Capítulo 10 – Ciúmes
Após se levantar, Bella percebeu que
estava sozinha no aposento. Penteou–se e pôs o vestido vermelho, deixando–o
aberto, por não consegui alcançar os colchetes, esperaria Edward retornar. Ao
dar os últimos retoques, seu marido chegou.
– Esta tarde vou leva–la
a uma costureira – comentou Edward categoricamente, voltando–se para a janela. –
Precisa de trajes um pouco mais recatados que o que está usando.
A moça se dispôs a arrumar a cama
tentando fazer o menor ruído possível. Depois se sentou na borda e esperou que
seu marido se movesse ou lhe desse alguma indicação. Esperou uma eternidade.
Começou a doer–lhe as costas e apoiou a cabeça contra um dos pilares da cama.
Fechou os olhos mas, muito nervosa, voltou a abri–los. Finalmente Edward se
moveu e ela se endireitou, voltando–se para colocar o vestido sobre os ombros.
O homem a olhou com indiferença.
– Tem a intenção de ir por aí dessa
maneira ou vai vir aqui e deixar que abotoe o vestido? – perguntou com
sarcasmo. – Se quer comer, será melhor que se apresse.
Bella obedeceu pálida e desconcertada.
Ao descerem para comer,
encontraram George, que fez uma reverência e saudou a jovem:
– Olá, senhora. – Puxou uma cadeira
para que se sentasse, depois se dirigiu brevemente a seu capitão e se afastou a
toda pressa. Bella o seguiu com o olhar até a porta. Com uma ruga na testa,
perguntou–se a quantos homens de seu marido o criado teria contado algo sobre
sua presença anterior no Fleetwood. Parecia saber muito a respeito dos assuntos
de seu capitão.
Apesar de ter sido fugaz, Edward
percebeu a expressão no rosto da jovem.
– Não deve preocupar–se com George, meu
amor – assegurou repentinamente. – É muito discreto. É suficiente dizer que
sabe que você não é uma mulher da rua e que está muito arrependido por todos os
problemas que lhe ocasionou. E, embora certamente não esteja de acordo, não é
nenhum estúpido. Viu as manchas de sua virgindade ao recolher os lençóis do meu
camarote naquele dia. Compreendeu que tinha sido deflorada.
– Por favor, não se angustie, querida –
suplicou com carinho. – Não há do que se envergonhar. Há muitas mulheres que
desejam oferecer a seus maridos uma prova de sua pureza na primeira noite. A um
homem agrada saber que não houve outros antes dele.
– E você se sentiu alegre? – inquiriu
bruscamente, cravando–lhe os olhos no rosto.
O homem esboçou um sorriso amplo com os
olhos entreabertos.
– Sou como os outros, meu bem –
assegurou. – Me senti afortunado. Teria me afastado de você e suplicado seu
perdão se tivesse sabido que sua intenção não era a de se iniciar nesse
negócio. – E acrescentou com uma suave risada, como desculpando–se: – Mas temo
que seja impossível.
– Não o entendo – replicou a moça com
amargura. – O dano já está feito.
Edward riu entre dentes e a devorou com o olhar como tinha feito no dia
anterior.
– Não totalmente, meu amor –
esclareceu. – Não teria lhe dado a parte de mim que agora leva dentro de você.
Se então, tivesse me afastado de você, não estaria grávida. Mas como aconteceu,
agora há uma vida crescendo em seu interior e eu sou o culpado. Seus tios
deixaram muito claro que o menino era meu.
– Mas poderia estar mentindo a respeito
de meu estado – replicou Bella com fanfarronice, como se quisesse tentar por um
momento contra a confiança do homem. Levantou seu pequeno e encantador nariz,
olhando–o desafiante.
– Esquece, ma belle –
apontou brandamente –, que pude te observar em seu estado natural e, embora não
seja evidente a um simples olhar, sua encantadora barriguinha está crescendo.
Em um mês será bastante óbvio.
Bella permaneceu em silencio ao
aproximar–se a criada da mesa. De qualquer modo, já não havia mais nada para
dizer. Como podia negar o evidente?
Depois da comida, George voltou de
novo.
