recostar–se sobre as almofadas enquanto ela cobria os seios com a colcha.

– Pedirei ao George que nos prepare algo para comer – disse. – Ficará alegre ao saber que já se sente melhor. Dedica–lhe muito carinho e temo que com sua enfermidade envelheceu dez anos – Fez uma pausa e, com os olhos brilhantes, acrescentou: – A propósito amor, não voltará a dormir junto a essa janela.

Bella riu, envergonhada.

– Nunca passei uma noite mais horrível na minha vida – admitiu.

– Você é muito teimosa, minha senhora – observou ele divertido –, mas no futuro terá muito poucas ocasiões de demonstrá–lo – ficou novamente sério. – A partir de agora imporei meu julgamento e farei que se cumpra.

Bella sabia que não estava brincando, Edward se levantou e, quando estava a ponto de partir, uma ideia cruzou a mente de Bella, detendo–o.

– Edward? – inquiriu a jovem.

      Ele se voltou e esperou que continuasse. Confusa, ela começou a retorcer o edredom entre suas mãos, temerosa de abordar o tema e do modo em que ele pudesse reagir, mas consciente de que devia faze–lo. Uma vez mais, falou em voz baixa.

– Edward, eu... – armou–se de coragem e o olhou fixamente. – Vai contar a sua família que foi obrigado a casar–se comigo?

Edward a olhou perplexo durante vários segundos e, sem uma palavra nem um gesto, deu meia volta e partiu. Bella voltou a cabeça para a parede, muito envergonhada por haver formulado essa pergunta, não tinha respondido e a resposta tinha ficado clara, perguntou–se se seria capaz de suportar a vergonha que estava a ponto de sofrer.

         Quando Edward retornou, Isabella tinha se recomposto e tinha jurado que jamais voltaria a falar sobre o assunto, ele pegou uma de suas camisolas do baú e a levou ao beliche.

– Se me permitir, ajudarei você a vestir isto – sugeriu.

Ela deixou que ele lhe pusesse a camisola e a amarrasse, enquanto estudava seu rosto. Ainda tinha um aspecto cansado e doentio. O cabelo, antes bem penteado, agora estava desalinhado e as olheiras estavam escuras e profundas, não tinha se cuidado. Bella ansiava acariciá–lo e apagar os rastros de fadiga de seu semblante.

– George não cuidou de você – murmurou. – Tenho que falar com ele sobre isto.

Edward desviou o olhar, muito incomodado por seu aspecto desarrumado, afastou–se do beliche e lhe deu as costas. Mas voltou a olha–la quando ela se mexeu dolorida no leito, procurando uma postura mais cômoda.

– Uf! –queixou–se. – Esta cama me faz mal. – Ergueu os olhos para os dele. – Posso me sentar, por favor? 

Edward pegou um dos edredons do beliche e o dispôs sobre uma cadeira junto à lareira. Levou–lhe as sapatilhas e as colocou, pegou–a nos braços, desta vez sem que Bella resistisse. A jovem o rodeou com os braços e lamentou que a distância até a cadeira fosse tão curta, estava lhe colocando o edredom ao redor do corpo quando George bateu na porta. O criado entrou com uma bandeja de comida.

– Olá, senhora – saudou com um amplo sorriso –, nos deixou malucos e digo muito a sério. Achávamos que ia .... , e o pobre capitão esteve ao seu lado todo tempo, dia e noite. Não deixou que ninguém mais a tocasse.

Edward olhou zangado para seu criado.

         – Tem uma língua muito comprida, George – resmungou.

– Sim, meu capitão – respondeu George com um sorriso, e depositou as bandejas diante deles.

Bella não tinha muita fome, mas a sopa era tentadora e começou a toma–la lentamente, pouco a pouco o apetite foi crescendo, até que acabou comendo com grande prazer. Deteve–se e encontrou os olhos de ambos os homens observando–a, afastou a colher e, sentindo necessidade de dizer algo, olhou ao criado e, apontando o desordenado camarote, disse:

– Pelo que posso ver, George, não se ocupou muito do seu capitão ultimamente.
Edward suspirou e afastou–se. George esfregou as mãos.

– Sim, senhora. Estava de muito mau humor. Não me deixou nem cruzar a porta. – E assentindo para enfatizar este comentário, acrescentou –: Só ele se ocupou de atende–la e cuida–la, senhora.

