sábado, abril 30, 2016

FANFIC O RECOMEÇO – CAPÍTULO 17


Capítulo 17 – Decisão

As semanas transcorreram rapidamente até que tão somente restaram dois dias para a partida de Edward, ele tinha estado muito ocupado cuidando do navio, das dívidas de Tânia e da madeireira que finalmente tinham decidido comprar, passando muito pouco tempo em casa.

Em várias ocasiões tinha permanecido no Fleetwood durante três ou quatro dias, e quando estava em casa passava a maior parte do tempo no escritório trabalhando nos livros de contabilidade, documentos e recibos. O único dia que passava junto a sua esposa era no domingo, estavam acostumados a ir à igreja onde Bella era recebida agora com supremo respeito e amabilidade.

Nesse dia, pouco depois do almoço, Edward tinha saído a montar ao Leopold por última vez antes de zarpar a bordo de seu navio, era tarde quando o cavalo retornou sem cavaleiro causando um grande desassossego. Bella estava frenética quando um dos criados viu Edward saindo do bosque, ao aproximar–se, viram que estava coberto de pó e que seu rosto estava imundo.

Hatti se pôs a rir alegremente e comentou:

– Esse velho cavalo tira o melhor de você, Senhorzinho Ed.

O homem voltou a amaldiçoar e atirou o chapéu na anciã. Esta se esquivou ainda rindo muito e bateu em rápida retirada.

Emm também riu de boa vontade.

– Uma coisa está clara, Edward, a este passo vais gastar primeiro as costas da jaqueta que os fundilhos da calça – zombou.

George desviou o olhar tossindo sonoramente como se tivesse engasgado e tratou de ficar sério ante o olhar colérico de seu amo.

Bella continuava mostrando uma expressão de consternação.

– O que aconteceu, Edward? – perguntou. – Estas mancando!

– Essa maldita besta me pegou despreparado e passou por um ramo baixo! – exclamou zangado. – É apenas uma bolha, estas botas não foram feitas para caminhar. – Dito isto, deu–lhes as costas, que tinha coberta de barro e se afastou a grandes passos para a casa.

Quando partiu, o cavalo agitou a cabeça e começou a relinchar e a fazer cabriolas. Edward se voltou e apertando os punhos exclamou:

– Um destes dias vou matá–la, mula sarnenta! – voltou–se uma vez mais e partiu para casa, furioso.

George continuava segurando a risada.

– Será melhor que vá preparar lhe o banho. Acredito que vai precisar dele – observou.

O jantar transcorreu em um rigoroso silêncio, pois as parcas respostas de Edward não propiciavam uma conversa fluída, não era difícil determinar que lhe doesse mais seu orgulho que todas as contusões e bolhas que cobriam seu corpo. Seu humor melhorou um pouco no dia seguinte, Bella bateu timidamente na porta de seu escritório. Quando Edward disse que entrasse, viu–o em sua escrivaninha revisando livros de contabilidade e extratos de contas.

– Tem um momento? – perguntou insegura. Nunca antes o tinha importunado enquanto trabalhava e agora estava vacilante.

Edward assentiu.

– Acho que sim – respondeu. Ajeitou–se na cadeira observando–a cruzar o aposento e lhe indicou uma cadeira para que se sentasse junto a sua mesa. Esperou um momento enquanto a jovem se balançava nervosa na ponta da cadeira tratando de reunir a coragem necessária para iniciar a conversa.

– Algum assunto que queira discutir? – perguntou Edward.

– Sim... ah... quanto tempo vai permanecer fora? Quero dizer... vai voltar antes que nasça o bebê?

– Sim, não decidi estar fora mais do que um mês – respondeu ele perturbado por ter sido interrompido com semelhante trivialidade. – Acreditava que já lhe havia dito isso. –Retornou seu trabalho.

– Edward – insistiu ela. – Me perguntava... se poderia fazer algumas modificações no quarto enquanto estiver fora.

– É claro – respondeu ele asperamente. – Peça ao Ethan que disponha do necessário. – Voltou a concentrar–se no trabalho pensando que Bella tinha concluído, mas uma vez mais o interrompeu.