– Deseja que chame uma carruagem agora,
capitão? – perguntou.
Edward olhou para Bella.
– Está preparada, minha querida?
– Peço que me desculpe um momento –
respondeu Bella. As necessidades da jovem eram agora maiores que as dele e
Edward se deu conta.
O capitão se virou para George e disse
em voz baixa:
– Vamos nos reunir com você em um
instante.
Uma vez partido o criado, Edward se
endireitou e ajudou Bella a levantar–se.
– Sinto muito, meu amor – murmurou
sorrindo. – Estive pensando em outras coisas e me esqueci por completo de seu
estado. Por favor, me perdoe.
Assim, apesar de tudo, deu–se conta de que a frequência de suas saídas
se deviam ao fato de estar grávida. Havia algo que lhe escapasse? Havia algo
que não soubesse a respeito das mulheres?
Bella ergueu os olhos. Durante um
instante, seus olhos se encontraram.
O olhar de Edward era tão cálido que as
faces da jovem coraram. O homem riu brandamente ao ver como os olhos da jovem
fugiam dele e deslizou o braço por detrás de suas costas. Apertou–lhe a cintura
com cuidado antes de solta–la.
Caminhava para a porta, onde Edward
estava esperando, quando ouviu uma voz familiar que a chamava. Voltou–se
sobressaltada e viu Jacob Black precipitando–se para ela com uma jarra cheia de
cerveja na mão e enfeitado como um marinheiro mercante. Devia ter entrado na
estalagem com um grupo de marinheiros enquanto ela não estava lá. Ficou sem
fala durante uns minutos, muito surpreendida de vê–lo ali. Jacob deixou
rapidamente a jarra sobre uma mesa e a agarrou suas mãos.
– Bella, meu amor – gritou feliz. –
Pensei que não voltaria a verte antes de minha partida. O que faz aqui? E onde
está sua tia? Veio se despedir de mim?
– Despedir–me de você? – replicou Bella
estupidamente, sem saber o que queria dizer com isso. Franziu o sobrecenho. –
Jacob o que faz aqui? E Jéssica? Por que usa essas roupas?
– Não sabe, Bella? Engajei–me no
Merriweather da Companhia Britânica de Chá – respondeu o jovem. – Zarpamos
dentro de quinze dias para o Oriente. Estarei fora dois anos.
– Mas por que, Jacob? – perguntou
perplexa. – O que aconteceu com a Jéssica?
– Não podia me casar com ela, Bella –
explicou Jacob. – Quero a você e não me casarei com ninguém a não ser contigo.
Assim vim a Londres a para enriquecer, tal como me disse. Agora tenho uma
oportunidade de faze–lo. Quando voltar do Oriente serei um homem endinheirado,
terei mais de quinhentas libras no bolso.
– Oh, Jacob – suspirou com tristeza
afastando suas mãos das dele.
Jacob a olhou com devoção uma vez mais. Sorria–lhe abertamente e seus
olhos resplandeciam de puro contentamento. Não percebeu a angústia que tinha a
jovem.
– Está esplêndida, Bella – comentou. –
Nunca a tinha visto tão bela –aproximou–se e lhe acariciou a face com ternura com
mãos trêmulas. – Vai me esperar, Bella? Aceitará ser minha? Seria capaz de
casar comigo agora e deixar que parta como um homem imensamente feliz? – Seu
olhar ficou parado nos seios de Bella, sua voz se fez instável e pareceu
engasgar–se com as palavras. – Quero–a, Bella. Amo–a e desejo–a mais que a
qualquer coisa no mundo.
– Por favor... – começou a dizer com
dificuldade. Atrás de Jacob, Edward se aproximava com uma profunda ruga na
fronte. A jovem voltou a olhar Jacob muito nervosa. Edward chegou até eles.
– Se estiver preparada, meu amor,
devemos ir – comentou Edward, colocando–lhe sua capa sobre os ombros para
ocultar os seios aos olhos de Jacob. – A carruagem nos está esperando.
Jacob olhou para Edward sem acreditar.
Observou como rodeava Bella com o braço. Sentiu que lhe fervia o sangue ao ver
que outro homem tocava a sua amada.
