quarta-feira, agosto 27, 2014

Fanfic A Fera Vermelha – Capítulo VIII

Autora: AnnaThrzCullen

Gênero: Romance, drama

Classificação: +16 anos

Categoria: Beward

Avisos: Adaptação, Linguagem Imprópria, Nudez e Sexo

A Fera Vermelha

Capítulo VIII

Isabella lutou contra a consciência, porque com ela veio a dor. Uma dor lancinante que castigava sua cabeça. Vozes invadiam o torpor a que tentava se agarrar. Cada ruído, cada pequeno movimento intensificava a dor.

Abrindo os olhos com cautela, ela aceitou resignada o fato de que não teria mais o consolo da inconsciência. Tinha pés e mãos amarrados. Estava sobre uma carroça, no meio de sacos e barris. Não precisava olhar para o céu para saber que a carroça viajava em alta velocidade. Os solavancos que a sacudiam eram prova disso.

Tentando não pensar muito na dor, ela se virou de lado para encontrar posição menos desconfortável entre os sacos, protegendo-se contra os solavancos. Tanta agitação não faria bem ao bebê.

Mudar de posição também serviu para aliviar a dor na cabeça, mas o ódio contra Tanya só fazia crescer. Caíra na armadilha da víbora!

Inclinando um pouco o pescoço, ela olhou para os dois homens na frente da carroça. Via costas largas, próprias de adultos. Talvez eles tivessem alguma notícia de Thomas...

— Ah, finalmente acordou! — um deles exclamou olhando para trás.

— O menino...? — Isabella tinha a garganta tão seca que falar era dolorido.

— Nós o deixamos para trás. Não precisamos dele.

— Como ele está?

— Quem sabe? Não tive tempo para olhar. E a fina dama também não parou para examinar o garoto. Passou por cima dele e fugiu tão depressa quanto podia. Por que ficar? Ela já havia cumprido o que havia prometido.

— Sim... colocou-me nas mãos de Volturi...

— Logo estará com ele.

Era a confirmação de que precisava. Já havia imaginado que Aro Volturi estava por trás disso. Mesmo assim, ter certeza só servia para desanimá-la ainda mais.

Pior ainda era não ter notícias de Thomas. Queria ter certeza ao menos de que o menino estava vivo, ou de que Tanya, tomada de assalto por um resquício de instinto maternal, cuidara de seus ferimentos antes de fugir. Em vez disso, levava na mente apenas a última imagem do garoto, uma visão que só alimentava seu tormento.

Se estava sendo levada para Volturi, isso significava que a vida de Edward corria perigo, ela compreendeu com um sobressalto de pavor. Seria usada como isca para atrair o marido para a morte. Era horrível pensar nisso, mas sabia que não podia ignorar o fato. Pelo bem de Edward, era importante que enfrentasse realmente o perigo. Se havia alguma chance de frustrar os planos de Volturi, mesmo que pequenas, ela precisava estar alerta para poder agarrá-la rapidamente.

Fechando os olhos, ela decidiu que sua situação era desesperadora. A sensação de derrota era inevitável e premente, e por um momento se deixou dominar pelo pessimismo.

A carroça parou, arrancando-a do poço de lamúrias. Quando olhou em volta tentando localizar-se, Isabella foi tomada por um novo desconforto. Podia ver que os pulsos estavam inchados em consequência da imobilidade forçada. Não precisava olhar para os tornozelos para saber que estavam em pior estado.

Ela deixou escapar um grito assustado quando um dos homens, o mais baixo e truculento, tirou-a da carroça e a pôs em pé no chão. Não conseguia sustentar o próprio corpo. Mesmo amarrada, conseguiu usar a carroça como apoio para as costas, evitando a queda. Os dois homens começavam a montar um acampamento.

— Preciso de ajuda — ela anunciou em tom altivo e imperioso, aliviando a humilhação.

— Quil, escute só a moça — disse irônico aquele que a tirara da carroça. — Cuide de si mesma, milady!

