Capítulo 7
– O Reencontro
Outubro chegou e o tempo se
fez cada vez mais frio. As folhas caíam, amontoando-se sobre a erva, ainda
verde. Podiam-se ver os esquilos brincar de correr sobre os ramos das árvores,
procurando comida para armazenar para o inverno. A cada manhã Bella
arrastava-se do catre, doente e abatida, e se perguntava se algum dia se
encontraria bem. Com as novas tarefas que sua tia lhe tinha encomendado,
era-lhe muito difícil dissimular seu estado de saúde. Jurou que a senhora
jamais a veria indisposta, mas o juramento estava sendo muito difícil de
cumprir. Às vezes se sentia tão fraca que esperava perder o conhecimento em
qualquer momento. Tinha acreditado que as lembranças que a atormentavam
acabariam por deixa-la em paz. Mas continuavam ali, assim como a sua dor de
estômago e seus nervos crispados.
– Deixa já de vadiar e
termina de lavar esses pratos, jovenzinha – ordenou Victória.
Bella tratou de sacudir o
atordoamento de cima e se apressou a limpar outra terrina de madeira. Dentro em
pouco, poderia relaxar com um banho quente e acalmar seu corpo dolorido. Estava
cansada e aborrecida, e lhe doía muito as costas. Estava acordada ao amanhecer
e já não tinha forças para nada. Quase tinha desmaiado ao carregar um feixe de
lenha.
Guardou os pratos e puxou a
terrina para banhar-se. Victória, sem deixar de observa-la, agarrou outro
pedaço de bolo e mordeu um bocado. Bella estremeceu, perguntando-se como aquela
bruxa conseguia comer tanto. Parecia seu passatempo favorito.
Desejou que sua tia fosse
dormir como tinha feito tio Laurent. Preferia banhar-se tranquila. Mas a tia
não ia se mover, assim decidiu encher a terrina e provar a água. Estava
agradavelmente quente. Desabotoou o vestido e deixou que se deslizasse até o
chão.
Permaneceu diante da à
chaminé completamente nua. As chamas faziam resplandecer a suave pele da jovem
e seu resplendor perfilava seu corpo magro. Seus seios tinham aumentado
grandemente de tamanho e estavam muito duros, e seu abdômen parecia
ligeiramente volumoso.
De repente, Victória
engasgou com o pedaço de bolo. Ficou de pé de um salto e com um grito. Sua
sobrinha, assustada, voltou-se imediatamente. Os olhos da mulher estavam
totalmente abertos. Observavam a jovem, horrorizada.
Atravessou a sala correndo
em direção a Bella, que retrocedeu pensando que a mulher ficara louca, e a
agarrou brutalmente pelos braços.
– De quem ficou prenhe,
jovenzinha? Com que chacal esteve? – Chiou.
Bella ficou petrificada ao
pensar no que sua tia acabava de soltar. Seus olhos estavam muito abertos e seu
rosto completamente branco. Em sua inocência, não tinha pensado nisso. Não
tinha meditado nas consequências de ter estado com o capitão Cullen. Tinha
acreditado que a origem de seus males residia na preocupação por todo o
acontecido. Mas agora pensava de outro modo. Ia ter um bebê, um filho daquele
descarado, desavergonhado! Louco! Lunático! OH, Deus! Pensou. Por quê? Por quê?
Lívida pela raiva, Victória
a agarrou pelos cabelos e começou a sacudir-lhe a cabeça, ameaçando-a,
puxando-a. De repente, a tia ficou com o rosto iluminado, e empurrou Bella até
uma cadeira que estava próxima.
– Quem foi? Quem é o maldito
sapo? – Interrogou-a gritando, apertando os braços até que a dor a obrigou a
protestar. – Diga ou juro que lhe tirarei isso!
A Bella era impossível
pensar. Ficou surda, como inconsciente pelo impacto.
– Por favor, por favor, me
deixe em paz - implorou, confusa.
– Jacob; foi ele, não? Seu
tio me contou que foi muito carinhoso consigo e agora sei por que. Ele é o pai
da criatura. Se acredita que vai arruinar meu bom nome na aldeia e ficar
tranquilo, está muito equivocado. Disse-lhe que se algum dia pecasse, pagaria
por isso, e agora você vai casar com o Jake. Ele pagará por isso!