– Também terei que fazer algo no...salão.

Edward a olhou.

– Minha querida esposa, pode fazer com que reconstruam a casa inteira se o desejar – disse com sarcasmo e aspereza.

Bella baixou os olhos para suas mãos, apoiadas com dissimulação sobre os joelhos, Edward lhe lançou um olhar furioso e retornou a seu trabalho. O silêncio reinou na habitação sem que Bella fizesse gesto algum de retirar–se, depois de vários minutos Edward voltou a olhá–la, enfiou a caneta no tinteiro e se apoiou no encosto da cadeira.

– Desejas algo mais? – inquiriu molestado. Os olhos chocolate da moça se encontraram com os verdes de seu marido. Levantou o queixo e se apressou a acrescentar:

– Sim, senhor. Enquanto arrumam a sala de estar, eu gostaria que me desse permissão para usar sua cama.
Edward deixou cair com estrépito o punho sobre a mesa e se levantou para caminhar pelo escritório muito furioso, era ridículo que sua própria mulher tivesse que pedir seu consentimento para usar a cama que se supunha era para os dois.

– Maldita seja, mulher, não tem que me aborrecer cada vez que deseja utilizar algo da casa em minha ausência. Já tenho bastante deste estúpido jogo. Pode utilizar tudo; não tenho nem o tempo nem o humor para ter que estar pensando em todos seus caprichos. Rogo–lhe que exercite sua cabeça de passarinho e comece a ser a senhora desta casa, não quer compartilhar minha cama com gosto te dou permissão para que compartilhe todo o resto. Agora tenho trabalho para fazer, como pode comprovar, há momentos do dia que procuro um pouco de paz, agora, por favor, saia daqui.

As últimas palavras pronunciadas quase aos gritos. Ao finalizar seu discurso, Bella, pálida e cansada, ficou em pé e partiu. Ao sair se encontrou com George e Emm na porta principal e com o Hatti nas escadas, os três tinham os olhos extremamente abertos evidenciando que tinham ouvido cada uma das palavras que Edward tinha proferido, precipitou–se escada acima, soluçando, e se atirou sobre a cama, desconsolada.

Edward saiu do escritório com grande rapidez com a intenção de consolá–la e acalmar a agonia causada por seu arrebatamento, mas ao sair se encontrou com o olhar enfurecido de Emmett e sentiu a reprovação dos três.

Hatti soprou e em tom de mofa disse a Emm:

– Alguns homens não têm sensibilidade – voltou–se bruscamente e partiu.

George encarou seu capitão pela primeira vez. Abriu a boca várias vezes para dizer algo, mas ao não consegui–lo se encasquetou o chapéu e partiu sem suportar estar no mesmo lugar.

Emm olhou com ódio a seu cada vez mais ruborizado irmão e com uma careta de desprezo, espetou:

– Há momentos, irmão, nos quais desonra a memória de nosso pai. Se quer se fazer de idiota, não abuse de outros com sua burrice – voltou–se e partiu também.

Agora Edward estava sozinho, sentindo o peso de sua língua afiada, era já muito que seus dois criados de confiança, inclusive amigos de confiança, voltassem–se contra ele dessa maneira e que ele mesmo estivesse aborrecido por ter repreendido Bella com veemência e pudesse agora ouvir seu pranto no silêncio da casa, mas que seu próprio irmão se unisse a eles e o tivesse rejeitado por completo!

Retornou ao escritório e se sentou, pensativo, a sua secretária. Até a casa parecia reprovar suas maneiras, sentia–se marginalizado em seu próprio lar e não encontrava a maneira de aliviar seu pesar.

O jantar transcorreu em meio de um incômodo silêncio e com a cadeira de Bella vazia. Hatti atendeu aos dois homens e cada vez que servia a Edward o fazia o mais longe possível, desfrutando disso. Emmett terminou de jantar, deixou a faca e o garfo sobre a mesa e lançou um olhar de fúria a Edward antes de ficar em pé e ir–se. Deteve–se no vestíbulo, onde Hatti comentou algo em voz alta para que Edward ouvisse.