– Bella quem é este homem, este... este
ianque? – perguntou. – O que está fazendo aqui com ele? E por que deixa que ele
ponha as mãos em cima de você, desse modo?
– Jacob, deve me escutar – rogou. Não
desejava lhe dar a notícia dessa forma, não em um lugar público como esse, não
nesse preciso momento, não tão cruelmente. – Não queria que isto acontecesse,
Jacob. Por favor, me acredite. Devia ter me acreditado quando disse que não
podia me casar com você. Era de todo impossível. – Olhou a seu marido
suplicando–lhe compreensão. Este jovem não estava preparado para a afiada
língua de Edward. – Jacob, este é meu marido, o capitão Cullen, do navio
americano Fleetwood.
– Seu marido! – gritou Jacob.
Cravou seus olhos em Edward, horrorizado. – Oh, Meu deus, não diz isso a sério,
Bella! Diga que está brincando! Não pode ter se casado com um ianque! –
Observou, desesperado, as roupas suntuosas do homem. Só suas meias valiam mais
que seu traje desgastado. – Um ianque não, Bella!
– Nunca ousaria brincar tão cruelmente
com isso, Jacob – respondeu a moça com doçura. – É meu marido.
– Quando... se casaram? – conseguiu
perguntar Jacob com lágrimas nos olhos.
– Faz dois dias – suspirou Bella
abaixando o olhar. Não podia suportar as lágrimas do jovem. Se permanecesse ali
muito mais tempo falando com ele, perderia o controle e fugiria dele soluçando.
Todo seu corpo estava rígido como resposta a seus esforços por reprimir–se e, o
braço de Edward estreitando–a, não a ajudava absolutamente. Não fazia mais que
lhe recordar que ele era o culpado de tudo o que tinha acontecido. Entretanto,
seu silêncio foi uma bênção.
– Pode me dizer por que se casou com
ele... com um ianque e não comigo, Bella? – perguntou abatido.
– Que necessidade há agora disso,
Jacob? – perguntou. – Estou casada e não se pode fazer nada. Vamos nos despedir
agora e partamos. Logo me terá esquecido.
– Não me vai dizer por quê? – insistiu.
Bella sacudiu a cabeça, sua visão estava imprecisa pelas lágrimas.
– Não, não posso. Devo ir agora –
respondeu.
– Não a esquecerei, Bella, sabe. Amo–a
e nenhuma outra mulher poderá substituí–la – declarou.
Na presença de Edward, Bella ficou nas
pontas dos pés e beijou Jacob no rosto.
– Adeus – sussurrou. Deu meia volta e
deixou que Edward a acompanhasse até a porta.
Uma vez no interior da carruagem, Bella
permaneceu olhando desolada pela janela, sem se importar que Edward a estivesse
observando.
– Quando esse jovem a pediu que se
casasse com ele? – inquiriu bruscamente quando a carruagem se pôs em marcha.
– Depois de ter conhecido você –
respondeu. A expressão de Edward se endureceu, mal se falaram e logo chegaram a
loja da modista
Madame Fontaineau recebeu–os na porta
de sua loja com um encantador sorriso. O capitão Cullen era um cliente habitual
quando estava em terra. Edward afastou sua capa dos ombros de Bella e os olhos
de madame Fontaineau deslizaram sobre o vestido vermelho. Sorriu complacente e
decidiu que a nenhuma outra mademoiselle poderia assentar tão bem. A
curiosidade da costureira despertou quando o capitão tinha comprado aquele
vestido e outras roupas destinadas a uma jovem miúda e delicada. Deu por certo
que o capitão tinha encontrado outra amante, pois os trajes que tinha adquirido
nos dois últimos anos eram para uma mulher mais alta e voluptuosa.
– Madame Fontaineau, permita–me
apresentar minha esposa – anunciou Edward.
– Encantada de conhece–la, senhora
Cullen. Seu marido é meu cliente favorito há muito tempo. É um perito em
mulheres – comentou a costureira. – Você é muito bonita.
Edward enrugou
ligeiramente a testa.
– Madame Fontaineau, se tiver a
bondade, minha mulher precisa adquirir um guarda–roupa completo – explicou.