Lentamente o bom senso
começou a vencer à confusão. Bella entendeu o que sua tia estava dizendo, o que
havia dito do Jake. Tremendo, fez um esforço sobre-humano para recuperar a
consciência. Não deixaria que o culpassem. Não podia feri-lo dessa maneira e
deixar que a desprezasse ainda mais. Recolheu o vestido do chão e tampou o
corpo.
– Não foi Jacob - repôs
brandamente. Sua tia se virou.
– Como? O que disse menina? –
Inquiriu.
Bella se sentou imóvel,
olhando fixamente o fogo.
– Não foi Jacob - repetiu.
– E quem foi se não esse
sapateiro?
– Foi um capitão que vinha
das colônias – explicou Bella. Suspirou com apatia, apoiando sua face contra o
respaldo alto e tosco da cadeira. As chamas da chaminé iluminavam seu rosto. –
Seus homens me encontraram e me levaram até ele. Ele me forçou. Juro-lhe isso
por Deus.
O que importava quem era o
homem que a tinha violado? Todo mundo saberia em poucos meses que estava
grávida, a não ser que sua tia decidisse mantê-la na casa e não deixa-la ir à
aldeia. Mas nesse caso, como explicariam a presença do bebê uma vez que tivesse
nascido?
Sua tia franziu o sobrolho,
sobressaltada.
– O que é que está dizendo?
– Inquiriu. – Que a encontraram? Quando? Onde foi isso?
Bella não podia dizer a sua
tia da morte de James.
– Perdi-me ao me separar por
acidente de seu irmão. Dois marinheiros ianques me encontraram – murmurou, continuava
contemplando o fogo. – Entregaram-me a seu capitão para que se divertisse
comigo, e ele não me deixou partir. Só quando ameacei um de seus homens com uma
arma, consegui fugir. Vim para cá em seguida.
– Como se separou de James? –
Perguntou Victória. Bella fechou os olhos.
– Fomos A... uma feira... e
não sei bem como, mas nos perdemos – mentiu. – Não o disse antes porque não vi
a necessidade. É filho do ianque, não do Jacob. Mas não se casará comigo. Ele é
dos que fazem o deseja, não concordará em tomar-me por esposa.
Victória esboçou um sorriso
ameaçador.
– Isso já o veremos –
replicou. – Agora me diga, seu pai não tinha um amigo que era juiz em Londres?
Chamava-se lorde Hale, não é assim? E não era ele quem controlava as
investigações de todos os navios suspeitos de contrabando?
Uma vez mais, a confusão se
apoderou da jovem. Seus pensamentos estavam muito emaranhados para poder
responder a sua tia. Finalmente lhe respondeu.
– Sim, era lorde Hale, e pelo que sei continua
sendo; mas por quê?
O sorriso
de Victória se fez mais amplo.
– Não se preocupe com as
razões – comentou maliciosa. – Quero saber mais a respeito de lorde Hale.
Conhecia você? Era muito amigo de seu pai?
Uma ruga cruzou a delicada fronte de
Bella.
– Lorde Hale era um dos
melhores amigos do meu pai. Estava acostumado a vir frequentemente a nossa
casa. Conhece-me desde que era uma menina.
– Bem, tudo o que precisa
saber no momento é que vai ajudar-te a que se case – concluiu Victória com uma
expressão maquinadora. – Agora se banhe e se deite. Amanhã iremos a Londres, de
modo que teremos que nos levantar muito em cedo para não perder a carruagem que
sai do povoado. Não ficaria bem ir ver lorde Hale numa carroça. Agora se
apresse.
Bell ficou de pé com grande
esforço e completamente desconcertada pela atitude de sua tia. Não entendia por
que está queria saber coisas de lorde Hale, mas era uma professora na hora de
forjar planos ardilosos e não valia a pena perguntar. Meteu-se obedientemente
na tina sentindo um peso no ventre. Agora, pela primeira vez, ficou consciente
de que estava grávida.
Não havia dúvida de que o
estava. Tinha que tê-lo esperado de um homem como ele, forte, potente. Tinha
completado as obrigações de um homem com uma facilidade exasperante. Enquanto
homens magníficos suavam sobre suas mulheres sem resultado, ela tinha tido a
desgraça de ser possuída por um macho tão viril como o capitão.
É abominável!, gritou para si mesma. É
o demônio.
Um pranto surdo surgiu de sua boca.
Estremeceu violentamente ao dar-se conta do que ocorreria se o obrigassem a
casar-se com ela. Desposada por um vadio semelhante, sua alma e sua vida
inteira estariam perdidas. Estaria condenada por toda a vida.