– Senhorzinho Emm, a senhorita Bella… está sentada junto à janela e não quer comer. O que devo fazer para que o faça, Senhorzinho? Ela e o bebê morrerão de fome!

– Não faça nada, Hatti – respondeu Emm – Acredito que o melhor que podemos fazer é deixá–la só durante um tempo. Estará bem e ele se irá amanhã.

Hatti partiu, sacudindo a cabeça enquanto balbuciava coisas para si, Emmett ainda não desejava retirar–se a seus aposentos. Saiu para sentar–se nas escadas e permaneceu um momento pensativo, observando o caminho, assombrado diante da estupidez de seu irmão, exalou um suspiro e entrou na noite fria e silenciosa em direção aos estábulos.

Ao apoiar–se contra a porta ouviu o Leopold soprar e escoicear entrou e acariciou o focinho sedoso do garanhão fazendo com que sacudisse a cabeça, contente. De repente um barulho desviou sua atenção do cavalo e viu uma luz tênue procedente do quarto onde dormia George, aproximou–se se perguntando com quem estaria falando a essas horas, a parte superior da porta estava meio aberta, de modo que Emm pôde ver o homem sentado à cabeceira do catre com os joelhos dobrados, uma garrafa jazia entre suas pernas e um gato que dormitava aos pés da cama, parecia ser o sujeito de seu monólogo.

– Oh, Webby, fiz muito mal a levando a ele – se lamentou. – Olhe como a trata agora que leva a carga de seu filho! – encolheu os ombros. – Mas como íamos saber que tão somente era uma pobre menina assustada, Webby? Quase todas as mulheres que perambulam pelas ruas Londres de noite são prostitutas, e o capitão já tinha bebido demais nessa noite em terra. Por que, Senhor, tivemos que escolher a ela uma pobre garota perdida e afastada de sua família? Deve tê–la tratado muito mal aquela noite, e era virgem. E isso é o pior de tudo, Webby! Uma pobre inocente possuída dessa forma. OH, que vergonha! OH, Webby, que vergonha...!

Levou a garrafa à boca e tomou um gole generoso, depois se limpou com o braço, dizendo.

– Mas esse lorde Hale se pôs firme com capitão. Obrigou–o a casar–se com ela quando descobriram ao pequenino – pôs–se a rir, satisfeito e esquadrinhou a gato com olhos frágeis. – O capitão se tornou louco, Webby. Não há muita gente que possa obrigar ao capitão a fazer algo contra sua vontade. – O velho guardou silêncio e desabou, olhando pensativo a garrafa. – E – balbuciou ao cabo de um momento –, o capitão deve tomar–se de carinho por ela, pois rastreou a cidade quando a jovem escapou depois de passar a noite com ele... e quando descobriu que tinha fugido, nuca o vi tão furioso. Ainda estaríamos ali a procurando se não tivesse sido porque o cavalheiro a trouxe de volta para que se casassem.

Endireitou–se e deu um longo trago na garrafa. Depois destacou o polegar e acrescentou:

– Mas eu fui o primeiro que a levou, Webby, eu! Fiz o trabalho sujo. Deixei–a em suas mãos! E, Oh, Deus, o que teve que aguentar. A pobre e doce mamãezinha...

Sua voz se foi apagando e inclinou lentamente a cabeça sobre o peito. Um instante depois seus roncos ressoavam no quarto, Emmett se dirigiu para a porta das cavalariças muito pensativo e se apoiou nela, esboçou um sorriso.

– Então ele a conheceu desse modo... – murmurou. De repente soltou uma gargalhada. – Pobre Ed ... Demônios que o digam? Pobre Tory!

Afastou–se das quadras assobiando em direção a casa, com seu bom humor recuperado, a porta do escritório estava fechada e, ao passar em frente, Emmett  sorriu.

