sábado, agosto 15, 2015

FANFIC O RECOMEÇO - CAPÍTULO 07



Capítulo 7 – O Reencontro

Outubro chegou e o tempo se fez cada vez mais frio. As folhas caíam, amontoando-se sobre a erva, ainda verde. Podiam-se ver os esquilos brincar de correr sobre os ramos das árvores, procurando comida para armazenar para o inverno. A cada manhã Bella arrastava-se do catre, doente e abatida, e se perguntava se algum dia se encontraria bem. Com as novas tarefas que sua tia lhe tinha encomendado, era-lhe muito difícil dissimular seu estado de saúde. Jurou que a senhora jamais a veria indisposta, mas o juramento estava sendo muito difícil de cumprir. Às vezes se sentia tão fraca que esperava perder o conhecimento em qualquer momento. Tinha acreditado que as lembranças que a atormentavam acabariam por deixa-la em paz. Mas continuavam ali, assim como a sua dor de estômago e seus nervos crispados.


– Deixa já de vadiar e termina de lavar esses pratos, jovenzinha – ordenou Victória.

Bella tratou de sacudir o atordoamento de cima e se apressou a limpar outra terrina de madeira. Dentro em pouco, poderia relaxar com um banho quente e acalmar seu corpo dolorido. Estava cansada e aborrecida, e lhe doía muito as costas. Estava acordada ao amanhecer e já não tinha forças para nada. Quase tinha desmaiado ao carregar um feixe de lenha.

Guardou os pratos e puxou a terrina para banhar-se. Victória, sem deixar de observa-la, agarrou outro pedaço de bolo e mordeu um bocado. Bella estremeceu, perguntando-se como aquela bruxa conseguia comer tanto. Parecia seu passatempo favorito.

Desejou que sua tia fosse dormir como tinha feito tio Laurent. Preferia banhar-se tranquila. Mas a tia não ia se mover, assim decidiu encher a terrina e provar a água. Estava agradavelmente quente. Desabotoou o vestido e deixou que se deslizasse até o chão.

Permaneceu diante da à chaminé completamente nua. As chamas faziam resplandecer a suave pele da jovem e seu resplendor perfilava seu corpo magro. Seus seios tinham aumentado grandemente de tamanho e estavam muito duros, e seu abdômen parecia ligeiramente volumoso.

De repente, Victória engasgou com o pedaço de bolo. Ficou de pé de um salto e com um grito. Sua sobrinha, assustada, voltou-se imediatamente. Os olhos da mulher estavam totalmente abertos. Observavam a jovem, horrorizada.
Atravessou a sala correndo em direção a Bella, que retrocedeu pensando que a mulher ficara louca, e a agarrou brutalmente pelos braços.

– De quem ficou prenhe, jovenzinha? Com que chacal esteve? – Chiou.
Bella ficou petrificada ao pensar no que sua tia acabava de soltar. Seus olhos estavam muito abertos e seu rosto completamente branco. Em sua inocência, não tinha pensado nisso. Não tinha meditado nas consequências de ter estado com o capitão Cullen. Tinha acreditado que a origem de seus males residia na preocupação por todo o acontecido. Mas agora pensava de outro modo. Ia ter um bebê, um filho daquele descarado, desavergonhado! Louco! Lunático! OH, Deus! Pensou. Por quê? Por quê?

Lívida pela raiva, Victória a agarrou pelos cabelos e começou a sacudir-lhe a cabeça, ameaçando-a, puxando-a. De repente, a tia ficou com o rosto iluminado, e empurrou Bella até uma cadeira que estava próxima.

– Quem foi? Quem é o maldito sapo? – Interrogou-a gritando, apertando os braços até que a dor a obrigou a protestar. – Diga ou juro que lhe tirarei isso!

A Bella era impossível pensar. Ficou surda, como inconsciente pelo impacto.

– Por favor, por favor, me deixe em paz - implorou, confusa.

– Jacob; foi ele, não? Seu tio me contou que foi muito carinhoso consigo e agora sei por que. Ele é o pai da criatura. Se acredita que vai arruinar meu bom nome na aldeia e ficar tranquilo, está muito equivocado. Disse-lhe que se algum dia pecasse, pagaria por isso, e agora você vai casar com o Jake. Ele pagará por isso!