Mas pelo menos o bebê teria
um nome, e possivelmente tiraria algo bom de tudo isso.
Seus pensamentos se
centraram no filho que esperava. Estava destinado a ser moreno, como seus pais,
e provavelmente seria atraente se parecesse com Edward. Pobre menino, mais lhe
valeria ser feio e não um descarado bem vestido como seu progenitor.
Mas o que ocorreria se fosse
menina? Suporia um duro golpe na confiança de uma besta varonil como aquela. Se
viesse a se casar com ele, pensou Bella maliciosamente, rezaria para que fosse
uma menina.
Antes de terminar seu banho,
Bella ouviu seu tio muito agitado no outro quarto. A mulher não tinha sido
capaz de esperar até a manhã seguinte para lhe contar a seu tio as novidades.
Bella se levantou da tina e
se cobriu com uma toalha ao ver seu tio entrar no diminuto lugar. Parecia ter
envelhecido dez anos.
– Isabella, filha, tenho que
falar contigo, por favor - rogou o homem.
A garota corou, abraçando-se
à toalha para que cobrisse seu corpo nu. O tio não se deu conta de que não
tinha roupa.
– Bella, está dizendo a
verdade? Foi o ianque o que plantou sua semente em você? – Inquiriu.
– Por que quer saber? – Perguntou ela
com cautela.
Laurent esfregou a testa com
uma mão trêmula.
–
Isabella. Bella, alguma vez James a tocou? Fez mal a você de algum modo,
pequena?
Bella compreendeu nesse
momento por que seu tio tinha estado olhando-a daquela forma tão estranha ao
voltar de Londres. Conhecia James e estava preocupado por ela. Agora não podia
fazer outra coisa senão tranquiliza-lo.
– Não, tio, não me fez
nenhum mal – mentiu. – Nos perdemos na feira. Sabe? Havia uma feira e eu queria
ir. Ele foi muito amável e me levou. Mas me perdi e não consegui encontra-lo.
Foi então que dois homens me levaram a seu capitão. O ianque é o pai.
– Pensei... Não importa.
Estava preocupado com você – confessou -, mas agora devemos encontrar o pai.
Desta vez não falharei. Não posso falhar à filha de meu irmão.
Bella conseguiu esboçar um
sorriso. Não podia dizer que não valia a pena ir a Londres, pois o capitão Cullen
jamais se casaria com ela.
Permaneceu em silêncio.
Ao chegar a Londres,
procuraram alojamento em uma estalagem. Tio Laurent enviou uma mensagem a lorde
Hale pedindo uma entrevista. No dia seguinte foi recebido em sua casa. Bella e
a tia permaneceram na estalagem esperando o resultado do encontro. Apesar de
sentir uma enorme curiosidade, a moça não se atreveu a perguntar o que estavam
tramando. Nada mais senão esperar tio Laurent voltar e reunir-se a Victória.
Bella achou que, qualquer
que fosse o plano que tinham, estava indo bem já que seu tio havia voltado
muito mais animado do que quando partiu.
Depois de lhe assegurar que
lorde Hale os ajudaria a resolver o problema, ordenaram-lhe que se deitasse.
– Só precisa comprovar que
estamos dizendo a verdade e fará o que deve ser feito – explicou tio Laurent –
E seu ianque não vai se negar a casar com você a não ser que queira perder tudo
o que possui e acabar no cárcere.
Bella não entendia nada. Não
podiam encarcerar a um homem por negar-se a contrair matrimônio com uma mulher
a quem tinha deixado grávida. Havia muitos bastardos rondando por aí para que
algo assim ocorresse.
Era quase meia-noite quando
as mãos enormes de Victória a sacudiram, tirando-a bruscamente de seu profundo
sono.
– Levanta mocinha – gritou. – Seu tio
quer falar com você.
Bella se levantou,
sonolenta, e ficou olhando para a tia, que estava de pé junto à cama, com uma
vela acesa na mão.
– Ande logo. Não temos a
noite inteira - apressou-a. Victória se virou na penumbra e desapareceu. Bella
ficou procurando-a com o olhar, ainda sonolenta. Afastou a colcha a contragosto,
deixando que seu corpo branco reluzisse na escuridão e seu cabelo, caindo pela
cintura, perdesse-se na noite. Pela primeira vez em muitas semanas tinha
conseguido dormir sem pesadelos. O barulho da chuva batendo nas janelas tinha
lhe ajudado a esquecer suas preocupações, reduzindo-as a uma calma silenciosa.