– Oui, monsieur, farei o melhor que
puder – apressou–se a responder, percebendo a gafe. Os homens não gostavam que
suas atividades amorosas fossem de domínio público e muito menos que suas
esposas soubessem delas. Mas o impacto causado pela notícia de seu enlace tinha
sido muito forte para ela. Ficou aniquilada contemplando o anel.
Madame Fontaineau observou a jovem e
logo examinou os tecidos que tinha amontoados sobre as mesas. Com uma expressão
de resignação, olhou para o ianque.
– Elle est perfection, né, monsieur? –
apontou em francês.
Edward levantou a vista para observar
as costas de sua mulher.
– Oui, madame. Magnifique – respondeu.
Bella não entendeu nenhuma palavra da
conversação; tampouco o tentou. Entretanto, deu–se conta de que Edward tinha
respondido a madame Fontaineau em francês, sem problemas. Era um homem cheio de
surpresas.
Bella vagou pela loja, observando alguns esboços e ao afastar–se viu que
um jovem, estava observando–a. O moço devorou com avidez o decote de Bella,
imaginando o que havia por debaixo. Sorriu–lhe abertamente, mas, justo nesse
momento e para sua desgraça, Edward desviou a atenção da conversa e viu como o
moço se aproximava de sua mulher com uma atitude muito amorosa.
Não era mais que um garoto, mas para
Edward foi a gota d'água. Primeiros ladrões, depois um antigo amor e, agora,
este rapaz. A moça era dele e não uma peça pública a quem todo mundo podia
beijar ou que podiam desfrutar. Sua paciência tinha chegado ao limite. Não ia
consentir que nenhum outro homem se deleitasse com ela. Cruzou a loja na à
velocidade de um raio com uma raiva incontrolada. Bella o viu vir e,
aterrorizada, afastou–se de um salto para deixa–lo passar. Agarrou o jovem pelo
casaco e, levantando–o do chão, sacudiu–o como se fosse um tapete.
– Escória desprezível – insultou–o. –
Vai aprender logo a tirar a vista de cima da minha mulher. Vou sacudir você por
toda a loja.
– Monsieur! Monsieur! – suplicou–lhe. –
Monsieur Birmingham. Por favor. Não é mais que um menino! Não queria lhe
insultar, monsieur. Por favor, deixe–o! Peço–lhe!
– Sinto muito, monsieur Birmingham – se
desculpou madame Fontaineau humildemente. Dirigiu–se para Bella, roçando Edward
em seu caminho, e agarrou as mãos trêmulas da jovem.
– Madame Cullen, é meu sobrinho e às
vezes se comporta como uma criatura estúpida. Mas, ai, madame – acrescentou
encolhendo os ombros –, obviamente é francês.
A mulher pôs–se a rir e Bella olhou seu
marido com os olhos ainda abertos e inseguros. Este se encontrou com seu olhar
e arqueou uma sobrancelha divertido, sem sorrir, o que a fez supor que ainda
continuava zangado.
– Por favor, por aqui, madame Cullen. –
A costureira sorriu agarrando–a pelo braço. – Começaremos pela seleção de
tecidos para as combinações – anunciou– Posso sugerir a musselina para uso
diário e as cambraias delicadas para ocasiões especiais? São muito suaves para
uma pele tão encantadora como a sua.
– Não importa – murmurou a jovem
docemente –, faça o que achar melhor.
Madame Fontaineau olhou para o capitão
para receber sua aprovação e sorriu ao recordar com o que cuidado o homem tinha
selecionado a roupa interior para a moça. Para obter sua aprovação as
combinações deviam ser da melhor qualidade, suaves e transparentes. Não podia
esquecê–lo ao fazer estas novas.
– Capitão Cullen, se acompanhar a
madame ao provador poderemos começar a selecionar os vestidos – observou a
francesa. – Tenho alguns bonitos esboços de última moda.
Voltou–se resolutamente e guiou–os para
a parte traseira da loja, através das cortinas pelo corredor e até um pequeno
aposento abarrotado de tecidos e de costura. Trouxe uma cadeira e indicou a
Edward que se sentasse.