Lentamente o bom senso começou a vencer à confusão. Bella entendeu o que sua tia estava dizendo, o que havia dito do Jake. Tremendo, fez um esforço sobre-humano para recuperar a consciência. Não deixaria que o culpassem. Não podia feri-lo dessa maneira e deixar que a desprezasse ainda mais. Recolheu o vestido do chão e tampou o corpo.

– Não foi Jacob - repôs brandamente. Sua tia se virou.

– Como? O que disse menina? – Inquiriu.

Bella se sentou imóvel, olhando fixamente o fogo.

– Não foi Jacob - repetiu.

– E quem foi se não esse sapateiro?

– Foi um capitão que vinha das colônias – explicou Bella. Suspirou com apatia, apoiando sua face contra o respaldo alto e tosco da cadeira. As chamas da chaminé iluminavam seu rosto. – Seus homens me encontraram e me levaram até ele. Ele me forçou. Juro-lhe isso por Deus.

O que importava quem era o homem que a tinha violado? Todo mundo saberia em poucos meses que estava grávida, a não ser que sua tia decidisse mantê-la na casa e não deixa-la ir à aldeia. Mas nesse caso, como explicariam a presença do bebê uma vez que tivesse nascido?

Sua tia franziu o sobrolho, sobressaltada.

– O que é que está dizendo? – Inquiriu. – Que a encontraram? Quando? Onde foi isso?

Bella não podia dizer a sua tia da morte de James.

– Perdi-me ao me separar por acidente de seu irmão. Dois marinheiros ianques me encontraram – murmurou, continuava contemplando o fogo. – Entregaram-me a seu capitão para que se divertisse comigo, e ele não me deixou partir. Só quando ameacei um de seus homens com uma arma, consegui fugir. Vim para cá em seguida.

– Como se separou de James? – Perguntou Victória. Bella fechou os olhos.

– Fomos A... uma feira... e não sei bem como, mas nos perdemos – mentiu. – Não o disse antes porque não vi a necessidade. É filho do ianque, não do Jacob. Mas não se casará comigo. Ele é dos que fazem o deseja, não concordará em tomar-me por esposa.

Victória esboçou um sorriso ameaçador.

– Isso já o veremos – replicou. – Agora me diga, seu pai não tinha um amigo que era juiz em Londres? Chamava-se lorde Hale, não é assim? E não era ele quem controlava as investigações de todos os navios suspeitos de contrabando?

Uma vez mais, a confusão se apoderou da jovem. Seus pensamentos estavam muito emaranhados para poder responder a sua tia. Finalmente lhe respondeu.

 – Sim, era lorde Hale, e pelo que sei continua sendo; mas por quê?

           O sorriso de Victória se fez mais amplo.

– Não se preocupe com as razões – comentou maliciosa. – Quero saber mais a respeito de lorde Hale. Conhecia você? Era muito amigo de seu pai?

            Uma ruga cruzou a delicada fronte de Bella.

– Lorde Hale era um dos melhores amigos do meu pai. Estava acostumado a vir frequentemente a nossa casa. Conhece-me desde que era uma menina.

– Bem, tudo o que precisa saber no momento é que vai ajudar-te a que se case – concluiu Victória com uma expressão maquinadora. – Agora se banhe e se deite. Amanhã iremos a Londres, de modo que teremos que nos levantar muito em cedo para não perder a carruagem que sai do povoado. Não ficaria bem ir ver lorde Hale numa carroça. Agora se apresse.

Bell ficou de pé com grande esforço e completamente desconcertada pela atitude de sua tia. Não entendia por que está queria saber coisas de lorde Hale, mas era uma professora na hora de forjar planos ardilosos e não valia a pena perguntar. Meteu-se obedientemente na tina sentindo um peso no ventre. Agora, pela primeira vez, ficou consciente de que estava grávida.

Não havia dúvida de que o estava. Tinha que tê-lo esperado de um homem como ele, forte, potente. Tinha completado as obrigações de um homem com uma facilidade exasperante. Enquanto homens magníficos suavam sobre suas mulheres sem resultado, ela tinha tido a desgraça de ser possuída por um macho tão viril como o capitão.

É abominável!, gritou para si mesma. É o demônio.

            Um pranto surdo surgiu de sua boca. Estremeceu violentamente ao dar-se conta do que ocorreria se o obrigassem a casar-se com ela. Desposada por um vadio semelhante, sua alma e sua vida inteira estariam perdidas. Estaria condenada por toda a vida.