Na manhã seguinte desceu pelas escadas com mesmo bom humor e, embora o lugar de Bella continuasse estando vazio, não incomodou seu irmão, só quando Edward esteve com a boca cheia comentou:

– Sabe Edward? Uma mulher demora duzentos e setenta dias em dar a luz, será interessante ver quanto demora a sua. Seria muito estranho que tivesse tido que casar com a Tory no mar. Embora sendo capitão tivesse encontrado um problema, não acha? Como teria podido se casar a si mesmo? – Continuou tomando o café da manhã pensando nessa situação enquanto Edward o observava com curiosidade.

Emm limpou a boca com um guardanapo e murmurou:

– Não devo perder a conta. – E antes que seu irmão pudesse fazer um comentário, levantou–se deixando–o só e confuso.

As malas tinham sido carregadas na carruagem e George, sentado junto a Willy no assento do condutor, entrecerrava seus olhos injetados de sangue com o brilhante sol da manhã, os dois irmãos estavam junto à porta da carruagem quando de repente, Isabella saiu ao alpendre. A jovem os observou segurando seu xale com solenidade.

– Espero que tenha uma viagem agradável, Edward – desejou com ternura. – Tente chegar a casa o mais breve possível.

Edward avançou alguns passos para ela com expressão séria, deteve–se e a olhou, mas resmungando uma maldição se voltou e subiu na carruagem.

Emm observou o carro afastar–se e se reuniu à Bella no alpendre.

– Tenha paciência, Tory – murmurou. – Não é tão estúpido como às vezes parece.
A moça lhe dedicou um sorriso agradecendo sua compreensão, girou animada, sobre seus pés e entrou na casa.

Nos dias seguintes não teve tempo para pensar. Ocupou–se desde as tarefas mais importantes até aos detalhes mais mínimos, organizando os acertos necessários para o quarto das crianças e a sala de estar. Selecionou os materiais para as novas cortinas e tapeçarias, assim como o papel das paredes, quando se sentava suas mãos continuavam atarefadas tecendo roupa para o bebê. Só de noite, quando dormia na cama de Edward e percorria com seus dedos o escudo esculpido da família, pensava em quão solitária estava Harthaven sem ele.

Edward entrou na estalagem sem dar–se conta de que George estava junto ao balcão com uma jarra de cerveja na mão, escolheu uma mesa, depositou o casaco e o chapéu sobre uma cadeira e pediu algo de comer e um pouco de vinho. Enquanto degustava o Madeira, absorto em seus pensamentos, a porta da estalagem se abriu e entrou uma família numerosa, todos seus membros estavam extremamente magros e escassamente abrigados para o frio que fazia.

Edward observou que os meninos loiros, encabeçados pela mãe, se dirigiam cansativamente para a lareira em busca de calor; o homem se separou do grupo para falar com o hospedeiro, Edward supôs que a mulher devia ser de sua idade, mas seu rosto estava sulcado por profundas rugas e suas mãos avermelhadas e nodosas apresentavam a marca de uma vida difícil, entretanto, seu aspecto era asseado como o dos meninos. Levava um bebê de uns oito meses em seu colo e um menino tímido pego a suas saias puídas, um menino de uns doze anos, que parecia o mais velho dos dez irmãos, permanecia muito rígido junto a ela observando em silêncio como a estalajadeira ia e vinha com uma bandeja repleta de comida. Seus olhos azuis se arregalaram ao contempla–la.

O pai se aproximou da mesa de Edward com um chapéu deteriorado na mão. Edward o olhou.

– Rogo–lhe que me desculpe senhor – se desculpou o homem. – Você é o capitão Cullen? O hospedeiro me disse que é.

Edward assentiu.

– Sim. Sou eu mesmo. O que posso fazer por você?

O homem apertou o chapéu com força.

– Sou Seth Webster, senhor – se apresentou. – Dizem que está procurando um bom madeireiro. Desejaria o trabalho, senhor.

Edward lhe indicou uma cadeira.

– Tome assento, senhor Webster. – Quando o homem se sentou, perguntou–lhe: – Diga que experiência tem, senhor Webster?