Acordou e vestiu o vestido
velho de sua tia. Não perdeu tempo em aperta-lo. Podia imaginar por que queriam
falar com ela, o capitão Cullen tinha recusado qualquer tipo de coação que o
obrigasse a casar-se com ela. Não seria uma surpresa. Se tivessem perguntado
algo sobre o homem, poderiam ter economizado a viagem a Londres. Não levaria
muito tempo para contar-lhe o que o capitão lhes havia dito.
Bella bateu timidamente na
porta. Sua tia abriu bruscamente com um olhar de ódio e fez um gesto para que
entrasse. Ao fazê-lo, a jovem percebeu a escuridão que havia no aposento. Um
pequeno fogo resplandecia na chaminé e sobre a mesa em que seu tio e outro
homem bebiam cerveja de jarras, brilhava uma única vela. O restante do aposento
permanecia completamente às escuras. Aproximou-se com cautela para ver quem era
o visitante e descobriu que não se tratava de um estranho, mas sim do velho
amigo da família, lorde Hale.
Aliviada, Bella correu agradecida aos braços que o homem lhe
estendia.
– Isabella! - exclamou lorde Hale com
voz abafada. – Minha pequena Bella.
A moça o abraçou com força.
O pranto começou a brotar do mais fundo de sua alma. Depois de seu pai, aquele
homem tinha sido a pessoa a quem mais tinha amado durante sua infância. Sempre
se tinha dado extremamente bem com ela, inclusive mais que seu próprio tio. Ele
e sua mulher tinham desejado que Bella fosse viver com eles depois da morte de
seu pai, mas Victória tinha insistido em que a menina devia viver com seus
únicos parentes.
– Faz muito tempo depois da
última vez que a vi, pequena – murmurou lorde Hale, afastando-a dele para
contempla-la melhor. Seus amáveis olhos azuis cintilaram. – Ao olha-la lembro
de quando não era mais que uma garotinha que engatinhava até meus joelhos em
busca de caramelos. – Sorriu abertamente ao levantar o delicado queixo da
jovem. – E agora é a beleza personificada. Nunca vi antes uma formosura igual,
jamais. É inclusive, mais bela que sua mãe. É uma pena que nunca tenha
tido filhos com os quais pudesse casa-la. Teria me agradado enormemente tê-la
na família. Como tampouco não tenho filhas, quase poderíamos afirmar que é como
se você o fosse.
Bella se levantou para poder
beija-lo no rosto.
– Me sentiria muito honrada
de ser sua filha – respondeu docemente.
Lorde Hale sorriu feliz e
afastou uma cadeira para que a moça se sentasse, mas Victória a empurrou e se
sentou ela em seu lugar.
– Deixe que fique de pé. Isso lhe fará bem-disse.
Ao ajeitar corpo monstruoso entre os braços da cadeira, está rangeu em protesto
pela tortura a que estava sendo submetida.
Lorde Hale ficou boquiaberto
contemplando Victória com os olhos muito abertos. A crueldade daquela mulher o
tinha tomado despreparado. Indicou a Bella outra cadeira na ponta da mesa.
– Possivelmente estará mais
cômoda ali, querida – observou, dirigindo-se para a cadeira para aproximar-se
dela.
– Não - falou Victória, apontando um
canto escuro. – Essa cadeira é para ele.
– Não,
obrigado, senhora – respondeu o homem lenta e confidencialmente. - Estou bem
aqui.
Bella levantou a vista
surpreendida. Não sabia que havia mais alguém no aposento. O homem se sentara
na penumbra e seu silêncio permitiu continuar no anonimato.
– Aproxime-se e reúna-se a
nós, capitão Cullen - cacarejou Victória - Este é o lugar adequado para um
ianque.
– Estou bem aqui.
A voz familiar ecoou em seus
ouvidos. Bella notou que seus joelhos fraquejavam, e desmaiou. Lorde Hale
soltou um grito e a agarrou a tempo para amortecer a queda.
– Sofreu um colapso -
afirmou, balançando-a entre seus já envelhecidos braços. Acomodou-a com doçura
na cadeira que o capitão tinha declinado momentos antes e, nervoso, agarrou um
lenço, umedeceu-o e o colocou sobre a testa pálida. – Encontra-se bem? – Perguntou
ansioso quando a jovem começou a recuperar o conhecimento.