Edward resmungou em voz baixa e se aproximou de George como se quisesse bater nele, este se retirou rapidamente mudando de assunto.

– Me alegro de comprovar que já está bem, senhora. Trarei algo mais consistente mais tarde – comentou.

        Bella continuou tomando a sopa sem deixar de olhar, divertida, o rosto sério do marido.

Nesta noite, enquanto Edward se despia para deitar–se, Bella se deitou de um lado do beliche e arrumou os lençóis, na espera. Ele olhou de soslaio o espaço feito especialmente para ele e desviou o olhar.

– Será melhor que não volte a dormir no beliche – apontou. Olhou–a, viu sua fronte enrugada e limpou a garganta. – Agora o tempo é mais quente e já não é necessário que compartilhemos o calor, e eu... tenho medo de que... durante à noite... possa me virar e fazer mal ao bebê. Estará mais cômoda sem mim.

Estirou–se grosseiramente na rede e se acomodou para desfrutar do tão necessitado descanso. Bella bateu no travesseiro, olhou–o de esguelha, virou–se e se cobriu até o pescoço.

Os dias se converteram em meses. O tempo começou a melhorar enquanto navegavam para o sul, acelerando a volta para casa. Sob o sol sempre quente, a cor natural de Bella retornou a face e os sinais da enfermidade desapareceram por completo.

Brotou mais formosa que uma flor e, ao contempla–la, as pessoas podiam dar–se conta do bem que lhe assentava a maternidade. Sempre que subia à ponte, e sempre o fazia sob o amparo de Edward, os olhos dos homens pousavam nela e, com a capa e o cabelo ao vento, era realmente digna de admirar, pensavam nela como a mais delicada das mulheres e nunca disseram uma só palavra ou fizeram uma só coisa que desse a entender o contrário. Seu refinamento atraiu muitas mãos desejosas de assisti–la em suas saídas para o convés.

Sua melhora pareceu assentar esplendidamente a Edward, todo sinal de cansaço desapareceu de seus olhos, já não o via gasto e suas olheiras desapareceram. A exposição ao sol e ao vento fez que sua pele se tornasse bronzeada, Bella, que se sentia cada vez mais mulher, começou a observa–lo com maior frequência. 

Estavam perto das Bermuda e a ponto de infiltrar–se em uma das ilhas, quando os surpreendeu uma tormenta. Edward subiu à ponte e se encontrou com George segurando um barril em um dos cantos do passadiço e forjando uma vela de forma que fizesse de funil para que a água da chuva o enchesse.

– George, ficou louco? – inquiriu Edward, gritando por cima do fragor da água. – Que demônios faz com isso aqui em cima?

O criado respondeu levantando o olhar ao céu.

– Sua esposa, capitão. Pensei que gostaria de ter um banho decente, a água fresca da chuva será um alívio depois de tanto sal, capitão.

Edward contemplou o barril com olho crítico, George abaixou o olhar, esperando que seu capitão não ordenasse que o tirasse da ponte. Edward arqueou uma sobrancelha e esboçou um meio sorriso que lhe suavizou as feições.

– Às vezes, George, surpreende–me – afirmou e partiu apressado da ponte.
George suspirou aliviado e, assobiando, voltou ao que fazia.

Bella afundou na água quente, desfrutando enormemente da deliciosa calidez que envolvia seu corpo, seu marido se sentou na escrivaninha, pensando na rapidez com a qual sua esposa se despiu ao ver a fumegante banheira. George tinha preparado tudo discretamente enquanto ela estava no convés respirando o ar fresco da tarde, ao vê–la, Bella tinha gritado de alegria e tinha dado um beijo em George, que tinha partido do camarote contente e ruborizado.

Deixou escapar um suspiro e se apoiou contra o bordo da tina. Mergulhou os braços na água e voltou a levanta–los, deixando que caísse sobre seus ombros. Edward blasfemou entre dentes ao comprovar que se equivocara ao somar uma coluna de cifras pela oitava vez, sua esposa estava completamente absorta e não percebeu as maldições que o marido estava proferindo, ele deixou a pena e fechou os livros de contabilidade, tentando acalmar sua excitação.