– Bom senhor – começou a dizer o homem, nervoso, manuseando o chapéu. – Comecei nisto quando era um menino, faz já vinte e cinco anos. Nos últimos oito fui capataz e cabo de equipe, conheço o trabalho a fundo, senhor.

Edward se dispôs a falar, mas a criada chegou com a comida.

– Importa–se que coma enquanto falamos senhor Webster? – inquiriu. – Odeio desperdiçar a boa comida.

– Não, senhor – se apressou a responder Webster. – Adiante.

Edward assentiu agradecendo–lhe e voltou para os negócios enquanto comia.

– Por que não está trabalhando agora, senhor Webster?

O homem engoliu a saliva com dificuldade e respondeu:

– Estive trabalhando até o verão passado, senhor. Fiquei preso entre alguns troncos e destrocei o braço e o ombro. Estive doente até princípios do inverno, e depois disso só pude conseguir trabalhos ocasionais como simples madeireiro. Os melhores postos já estavam ocupados e o frio e a umidade do norte me proporcionaram uma grande dor nos ossos, é realmente difícil manter uma família com o pagamento de um jornaleiro.

Edward assentiu sem deixar de mastigar, virou–se para trás na cadeira com os braços cruzados e falou com franqueza.

– De fato, senhor Webster, estou procurando um gerente para minha madeireira – Fez uma pausa e o homem se desabou em sua cadeira. – Seu nome me é familiar – prosseguiu. – O senhor Brisban, a pessoa que me comprou o navio, o recomendou. Disse–me que você era um bom trabalhador e que possuía mais experiência que qualquer dos que pudesse encontrar por aqui, necessitarei de uma pessoa que conheça esse trabalho. Acredito que você é o homem, e se aceitar, o posto é seu.

Webster ficou perplexo durante uns segundos, logo esboçou um amplo sorriso.

– Obrigado, senhor. Não se arrependerá, prometo. Posso ir comunicar a minha esposa a boa notícia?

– É obvio senhor Webster. Por favor, faça–o. Ainda há alguns assuntos que precisaria discutir com você.

O homem se aproximou da esposa e, enquanto falava com ela, Edward se fixou na maneira como seus filhos contemplavam a comida, mais interessados nesta que nas notícias do pai, depois recordou os olhos do homem olhando constantemente seu prato de comida e, ao observá–los de novo, compreendeu que era uma família muito pouco afortunada. Finalmente o homem retornou à mesa.

– Minhas mais humildes desculpas, senhor Webster, mas já comeram? – perguntou com a fronte ligeiramente enrugada.

O homem pôs–se a rir e se apressou a responder:

– Não, senhor, viemos diretamente aqui, mas temos mantimentos no carro e comeremos mais tarde.

– Agora, senhor Webster – começou a dizer –, acabo de contratá–lo para um cargo de responsabilidade, e acredito que isto requer uma pequena celebração. Poderia dizer aos seus que são meus convidados para jantar? Seria uma honra.

O homem sacudiu a cabeça assombrado.

– Certamente, senhor, obrigado, senhor. – Webster se afastou em direção a sua família.

Aproximou a toda pressa a sua prole enquanto Edward chamava uma criada para dar as ordens pertinentes, esta se dispôs rapidamente a colocar várias cadeiras em torno de uma mesa enorme junto à dele, e os membros da família Webster tomaram assento educadamente, quando o senhor Webster conduziu a sua esposa à mesa de Edward, este se levantou.

– Capitão Cullen, esta é minha senhora, Leah – anunciou.

Edward lhe dedicou uma ligeira reverência.

– É um prazer conhecê–la, senhora – disse cortesmente. – Espero que você e seus filhos gostem de minhas terras.

A mulher sorriu timidamente e deu uma olhada a seu bebê, que nesse momento se movia junto a seu peito. Edward voltou para sua cadeira e esperou que ambos saciassem seu apetite antes de continuar falando de negócios.

– Não discutimos o salário, senhor Webster – manifestou –, mas minha proposta é a seguinte: o pagamento será de vinte libras mensais e aposentos junto ao moinho. Se as coisas forem bem, poderá participar do negócio.