Depois se voltou para Bella.
– Madame, se me permitir, desabotoarei
o vestido e, tão logo o tenhamos tirado, começaremos a tomar medidas, certo? –
comentou a senhora.
A jovem lhe deu as costas e esperou em
silêncio que madame Fontaineau desabotoasse o traje. O aposento, apenas maior
que uma cama, estava tão abarrotado de tecidos que quase não havia lugar para
os três. Cada vez que Bella se movia no diminuto cubículo, roçava as pernas de
Edward com suas saias.
– Agora, madame encolherá o estômago –
continuou a costureira, colocando a cinta ao redor de seus quadris.
Bella levantou os olhos acima da cabeça
da senhora e viu Edward segurar uma risada. Já não lhe importava se continuava
zangado com ela.
Contrariada, respondeu à mulher:
– É impossível.
Madame Fontaineau se deixou cair para
trás, sentando–se sobre seus pés. Durante uns instantes se perguntou como era
possível que a petite tivesse esse pequeno problema. Finalmente um sorriso de
confiança torceu seus lábios.
– Madame está grávida, não é? –
perguntou.
–Sim – admitiu Bella a contra gosto,
ruborizando–se.
– Mas isto é maravilhoso – murmurou
madame Fontaineau. Olhou Edward de soslaio. – Monsieur é um papai orgulhoso não
é?
– Posso assegurar–lhe, madame
Fontaineau – respondeu Edward.
Sem o ianque lhe indicando que
continuasse a tirar medidas, madame Fontaineau se incorporou, uma vez mais em
seu papel de mulher de negócios.
– Vou procurar os esboços. Se madame
deseja voltar a por o vestido, o abotoarei quando retornar – comentou e saiu da
habitação.
Bella afastou o olhar do espelho e
agarrou o vestido. Completamente aturdida, o vestiu, colocou os braços nas
mangas e os cruzou para evitar que caísse, esperando a volta de madame
Fontaineau. De repente viu, aterrorizada, como Edward se aproximava dela,
afastava suas saias e as apanhava entre as pernas. Bella o olhou perplexa. Seu
coração começou a pulsar aceleradamente e Edward, ao dar–se conta, pôs–se a rir
contemplando o busto que tremia sob o vestido.
– Por que esse medo, gatinha? –
inquiriu. – A única coisa que desejo é abotoar–lhe o vestido.
Numa reação nervosa, a moça levou as
mãos ao decote tentando ocultar seus seios de seu marido, que as afastou ainda
rindo.
– Não há nenhuma necessidade de que se
cubra, meu amor – comentou. – Só meus olhos estão aqui para te olhar.
– Por favor – suspirou Bella quase sem
fôlego. – Madame Fontaineau está a ponto de retornar.
Edward soltou uma gargalhada.
– Tudo o que madame Fontaineau verá é a
um homem abotoando o vestido a sua esposa – observou Edward.
– Trouxe todos os esboços que tenho –
comentou a senhora. – Como verão, há muito para escolher.
Madame Fontaineau desdobrou uma mesa e
pôs a pilha de desenhos sobre ela, deixando Bella aprisionada entre está e as
pernas de seu marido.
Uma vez Edward tendo terminado de
abotoar, a jovem se sentou no chão e começou a estudar os desenhos. Havia
muitos que gostou, mas duvidava de que seu marido quisesse gastar uma soma de
dinheiro tão grande nela. Olhou–os com desejo e suspirou.
– Não tem algum vestido mais simples
que estes? – perguntou à mulher.
A costureira ficou sem fala, muito
assombrada. Edward se inclinou para frente, colocando uma mão sobre o ombro nu
de Bella.
– Meu amor, posso compra–los
tranquilamente – afirmou dando uma olhada nos esboços.
Madame Fontaineau suspirou aliviada. O
capitão tinha um gosto excelente e caro em questão de roupa. Não ia permitir
que sua mulher pensasse no dinheiro num momento como este. O capitão podia se
permitir comprar um guarda–roupa luxuoso, então, qual tinha sido a intenção da
jovem? Se ela fosse Bella, teria escolhido os vestidos mais bonitos sem pensar
duas vezes.