– Não acostume mal à menina, lorde Hale
- sugeriu tia Victória com uma careta de desprezo. - Se converterá em uma
preguiçosa graças ao senhor.
– Estou convencido de que merece um
descanso depois de ter convivido com você – replicou lorde Hale, furioso pela
indiferença daquela mulher.
– Por
favor – sussurrou Bella – Estou bem.
Com dedos trêmulos, lorde Hale
afastou-lhe o cabelo da testa.
– Deu um bom susto a meu velho coração –
brincou o ancião.
– Sinto muito - murmurou Bella - Não
era minha intenção. Já estou melhor. – Percebeu que os penetrantes olhos
seguiam-na observando-a. Ajustou o vestido sobre o busto com a ajuda das ainda
trêmulas mãos. Recordava como o potente olhar era capaz de despi-la e
despoja-la de toda vestimenta.
– Venha, acabemos com este assunto -
resmungou tia Victória - Ouçamos o que a garota tem a dizer.
Lorde Hale olhou indeciso
para jovem, temendo que voltasse a desmaiar. Bella esboçou um débil sorriso
para tranquiliza-lo. O homem a deixou, reticente, e retornou a seu lugar do
outro lado da mesa.
– E agora, mocinha - começou
tia Victória -, lorde Hale deseja assegurar-se de não cometer uma injustiça com
o capitão Cullen ao afirmar que o filho que você espera é dele.
Bella olhou para o ancião.
Sentia-se muito aturdida para entender o que Victória estava dizendo. Lorde
Hale se voltou para esta com o sobrolho franzido.
– Senhora, pode ser que não tenha percebido,
mas sei falar – disse lorde Hale – Prometo-lhe que é muito mais eloquente que
seu discurso embrulhado. Se não se importar, falarei por mim mesmo.
Victória fechou a boca,
mal-humorada, e se ajeitou em sua cadeira.
– Obrigado – acrescentou
asperamente lorde Hale, voltando a olhar a jovem. – Querida - disse com
tranquilidade -, como homem de honra que sou, não posso obrigar o capitão
Cullen a reconhecer o seu filho, se não estiver completamente seguro de que ele
é o pai. Se tiver sofrido abusos por parte de outro homem...
– Não houve mais ninguém -
assegurou a moça com calma, olhando as mãos. Relatou os fatos como se os
tivesse memorizado um a um. – Depois de escapar dele – explicou –, peguei uma
carruagem que me conduziu de retorno à casa de meu tio. Só há um carro que sai
pela manhã e que chega à aldeia. Cheguei ao anoitecer e caminhei o resto do
trajeto até a casa. Não me encontrei com ninguém. Minha tia pode dar fé da hora
em que cheguei.
– E desde que o fez não a
perdi de vista nem um segundo - assegurou a mulher em tom triunfal.
Lorde Hale olhou para
Laurent para confirmar que o que sua esposa afirmava era verdade.
– E o que aconteceu antes
disso, Bella? – Insistiu o ancião, vacilante.
A jovem
ruborizou-se intensamente e não conseguiu responder. Da penumbra voltou a ouvir
a voz confiante.
– A criança é minha –
afirmou Edward, categórico. Victória soltou uma gargalhada e se virou para
lorde Hale com um sorriso vitorioso.
– E agora o que tem a dizer
a isso? – Inquiriu ansiosa.
– Lorde Hale suspirou, cansado. – Para
emendar a enorme falta de decoro infligida a Bella devido a sua lamentável
negligência, senhora, devo faze-lo. Lamento o dia em que permiti leva-la para
viver sob seu teto. Deveria proteger mais cuidadosamente a esta inestimável
joia. – Desviou o olhar, cheio de ira, para tio Laurent, que permanecia muito
calado, totalmente envergonhado. – Vocês, que são do mesmo sangue, não valem
nada diante de meus olhos. Desprezo-os.
– Bem e ela? – Gritou Victória – Foi
ela quem o fez. Foi ela que se deitou na cama com o ianque.
– Não! – Exclamou Bella
involuntariamente. Com um grunhido, tia Victória se voltou e deu uma bofetada
tão forte que o lábio inferior da moça começou a sangrar e a face ficou
vermelha.
Uma jarra de cerveja bateu
contra a mesa na escuridão. Bella viu diante de si a ira que transparecia do
capitão Cullen, que se endireitou de um salto, inclinando-se para frente,
plantando firmemente as mãos sobre a mesa e dizia a sua tia em tom ameaçador.