Mas pelo menos o bebê teria um nome, e possivelmente tiraria algo bom de tudo isso.

Seus pensamentos se centraram no filho que esperava. Estava destinado a ser moreno, como seus pais, e provavelmente seria atraente se parecesse com Edward. Pobre menino, mais lhe valeria ser feio e não um descarado bem vestido como seu progenitor.

Mas o que ocorreria se fosse menina? Suporia um duro golpe na confiança de uma besta varonil como aquela. Se viesse a se casar com ele, pensou Bella maliciosamente, rezaria para que fosse uma menina.

Antes de terminar seu banho, Bella ouviu seu tio muito agitado no outro quarto. A mulher não tinha sido capaz de esperar até a manhã seguinte para lhe contar a seu tio as novidades.

Bella se levantou da tina e se cobriu com uma toalha ao ver seu tio entrar no diminuto lugar. Parecia ter envelhecido dez anos.

– Isabella, filha, tenho que falar contigo, por favor - rogou o homem.
A garota corou, abraçando-se à toalha para que cobrisse seu corpo nu. O tio não se deu conta de que não tinha roupa.

– Bella, está dizendo a verdade? Foi o ianque o que plantou sua semente em você? – Inquiriu.

            – Por que quer saber? – Perguntou ela com cautela.

Laurent esfregou a testa com uma mão trêmula.

           – Isabella. Bella, alguma vez James a tocou? Fez mal a você de algum modo, pequena?

Bella compreendeu nesse momento por que seu tio tinha estado olhando-a daquela forma tão estranha ao voltar de Londres. Conhecia James e estava preocupado por ela. Agora não podia fazer outra coisa senão tranquiliza-lo.

– Não, tio, não me fez nenhum mal – mentiu. – Nos perdemos na feira. Sabe? Havia uma feira e eu queria ir. Ele foi muito amável e me levou. Mas me perdi e não consegui encontra-lo. Foi então que dois homens me levaram a seu capitão. O ianque é o pai.

– Pensei... Não importa. Estava preocupado com você – confessou -, mas agora devemos encontrar o pai. Desta vez não falharei. Não posso falhar à filha de meu irmão.

Bella conseguiu esboçar um sorriso. Não podia dizer que não valia a pena ir a Londres, pois o capitão Cullen jamais se casaria com ela.

Permaneceu em silêncio.

Ao chegar a Londres, procuraram alojamento em uma estalagem. Tio Laurent enviou uma mensagem a lorde Hale pedindo uma entrevista. No dia seguinte foi recebido em sua casa. Bella e a tia permaneceram na estalagem esperando o resultado do encontro. Apesar de sentir uma enorme curiosidade, a moça não se atreveu a perguntar o que estavam tramando. Nada mais senão esperar tio Laurent voltar e reunir-se a Victória.

Bella achou que, qualquer que fosse o plano que tinham, estava indo bem já que seu tio havia voltado muito mais animado do que quando partiu.

Depois de lhe assegurar que lorde Hale os ajudaria a resolver o problema, ordenaram-lhe que se deitasse.

– Só precisa comprovar que estamos dizendo a verdade e fará o que deve ser feito – explicou tio Laurent – E seu ianque não vai se negar a casar com você a não ser que queira perder tudo o que possui e acabar no cárcere.

Bella não entendia nada. Não podiam encarcerar a um homem por negar-se a contrair matrimônio com uma mulher a quem tinha deixado grávida. Havia muitos bastardos rondando por aí para que algo assim ocorresse.

Era quase meia-noite quando as mãos enormes de Victória a sacudiram, tirando-a bruscamente de seu profundo sono.

            – Levanta mocinha – gritou. – Seu tio quer falar com você.

Bella se levantou, sonolenta, e ficou olhando para a tia, que estava de pé junto à cama, com uma vela acesa na mão.

– Ande logo. Não temos a noite inteira - apressou-a. Victória se virou na penumbra e desapareceu. Bella ficou procurando-a com o olhar, ainda sonolenta. Afastou a colcha a contragosto, deixando que seu corpo branco reluzisse na escuridão e seu cabelo, caindo pela cintura, perdesse-se na noite. Pela primeira vez em muitas semanas tinha conseguido dormir sem pesadelos. O barulho da chuva batendo nas janelas tinha lhe ajudado a esquecer suas preocupações, reduzindo-as a uma calma silenciosa.