Levantou–se da escrivaninha e começou a caminhar pelo camarote, olhando o mar pelas escotilhas, agora iluminadas pela lua, num esforço por dirigir a atenção para algo menos frustrante. Não conseguiu, e voltou a encontrar–se contemplando sua mulher, cujos seios pareciam brincar com a água. Passou–lhe brandamente um dedo ao redor da orelha e fez uma suave massagem na nuca com os nódulos. Ela o olhou, sorriu e apoiou a face em sua mão. Edward apertou as mandíbulas e se retirou para um lugar do camarote onde se sentisse a salvo. Acostumada a suas constantes mudanças de humor, Bella o ignorou e continuou com seu banho, indiferente.

– Edward – pediu com doçura –, pode me passar esse balde de água que há na lareira?

O homem se voltou aliviado por ter uma tarefa em que ocupar a mente. Verteu a água aos pés da terrina e ficou sujeitando o balde torpemente, vendo como sua mulher desfrutava daquele banho. Bella se afundou na água e Edward se voltou bruscamente, balbuciando que tinha de sair para procurar mais água e se apressou a fugir daquela câmara de tortura.

     Bella jazia relaxada na banheira, quase ronronando de puro contentamento. Espremia a esponja, fazendo com que a água caísse por seus joelhos e a atirava no rosto, salpicando–o. A água era como um hiato em sua pele, terrivelmente cansada dos banhos de água salgada.

Um ruído procedente de cima chamou sua atenção e, durante um momento, ficou escutando os passos que iam de um lado a outro da ponte. Reconheceu neles seu marido e, cada vez que o farol da ponte iluminava e projetava a sombra através da clarabóia, Bella se perguntava se a causa de seu estado de ânimo seria a impaciência por deixar o navio e chegar em casa.

O banho terminou e a banheira foi esvaziada. Bella estava sentada em frente da lareira com a camisola, o edredom, que momentos antes a envolvia, agora tinha caído, ainda estava escovando o cabelo quando seu marido entrou no camarote. Sorriu–lhe calidamente ao entrar.
Ao vê–la daquele modo, Edward se deteve na porta, indeciso. O delicado traje de noite era como uma fina bruma que lhe cobria o corpo dissimulando–o. Seus arredondados seios apareciam generosos por cima do decote da camisola. Zangou–se consigo mesmo por não ser capaz de deixar de contempla–la.

Começou a caminhar pelo camarote, achando o pequeno lugar ainda mais asfixiante. Parou em frente do baú de Bella e viu o roupão estendido sobre ele. Examinou–o durante uns segundos e o acariciou como se Bella estivesse envolta em suas dobras. De repente, deu–se conta do que estava fazendo e se deteve, agarrou o objeto e se dirigiu para ela colocando–o sobre os ombros. Bella o olhou sorrindo e agradeceu–lhe, mas não fez movimento algum para vesti–lo. Edward esperou, zangado pela tardança da esposa, até que finalmente se inclinou e o colocou ele mesmo.

– Bella, pelo amor de Deus – se queixou. – Não sou um lactante a quem seu traje leve não afeta. Sou um homem e não suporto a ver tão exposta.

Obediente, deslizou no roupão e abotoou–o, ajustando–o ao pescoço. Enquanto o fazia, nenhuma expressão apareceu em seu rosto, mas por dentro riu satisfeita pelo desassossego que invadia seu marido.

Edward, cada vez mais nervoso à medida que se aproximavam das Bermudas, estudou uma e outra vez as cartas de navegação. Ele e MacTavish compararam suas notas e calcularam o dia aproximado em que iriam atracar no porto, mas nenhum dos dois disse uma palavra por medo de equivocar–se. Era a primeira semana de dezembro e os homens discutiam a possibilidade de chegar a terra antes do Natal, os dois navios que tinham partido antes deles deviam atracar no cais por volta de Ano Novo. Se o Fleetwood chegasse a Charleston antes deles, seria o primeiro navio a voltar da Inglaterra em vários meses, e seu carregamento proporcionaria enormes benefícios. A tripulação sabia que as Bermudas estavam a uns doze dias de seu destino final, de maneira que as ilhas suporiam o fim da viagem. Era quase o meio–dia de oito de dezembro, quando a voz do vigia soou do alto do mastro maior.

– Terra à vista! Proa a bombordo!

Não se podia ver nada do convés. Edward fez uma anotação em seu diário de bordo, mas manteve o rumo até que pôde divisar claramente as ilhas. Então, deu a tão ansiada ordem de rumar para casa.