O homem se limitou a assentir, mudo de assombro.

Edward tirou um papel de sua jaqueta e prosseguiu.

– Aqui tenho uma carta de crédito feita por meu banco em Charleston. Com isto poderá pagar a comida, e se conhecer alguns homens aos quais poderia interessar o trabalho no moinho, pode trazê–los com você a conta desta carta. Tem dívidas que requeiram ser saldadas antes de partir?

Webster negou com a cabeça e sorriu divertido.

– Não senhor, não se concede crédito a pobres – respondeu.

– Muito bem então – respondeu Edward. Tirou sua carteira de um dos bolsos do colete e contou dez moedas. – Aqui tem cem libras para gastos de viagem, espero–o uma semana depois de minha chegada. Tem alguma pergunta ou sugestão?

Webster duvidou por um instante antes de aventurar–se a manifestar–se, indeciso:

– Há uma coisa, senhor. Eu não gosto de trabalhar com escravos ou sentenciados.

Edward esboçou um sorriso.

– Temos as mesmas convicções, senhor Webster. Para uma fábrica a melhor mão de obra é a assalariada.

A garçonete tirou a mesa. Os meninos maiores cochichavam entre si e os pequenos, dormitavam nas cadeiras, ao observá–los, Edward pensou em seu próprio bebê.

– Você em uma família maravilhosa, senhora Webster – comentou. – Minha esposa está grávida de nosso primeiro filho, nascerá em março, assim estou muito ansioso por voltar para casa.

A mulher sorriu timidamente, muito inibida para responder.

Concluídas as negociações, os dois homens se levantaram e apertaram as mãos, Edward observou meditativo a partida da família, depois voltou a sentar–se e se serviu de outra taça de Madeira.

De repente, uma mulher muito atraente, que tinha um profundo decote, cabelo vermelho e lábios muito pintados, levantou–se de sua cadeira, onde tinha estado estudando Edward com descaramento e se aproximou dele. A visão da carteira repleta de dinheiro a tinha animado, e foi caminhando para ele provocativamente, sentando–se com malícia em uma cadeira vazia em torno de sua mesa, exibindo o ombro.

– Olá – ronronou. – Se importaria de convidar para uma taça a uma dama solitária?

Edward lhe lançou um olhar gélido.

– Receio que esta noite esteja ocupado, senhora – respondeu. – Rogo que me desculpe. – Com a mão lhe indicou que se fosse. A mulher se virou de mau humor e se afastou furiosa.

George, que tinha sido testemunha do interesse da mulher por seu capitão há algum tempo, sorriu para si e suspirou aliviado. Desde que tinham desembarcado do Fleetwood um mês atrás, tinha visto Edward recusar prostitutas uma atrás da outra e retirar–se a seus aposentos sozinho, no dia seguinte partiriam rumo a casa e ele retornaria junto a sua esposa, agora em um estado bastante avançado de gravidez, para aliviar suas urgências varonis, pois não se deitara com nenhuma mulher desde sua chegada. Sentindo um renovado respeito para com ele, George assentiu com a cabeça.

– Sim, parece que o capitão se apaixonou – murmurou –, e muito. A jovem mamãe prendeu–o em seu coração sem que ele se dessa conta e ali está, sonhando com ela enquanto outras moças bem dispostas desfilam diante dele. Sim, pobre capitão, nunca voltará a ser o mesmo. – Levantou a jarra para Edward como se fosse brindar e bebeu a jarra de um gole.

Edward se levantou da mesa e, esquecendo a presença do criado, subiu as escadas para seu quarto, fechou a porta e começou a desfazer a cama lentamente, como se concentrado em um pensamento. Tirou a camisa, deixou–a sobre o respaldo de uma cadeira e se contemplou em um espelho grande que havia no canto do quarto, viu que um homem bastante atraente lhe devolvia o olhar e flexionava os braços musculosos, de repente se voltou exasperado.