Acordou e vestiu o vestido velho de sua tia. Não perdeu tempo em aperta-lo. Podia imaginar por que queriam falar com ela, o capitão Cullen tinha recusado qualquer tipo de coação que o obrigasse a casar-se com ela. Não seria uma surpresa. Se tivessem perguntado algo sobre o homem, poderiam ter economizado a viagem a Londres. Não levaria muito tempo para contar-lhe o que o capitão lhes havia dito.

Bella bateu timidamente na porta. Sua tia abriu bruscamente com um olhar de ódio e fez um gesto para que entrasse. Ao fazê-lo, a jovem percebeu a escuridão que havia no aposento. Um pequeno fogo resplandecia na chaminé e sobre a mesa em que seu tio e outro homem bebiam cerveja de jarras, brilhava uma única vela. O restante do aposento permanecia completamente às escuras. Aproximou-se com cautela para ver quem era o visitante e descobriu que não se tratava de um estranho, mas sim do velho amigo da família, lorde Hale.

Aliviada, Bella correu agradecida aos braços que o homem lhe estendia.

           – Isabella! - exclamou lorde Hale com voz abafada. – Minha pequena Bella.

A moça o abraçou com força. O pranto começou a brotar do mais fundo de sua alma. Depois de seu pai, aquele homem tinha sido a pessoa a quem mais tinha amado durante sua infância. Sempre se tinha dado extremamente bem com ela, inclusive mais que seu próprio tio. Ele e sua mulher tinham desejado que Bella fosse viver com eles depois da morte de seu pai, mas Victória tinha insistido em que a menina devia viver com seus únicos parentes.

– Faz muito tempo depois da última vez que a vi, pequena – murmurou lorde Hale, afastando-a dele para contempla-la melhor. Seus amáveis olhos azuis cintilaram. – Ao olha-la lembro de quando não era mais que uma garotinha que engatinhava até meus joelhos em busca de caramelos. – Sorriu abertamente ao levantar o delicado queixo da jovem. – E agora é a beleza personificada. Nunca vi antes uma formosura igual, jamais. É inclusive, mais bela que sua mãe.  É uma pena que nunca tenha tido filhos com os quais pudesse casa-la. Teria me agradado enormemente tê-la na família. Como tampouco não tenho filhas, quase poderíamos afirmar que é como se você o fosse.

Bella se levantou para poder beija-lo no rosto.

– Me sentiria muito honrada de ser sua filha – respondeu docemente.

Lorde Hale sorriu feliz e afastou uma cadeira para que a moça se sentasse, mas Victória a empurrou e se sentou ela em seu lugar.

            – Deixe que fique de pé. Isso lhe fará bem-disse. Ao ajeitar corpo monstruoso entre os braços da cadeira, está rangeu em protesto pela tortura a que estava sendo submetida.

            Lorde Hale ficou boquiaberto contemplando Victória com os olhos muito abertos. A crueldade daquela mulher o tinha tomado despreparado. Indicou a Bella outra cadeira na ponta da mesa.

– Possivelmente estará mais cômoda ali, querida – observou, dirigindo-se para a cadeira para aproximar-se dela.

            – Não - falou Victória, apontando um canto escuro. – Essa cadeira é para ele.

          – Não, obrigado, senhora – respondeu o homem lenta e confidencialmente. - Estou bem aqui.

Bella levantou a vista surpreendida. Não sabia que havia mais alguém no aposento. O homem se sentara na penumbra e seu silêncio permitiu continuar no anonimato.

– Aproxime-se e reúna-se a nós, capitão Cullen - cacarejou Victória - Este é o lugar adequado para um ianque.

– Estou bem aqui.

A voz familiar ecoou em seus ouvidos. Bella notou que seus joelhos fraquejavam, e desmaiou. Lorde Hale soltou um grito e a agarrou a tempo para amortecer a queda.

– Sofreu um colapso - afirmou, balançando-a entre seus já envelhecidos braços. Acomodou-a com doçura na cadeira que o capitão tinha declinado momentos antes e, nervoso, agarrou um lenço, umedeceu-o e o colocou sobre a testa pálida. – Encontra-se bem? – Perguntou ansioso quando a jovem começou a recuperar o conhecimento.