O Fleetwood já em rota, cabeceava e parecia precipitar–se enquanto os homens saltavam os equipamentos do navio e desdobravam até o último centímetro da lona para aproveitar as suaves brisas do sul.

Depois de mais de mês e meio no mar, entraram na baía de Charleston uma semana antes do Natal. Ao avistar terra, lançaram os sinais para informar que o Fleetwood se dispunha a entrar no porto. Bella se abrigou com a capa e subiu ao convés para dar a primeira olhada ao novo mundo, a primeira coisa que divisou do continente foi uma neblina azul e teve que entrecerrar os olhos para poder distinguir a costa. Ao aproximar–se um pouco mais, puderam divisar o litoral, mas se deram conta de que se desviaram alguns quilômetros para o norte da baía de Charleston.

Bella contemplou o que ia converter se no seu novo lar. Com o que tinha lido e ouvido, formou a ideia de um esvaído assentamento em meio de um pântano fumegante, ficou assombrada diante das águas cristalinas que ondeavam sob a proa do navio e a areia branca que se estendia ao longo de quilômetros de praia. Mais à frente, podia distinguir frondosos bosques de mangues, ciprestes, álamos e carvalhos que se elevavam intermináveis na distância; quando finalmente o navio dobrou o cabo e entrou na baía, Bella suspirou diante da sensual beleza da cidade caiada que se estendia ante ela como um punhado de pérolas brancas em uma praia ensolarada.

Quando o Fleetwood percorria o último quilômetro, Bella viu a multidão amontoada no cais, sobressaltada, entendeu que entre a multidão se encontravam o irmão de Edward, seus amigos, e... sua noiva. Gelou–lhe o coração diante da ideia de enfrentar a todos eles e fugiu do convés, precipitando–se para o camarote para embelezar–se segundo o que ela acreditava que devia ser a esposa de um capitão. Vestiu–se com supremo cuidado, colocando um vestido de lã rosa e um casaco com a cintura alta do mesmo tom e debruado com galões de seda. Sua ansiedade cresceu na hora de arrumar o cabelo.

Finalmente preparada e sem nada mais que fazer, sentou–se na cadeira junto à agora fria lareira, contemplando o camarote na penumbra, com as mãos recolhidas no regalo de pele. O medo crispou seus nervos, mas conseguiu manter a compostura graças a sua férrea vontade. Pôde ouvir como o navio chiava contra os moles. Sobressaltou–se momentos depois quando Edward abriu a porta e entrou no camarote, foi direito à escrivaninha, tirou os livros de contabilidade e os atou com uma cinta.

Depois, tirou da gaveta uma garrafa de conhaque e se serviu de um generoso gole, Bella se levantou da cadeira muito agitada, mordendo os lábios, e se colocou junto a seu marido, ele a olhou com a testa enrugada e se serviu de outra taça. Bebeu–a de um gole e deixou o copo sobre a mesa.

Com a necessidade de fazer algo que acalmasse seu estado de nervosismo ante o suplício que se avizinhava, Bella agarrou a taça e a estendeu a seu marido. Este arqueou uma sobrancelha, em dúvida, ante a insistência de sua mulher, encheu o copo com uma quantidade prudente, imitando o ar tranquilo de Edward, Bella levou a taça aos lábios e a tomou de um gole. Um segundo depois, abriu os olhos desconcertada, tentando respirar um pouco de ar fresco para amortecer o fogo que abrasava a garganta e o estômago. Tossiu e pensou que nunca voltaria a ser a mesma, mas no final, pôde respirar fundo e o calor abrasador se tornou em uma sensação cálida e reconfortante.

Elevou seus frágeis olhos para Edward, que a olhava divertido, e assentiu com valentia preparada para enfrentar à multidão que aguardava no cais...

4 comentários:

  1. Bem-vindos a casa! O que ira acontecer? Como reagira a família de Edward ao casamento com Bella? E a noiva? Curiosos??? Eu também. Por isso não percam o próximo capitulo

    ResponderExcluir
  2. Bom dia, finalmente em casa, espero que a noiva ñ esteja esperando para ela poder se preparar!!

    ResponderExcluir
  3. realmente adorei este momentos de sofrimentos de Edward ante a esposa, agpra é só esperar e ver, sinto que teremos muitas novidades

    ResponderExcluir
  4. Meu Deus muito feliz estou adorando ler essa bela história continue postando por favor

    ResponderExcluir