— Se não precisasse de ajuda, nem me rebaixaria a ponto de dirigir a palavra a dois vermes como vocês. Vocês me amarraram com cordas muito apertadas. Tenho mãos e pés inchados, o que significa que não posso me mover sozinha. Se cair, posso prejudicar o bebê que estou esperando.

— Rasteje, então. — Quil encolheu os ombros. — Eu e John temos mais o que fazer.

— E Volturi vai ficar satisfeito se você perder o bebê — acrescentou John.

— Talvez ele fique, mas meu marido, a Fera Vermelha, será tomado por sua fúria assassina.

— Ele que se enfureça. Vai morrer antes de poder fazer alguma coisa. John e eu não precisamos ter medo dele.

— Não? Quem pode afirmar que ele vai morrer?

— Bem, Volturi planeja... — John começou.

— Nem sempre os planos se desenrolam como queremos — ela o interrompeu, sorrindo ao ver que conseguia deixá-los preocupados. — Um homem esperto refletiria cuidadosamente sobre seus movimentos.

— O que quer dizer? — Quil estava inquieto.

— Bem, um homem realmente sensato tentaria agradar aos dois lados.

— Ninguém é capaz disso — John argumentou com uma risada nervosa.

— Não? Volturi quer que eu seja levada até ele com vida. A Fera Vermelha me quer viva e ainda com seu filho no ventre. Não sei onde está a dificuldade de atender aos dois lados. Só é necessário um pouco mais de cuidado. Lembrem-se de que a Fera Vermelha é conhecida por sair vitorioso de todas as batalhas. Que batalhas RO Volturi venceu?

— Vá ajudá-la, John.

— Por que dar ouvidos a ela? — John resmungou enquanto ia ampará-la.

— Porque ela demonstra muita sabedoria para uma mulher.

Isabella foi levada para perto do fogo, onde se sentou, precisava convencê-los a mudar as amarras, pois sabia que não as removeriam. As cordas que impediam a circulação causavam dor, e sabia que seriam prejudiciais ao bebê.

— Acredita no que ela diz? — John perguntou ao companheiro.

— Sim. Volturi tem bons planos, mas estamos esquecendo de considerar quem é o inimigo. A Fera Vermelha já enfrentou homens mais valorosos que Volturi e sobreviveu. E está vivo até hoje.

— Bem, pensando por esse lado... Por que nos colocamos do lado de Volturi, então?

— Porque recebemos um bom dinheiro por isso, idiota.

— Não vamos poder gastar essas moedas se formos mortos.

— É verdade. Mas a Fera Vermelha luta com justiça, enquanto Volturi se vale de traição. Por isso achei que ele pode ter alguma chance de vitória. — Quil olhou sério para a prisioneira. — Agora tenho dúvidas. Volturi já o atacou à traição outras vezes, e ele sempre escapou. E é bem possível que ele desista de jogar limpo quando se vir encurralado, o que o tornará ainda mais perigoso.

— Então... vamos fugir? Vamos escapar antes que a armadilha se feche sobre nós?

— Não. Não podemos fugir. Volturi nos mataria por isso. Forjamos nosso caminho e agora devemos percorrê-lo até o fim. O que podemos fazer é assegurar que a mulher da Fera Vermelha não sofra nenhum mal em nossas mãos.

— Mas nós a raptamos!

— Volturi ordenou o rapto. Somos apenas criados, homens contratados para seguir ordens. Isso pode nos salvar. Ele vai se voltar contra Volturi e aquele outro idiota chamado Alec, mas não vai perder tempo com seus seguidores. Estaremos salvos se tomarmos cuidado com a senhora. Agora, deixe de ser covarde. Precisamos comer e descansar. Volturi nos espera amanhã cedo. É melhor não nos atrasarmos.