            – Não acostume mal à menina, lorde Hale - sugeriu tia Victória com uma careta de desprezo. - Se converterá em uma preguiçosa graças ao senhor.

            – Estou convencido de que merece um descanso depois de ter convivido com você – replicou lorde Hale, furioso pela indiferença daquela mulher.

             – Por favor – sussurrou Bella – Estou bem.

             Com dedos trêmulos, lorde Hale afastou-lhe o cabelo da testa.

            – Deu um bom susto a meu velho coração – brincou o ancião.

            – Sinto muito - murmurou Bella - Não era minha intenção. Já estou melhor. – Percebeu que os penetrantes olhos seguiam-na observando-a. Ajustou o vestido sobre o busto com a ajuda das ainda trêmulas mãos. Recordava como o potente olhar era capaz de despi-la e despoja-la de toda vestimenta.

            – Venha, acabemos com este assunto - resmungou tia Victória - Ouçamos o que a garota tem a dizer.

Lorde Hale olhou indeciso para jovem, temendo que voltasse a desmaiar. Bella esboçou um débil sorriso para tranquiliza-lo. O homem a deixou, reticente, e retornou a seu lugar do outro lado da mesa.

– E agora, mocinha - começou tia Victória -, lorde Hale deseja assegurar-se de não cometer uma injustiça com o capitão Cullen ao afirmar que o filho que você espera é dele.

Bella olhou para o ancião. Sentia-se muito aturdida para entender o que Victória estava dizendo. Lorde Hale se voltou para esta com o sobrolho franzido.

 – Senhora, pode ser que não tenha percebido, mas sei falar – disse lorde Hale – Prometo-lhe que é muito mais eloquente que seu discurso embrulhado. Se não se importar, falarei por mim mesmo.

Victória fechou a boca, mal-humorada, e se ajeitou em sua cadeira.

– Obrigado – acrescentou asperamente lorde Hale, voltando a olhar a jovem. – Querida - disse com tranquilidade -, como homem de honra que sou, não posso obrigar o capitão Cullen a reconhecer o seu filho, se não estiver completamente seguro de que ele é o pai. Se tiver sofrido abusos por parte de outro homem...

– Não houve mais ninguém - assegurou a moça com calma, olhando as mãos. Relatou os fatos como se os tivesse memorizado um a um. – Depois de escapar dele – explicou –, peguei uma carruagem que me conduziu de retorno à casa de meu tio. Só há um carro que sai pela manhã e que chega à aldeia. Cheguei ao anoitecer e caminhei o resto do trajeto até a casa. Não me encontrei com ninguém. Minha tia pode dar fé da hora em que cheguei.

– E desde que o fez não a perdi de vista nem um segundo - assegurou a mulher em tom triunfal.

Lorde Hale olhou para Laurent para confirmar que o que sua esposa afirmava era verdade.

– E o que aconteceu antes disso, Bella? – Insistiu o ancião, vacilante.
    A jovem ruborizou-se intensamente e não conseguiu responder. Da penumbra voltou a ouvir a voz confiante.

– A criança é minha – afirmou Edward, categórico. Victória soltou uma gargalhada e se virou para lorde Hale com um sorriso vitorioso.
– E agora o que tem a dizer a isso? – Inquiriu ansiosa.

            – Lorde Hale suspirou, cansado. – Para emendar a enorme falta de decoro infligida a Bella devido a sua lamentável negligência, senhora, devo faze-lo. Lamento o dia em que permiti leva-la para viver sob seu teto. Deveria proteger mais cuidadosamente a esta inestimável joia. – Desviou o olhar, cheio de ira, para tio Laurent, que permanecia muito calado, totalmente envergonhado. – Vocês, que são do mesmo sangue, não valem nada diante de meus olhos. Desprezo-os.

            – Bem e ela? – Gritou Victória – Foi ela quem o fez. Foi ela que se deitou na cama com o ianque.

            – Não! – Exclamou Bella involuntariamente. Com um grunhido, tia Victória se voltou e deu uma bofetada tão forte que o lábio inferior da moça começou a sangrar e a face ficou vermelha.

Uma jarra de cerveja bateu contra a mesa na escuridão. Bella viu diante de si a ira que transparecia do capitão Cullen, que se endireitou de um salto, inclinando-se para frente, plantando firmemente as mãos sobre a mesa e dizia a sua tia em tom ameaçador.