– Como parece muito tímida na hora de
gastar meu dinheiro – afirmou Edward docemente –, ajudarei–a a selecionar seu
vestuário... se não for inconveniente.
Bella se apressou a sacudir a cabeça,
nervosa por sentir a mão sobre o ombro. Os longos dedos eram como línguas de
fogo sobre sua pele nua. Edward os apoiava sobre sua clavícula e seus seios sem
dar importância e sem perceber a reação que estavam provocando nela. A jovem
estava começando a ter dificuldade para respirar.
Edward apontou um dos esboços. – Este
ficará bem em seda azul. Tem o tom? – inquiriu.
– Oui, monsieur. Será como
deseja – replicou.
– Excelente – respondeu Edward. Depois
assinalou outro esboço. – Este não, se perderia entre tantos outros.
Afastou outro desenho, alegando que o
vestido era muito berrante. Outros cinco foram escolhidos. Outros dois
recusados.
Bella observava, fascinada, incapaz de
pronunciar uma só palavra.
Não podia estar mais que de acordo com
tudo o que Edward tinha escolhido. E todos os que tinham sido desprezados, ela
mesma tinha rezado para que o fossem. Seu sentido da cor a deixou pasmada.
Devia admitir que escolhia melhor que ela.
Muitos outros vestidos foram
rapidamente escolhidos e amostras de diferentes materiais anexados a eles. Não
ficou nenhum detalhe por determinar. Escolheram sedas, malhas de lã, veludos,
brocados, musselinas, gazes de algodão. Bella perdeu a conta. Escolheram fitas,
azeviches, contas e peles como cós e adornos. Bella estava assombrada diante da
grande quantidade de roupa que Edward tinha comprado, é claro muita mais do que
ela mesma tinha esperado.
– Está de acordo com
tudo, querida? – perguntou Edward docemente.
– Você foi mais que
generoso – murmurou. Edward a olhou.
– Minha esposa necessita de um vestido
para usar agora – observou afastando os olhos dela. – Tem algum um pouco mais
adequado para ela que seja mais conservador que o que está usando agora?
Madame Fontaineau assentiu.
– Oui, monsieur –
respondeu. – Tenho um vestido que terminei justamente ontem. Vou pega–lo agora
mesmo. Pode ser o que está procurando.
Saiu rapidamente da habitação e voltou
ao cabo de pouco tempo com um traje de veludo azul. Tinha mangas longas e
ajustadas e uma gola de cetim branco, muito recatada. Os punhos eram debruados
também em cetim branco.
– É em algo assim que tinha pensado? –
inquiriu a costureira sustentando–o no alto.
– Sim – respondeu Edward. – Embrulhe–o,
vamos leva–lo. Agora devemos nos ocupar dos prazos. Deverá ter tudo preparado
para dentro de dez dias.
A senhora ficou boquiaberta.
– Mas, monsieur, isso é
impossível! – protestou. – Pelo menos um mês, por favor.
– Sinto muito, madame. Zarpamos dentro
de quinze dias – argumentou Edward. – Dentro de cinco dias voltarei com minha
esposa para que os prove e, dentro de dez, quero que tudo esteja preparado e a
bordo. Terá um benefício extra se estiver tudo terminado e bem costurado. Se
não, você o perde. Pode fazê-lo?
Madame Fontaineau não podia deixar
escapar um pedido como esse.
Até mesmo tendo que compartilhar alguns
dos benefícios com outras costureiras, continuaria ganhando uma importante soma
de dinheiro. Colocaria todas suas amigas e familiares costurando a partir de
agora, mas o teria pronto a tempo. O homem fez um bom trato, pois estava
acostumado a dar ordens que fossem acatadas. Era realmente digno de admiração;
não aceitava nada que não fosse o melhor.
– Será como deseja, monsieur –
afirmou finalmente a mulher.
– Então, está decidido – concluiu
Edward. Agora devemos acabar de confeccionar seu vestuário, meu amor.