– Senhora, seus atos são da
natureza mais vil! Você tem as maneiras de um bárbaro. Se você fosse um homem,
asseguro que exigiria um ajuste de contas pelo que acaba de fazer. Agora, será
melhor que Isabella vá se deitar. É evidente que está muito consternada por
todo este assunto.
A jovem levantou pensando
que podia retirar-se e se dirigiu para a porta. De repente, Victória a agarrou
pelo vestido e grunhiu:
– Não! Pelo menos uma vez em
sua vida, vai ficar e ser responsável por seus atos. Nenhuma jovem decente se
meteria na cama com um homem. Fiz tudo o que pude para incutir em você o medo
de Deus, mas é filha do demônio. Olhem o que lhe aconteceu.
Victória arrancou-lhe sem
piedade o velho vestido deixando seu belo corpo nu à vista de todos.
Na escuridão, o capitão
Cullen afastou furioso a cadeira, irado, cruzou o aposento com grandes passos.
Victória caiu na cadeira contemplando a figura envolta em uma capa negra e o
rosto enfurecido, avermelhado pelo resplendor das chamas. Tinha acusado
Isabella de ser uma bruxa e agora estava convencida de que o homem que estava
diante dela era a encarnação de Satã. Levantou as mãos para defender-se dele,
mas Edward sacudiu a água de sua capa e estendeu está a Bella que tentava
desesperadamente ocultar sua nudez. A jovem se envolveu com ela, tremendo
violentamente. A proximidade daquele homem corpulento a enchia de terror.
Edward lançou um olhar de
fúria às três pessoas que o observavam.
– Já basta de tanto
falatório inútil – exigiu friamente. – Está moça leva meu filho no ventre, e
por isso eu sou o responsável por lhe proporcionar o sustento. Atrasarei minha
viagem de volta a casa para comprovar que estará instalada em uma casa de sua
propriedade, com criados que se encarregarão de cuidar dela. - Olhou para lorde
Hale – Dou minha palavra de que tanto ela como o bebê terão a melhor educação.
Está claro que não deve viver mais nenhum instante com seus parentes. Não
permitirei, sob nenhuma instância, que meu filho cresça em contato com a
malícia dessa mulher que se atreve a chamar a si mesma de tia. Tinha planejado
que esta seria minha última viagem à Inglaterra, mas devido às circunstâncias,
continuarei vindo cada ano para me assegurar de seu bem-estar. Amanhã cedo me
porei a procurar um alojamento adequado para a jovem, logo virei aqui busca-la
e a levarei a uma costureira para que a vista adequadamente. Agora, senhor,
desejo retornar ao meu navio. Se tiver de dizer algo mais a estas pessoas, o
esperarei na carruagem até que conclua seus assuntos. – Desviou o olhar para
Victória e lentamente e com muita precisão acrescentou. – Sugiro-lhe, senhora,
que se cuide para não pôr uma mão em cima desta jovem ou o lamentará.
Uma vez dito isto,
dirigiu-se para a porta e partiu com a promessa única de manter seu filho
bastardo e a sua mãe. Ninguém se atreveu a expor o tema do matrimônio. Afastava-se
com o único propósito de converte-la em sua amante.
– Quando acabarmos com ele
já não será tão arrogante e poderoso – assegurou Victória com desprezo. Lorde
Hale a olhou friamente.
– Parece que devo satisfazer
sua vingativa exigência com considerável desagrado – se queixou
categoricamente. – Se não fosse por Bella, daria por concluído o assunto, mas
devo, por sua segurança, levar este homem ao altar. Acautelo-a, senhora, de que
o capitão Cullen tem muito mau gênio. Fará bem em levar a serio suas palavras.
– Não tem nenhum direito de
me dizer como devo tratar à menina – respondeu Victória.
– Nisso se engana, senhora -
replicou lorde Hale asperamente. – Ele é o pai de seu filho e em poucas horas
será seu marido.
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Que bruxa essa Victória.
Meu Deus capitão vai
arrancar a cabeça dessa mulher.
Me comentem o que será que
vai acontecer. Vai ter casório ou não???
Hum adorei o capitulo, mas ele não disse nada a respeito de casamento. Será que irá casar? Pelo menos eles se reencontraram.
ResponderExcluirquerem matar a Vitoria? me convida q ajudo!!!
ResponderExcluirPor favor vc naõ vai voltar a posta mas os capitulos
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