John seguiu os conselhos de Quil, e Isabella praguejou mentalmente. Por um momento havia esperado que o medo de John pudesse fazê-los fugir, tentar escapar de Edward e Volturi. Infelizmente, Quil não era apenas mais inteligente, mas era mais calmo que o parceiro, também.

— Então — ela resmungou para si mesma —, preciso ao menos de um pouco mais de conforto. — Estendendo as mãos, ergueu a voz. — Preciso ser desamarrada.

Quil a encarou e gargalhou.

— Acha que somos desmiolados, mulher?

Isabella não respondeu. Queria assustá-los para tornar sua viagem mais fácil, e responder ao comentário com as palavras ásperas que gostaria de dizer só os enfureceria e pioraria sua situação.

— Não vê o que essas cordas me causam? — Ela mostrou os punhos e os tornozelos inchados.

— Não é nada com que deva se preocupar, mulher.

— Não? Não me surpreende que não possa perceber o mal que isso pode causar. Duvido que tenha filhos. Esse inchaço pode ser muito prejudicial para uma mulher grávida.

— Não me interessa. — Apesar das palavras, Quil aproximou-se dela e olhou apreensivo para seus pulsos.

— Como poderemos mantê-la sob controle se a desamarramos? Tola!

— Tenho certeza de que homens tão espertos poderão pensar em alguma coisa. — Sabia que não conseguia banir da voz o desprezo, mas esperava que eles atribuíssem o tom à simples arrogância aristocrática. — Uma mulher grávida tem necessidade de momentos de privacidade. Se continuar hesitando, vai descobrir que digo a verdade e nós dois sofreremos um grande constrangimento.

Quando finalmente desamarrou suas mãos e seus tornozelos, Quil resmungou:

— Entendi o que quer dizer, mas não vai se afastar daqui sozinha.

— Afastar-me sozinha é o principal significado de ter momentos de privacidade.

— Bem, a sua privacidade vai se restringir a eu me virar de costas. Vamos.

Cambaleando, Isabella o acompanhou por entre alguns arbustos. Sua necessidade era tão desesperada, que ela nem pensou em discutir com o homem. Duvidava mesmo de que houvesse algum argumento capaz de fazê-lo mudar de ideia. Apesar de ter consciência de tudo isso, foi com grande constrangimento que ela se abaixou entre os arbustos enquanto o bandido lhe dava as costas. Era humilhante. Como se não bastasse, ainda precisou se apoiar no miserável para voltar ao acampamento, porque a circulação deficiente resultante das amarras dificultava o simples ato de caminhar.

Assim que ela se sentou ao lado do fogo, John colocou uma vasilha e uma colher de pau em suas mãos. A mistura parecia encaroçada e pouco convidativa, mas estava faminta demais para recusar o alimento. A comida não tinha sabor, a textura era intolerável, mas ela comeu tudo e bebeu todo o vinho que lhe foi servido.

Quando Quil se aproximou com uma corda, ela recuou. Só agora encontrava pleno alívio para a dor e o inchaço. Não suportaria enfrentar tudo outra vez. Para evitar o tormento, jurou que não tentaria escapar.

— Não vou amarrar forte como antes, madame — explicou Quil com tom impaciente.

— Precisa amarrar a mulher — John protestou. — É claro que ela vai fugir.

— Pretendo prendê-la a mim. Cintura com cintura. A escolha é sua, madame.

Isabella cobriu o estômago com as mãos.

— Não pode amarrar minha barriga. A criança...

— A corda vai ficar acima da criança. E então?

Depois de uma breve hesitação, ela assentiu. Qualquer coisa seria melhor do que a dor que sentira. Se experimentasse algum desconforto, reclamaria ao primeiro sinal.

A maneira como ele a amarrou forçava uma certa proximidade. Isabella tentou ignorar a repulsa, mesmo quando teve de dividir um cobertor com o bandido e se deitar ao lado dele no chão. De olhos fechados, colocou alguma distância entre eles, o máximo possível naquelas circunstâncias, e tentou encontrar conforto na inconsciência do sono.

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