Maldição pensou. Não sou tão feio para que uma moça bonita recuse compartilhar meu leito. Como posso me aproximar dessa pequena quando despreza tanto a imagem de meu rosto que nem sequer pode dormir a meu lado? Caminhou furioso pelo quarto. Consegui que as mais arrogantes abrissem as pernas e o fizeram encantadas, como se lhes fizesse o maior favor do mundo. Mas quando estou diante de Bella, às palavras fogem de minha boca, me humilhando.

Aproximou–se furioso à janela e ficou olhando fixamente através dela, com a certeza de que nessa pensão haveria mais de uma cama quente esperando–o, seu desejo cresceu, mas sabia que não era por nenhum desses leitos, e sim em parte por uma lembrança, em parte por um sonho que albergava em seu interior. Enterneceu–se ao recordar o resplendor dourado das velas sobre a pele cremosa e sedosa ainda úmida depois do banho vespertino, e o cabelo encaracolado e suave sobre o travesseiro enquanto dormia. As lembranças trouxeram para sua mente sonhos nos quais imaginou os braços doces e delicados da moça rodeando seu pescoço, seus lábios carnudos e rosados pressionando os seus, o corpo suave e jovem arqueando–se baixo o dele e seus dentes brancos e pequenos mordiscando sua orelha para acender sua paixão.

Afastou–se da janela golpeando a palma da mão com o punho, frustrado.

Meu Deus! pensou, essa moça me rejeita e minha alma se desmorona. Que aflição me atormenta que tremo desta maneira?

Agarrou um copo para se servir de um gole e se sentou em uma cadeira para prosseguir meditando sobre o problema que o atormentava.

Não me deitei com nenhuma mulher desde a noite que trouxeram Isabella ao meu camarote, está moça impregnou fundo em mim, mas fechou todas as portas exceto uma, e essa, a raiva me negou isso. Meu Deus, amo–a tanto...! Acreditei que as emoções estavam abaixo de mim, acreditei que tinha superado o que outros homens declaram, acreditei que tinha me convertido em um homem do mundo, acima do palavrório, e que poderia aceitar uma mulher experimentada, mas agora me encontro tão afetado pela inocência desta, que não sou capaz de procurar alívio em outro leito.

Inclinou–se para frente e apoiou a cabeça nos joelhos.

Até quando lhe arrebatei a virgindade satisfez meu prazer como nenhuma outra mulher o tinha feito antes, tomou minha semente em seu interior, me atraindo e, desde a primeira vez que a abracei, meus pensamentos foram seus até o extremo de que sonho com ela e com o dia em que volte a gozar de seus cuidados.

Levantou a cabeça e se apoiou contra o respaldo da cadeira. Sorveu sua bebida com calma e tomou uma nova decisão.

Aproxima–se sua hora, meditou, esperarei meu momento pacientemente, a cortejarei com ternura e desse modo talvez consiga que venha para mim.

Bebeu sua taça e se dirigiu à cama com a compreensão de seu amor pela jovem e a nova resolução, caiu profundamente adormecida pela primeira vez em muitos meses...

8 comentários:

  1. Esse Edward é muito lento de raciocínio, ele esqueceu o q falou a Bella qdo se casou e espera q ela se aproxime dele por vontade própria? Qdo ele vai perceber q o problema é a falta de dialogo entre os dois? Espero q agora q se sabe apaixonado ele conserte as coisas.

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  2. realmente ele falou tanta bobagem a ela, e ela é timida e inocente, vai quere de uma hora para outra corra atrás dele... eita Edward, sabe de nada inocente

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  3. tomara que ele chegue cheio de saudade e tenha um linda noite de amor kkk.tadinha ela merece ela já sofreu muito. não vejo a hora de ler próximo capitulo.

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  4. Que bom ,mas um capitulo ansiosa pelo próximo não vejo a hora deles se entenderem acompanhando com fervor esta fic

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Continua por favor! Até agora essa é a minha fanfic favorita, conheci ela no meio de 2015 e me apaixonei! ♥

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Continua por favor! Até agora essa é a minha fanfic favorita, conheci ela no meio de 2015 e me apaixonei! ♥

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