Damas vestidas estranhamente e finos
cavalheiros abarrotavam as lojas de Londres, empurrando uns aos outros como
única forma de avançar entre a multidão. Bella se animou ao lembrar–se da
infância e dos passeios com o pai por essas mesmas lojas, agora conversava
alegremente com os lojistas, provava estúpidos chapéus, olhava–se nos espelhos
rindo bobamente, saltava de um lado a outro enfeitiçando a todo aquele que
tinha a sorte de poder contempla–la. Edward permanecia em silencio atrás dela,
observando–a. Unicamente concordava com os lojistas quando Bella provava algo
que contava com sua aprovação, a seguir, pagava; mesmo quando a jovem o
segurava inconscientemente pela mão e puxava–o para o interior de uma loja,
permitia–o sem repreende–la.
Mas Bella nunca pedia nada, tampouco
esperava que ele comprasse.
Divertia–se tão somente olhando. Não
tinha podido desfrutar deste prazer a muitíssimo tempo. Observou às imponentes
damas que desfilavam ante ela. Ria ao ver seus pequenos e obesos maridos
correrem atrás delas, tentando alcança–las. Seus olhos brilhavam e sorria
constantemente.
Deixava–se levar pela multidão, feliz,
e girava a cabeça despreocupadamente de um lado a outro, agitando as tranças e
fazendo com que todos os homens pousassem os olhos nela.
Estava entardecendo, quando Bella ficou olhando muito silenciosa e
pensativa para um berço de madeira que havia em uma loja. Tocou–o com mãos
trêmulas e acariciou a madeira suave. Mordeu o lábio inferior e olhou para
Edward. Uma vez mais, sentia–se insegura.
Edward se aproximou dela e observou o
objeto, sopesando a possibilidade de compra–lo. Comprovou sua resistência.
– Há um melhor na minha casa – disse
por fim, ainda inspecionando–o. – Era meu, mas continua resistente e capaz de
suportar um bebê. Faz muito tempo que Haiti deseja utiliza–lo.
– Haiti? – inquiriu a jovem.
– É minha governanta, uma enorme mulher
de cor – respondeu. – Está na casa desde que nasci.
Edward se virou e saiu lentamente da
loja, Bella seguiu–o e se colocou junto a ele, enquanto chamava uma carruagem.
Quando voltou a falar, sua voz era áspera.
– Haiti esteve esperando com
impaciência, ao menos durante quinze anos, que me casasse e tivesse filhos –
comentou olhando–a as escondidas.
– Estou convencido de que não caberá em
si de alegria quando vir você, tendo em conta que já terá bastante barriga
quando chegarmos em casa.
Muito inibida, Bella tampou a barriga
com a capa.
– Você ia se casar quando retornasse. O
que vai acontecer? – perguntou a jovem. – Certamente Haiti ficará zangada
comigo por ter usurpado o lugar de sua prometida.
– Não, absolutamente – respondeu
bruscamente e deu uma olhada à carruagem que se estava aproximando.
Seus gestos indicaram a Bella que o
turno de perguntas tinha terminado e se perguntou qual seria a razão pela qual
seu marido estava tão seguro de que a mulher de cor não se zangaria com ela.
Parecia–lhe que não era isso o que iria ocorrer.
A carruagem parou defronte eles e
Edward deu ao condutor o nome da estalagem. Depois, colocou os pacotes e
estendeu a mão a Bella para ajudá-la a subir. A jovem se deixou cair no
assento, exausta. As compras tinham minado suas forças e agora desejava meter–se
na cama e deixar–se levar pelo quase sempre agradável mundo dos sonhos...
achei tão bonito este capitulo, no aguardo de ler mais
ResponderExcluirQue bom q esta postando os capitulos amando ler esta linda historia bjs aguardando os proximos capitulos bjs
ResponderExcluirComecei a ler a fic ontem e já estou louca de amores por ela :) é incrível e não Me aguento mais de ansiedade pra ler o próximo capítulo :)
ResponderExcluirAmo e odeio esse Edward kkk ele age como se não tivesse feito nada de errado .. E a Bella me da muita do com esse eterno jeito assustado tadinha :) Doida pra ver a cara da Tânia também quando ver ele casado kkk . beeijos e parabéns pela fic incrível, aliás fic's incríveis :)