– Senhora, seus atos são da natureza mais vil! Você tem as maneiras de um bárbaro. Se você fosse um homem, asseguro que exigiria um ajuste de contas pelo que acaba de fazer. Agora, será melhor que Isabella vá se deitar. É evidente que está muito consternada por todo este assunto.

A jovem levantou pensando que podia retirar-se e se dirigiu para a porta. De repente, Victória a agarrou pelo vestido e grunhiu:

– Não! Pelo menos uma vez em sua vida, vai ficar e ser responsável por seus atos. Nenhuma jovem decente se meteria na cama com um homem. Fiz tudo o que pude para incutir em você o medo de Deus, mas é filha do demônio. Olhem o que lhe aconteceu.

Victória arrancou-lhe sem piedade o velho vestido deixando seu belo corpo nu à vista de todos.

Na escuridão, o capitão Cullen afastou furioso a cadeira, irado, cruzou o aposento com grandes passos. Victória caiu na cadeira contemplando a figura envolta em uma capa negra e o rosto enfurecido, avermelhado pelo resplendor das chamas. Tinha acusado Isabella de ser uma bruxa e agora estava convencida de que o homem que estava diante dela era a encarnação de Satã. Levantou as mãos para defender-se dele, mas Edward sacudiu a água de sua capa e estendeu está a Bella que tentava desesperadamente ocultar sua nudez. A jovem se envolveu com ela, tremendo violentamente. A proximidade daquele homem corpulento a enchia de terror.

Edward lançou um olhar de fúria às três pessoas que o observavam.

– Já basta de tanto falatório inútil – exigiu friamente. – Está moça leva meu filho no ventre, e por isso eu sou o responsável por lhe proporcionar o sustento. Atrasarei minha viagem de volta a casa para comprovar que estará instalada em uma casa de sua propriedade, com criados que se encarregarão de cuidar dela. - Olhou para lorde Hale – Dou minha palavra de que tanto ela como o bebê terão a melhor educação. Está claro que não deve viver mais nenhum instante com seus parentes. Não permitirei, sob nenhuma instância, que meu filho cresça em contato com a malícia dessa mulher que se atreve a chamar a si mesma de tia. Tinha planejado que esta seria minha última viagem à Inglaterra, mas devido às circunstâncias, continuarei vindo cada ano para me assegurar de seu bem-estar. Amanhã cedo me porei a procurar um alojamento adequado para a jovem, logo virei aqui busca-la e a levarei a uma costureira para que a vista adequadamente. Agora, senhor, desejo retornar ao meu navio. Se tiver de dizer algo mais a estas pessoas, o esperarei na carruagem até que conclua seus assuntos. – Desviou o olhar para Victória e lentamente e com muita precisão acrescentou. – Sugiro-lhe, senhora, que se cuide para não pôr uma mão em cima desta jovem ou o lamentará.

Uma vez dito isto, dirigiu-se para a porta e partiu com a promessa única de manter seu filho bastardo e a sua mãe. Ninguém se atreveu a expor o tema do matrimônio. Afastava-se com o único propósito de converte-la em sua amante.

– Quando acabarmos com ele já não será tão arrogante e poderoso – assegurou Victória com desprezo. Lorde Hale a olhou friamente.

– Parece que devo satisfazer sua vingativa exigência com considerável desagrado – se queixou categoricamente. – Se não fosse por Bella, daria por concluído o assunto, mas devo, por sua segurança, levar este homem ao altar. Acautelo-a, senhora, de que o capitão Cullen tem muito mau gênio. Fará bem em levar a serio suas palavras.

– Não tem nenhum direito de me dizer como devo tratar à menina – respondeu Victória.

– Nisso se engana, senhora - replicou lorde Hale asperamente. – Ele é o pai de seu filho e em poucas horas será seu marido.

***************************
Que bruxa essa Victória.
Meu Deus capitão vai arrancar a cabeça dessa mulher.
Me comentem o que será que vai acontecer. Vai ter casório ou não???

3 comentários:

  1. Hum adorei o capitulo, mas ele não disse nada a respeito de casamento. Será que irá casar? Pelo menos eles se reencontraram.

    ResponderExcluir
  2. querem matar a Vitoria? me convida q ajudo!!!

    ResponderExcluir
  3. Por favor vc naõ vai voltar a posta mas os capitulos

    ResponderExcluir